Maluco

1114 Words
Jade narrando Ele se vira para me olhar, ele me olha novamente com uma intensidade assustadora, eu congelo no mesmo instante que os seus olhos encontram os meus. - Você não me conhece patricinha. - ele fala com um sorriso debochado nos lábios. - E nem você me conhece para julgar as minhas roupas e ainda me chamar de patricinha. – eu falo o insultando mais uma vez. Ele dá dois passos na minha direção e diminui a distância segura que tinha entre nós, agora eu estou apavorada, pois não tenho como fugir, ele parece um armário de tão grande e sem falar que pode ser um assassino. Eu não sei o que está acontecendo comigo, eu não estou conseguindo controlar a minha língua, mas também esse homem está me irritando e me tirando do sério. - Você vai me respeitar patricinha. Por bem ou por m*l. – ele fala bem próximo de mim. Eu sinto a minha respiração acelerar, o meu peito subir e descer sem controle, o meu corpo inteiro se arrepiou com a sua voz quente e o seu perfume másculo invadiu as minhas narinas. Ele olha para mim com um sorriso convencido nos lábios, isso me deixa mais nervosa ainda, como ele pode se achar tanto assim. Eu controlo as minhas emoções e olho para ele estreitando os olhos. - Isso é o que nós veremos. – eu falo e fecho a porta na cara dele. Homem mais maluco, onde já se viu, bater na porta das pessoas uma hora dessa e ainda querer mandar nas roupas e no jeito da pessoa. Eu estou indignada com esse maluco. Caminho para o quarto, antes dou uma olhada na Flor e ela esta dormindo serena. Eu agradeço mentalmente a Deus, por ter colocado uma pessoa tão boa na minha vida. Entro no quarto, ajeito a cama e me deito, não sei por que mais aquele homem não sai da minha cabeça. Eu não consigo parar de pensar nele, o seu jeito autoritário, frio, mas ele não deixa de ser lindo. - Mas que sacoo... – eu falo brava comigo mesma. Eu pego a coberta, cubro a minha cabeça e me forço a dormir, já esta bem tarde e amanhã eu preciso procurar um trabalho. Depois de muito brigar com os meus pensamentos, eu consigo pegar no sono. Acordo com a claridade batendo em meu rosto, eu me forço a levantar da cama e vou até o banheiro. Eu faço as minhas higienes, coloco um vestido preto bem justo ao meu corpo, realçando as minhas curvas, mas sem ser vulgar, pois eu duvido que eu conseguisse um emprego, se me vestisse igual as moças daqui. Faço uma maquiagem básica, ajeito o meu cabelo em um r**o de cavalo e me olho no espelho, até que estou bonita, não são as minhas roupas de marca, mas ficou muito bom. Vou até a cozinha, encontro com a Flor sentada beirando a mesa, anotando algumas coisas em um pequeno papel. - Bom dia menina! – ela fala concentrada em seu papel. - Bom dia Flor! O que esta fazendo? – eu a questiono e só então ela ergue o seu olhar para mim. - Minha nossaa... onde você vai linda assim?! – ela fala me olhando admirada. - Eu preciso arrumar um emprego, preciso te ajudar com as despesas e eu não queria parar de estudar. – eu falo com tristeza me lembrando da faculdade. - Eu não quero o seu dinheiro. Eu gostei muito da sua ajuda ontem, mas se você quer um emprego, tudo bem, mas use o dinheiro para pagar a sua faculdade. - ela fala com orgulho. Eu me aproximo dela, a abraço e dou um beijo na bochecha dela, ela me olha com carinho. - Vamos, eu vou te acompanhar até o asfalto. Eu preciso fazer as compras de hoje. - ela fala pegando o seu papel. Nós saímos de casa, fomos descendo o morro, eu notei que por onde eu passava, as pessoas ficavam me olhando estranho. - Flor?! Tem alguma coisa de errado comigo? – eu falo baixinho só para ela ouvir. - Relaxa menina, as pessoas daqui não está acostumada a ver mulher bonita e arrumada. – ela fala com sua simplicidade sorrindo para mim. Eu balanço a cabeça concordando e nós continuamos caminhando, chegando perto do asfalto, igual eles dizem aqui, vejo os mesmos homens armados que estavam anteontem, parados e eles ficam me olhando de cima a baixo. - Tu é gostosa pa caraleo em – um deles fala quando estamos passando por eles. - Fica na sua Juninho, ela é gostosa, mas não é para o seu bico. – a dona Flor fala seria e ele da risada. - Qual é tia, vai empata minha f**a? – ele fala e eu fico horrorizada com a petulância desse moleque. - Quando nós voltarmos, eu vou ter uma conversa séria com a sua mãe e com o Sombra. – a Flor fala brava e ele abaixa a cabeça. Eu acho graça da cena, pois um homem desse tamanho com medo da mãe e do tal do Sombra, eu já estou até curiosa para conhecê-lo logo. A flor puxa a minha mão e nós saímos do morro, enquanto ela estava no supermercado, eu fui imprimir alguns currículos. Eu entreguei em várias lojas de roupas, lojas de joias e também em alguns escritórios, mas na maioria dos lugares ficaram me olhando de cara feia. Não entendo essas pessoas, como podem julgar alguém somente pelas roupas que vestem?! Eu volto até o supermercado que deixe a Flor, a encontro passando no caixa, eu vou até ela e a ajudo arrumar as compras. Ela paga por tudo, depois voltamos a pé para o morro, eu inventei de colocar um salto, não muito alto, mas eles estão acabando com os meus pés. - Estou quase tirando esses sapatos e indo descalça. - eu falo fazendo careta. A Flor da risada e depois me olha com um pouco de tristeza. - Me desculpe menina, eu já estou acostumada com essa vida, mas devía ter chamado um carro. - ela fala de cabeça baixa. - Eu não estou reclamando por isso Flor, só estou reclamando da minha péssima escolha de sapatos. - eu falo olhando para ela com um sorriso torto. Ela cai na gargalhada, eu percebo que tem um carro andando bem devagar e próximo de nós duas. Eu estou com algumas sacolas nas mãos, a Flor também está segurando mais sacolas, não tem nem como eu segurar nas mãos delas. Resolvo ficar quieta e não falar nada para ela, talvez seja somente coisas da minha cabeça e não tenha ninguém nos seguindo.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD