CAPITULO 3

1497 Words
Depois do café da manhã, minha programação de aniversário de dezoito anos continuava, e a próxima atividade era a sessão de fotos em Vibo Valentia, que eu havia planejado cuidadosamente com antecedência. Federica, minha dama de companhia, sempre estava ao meu lado, acompanhando-me em todos os momentos. Vestida com um elegante vestido branco, eu estava posando para as fotos na praia, enquanto o sol da manhã iluminava o cenário com um brilho dourado. A brisa do mar sussurrava suavemente e o fotógrafo trabalhava arduamente para capturar minha beleza e a transição de menina para mulher que esse dia simbolizava. À medida que eu fazia poses, uma onda inesperada veio do mar e me atingiu, fazendo com que meu vestido branco molhasse e aderisse ao meu corpo. Por sorte, o tecido não se tornou totalmente transparente, mas a sensação de estar molhada e vulnerável adicionou um toque inesperado à sessão de fotos. O fotógrafo, aproveitando a situação, disse que estava ótimo, pois as fotos refletiriam a ideia de que eu estava deixando de ser uma menina e me transformando em uma bela mulher, como se o mar tivesse me abraçado para celebrar essa transição. Enquanto eu tentava manter a compostura e continuar com as poses, notei algo fora do comum do alto das paredes rochosas que cercavam a praia. Era a figura de Dante observando-me de uma distância segura. Senti um arrepio percorrer minha espinha ao vê-lo lá em cima, seu olhar fixo em mim. Era uma expressão que eu nunca tinha visto em seu rosto antes, um misto de desejo e algo mais que não consegui identificar com precisão. Ele parecia diferente, mais sombrio e intenso do que o Dante que eu conhecia. Eu não sabia o que Dante estava fazendo ali, observando-me de maneira tão intensa. Não era comum ele se envolver nesse tipo de coisa, especialmente quando se tratava de mim. Curiosa e ao mesmo tempo perturbada, virei-me para Federica e apontei na direção de Dante. "Federica, o que Dante está fazendo aqui?" Federica se virou para onde eu estava apontando, mas quando seus olhos se encontraram com o local onde Dante deveria estar, não havia ninguém lá. Ela franziu a testa, preocupada, e depois olhou para mim com uma expressão de confusão. "Catarina, não vejo ninguém lá em cima. Pode ser que o sol esteja afetando sua visão. Talvez você esteja alucinando." Meus olhos se arregalaram de surpresa. Será que eu estava alucinando? Olhei de volta para as rochas, mas Dante havia desaparecido completamente. Era como se ele nunca estivesse estado lá. Eu sabia o que tinha visto. Dante estava lá, eu tinha certeza disso. No entanto, eu também sabia que essa discussão não levaria a lugar nenhum, e Federica estava certa em encerrar a sessão de fotos, preocupada comigo. Concordei com um aceno de cabeça e me afastei da água, de volta à segurança da praia. Enquanto o fotógrafo guardava sua câmera, eu não conseguia tirar a imagem de Dante da minha mente. Seja lá o que ele estava fazendo ali, aquela expressão em seu rosto me deixou balançada. E eu não tinha a menor ideia do que aquilo significava para o futuro da nossa complicada relação. *** Após o estranho episódio na praia, retornei à mansão e fui direto para meu quarto, onde troquei meu vestido molhado por um conjunto de blusa, calça capri e salto alto. Afinal, ainda tinha um almoço agendado com as filhas das outras famílias da Ndrangheta. Era uma formalidade que atendia aos desejos da falecida Lucrezia, esposa de Don Salvatore. Enquanto prendia meus cabelos em um r**o de cavalo, passei pela sala de luta, onde meus irmãos Massimo, Luca e Matteo estavam treinando entre si. A habilidade de defesa era algo que todos nós havíamos sido treinados desde crianças. Isso incluía também a mim, e eu me gabava por ser muito boa em Krav Maga, um sistema de defesa pessoal que ensinava que a melhor defesa era um ataque rápido e decisivo. Eu ansiava por estar lá com eles, sentindo a adrenalina das lutas, mas tinha minhas obrigações. Às vezes, ser a única mulher da família tinha suas desvantagens. Eu já estava indo embora quando Massimo me chamou, sua voz carregada de curiosidade. "Onde você vai, Catarina?" ele perguntou. Eu respondi casualmente enquanto prendia meu cabelo. "Estou indo para o almoço com as outras meninas." Massimo pareceu um pouco desapontado. "Que pena. Eu estava terminando de treinar com Matteo." Eu sorri com desdém, provocando-o. "Matteo jamais será páreo para mim." No mesmo instante, Matteo apareceu na sala, como se a menção de seu nome o tivesse convocado. Ele ergueu uma sobrancelha e retrucou: "Duvido muito disso, Catarina." Não era de meu feitio recusar um desafio. Eu olhei para os três irmãos com confiança e disse, desafiadoramente, que era capaz de vencê-los no Krav Maga, mesmo usando salto alto. Os três irmãos trocaram olhares e começaram a rir, como se achassem impossível que eu pudesse vencê-los juntos. Massimo, o mais extrovertido dos três, quebrou o silêncio. "Você está falando sério, Catarina? Quer dizer que a pequena Bambi acha que pode derrotar os três de nós?" Eu ergui um dedo, apontando para Massimo. "Primeiro, não me chame de Bambi. Segundo, sim, eu posso vencer todos vocês." Matteo deu um passo à frente, confiante. "Vamos lá, então. Prove isso." Sem perder tempo, nos posicionamos na sala de luta, e a luta começou. Salto alto e tudo. Eu estava determinada a mostrar que não deveria ser subestimada, e, com movimentos rápidos e precisos, comecei a enfrentar meus irmãos. A luta foi intensa, e eu percebi que estava lidando com adversários formidáveis. Massimo era surpreendentemente rápido e forte, Luca era astuto e ágil, e Matteo tinha um conhecimento técnico sólido de Krav Maga. No entanto, eu não desisti. Com cada movimento, eu me esforcei ao máximo, lembrando-me do treinamento rigoroso que Don Salvatore tinha me dado ao longo dos anos. Enquanto o suor escorria pelo meu rosto, eu percebi que estava começando a ganhar a vantagem. Um por um, meus irmãos foram derrotados. No final, estávamos todos ofegantes e cansados. Eu estava de pé, triunfante, enquanto meus irmãos estavam no chão, reconhecendo minha vitória. Massimo riu enquanto se levantava. "Você venceu, Catarina. Eu não esperava menos de você." Luca se juntou a ele, balançando a cabeça com admiração. "Foi impressionante. Você é realmente boa." Matteo, ainda se recuperando do combate, assentiu. "Você mostrou que é uma Mancuso de verdade, Catarina." Enquanto eu retomava a minha pose, com a confiança renovada, sabia que aquele momento tinha sido mais do que apenas uma brincadeira. Tinha sido uma afirmação de meu lugar na família, uma demonstração de que eu era tão capaz quanto meus irmãos, mesmo que fossem maiores e mais fortes. Entretanto, a alegria e o orgulho que eu sentia foram efêmeros, dissipando-se como uma nuvem de fumaça, quando uma voz grossa e ameaçadora ecoou na sala. “Você não é uma Mancuso, Bambi.” Eu me virei abruptamente e encontrei Dante parado na porta, observando a cena com um sorriso cínico no rosto. Ele entrou no espaço e proferiu palavras que cortaram como facas afiadas. " Você é apenas uma Piromalli... Uma ninguém, uma bastarda. E sempre será assim." Minha expressão se tornou uma máscara de raiva, e eu o encarei com determinação. "Retire o que disse, Dante." Ele apenas sorriu de forma desdenhosa. "Não vou retirar nada, Bambi. Você é isso... uma bastarda. Uma bambi." A provocação de Dante acendeu uma chama dentro de mim, uma chama que me impeliu a reivindicar meu lugar e minha honra. Eu me coloquei em posição de luta e desafiei-o, com os olhos faiscando de determinação. "Retire o que disse, Dante." Ele riu, seu riso carregado de superioridade. "Você realmente acha que é páreo para mim no Krav Maga, Bambi?" Um sorriso autoconfiante curvou meus lábios enquanto eu respondia. "Acabei de derrotar três Mancuso de uma vez. Tenho certeza de que você não fará nem cócegas." Dante deu de ombros, como se estivesse entediado com a situação. "Não sou um homem que rola pelo chão para provar nada." Eu o encarei, intrigada e cautelosa. "O que você quer, então?" Dante olhou nos meus olhos e propôs um acordo. "Se eu vencer você, ficarei com a reunião dos Russos. Se você vencer, eu a deixarei em paz." A proposta era inesperada, e eu hesitei por um momento antes de perguntar: "Só isso? É simples assim?" Ele confirmou com um aceno de cabeça. "É simples assim." Eu concordei, aceitando o desafio. Afinal, eu não tinha medo de enfrentar meu irmão adotivo, mesmo que fosse uma batalha física. Ele começou a tirar seu terno, revelando seu abdômen definido e musculoso, e por algum motivo, aquela visão mexeu comigo de maneira inesperada. Eu sabia que estava prestes a embarcar em um confronto que não seria apenas físico, mas também uma batalha pela honra e pelo respeito dentro da família Mancuso. E eu estava determinada a vencer, não importasse o custo.
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