Conhecendo

1161 Words
Jade narrando Acordei me sentindo melhor, acho que desabafar com a dona Flor e ser acolhida por ela me fez muito bem. Eu só fico triste por que não tenho mais ninguém e mais nada na minha vida, não sei o que eu vou fazer agora. - Venha tomar o café da manhã menina. – dona Flor fala me chamando a atenção. Eu caminho até ela, me sento ao seu lado na mesa e ela me olha com carinho. - Se alimente e depois nós iremos sair. Eu vou te levar para conhecer a comunidade e providenciar roupas novas para você. – ela fala contente. - Obrigada Flor, mas não precisa se incomodar comigo. Eu vou dar um jeito, eu preciso arrumar um emprego. – eu falo e ela me olha atenta. - Isso não é incomodo, eu quero e vou te ajudar. – ela fala sorrindo. Eu fico emocionada, me levanto e abraço a Flor com força, eu me sinto acolhida, me sinto amada novamente. Desde o dia que eu perdi os meus pais, eu estava sentindo um vazio enorme no meu peito, mas quando encontrei a Flor esse vazio foi preenchido. Nós terminamos de tomar o nosso café da manhã, a Flor lavou toda a louça e eu a ajudei, eu nunca tinha feito isso antes, mas aprendi rápido. A Flor pegou sua bolsa, eu peguei o meu celular e o pouco dinheiro que eu consegui pegar da minha tia. Nós saímos de casa, a Flor foi me mostrando tudo e falando como as coisas funcionam aqui no morro. Eu sempre tive uma péssima imagem de como seria esse lugar, mas agora estando aqui entre eles, vejo que não é do jeito que falam. Claro que tem muita coisa errada, tipo crianças brincando com objetos perigosos, adolescentes usando drogas e muitos homens andando armados. Olhando no geral é um lugar bom de se morar, embora eu só esteja aqui a menos de um dia. A dona Flor não entrou em detalhes, mas disse que o Sombra, chefe aqui do morro, é um homem justo, mas não com ele não ter perdão, ele não aceita que nada saia do seu controle. Ela me falou que tudo o que acontece aqui no morro, ele fica sabendo e sempre tem que passar por ele, ela me disse que provavelmente ele virá nos visitar. Eu confesso que estou um pouco apreensiva para essa visita, estou com receio dele não gostar de mim e não permitir que eu fique morando aqui. A Flor me levou a várias lojas, me levou ao salão de cabelereiro e também a uma lanchonete que fica próxima da casa dela. Eu estou gostando desse lugar, embora seja tudo completamente diferente de onde eu vivia. Já estava quase na hora do almoço quando voltamos para casa, a Flor começou a preparar a comida, ela faz quentinhas para vender, ela falou que vende super bem, assim ela consegue uma renda extra. Ela é aposentada, mora sozinha desde que o seu filho resolveu abandona-la e se mudar para outro estado. Ela falou que ele tinha muita ambição e o morro era pequeno para ele, então ela deixou ele ir sem remorso algum. Eu vou ajudando a Flor com as quentinhas, eu vou cortando os legumes e fazendo conforme ela vai me ensinando. Logo começa a chegar pessoas na porta da sua casa, para pegar as quentinhas. As pessoas daqui tem um palavreado engraçado, eu tenho vontade de rir quando os ouço falando em gírias, mas na maioria das vezes eu demoro a entender o que alguns querem dizer, por fim eu acabo ficando com dó, pois eles não tiveram oportunidades igual eu tive. A Flor e eu ficamos cerca de duas horas preparando as quentinhas e entregando as pessoas que vinham buscar, ela conseguiu faturar um tanto bom. Eu a ajudei limpar e organizar tudo, depois fui tomar um banho, arrumei as minhas roupas em um pequeno armário que a Flor desocupou para eu poder usar. Ela tem sido um verdadeiro anjo em minha vida, as vezes me pego pensando que os meus pais enviaram ela para me ajudar. É difícil acreditar que uma pessoa que você não conhece e nunca viu na frente, possa estar de ajudando sem pedir nada em troca. A minha tia que é sangue do meu sangue, só quis ficar com a minha tutela por interesse, ela fez tudo isso só para poder me roubar toda a fortuna, que os meus pais construíram e deixaram para mim. Se eu conseguir arrumar um trabalho e conseguir continuar pagando os meus estudos, eu vou dar um jeito de entrar com um processo e reaver tudo o que foi deixado para mim. Eu não vou deixar essa mulher ficar com tudo o que os meus pais batalharam por anos para conseguir, eles m*l tinham tempo para passear ou fazer viagens de família, só para me dar estabilidade no futuro e olha o que essa vaca fez, roubou tudo assim de mão beijada. - Menina eu já vou me deitar, hoje o dia deu bom, mas foi puxado. – a Flor fala e se levanta do sofá. Eu me levanto, dou um beijo na bochecha dela e continuo assistindo TV mais um pouco, eu também estou cansada, mas o filme está interessante. Estou quase cochilando quando ouço batidas na porta, eu fico com receio se abro ou não, eu ainda não estou acostumada com esse lugar, será que são ladrões?! Que besteira Jade, você acha mesmo que os ladrões bateriam, cordialmente na porta para você abrir!! Eu me levanto do sofá, abro a porta devagar, vejo um homem de aparentemente de uns trinta anos, ele tem um olhar misterioso, não passa muito sentimentos, mas ele é extremamente bonito. - Boa noite! Em que posso te ajudar? – eu falo tentando controlar o medo em minha voz. - A Flor... – ele fala com uma voz grave e rouca ao mesmo tempo. Meu senhor, que voz é essa?! Só de ouvi-lo o meu corpo inteiro já de sinais de alerta. - Ela já foi se deitar, mas se você estiver precisando de algo, eu posso tentar ajuda-lo. - eu tento ser simpática. Ele me olha de cima a baixo, de um jeito meio estranho, eu sinto o meu rosto e o meu corpo esquentar. O que está acontecendo comigo?! - Não abra mais a p***a da porta vestida assim. – ele fala bravo e se vira de costas para mim. Quem ele pensa que é para falar assim comigo, eu não fiz nada para ele, pelo contrário, eu só tentei ser simpática e ele é todo grosseiro. - Você não manda em mim. - eu falo firme. Ele para de andar antes de chegar em seu carro e, diga-se de passagem, que carro. Ele tem uma land rover azul petróleo, eu sempre quis ter uma igual a essa, mas o meu pai disse que só depois que eu me formasse na faculdade.
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