Capítulo 3
⚠️ 4 ANOS ANTES ⚠️
MARIA NARRANDO
Maria – FILHO! CORRE AQUI TEM UM HOMEM MORTO! - Grito meu filho João, ao ver um jovem rapaz caído no chão com a cabeça e o abdômen sangrando.
João – Mãe melhor chamar a polícia.
Eu olho para o homem do chão e sinto que não devo chamar a polícia, posso estar sendo louca, mas a minha intuição nunca falhou. Então meu filho se aproxima dele e fala.
João – Ele não está morto, mãe.
Maria – Filho vamos levar ele para casa e chamar a Ana, ela vai ajudar ele.
Ana é uma jovem enfermeira do nosso morro, ela sempre ajuda a nossa comunidade, ela trabalha no postinho de lá. A nossa comunidade foi pacificada, mas até então não temos problemas, o dono era um monstro que estava oprimindo todos, não que a pacificação seja mil maravilhas, mas por enquanto estamos vivendo bem.
João – Não mãe, tá louca levar ele para nossa casa? A gente nem conhece ele! E se ele for um assassino? Um estupradör? Ou algo pior? Quem levaria uma pessoa assim para casa do nada? A senhora não pode está falando sério né?
Maria – Você tem razão meu filho, vou chamar a polícia. Realmente ele pode ser alguém perigoso.
Eu falo e me abaixo e observo o jovem enquanto pego meu celular, e do nada ele segura no meu braço, eu me assusto, mas percebo que ele quer falar algo.
XXX – Por favor me ajuda ... Não chama a polícia ... Emi.... – Ele fala com dificuldade e desmaia novamente.
João – Ele deve ser bandido, vamos chamar a polícia.
Eu escuto o João falar, mas o meu coração diz que eu não devo fazer isso.
João - Mãe! O que a senhora está esperando? Vamos chamar a polícia logo!
Maria – NÃO! Vamos levar ele para nossa casa.
João – Mãe ....
Maria – João só faça o que eu estou mandando coloca ele no nosso carro e vamos. – Falo firme interrompendo ele que não gosta nem um pouco da minha decisão.
Eu ajudo o João pegar o rapaz e levamos para o nosso carro que está caindo aos pedaços.
João – Isso tá errado!
Maria – João eu sei o que estou fazendo!
João – Sabe mesmo? Como vamos passar pela entrada da comunidade? Sem ninguém ver ele? Vão nos parar, a senhora sabe muito bem e vai dar rüim.
Maria – Não vai, eu já disse, eu sei o que eu estou fazendo. E vai logo com esse carro que o rapaz precisa de atendimento.
Ele negä com a cabeça e assim que chegamos na entrada da nossa comunidade nosso carro é parado.
XXX – Estão com pressa por quê?
João – É que ....
Maria – Senhor Polícia, como pode ver eu sou idosa e preciso tomar meu remédio de pressão e diabetes que eu esqueci em casa quando sair para trabalhar na feira com o meu filho.
XXX – O que tem no banco de trás do carro?
Maria – Coisas das feiras. O senhor pode investigar se quiser, sou até conhecida como Maria da feira.
XXX – Quero olhar o que tem na parte de trás do carro. Vocês estão muito estranhos. – Ele fala olhando para dentro do carro desconfiado.
Maria – Não tem necessidade, mas se você insiste.
E agora o que eu vou fazer? Isso pode trazer vários problemas para mim e para o meu filho, e até para o rapaz. Eu preciso de uma luz.
YYY – Ei tá fazendo o que aí? – O superior que cuida da pacificação aqui, fala para o policial.
XXX – Vou verificar esse carro.
YYY – Você está perdendo seu tempo por quê? Essa senhora mora aqui no morro há mais de 50 anos, todos conhecem ela, vai procurar o que fazer! Deveria saber mais de quem mora aqui para não ficar perdendo seu tempo!
XXX – Desculpa chefe é que ...
YYY – É que nada! Libera ela.
XXX – Pode passar senhora.
Maria – Obrigada.
Eu respiro fundo aliviada, e passamos da barreira, assim que chegamos em casa meu filho colocou nosso carro na garagem, tiramos o rapaz do carro, colocamos no quarto do João e eu ligo para Ana.
Chama algumas vezes, até que ela atende.
Ana – Alô? Dona Maria? Está tudo bem?
Maria – Está minha filha, mas eu preciso muito da sua ajuda. É urgente.
Ana – Aconteceu algo com o João?
Maria – Não, mas eu preciso que você venha aqui em casa e traga seu equipamento de primeiros socorros, eu prometo que aqui eu te explico, tá bom?
Ana – A senhora está me assustando.
Maria – Minha filha, venha que te explico tudo.
Ana – Estou no meu horário de almoço, estou indo.
Maria - Obrigada minha filha, estou te aguardando. - Falo desligando a ligação.
João - A senhora sabe que isso está errado e ainda está envolvendo a Ana nessa história. Isso pode prejudicar bastante a gente mãe, não sabemos quem ele é!
Maria - Eu sei, mas eu estou seguindo a minha intuição, se algo der errado, eu vou assumir toda responsabilidade, jamais vou deixar você e a Ana se prejudicarem por algo que seja minha culpa. Então fique tranquilo João.
João - A senhora está errada! E não quer escutar! Mas beleza, não vou ficar repetindo toda hora, a senhora não é criança. - Ele fala saindo do quarto e me deixando sozinha.
Eu olho para o rapaz que não parece nada bem e isso me causa uma angústia muito grande.
Maria - Quem é você? O que aconteceu? E porque fizeram isso com você? - Falo pra mim mesma enquanto continuo olhando para ela desmaiado na cama.
A Ana precisa chegar logo, eu sei que ele deveria está em um hospital, mas parece que ele não pode, olho as tatuagens dele e algumas eu reconheço, mas não julgo.
Saio do quarto e vou até o portão para ver se a Ana está chegando.