As palavras de Luciana foram silenciadas quando um dos dedos indicadores do dedo de Gabriel pousou em seus lábios, como uma ordem clara de que ele não queria ouvir aquela anedota. Já que lembrar de toda a raiva que sentiu ao vê-la se divertindo tanto com o cara da contabilidade poderia prejudicar o momento.
—Me espere aqui, vou pedir os hambúrgueres, já volto. Disse ele, saindo do carro, e chegando a um dos carrinhos de rua. Ele fez seu pedido e voltou para seu carro para esperar pela comida.
Luciana não entendeu a atitude dele, por que ele se ofereceu para levá-la? E por que eles estão lá no que parecia ser um encontro improvisado, se ele deixou claro que nunca mais estariam juntos fora do local de trabalho?
— Senhor, não entendo nada, se o senhor foi claro quando disse isso... Ela se aventurou a perguntar, tinha muitas dúvidas, e acima de tudo não queria enredar sua vida em falsas ilusões com aquele homem , embora gostasse dele como nenhum outro.
— Shh... Não há nada para entender, Luciana. Às vezes as palavras são supérfluas e esse é um desses casos. Ele rebateu, e num impulso se aproximou muito mais da mulher que o olhou surpresa ao ver que seu rosto estava praticamente colado no dela a poucos centímetros do seu. — Vou ser sincero e muito direto porque não gosto de desvios, fiquei querendo mais. Eu, eu quero... Ele confessou, interrompendo suas últimas palavras, quando a vontade de experimentar mais daqueles beijos que tanto gostava, o motivou a tocar, com mais delicadeza do que jamais havia usado com qualquer outra. Os lábios vermelhos de seu companheiro subiram.
Para Gabriel, procurar uma garota pela segunda vez tinha sido impossível, mas, ali, ele estava promovendo uma nova abordagem porque não podia ne*gar que queria desesperadamente agarrar aquela boca.
— Senhor, não acho que isso deveria acontecer, você e eu não... Luciana tentou argumentar, convocando sua sanidade, que estava prestes a despencar. E como não fazer isso? Sim, sentir o contato sutil dos lábios de seu chefe nos seus parecia algo fora deste mundo.
— Você não quer que eu te beije? Um sussurro rouco saiu de sua garganta, enquanto ele mordia lentamente o lábio inferior de sua assistente. —Responda-me, Luciana. Você quer ou não quer que eu te beije? Ele perguntou novamente ao não receber nenhuma resposta da garota que estava perto de tirar a sua mente da razão, devido àquele jogo de carícias que aquele homem sedutor fazia questão de dar em sua boca.
— Senhor, eu…
— Diga, Luciana? Você o quê? Questionou, colocando os lábios com mais firmeza naqueles que o deliciavam com seu sabor imensamente doce. Como se por vontade própria, as suas mãos envolveram o rosto da mulher que o fazia sentir, pensar e fazer coisas estranhas, ele detalhou suas lindas íris, notando um lindo brilho nelas quando olhavam para ele, e embora não pudesse encontrar um motivo para elas estarem assim. — Não diga nada e eu não direi nada, é melhor assim. Delicado e calmo como se quisesse descobrir outra faceta de si mesmo, ao emocionante e apaixonado como se quisesse confessar que ainda tinham muitos capítulos quentes para escrever juntos.
O toque suave na janela do carro os fez romper o beijo. Foi um dos garçons que trouxe o pedido. Gabriel amaldiçoou interiormente porque queria tudo menos soltar os lábios da mulher que o recebeu, assim como ele fantasiou durante todo o fim de semana.
— Olha, eu te pedi um bife duplo, porque você me disse que estava com muita fome. Gabriel disse muito gentilmente, entregando-lhe seu hambúrguer e um refrigerante.
Tudo parecia fluir entre eles, apesar da notável timidez de Luciana, que parecia se sentir mais doce e complacente com o homem que comia ao seu lado, parecendo despreocupado.
O que a preocupava porque sabia que se se apaixonasse pelo homem arrogante que há mais de dois anos trabalhando com ele, sabia que ele era assim. Com essa nova faceta que lhe mostrava, sem dúvida enlouqueceria e isso a deixava com medo.
— São os melhores hambúrgueres do mundo? Gabriel disse, aproximando confiantemente os lábios do canto da boca de Luciana e lambendo-o com a desculpa de limpar um pouco de molho.
—Sim, são deliciosos. Respondeu a sua assistente, percebendo como o seu coração amoroso galopava cuidadosamente em seu peito.
Terminada a refeição, no meio de uma conversa um tanto trivial, onde cada um permaneceu na posição de não dar detalhes de sua vida, um Gabriel urgente come mais uma vez os lábios da garota que o desafiou em sua companhia. Lembrar-se dela dessa forma, somado a todo o desejo que sentia por ela, levou-o a procurá-la, a encurralá-la e a devorar-lhe os lábios como se o mundo fosse ser exterminado e mesmo naquela boca ele quisesse viver a sua últimos momentos.
Ele interrompeu lentamente o beijo, sentindo-se forçado ao ser dominado pelo desejo de chegar a um lugar mais ínti*mo onde não se limitasse a apreciá-la como desejava. Antes de ligar o motor e dar partida no carro, ele deu um último beijo fugaz nos lábios da mulher que tinha alucinações como nunca antes com ele.
Em menos tempo do que o esperado, eles estavam em frente ao prédio de Luciana, e assim que estacionou o veículo, ele flagrou novamente o rosto da mulher que insistia em olhar para ele de uma forma que o fizesse se sentir um ser sobrenatural.
—Você pode me convidar para entrar na sua casa? Ele perguntou, com a voz rouca, sobre a boca que se recusava a se soltar.
Luciana hesitou na resposta, ela queria muito continuar, queria com tudo se enredar nos braços do homem que a beijava com tanto fervor. Porém, apesar de estar louca e ansiosa por mais e mais, sua razão ativou-se, fazendo-a notar que se ela concordasse em ser tão fácil mais uma vez, ficaria na mente de seu chefe a mensagem de que ela gostava dele mais do que ela queria que ele soubesse. Por esse motivo…
— Não, senhor. Talvez outro dia. Respondeu ela com a voz agitada pelos beijos do chefe.
—Não recuse, mulher. Olha como você me tem, não me deixe ir assim. A sua voz quase suplicante sincronizou com uma de suas mãos, guiando uma das mãos de Luciana até a sua virilha para fazê-la sentir o quão animado ele estava.
— Sinto muito, mas esta noite não é possível. Ela reafirmou a sua recusa, chorando internamente por ter que desprezar tamanha delícia de homem. — Até amanhã, senhor. Muito obrigado pelo hambúrguer, estava realmente delicioso. Ela se despediu rapidamente, e num impulso deu um beijo um tanto intenso na boca do chefe como se quisesse ter um pouco de consolo por tudo que estava prestes a deixar passar, e sem mais demora saiu rapidamente do carro antes de se arrepender da decisão.
—Luciana! Gabriel a chamou e conseguiu agarrar uma das mãos dela antes que ela batesse a porta do carro na cara dele. A recusa dela o atingiu como um balde de água fria porque ele não estava acostumado à rejeição.
Seu olhar intenso a consumiu novamente, então em seus pensamentos ela implorou a sua vontade para impedi-la de cair.
—Na saída, amanhã você fica mais um pouco na empresa, espera todos saírem e eu te busco na mesma esquina atrás dos arbustos. Ele não perguntou se ela queria encontrá-lo secretamente mais uma vez. Ele simplesmente ordenou porque para ele seu papel de comando era algo que ele não podia deixar de lado, isso era impossível porque ele sempre foi dominante, com um caráter forte e sua postura fria usada para inti*midar qualquer um, que sempre trabalhou a seu favor para impor o seu desejo. Porém, com essa mulher, aparentemente ele teve que baixar a guarda para conseguir o que queria. Ele olhou para ela novamente um pouco desafiadoramente com uma sobrancelha arqueada. —Ok? Com aquela pergunta feita com voz mais calorosa procurou obter aceitação sem qualquer tipo de objeção por parte de quem, ao ouvir seu tom conciliatório, suavizou o gesto.
— Sim, senhor, tudo bem. Ela confirmou o que ele queria ouvir.
Gabriel não pôde deixar de sorrir de satisfação.
— Vejo você amanhã no escritório. ele se despediu quando, apesar de tudo, se resignou a sair com um desejo ardente. Ele puxou cuidadosamente a mão dela para fazê-la se inclinar um pouco, e roubou um último beijo dela antes de deixá-la ir.
Luciana começou a se afastar, de vez em quando virava a cabeça para trás e não poderia se surpreender mais com tudo o que vivenciou neste segundo encontro ao notar o carro de seu chefe estático no mesmo ponto, enquanto os seus passos eram observados pelo olhar do homem que na primeira noite em que estiveram juntos nem teve a cortesia de se despedir.
Luciana chegou na entrada do seu prédio e deu uma última olhada nas suas bochechas rosadas e pensou o quanto ela poderia ter aproveitado a noite se tivesse cedido ao desejo. Ela balançou a cabeça para evaporar aquele pensamento lascivo antes de entrar no elevador.
Aquele último olhar da sua assistente antes que ele a perdesse do seu campo de visão o fez reagir.
Que porr*a estou fazendo aqui parado como uma múmia? Essa pergunta o confrontou, mas ele preferiu ignorar. Tudo que ele conseguia pensar, é que queria um pouco mais daquela mulher, e ele faria qualquer coisa para ter.