Capítulo 3 - a******o

2830 Words
O pequeno escândalo de Doralice me deixou mais aflita se eu teria feito ou não a escolha certa, seu comportamento impulsivo demonstrou que ela sentia algo por João, o qu me fez duvidar de sua bia vontade novamente. Meire me chamou para dentro do escritório onde ele estava sentado, com aquela postura impecável que mais parecia ser um imperador. — Sente-se minha flor. — Diz ela apontando uma cadeira ao lado dele. E do outro lado de sua mesa ela se sentou em uma grande cadeira que parecia ser bastante confortável. — Agora, que estamos todos aqui. Explica esse negócio direito. Tu vai levar a menina pra onde? — Pergunta Meire usando seu leque. — Vou leva-la para minha casa. Tem muitos quartos ela pode ficar lá, trabalhar com a limpeza e cozinhando. Pagarei uma boa quantia e quando for possível ela pode ir para onde quiser. — Diz João e um tom sério. — Eu lhe conheço João. Sei que é um homem bom. Mas nunca imaginei que tu fosse b***a nesse ponto de levar uma desconhecida pra morar na tua casa. — Se for para ela não acabar sendo uma garota daqui, não me importa. — Juliana, tu já falaste sua situação? Que está fugida de um fazendeiro. — Contei. — Digo cabeça baixa. — Está indo por vontade própria? — Sim. — Quer mesmo ir pra casa desse moço? Aqui você poderia fazer muito dinheiro e... — Minta pra mim não. — Digo levantando a cabeça. — A senhora já mentiu me fazendo passar essa vergonha. Mente mais não, faz favor. — Está bem então. — Diz ela se relaxando na cadeira — A menina não me deve nada. Se perguntarem pra mim, eu não vi, eu não sei, e nem quero saber. Ao abrir uma gaveta de sua mesa ela pegou algumas notas do pacote do dinheiro que havia recebido pela minha virgindade e entregou.— É a porcentagem que ia ganhar. Tome, é teu. Economize junto com o pagamento pelo trabalho que vai fazer na casa do doutor. Depois cê faz o que quiser. Boa sorte menina,. E seu João, a casa tá sempre aberta pro senhor. Seja pra beber ou pra raparigar. Antes de sair fui no quarto onde dormi boa parte do dia, e então peguei minha bolsinha. O revólver ainda estava lá. E a quantia em dinheiro que meu irmão também, embora restasse pouco. Juntei todo o dinheiro e decidi embarcar novamente nas mãos de outro desconhecido. Saímos pela porta dos fundos para não chamar atenção de quem estava pelo salão, ele me levou para seu automóvel e como um perfeito lorde abriu a porta para mim. Sorri um pouco mas ainda não parava de me perguntar a relação dele com Doralice, para ela ter me tratando com agressão. — Como você ta? — Ele pergunta. — Só vou saber quando tiver certeza que o sinhor não ta enganando eu . — Errada cê não tá. — Diz ele ligando o carro. Saímos então em silêncio. Eu esperava nunca mais ter que pisar novamente naquele lugar. E que minha inocência novamente não tivesse me colocado em uma furada.  Embora perdida em meus pensamentos, eu ficava me perguntando como Bento estava, se meus irmãos estavam bem. E se painho de preocupava de verdade comigo ou estava querendo me matar. Por distração nesses pensamentos, quando chegamos em uma bela rua bem formada, de casas em tons claros e portões com pequenos muros em frente. Casas vizinhas com seus pequenos jardins e arbustos. Eram casas lindas e de classe, quem morava ali certamente não eram pobres. Ele saiu do carro e foi abrir o portão, e quando voltou entramos com o carro. Eu não parava de olhar para a beleza do lugar. As ruas estavam desertas mas entendo que era por conta da noite, afinal já era bastante tarde. Fora do carro eu ainda não sabia se era verdade onde eu estava. Ele abriu a porta e me chamou para entrar. — Venha Juliana, é sua casa agora. Quanto tempo quiser. — Disse abrindo a porta para mim Quando entrei de cabeça baixa olhei para o piso da casa e também os móveis quais tinham detalhes impecáveis. A mobília parecia bastante cara e de madeira legítima refinada, um rádio estava do lado fe um cinzeiro. Quando olhei para a casa que por fora era simples mas por dentro até parecia um palácio, com lustres e escadas que davam em um andar acima — A casa do senhor é grande. — Digo olhando tudo ao redor. — Ainda estamos na sala. — Ele diz passando a mão nos cabelos e jogando o chapéu sobre o sofá. — Comprei ela quando me casei, minha falecida esposa sonhava em ter filhos. — Ele se aproximou de um abajur e pegou um pequeno porta retrato e me entregou. Uma mulher de cabelos claros e olhos que também eram assim, pele alva e delicada como porcelana. — O nome dela era Sandra. Ela faleceu quando... Foi dar a luz ao nosso primeiro filho. A criança também foi no parto. Enfim, eu não quero falar sobre isso. Eu só não consegui me desfazer da casa. — Diz ele com um olhar triste, sua postura toda desmonra em um suspiro — Juliana você pode subir. E escolher qualquer quarto. A vizinha do lado ela... Ela é modista, você pode encomendar alguns vestidos amanhã, eu só saio às oito então falo com ela pra você. — O senhor tá bem? — Pergunto. — Não. Eu sempre que vejo a foto dela eu... — Ele ficou em silêncio e se sentou no sofá. — Pode ir. — Ah...  — Eu não sabia onde era os quartos, mas ele parecia querer ficar sozinho. Me afasto dele e apenas sigo pelas escadas, chegando no andar de cima avisto um corredor com algumas portas. Abro uma a uma, uma porta dava-se em um banheiro, a outra também. Até que em uma abri era um belo quarto com um armário e uma cama de solteiro. Havia um abajur e cobertas limpas, imaginei que ali eu poderia ficar. Não tranquei. Apenas fui diretamente para cama e me deitei, rezando a deus para que eu ficasse bem. A cama conseguia ser mais confortável e macia que a do bordel, acabei pegando no sono assim que deitei minha cabeça no travesseiro.  Como num piscar de olhos ouvi uma voz doce me chamar, quando levantei o corpo assustada  vi uma jovem de rosto redondo, acima do peso e usando um vestido cinza de mangas que passavam dos ombros. Calma, ela pedia. Dizia se chamar Margarida e era empregada da casa. Eram quatro da manhã e ela teria vindo mais cedo para começar a faxina, mas quando chegou ele estava bêbado deitado na cozinha com uma garrafa nas mãos. O sentimento de pena e do me veio, mas ela então me mostrou alguma vestidos para que eu usasse para poder ir às ruas. E um também que usaria para trabalhar, já que também era igual ao dela. — Sabe eu gostei, quando.seu João falou que tirou tu do bordel. — Diz ela colocando alguns vestidos sobre a cama — Tu é quenga. Que nem eu — Olhe, perdoe. Mas sou quenga não. Num me deitei com ninguém lá. — Ah. Perdoe. Não quis ofender— Ela dizia visivelmente constrangida.  — perdoe a indelicadeza, tu também trabalhou no cabaré? — Pergunto arrumando meus cabelos para trás. — Nam!! nem nunca pisei lá. Ande deixa eu trançar seu cabelo pra não cair nas panela. — Diz se sentado na cama e passava a mão em meus cachos. — Então. Tu é quenga porque? — Eu tinha um noivo. Meu noivo e eu deitamos... Daí, ele espalhou. Painho me botou pra fora, mas dona Sandra era boa. Igual a seu João, eles me ofereceram trabalho, casa e eu aceitei. Foi uma tristeza agrande quando ela morreu, seu João agora só bebe e trabalha. — ele parece serio né? ,— Pergunto enquanto ela terminava em meus cabelos. — É sim. Mas ele era bem animado e alegre quando dona Sandra era viva, agora parece um preá murcho. Mas num se preocupe. Ele é um homem bom, respeitoso. r**m é um amigo dele o Joaquim, todo dia ele vem aqui e me enche o a paciência. Com ele, tu tem que tomar cuidado. Eu ainda não sabia quem era Joaquim, pelo visto era um amigo de trabalho. Margarida então me mostrou como funcionava a casa e como João gostas, fiz questão de aprender tudo para mostrar que eu estava grata. João gostava de ter os terno passado antes de ir trabalhar, então o fiz e deixei estendido no cabide para ele sai estivesse impecável. Fiquei de fazer o café, bem forte para ajudar na ressaca. E quando ele acordou, pareceu na cozinha tão bem vestido e naquela postura perfeita que não parecia que ele estava com dor de cabeça, o servi o café e ele me olhou. — Dormiu bem? — Pergunta com a voz rouca. — Sim senhor. — Digo com um sorriso. —  Que bom. — Murmura ele dando um gole leve no café. Passando a mão na testa.  Parecia estar com dor de cabeça. — O sinhor quer pão? Eu posso ir comprar. — Não. Não precisa. Mas eu fiz uma lista de compras. — Diz ele pondo a mão dentro do bolso retirando uma quantia em dinheiro e um pedaço de papel.— Algumas coisas que eu preciso. — Ah... — Olhando para o papel e sem saber o que estava ali fiquei em silêncio. — Tá bom. — Um amigo meu vem aqui pra pegar alguns documentos. Eu vou pedir pra que deixe a garrafa de café logo na sala por favor não quero ele zanzando aqui dentro. Ele tem a mania de atormentar a Margarida. —Sim senhor. — Digo com um sorriso de canto. — Precisando do de qualquer coisa fale com Margarida. Ela conhece bem a vizinhança Ele se retirou da cozinha e foi para a sala. Em seguida fiz o que ele me pediu, arrumei uma bandeja com duas xícaras, uma garrafa e um pequeno prato com alguns biscoitos e levei para a sala. Retornando mostrei a lista para Margarida, ela se ofereceu para comprar itens. E me mostrou um frango que ja havia cortado. Cenoura, Batata, tomate, cheiro verde, e outras hortaliças para temperar a panelas. Usava a faca afiada com cuidado e agilidade, já estava acostumada a mexer com panelas. Até que sentia falta  do barulho de galinhas e de g**o, casa na cidade é diferente da roça. Quando acabava de mecher e abafei as panelas com as tampas metálicas. Me virei e me deparei com um rapaz de olhos azuis encostado na porta. Ele me olhava dos pés a cabeça e parecia quase me comer com o olhar. — Oi. — O sinhor é seu Joaquim. Né? Precisa de alguma coisa?— Pergunto incomodada com aquele olhar. Mas ele moveu apenas a cabeça de maneira negativa, passando o polegar  sobre o lábio inferior. — Cadê Margarida? — Questiona. — Foi comprar mantimento. — Respondo de forma seca e fria. A presença daquele rapaz estava passando a me incomodar. Me mantive de costas mexendo nas panelas, fingindo estar ocupada. — João está procurando um documento...ele vai demorar um pouco. Pra descer... — Ele dizia com a voz arrastada, mas podia ouvir que estava cada vez mais próxima. Fechei meus olhos por alguns segundos e foi quando senti sua mão apalpando minha b***a, apenas em reflexo me virei e o acertei um tapa. E nesse acerto me afastei dele. — É braba. Eu gosto assim — Diz ele com um sorriso no rosto, já eu queria gritar. Mas causar confusão no primeiro dia de trabalho não era o que eu queria. Já que João estava sendo um lorde comigo. — Por favor seu Joaquim, me deixe quieta— Digo franzindo a sobrancelha. — Eu te vi no leilão ontem. Só não fiz um lance maior porque minha esposa iria desconfiar o gasto de tanto dinheiro. Mas agora sei que ele não te tocou, quero ter de graça. Algumas facas estavam sobre a mesa, qual eu havia usado para picotar a carne e alguns legumes. A peguei e coloquei a mão para frente, o homem parecia mais um animal. Eu não tinha medo dele, só de perder emprego que João me deu. — arreda seu Joaquim. Vá pra sala vai. Ele não me escutou, avançou para cima de mim tentando me segurar nos pulsos, virei a faca e acertei em sua mão fazendo um corte profundo, ele se afasta e grita feito uma criança. — O que você fez? O que você fez! Não senti remorso. Porém já imaginava que iria para rua. Eu não queria ter feito aquilo mas era necessário. João abriu a porta da cozinha estava com uma pasta e quando viu a mão de Joaquim sangrando foi imediatamente o ajudar. — O que aconteceu? — Pergunta João preocupado. — Essa quenga preta me cortou. — Responde Joaquim. — Esse a******o que quis me agarrar a força! Fiz por rindade não! — digo começando a tremer soltado a faca ao chão. João o bateu na cabeça, em reprovação ao ato. — Juliana, vá na vizinha e chame por Larissa. Pede a maleta de cirurgia da mãe dela. Eu cuido disso aqui. Desesperada eu fui, com bastante medo de acaba sendo demitida ou expulsa dali, e quando peguei me frente a casa bati palmas e gritei chamando por Larissa, s uma jovem assim como eu, de pele n***a radiante com o rosto oval e um olhar preocupado, usava roupas finas e delicadas como uma dama, veio até mim no portão. — Perdoe. Quem é? — Dona Larissa? — Pergunto. — Eu mesma. Pois não? — Ah... Seu João precisa de uma mala de cirurgia  num sei um Negócio assim. — Entra. Mas porque?— Diz ela abrindo os portões e quando entrei comecei a contar. — Ele tentou me agarrar a força eu tava com a faca na mão e cortei a mão dele numa facada. — Mulher tu deu uma facada no homi? — Pergunta ela de olhos arregalados. — Oxe ele me agarrou! Eu só me defendi e... Ela me abraça forte bastante feliz. — Bixinha eu m*l lhe conheço mas já te amo.  Fazia tempo que eu queria dar na cara desse Joaquim, homem vei chato ave num sabe respeitar mulher, deus me livre. Mas me diz, tu é fia de quem? — Na verdade não sou daqui, sou do interior. — Ah, ta. Qual teu nome? — Juliana, e tu? Fia de quem? —Larissa Souza de Lima, adotada por um doutor e uma enfermeira mas agora trabalha de modista e eu trabalho pra eles. — Eita que tu é espritada ein. — Digo então trocamos risos e ela segura em minha mão. Senti ali uma amizade surgir. Larissa pegou uma mala branca dentro da gaveta de um comodo. Notei que na casa havia algumas máquinas de costura junto a algumas mulheres trabalhando junto a ela. E quando cheguei na casa vi Joaquim choramingando de dor. O sangramento já havia  diminuido, agora precisava apenas cobrir bem para levá-lo ao hospital. Enquanto João fazia isso,  contava para as meninas o que ele tinha feito comigo e descobri que não era a única vítima daquele i****a. — Eu posso dar uma facada nele também seu João? — Pergunta Margarida. João ficou olhando para nós três enquanto fazia o curativo na mão de Joaquim, ele cessou por um instante e olhou para nós um tanto desconfiado — O que ele fez com vocês? —Esse filho duma égua me chamou de rapariga.— Diz Larissa pondo a mão nos quadris — E também me agarrou. — Ele me chamou de baleia e disse que nem pra quenga eu servia por que sou muito gorda. — Indaga Margarida. — Comigo o sinhor já sabe. — Digo virando o rosto pro lado João parou de fazer o curativo e se levantou — Minha mãe tinha razão, eu não sei escolher amigo.  Eu sinto muito pelo que... Meu anjo fez. Ele tem olhos clarks e se acha um anjo mas é um demônio. — Tá mas vou poder dar a facada? — Pergunta Margarida. — Não. Mas ele vai poder ajoelhar e jurar que nunca mais. — Eu não vou ajoelhar pra preta e pra uma baleia de jeito maneira. — Ele se levanta mas João o segura na mão machucada, — Eu estudei três anos de medicina, eu posso fazer você perder essa mão de você não pedir perdão pra elas. — João eu não vou... — Eu falo tudo pra Clara. A postura de Joaquim mudou radicalmente, ele se ajoelhou e beijou nossos pés pedindo perdão e jurando que nunca mais faria mais nada com mulher nenhuma e iria nos respeitar. Ele era mesmo um abestado
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