Invasão de privacidade

1348 Words
Taylor Davis Os meus pais sempre foram amorosos comigo, mas como a maioria dos seres humanos eles têm defeitos. O maior deles é o fato de que os dois nunca estiveram 100% de acordo em certas decisões sobre a minha criação. O meu pai queria que eu escolhesse uma carreira que me permitisse ser independente financeiramente no futuro, de preferência, que eu gostasse do que ele faz. A minha mãe acredita que o melhor para uma garota é se preparar para sua família, ela não é contra trabalhar, mas vê o homem como o chefe da casa e a mulher não deve superá-lo. No meio disso tudo temos a minha mãe apoiando a área que escolhi porque não vê como um verdadeiro trabalho, mas sendo contra eu ir para tão longe e o meu pai insatisfeito com a área, mas apoiando a minha escolha de lutar por uma carreira. Seja como for, eu tenho a aprovação dos dois para ir para a faculdade perseguir o meu sonho, mas lembra aquela conversa sobre o preço de ser apoiado. No meu caso ele tem nome e sobrenome "invasão de privacidade". Apesar de não ter dito nada mais no momento que o meu pai encerrou a ‘conversa’, a minha mãe não ficou totalmente convencida com a história de que eu dormi na casa da Julia. Isso porque ela não confia na Julia e ao que parece também não confia em mim o que não é nenhuma novidade já que ela sempre vasculha o meu quarto ou a minha bolsa 'escondida' e eu finjo que não sei. O problema é que ela nunca foi além disso. Até agora. Como se buscando provas de que menti para me confrontar, a minha mãe acessou a minha conta bancária e viu que fui até wildwood pelas compras realizadas naquela loja de souvenir em frente a praia e também que parei em uma farmácia hoje cedo. A farmácia não era exatamente no caminho entre a minha casa e a da Julia. Eu estava dormindo nesse momento pensando que as coisas terminaram bem, provavelmente sonhando com a noite passada quando a minha mãe invade o meu quarto como se fosse um tornado. Eu praticamente pulo com o barulho, assustada, mas o tapa que ela me dá a seguir me faz acordar completamente. - Quando foi que você se tornou esse tipo de garota Taylor? - Minha mãe joga a cartela da pílula que tomei mais cedo. Ela estava embaixo do banco, bem escondida, justamente porque eu sabia que não poderia deixá-la na minha bolsa. Só não imaginei que a minha mãe ia ter a ideia de procurar por todo o meu carro. - Você foi até a praia entregar a sua virgendadԑ como uma qualquer para um garoto que não teve nem a decência de usar preservativo, isto é, se essa realmente foi a sua primeira vez porque depois do que descobri hoje não duvido de mais nada. - Coloco as mãos sobre a face, por cima de onde levei o tapa. Eu fiquei tão surpresa, tão assustada e principalmente, tão magoada com o que a minha mãe disse que não consegui responder nada. Isso parece enfurecê-la ainda mais, a motivando-a a seguir despejando a sua fúria. - Esse é o seu conceito de comemoração Taylor? Mentir para fazer sexø. - Ela grita comigo, chegando perto o bastante para me bater novamente. Recuei até o canto oposto da cama, segurando as minhas pernas contra o corpo como se fosse uma bola. - Mãe, não é o que você está pensando. - Então me diga exatamente o que é isso? Quem estava em wildwood ontem à tarde fazendo compras? Quem comprou esse comprimido hoje cedo na farmácia? Foi para promíscua da sua amiga Julia ou você está andando a tanto tempo com ela que agora decidiu ser uma vadią adolescente também? - minha boca é incapaz de emitir um único som, mas minha mente está gritar que eu não sou mais uma criança. Que a Julia é uma boa amiga e não uma vadią adolescente ou qualquer outro insulto que a minha mãe dirige a ela só porque não gosta do seu jeito. Que fazer sexø com a pessoa que eu amo não me torna uma vadią. O problema é que eu fui criada para respeitar os meus pais e todas aquelas palavras ficaram apenas na minha cabeça. O meu silêncio confirmou todas as coisas ruįns que a minha mãe estava pensando de mim e o olhar no seu rosto quebrou o meu coração. Talvez se os meus pais fossem mąus pais fosse mais fácil questionar ou ignorar essa discussão, mas eles sempre me amaram muito, sempre foram bons mesmo que muitas vezes pensássemos diferente. E essa bondade me faz vacilar, questionando o quanto eu estou certa e eles errados afinal, os nossos pais não querem sempre o melhor para nós? Eu estava chorando, não sei se pelo silêncio da minha mãe que me assustava mais do que a sua fúria ou pelas palavras que ela gritou para mim antes disso. - Quem é esse garoto Taylor? - ela me pergunta sem gritar dessa vez. Como se estivesse me pedindo para passar o pote de sal para ela. - Você não o conhece - minto. Não sei o que os meus pais fariam se soubessem que estive com Adam e ele não precisa de mais drama na sua vida agora. - Ele é seu namorado ou algo assim? - ela segue perguntando, sondando. Faço que não com a cabeça e o olhar que a minha mãe me dá faz eu me sentir a pior das pecadoras. Sinto a necessidade de me defender, algo que não fiz nenhuma vez até agora - Eu amo ele - o meu amor deveria contar como algo positivo na minha decisão. Não é como se eu escolhesse um estranho aleatório para fazer sexø comigo. - E ele te ama também? -Ele gosta de mim, se importa comigo... - começo a dizer, mas sou interrompida bruscamente. - Eu perguntei se ele te ama Taylor - repete, inflexível. - Não sei - murmuro tão baixinho que nem sei se a minha mãe escutou. Ela deixa escapar uma risada curta e seca. Abro bem os olhos, surpresa, e levanto a cabeça para encarar o rosto minha mãe. Ela está com um meio sorriso no rosto, aquele tipo de sorriso que te chama de estúpida sem precisar falar uma palavra. Isso termina de me quebra em mil pedacinhos. Ela vem até mim e me abraça enquanto choro. Meus ombros estão se levantando e abaixando no meu silencioso pranto. - Sabe por que é importante esperar filha? Para que você não seja o chiclete mascado de alguém. Eles gostam de você por um tempo, enquanto tem sabor, mas depois de mascarem até se saciar, te jogam no lixo. Quem vai querer um chiclete mascado? Quem vai querer você agora? - ela passa as mãos pelos meus cabelos. - Mesmo que ele fique com você por um tempo, rapazes assim, que ficam com uma garota apenas para sԑx... se saciar, nunca vão levá-la a sério, mas eu não preciso dizer isso para você, no fundo, você sabe, por isso você não tem nem coragem de dizer quem ele é. Eu sigo chorando, cada palavra me acertando como um tapa, me deixando dolorida por dentro. - Eu deveria falar para o seu pai sobre isso, é o meu dever como esposa e mãe, mas não vou porque nós duas sabemos que ele não vai aceitar o que você fez sem nomes ou consequências. Não com você a um passo de ir para a universidade. - Minha mãe me solta e se afasta em direção a porta. - Eu apenas sinto muito por você, pois não foi essa a educação que te demos. A minha esperança é que você aprenda com o seu erro antes que você estrague o seu futuro. Eu me joguei na cama, com a cabeça afundada no meu travesseiro e chorei até ser abraçada pelo sono. Com certeza uma surra teria doido menos que essa conversa.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD