4- Chefe

1259 Words
Capítulo 4 Chefe narrando : Saímos do QG sem perder tempo. O Gringo já tinha trazido minha moto, e eu montei nela como se fosse parte de mim. O motor roncou, e logo a gente tava cortando as ruas rumo ao asfalto, onde ficava o meu apartamento. O Gringo na moto dele, sempre na cola, como de costume. A viagem foi rápida, e quando chegamos no prédio, tudo tava do jeito que eu lembrava. O porteiro nem teve tempo de falar nada, só me viu passar com o Gringo e ficou na dele, já sabendo o que a gente representava. Assim que entrei no apartamento, soltei um suspiro. Tudo ali parecia congelado no tempo, cada detalhe no lugar que eu deixei antes de ser preso. O sofá, a mesa, até o cheiro do ambiente era familiar. Olhei pro Gringo e já mandei: — Vou pagar uma ducha, parceiro. Tô precisando tirar esse cheiro de cadeia de mim. — É isso mesmo, chefe. Se refresca aí que eu já vou abrir um whisky pra gente — ele respondeu, indo direto pro barzinho e pegando a garrafa. Entrei no banheiro, liguei o chuveiro, e a água morna bateu no meu corpo. Era uma sensação que eu nem lembrava mais como era. Na cadeia, o banho era sempre corrido, água gelada, e a tensão nunca te deixava relaxar de verdade. Mas agora, ali, eu me permiti respirar. Sentia o peso dos últimos anos escorrendo com a água. Quando saí do banho, passei a toalha no corpo e me olhei no espelho. Barba grande, cabelo crescido. Era hora de ajeitar isso. Voltei pra sala e vi o Gringo com a garrafa de whisky na mão, já me esperando. — Preciso cortar essa juba e fazer a barba. Tem aquela barbearia na esquina, né? Vou descer lá, rapidão. — Tá de boa, chefe. Vai lá, eu fico por aqui tomando uma — ele respondeu, de boa, enquanto dava um gole. Desci pro salão do Pereira, que já me conhecia de longa data. Assim que entrei, ele me viu e abriu aquele sorriso sem jeito. — E aí, chefe! Achei que cê ainda tava preso! Bom te ver de volta — disse ele, ajeitando a cadeira. — Preciso dar um trato aqui, Pereira. Faz a barba e corta o cabelo. Quero sair daqui com cara de gente . Ele riu e começou a trabalhar, enquanto a navalha deslizava pelo meu rosto e a tesoura trabalhava no meu cabelo. Era bom sentir que eu tava voltando pro controle da minha vida, peça por peça. Quando ele terminou, me olhei no espelho. Tava do jeito que eu queria, marrento e pronto pra encarar o que viesse. — Valeu, Pereira. — Dei uma grana pra ele e voltei pro apartamento. Quando entrei, o Gringo tava largado no sofá, dormindo com a garrafa de whisky ainda pela metade na mesa. Balancei a cabeça, rindo de leve, e fui direto pro meu quarto. A sensação de tá ali, no meu espaço, era algo que eu não trocava por nada. Entrei no banheiro de novo, dessa vez só pra lavar o rosto e curtir o momento. A água morna era quase um luxo, um conforto que a cadeia não tinha. E agora, com a cabeça no lugar, tava pronto pra assumir o controle de tudo de novo. Depois da ducha, fui direto pro guarda-roupa, sabendo que precisava de uma roupa à altura da noite. A boate ia tá bombando, e eu queria chegar como o patrão. Abri o armário e comecei a dar uma olhada. Peguei uma camiseta branca lisa, daquelas que caem perfeito no corpo, e uma calça jeans clara, rasgada no joelho. O Nike branco já tava separado, brilhando como se fosse novo. Passei aquele perfume que fazia presença, cheiro de quem manda no pedaço. Pra finalizar, puxei o cordão grosso de ouro da gaveta e botei no pescoço, sentindo o peso e o brilho dele no espelho. Eu tava pronto. Quando tava terminando de ajeitar o relógio no pulso, ouvi alguém batendo na porta do quarto. O Gringo entrou com a cara de quem tinha acabado de acordar do cochilo. — Chefe, preciso pagar uma ducha também, e vou vestir uma roupa tua pra ir na boate. Nem trouxe nada — ele disse, já coçando a cabeça. Olhei pra ele de canto de olho e dei uma risada. — Pode escolher a que quiser. Gringo. No guarda-roupa ali tem umas peças novas que eu nunca usei. Escolhe uma aí e se arruma. Ele assentiu, agradecido, e foi direto pro armário. Enquanto ele mexia nas roupas, eu dei mais uma última conferida no espelho, ajustando o cordão e o relógio. A noite prometia, e eu já tava no pique. — Demorou, chefe. Vou pegar uma calça e uma camiseta massa aqui. A noite vai ser nossa! — Gringo falou, já tirando as roupas do armário enquanto eu pegava as chaves e guardava a carteira no bolso. A gente ia fazer barulho na boate, e do jeito que eu tava me sentindo, não tinha como a noite ser nada menos que perfeita. Hoje eu quero pegar umas 3 minas e tirar os atrasos . A gente saiu do apartamento montado nas motos, eu na frente e o Gringo logo atrás. O ronco dos motores ecoava pelas ruas do asfalto enquanto a gente cortava o vento, direto pro destino: a boate. A noite tava quente, e eu tava na pegada certa, sentindo a liberdade bater no peito depois de tanto tempo. Quando a gente chegou na frente da boate, nem precisamos passar pela fila. O dono era o meu advogado, então foi tudo no esquema. Sem complicação, os seguranças só deram aquele aceno de respeito e liberaram a gente direto pro camarote. Subimos as escadas, já sentindo a vibração das caixas de som tremer o lugar todo. O camarote era o melhor ponto da boate, de onde dava pra ver tudo. Assim que a gente chegou, pedi logo uma rodada de whisky. Tava na hora de comemorar a liberdade com estilo. A bebida chegou rápida, e eu já virei o primeiro copo, sentindo o líquido quente descer. Enquanto isso, as mulheres no camarote estavam a milhão, dançando, rebolando até o chão. O Gringo já tinha se soltado, rindo e falando com uma delas, mas eu tava de boa, só observando o movimento. A pista lá embaixo tava lotada, a galera dançando, suando, curtindo. Foi quando eu bati o olho nela. Uma baixinha loira, corpo miudinho, mas com uma b***a redondinha que chamava atenção. Ela tava no meio do povo, dançando de um jeito hipnotizante, rebolando devagar, depois acelerando, com uma confiança que mexia com a minha cabeça. Parecia que o mundo ao redor dela sumia, e só ela importava naquele momento. Fiquei parado, o copo de whisky na mão, sem nem perceber o tempo passar. Cada movimento dela parecia mais lento e provocante, e eu tava vidrado, sem conseguir desviar o olhar. — E aí, chefe, tá de olho em alguém, hein? — O Gringo comentou, rindo, percebendo que eu tinha travado olhando pra loirinha. Eu dei um gole no whisky e sacudi a cabeça, tentando disfarçar. — Só observando o movimento, parceiro. Mas essa baixinha aí... vai ser minha hoje. — Falei, decidido, enquanto voltava a olhar pra ela. Ela ainda tava rebolando daquele jeito que parecia tirar a atenção de todo mundo ao redor. A noite ainda tava só começando, mas uma coisa eu já sabia: aquela loirinha ia ser o foco do resto da minha noite. Continua ....
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