Alguns dias se passaram, Melissa havia melhorado de seu tornozelo, ela estava em sua casa, quando escutou a voz de seu tio Rafael, fazia alguns dias que não o via, então ela desceu a escada correndo e pulou em seus braços lhe dando um abraço apertado.
— tio...
— pelo visto melhorou do tornozelo, mas já está procurando machucar de novo, isso é jeito de descer as escadas?
— você sabe que estou muito feliz, deixei claro nos milhões de mensagens que mandei pra você, ansiosa pra viajar para a Argentina. — ele riu então disse.
— acalma o coração menina, ainda falta dias e dias.
— eu sei, mas só de saber que vou, estou muito feliz, você sabe muito bem que amo desfilar.
— eu sei sim, sabe, falei com Raul, dei uma bronca nele.
— tio, não precisava disso, o que aconteceu naquele dia foi culpa minha. — ela disse um tanto sem graça.
— também, mas mesmo assim achei pertinente.
— pertinente. — disse ela imitando a forma a qual ele havia falado. — falou igual um velho de sessenta anos. — ele apenas riu. — agora ele não vai mais querer sair comigo.
— no fim de semana vou a uma festa, adivinha quem vai estar lá?
— ele claro. — disse ela revirando os olhos.
— e se você quiser ir...te levo.
— sério, vai mesmo fazer isso?
— vou sim, se seu pai deixar claro.
— espero que ele deixe.
— quem sabe agora você desencalha. — ele brincou.
— estou encalhada a força, culpa do meu pai que me faz quase de prisioneira, mas você sim está encalhado, nunca apresentou uma namorada.
— nunca tive nenhuma.
— sei que você é meu tio, mas temos uma boa relação também como amigos, posso fazer uma pergunta?
— claro.
— você é gay?
— não, de jeito nenhum.
— então por que nunca arrumou uma namorada? Deveria arrumar uma namorada bem legal pra me fazer companhia, fora minha avó, eu sou a única mulher da família.
— fora de questão.
— por que?
— não estou afim de namorar, não sei se algum dia estarei, eu prefiro estar solteiro e ficar com quem me der vontade.
— então é por isso que não arruma uma namorada, é um mulherengo...que desgosto tio. — ela disse o fazendo rir.
— agora mudando de assunto, segunda precisa ir a agência, fazer a prova das roupas para as fotos da campainha do dia dos namorados.
— estava lembrando mesmo, até marquei na minha agenda, eu vi as fotos do modelo que vai fazer a campainha comigo, gatinho ele, tem o número dele?
— ei, ei, nem pensar, já está ficando com o Raul
— mas eu não estava pensando em ficar com ele, apenas conversar, criar uma conexão, é difícil fazer fotos com um total desconhecido.
— vou confiar e te mandar o número dele viu.
— nossa tio, o que está pensando de mim em?
— depois de ter te visto beijar umas incontáveis bocas naquele naquela noite?
— isso.
— que com uns olhares todos caem de amores por você. — ele disse a fazendo rir.
— pensei que ia dizer outra coisa.
— jamais, mas também, se comporte né.
— prometo.
— o que tanto conversam? — perguntou Marco passando pela porta da sala.
— ah...nada demais. — disse Melissa.
— mas na verdade, você precisa saber, o que acontece é que sábado vou a uma festa com o pessoal da agência, queria saber se você deixa Melissa ir comigo.
— se prometer que vai ficar de olho e não vai deixar nenhum marmanjo chegar nela.
— pai... — Rafael riu, então disse.
— não se preocupe, sabe que sempre cuido muito muito bem dela.
— no que depender de você pai, vou ficar uma velha solteirona.
— ótimo, assim nenhum homem te leva de mim, mas vê se vou deixar minha menina com um qualquer.
— tio, fala pra ele que não estamos no século passado.
— ouviu né. — disse Rafael.
— isso é um complô contra mim? — Marco disse os fazendo rir.
— eu vou para o quarto antes que mude de ideia e não me deixe ir na festa. — Melissa foi até o pai, lhe deu um beijo na bochecha e seguiu para seu quarto.
— já te disse que você exagera na proteção não disse?
— disse sim.
— vou dizer mais uma vez, Marco, você exagera demais com a Mel, na idade dela as outras garotas já tem ou já tiveram namorados.
— eu sei...não é que eu a queira proibir de tudo, mas não cuidei tão bem dela para vir um marmanjo qualquer e se meter na vida dela, posso até deixar ela namorar, mas tem que ser um bom rapaz, de boa família, que tenha uma idade parecida com a dela, não a quero com um cara mais velho, Mel não conhece muito da vida, então seria facilmente manipulada por um homem experiente, meu irmão, sou assim para protegê-la.
— eu sei, mas precisa dar um pouco mais de espaço para ela, se não vai acabar se sentindo sufocada e vai acabar se mandando com o primeiro marmanjo que oferecer um teto a ela. — Marco suspirou em rendição, então disse.
— é, você tem razão.