Cap12: Realidades

1794 Words
Dois meses,esse era o tempo de liberdade e um que estava fazendo duas pessoas sofrerem. Era intenso, surpreendente e inexplicável o que sinto ao ver Digson algemado naquele galpão,mas quando olhava para Logan,quando sentia seu olhar sobre mim,algo se apertava em meu peito e meu coração se acelerava. Desde o dia em que lhe deixei naquele lugar,sequer pude encostar um dedo em si, não pude imaginar mil formas de o machucar, existia algo em minha mente que me pedia para esperar,pedia para que aguardasse um certo tempo,pois saberia o que fazer. Mas enquanto isso acontecia naquele lugar onde havia parte do meu passado e está tendo participação em meu presente,mantinha meu olhar em Erick, Lorena,Ricardo e Dulce. O próximo a fazer companhia para aqueles dois seria meu querido padrasto. Com meu carro estacionado a frente a casa de Erick,lugar onde a família perfeita estava reunida, observava tranquilamente as pessoas andando pela calçada. O clima estava frio e o céu nublado,tinha certeza de que haveria uma terrível tempestade vindo para essa cidade, porém não me importava com detalhes sórdidos como esses. Sentindo a brisa bater contra meu rosto,suspiro pesadamente e pego a arma em minha cintura conferindo o pente, pois não poderia ter o desprazer de ser abordado por alguém ali. Havia dois carros estacionados ali: um pertencente a Ricardo e Lorena e o outro,diria ser de um desconhecido que não fazia parte da minha lista. Não quero ter de machucar outras pessoas além as que foram selecionados,porém se necessário for,sangue irá cobrir o carpete daquela casa. Saindo daquele carro,cubro a arma com minha jaqueta e me aproximo da entrada daquela casa. Meus cabelos curtos presos um r**o de cavalo demonstrava toda minha palidez devido a p***a do m*l estar que ando sentindo,as olheiras profundas abaixo de meus olhos estavam visíveis,pois nenhuma maquiagem as cobriam,meu corpo estava frágil,por conseguiria derrubar qualquer pessoa que tentasse reagir a minha abordagem. Tocando a campainha,diferente do que fiz com Digson, abaixei minha cabeça olhando para meus pés e aguardei que aquela porta fosse aberta e pudesse colocar em prática minha abordagem. Com minha mão nas costas enquanto segurava a arma ainda em minha cintura, ouço a porta ser aberta e aquele perfume masculino inebriante subindo até minhas narinas provocando-me um sentimento inexplicável,não era bom,mas também não era algo r**m. Incompreensível. O empurrando para dentro de sua casa,fecho a porta atrás de mim e ergo meu olhar. Ao encarar cada uma daquelas pessoas,senti um sorriso sarcástico surgir em meus lábios,pois era irônico como o destino agia, jamais imaginei encontrar aquelas pessoas ali: Jolie e um homem que acredito ser seu marido,uma menina morena e aparentando ter quatro anos que se mantinha comportada sobre o colo de Ricardo. Tão irônico e surreal. Erguendo meu olhar para Erick,pude encontrar um sentimento diferente dos muitos que vi desde que saí da prisão,um sentimento de ódio. Tudo que mais desejei. — Malia! — Jolie chama por meu nome de forma assustada. — O que você quer aqui? Será que não pode engolir esse seu retorno por sequer um momento? Você não vai morrer se fizer isso! — Erick esbravejou voltando para junto a aquelas pessoas. — Lia,como um pedido de alguém que te amou muito! Deixe isso para amanhã,hoje não — Ricardo pede deixando a garotinha sair de seu colo. Lorena estava estática,sequer tinha a capacidade de pronunciar uma palavra. Era notório o medo em seu olhar,o pequeno tremor em seu corpo se repercutindo em suas mãos,o nó preso em sua garganta. Ela estava aterrorizada e assumia isso para quem desejasse enxergar. Já Jolie e o homem pareciam estar surpresos e confusos,como se fosse impossível de estar ali,o que me deixava intrigada,pois ambos não foram os únicos a reagirem de tal maneira. Dulce não estava presente e certamente estará na mansão onde um dia morei e nunca pude chamar lar. Erick havia se sentado em uma das poltronas,seu olhar não estava em mim,admirava a menininha sentada no carpete enquanto brincava com uma bonequinha de pano. Adorável aquela cena. Me surpreende! Me surpreende quando a menina se levantou,segurou a boneca em seus braços e se aproximou de mim ainda parada naquela porta fechada atrás de mim. Tocando em minha perna,a garotinha fez-me abaixar diante a si e acariciou meu rosto fazendo-me engolir o nó formado em minha garganta e disfarçar a ardência em meus olhos. Aquela menina me lembrava como eu era. A inocência em seu olhar demonstravam que existia pessoas boas nesse mundo,que existia seres capazes de amar e serem protetores,assim como ela estava sendo com sua boneca. — Você é amiga do meu dindinho? A mamãe disse que ele tem muitos amigos — com aquela voz doce de criança,a garotinha quis saber. — Qual o seu nome? — perguntei tirando minha mão da arma em minha cintura e acariciei seus cabelos soltos. — Rebeca,mais a mamãe e todo os outros me chamam de Bom — respondeu sorrindo genuinamente. — Então Beca, não sou amiga do seu dindinho! — respondo podendo sentir os olhares sobre mim. — Você vai machucar eles? — perguntou com os olhinhos marejados e em um tom avermelhado. — Beca,vem aqui com o tio Ricardo! — o dito cujo a chamou,porém ela não se moveu. Não sei em que momento,mas a menina havia visto que estava com algo em mãos, percebeu que estava segurando a arma pronta para usá-la e intimidar todos nessa sala de estar. Levando minhas mãos até a arma,pego-a e a seguro tirando o pente o guardando no bolso da minha jaqueta. Ambos ficaram em alerta,pois sabiam do que era capaz,porém não sabiam do que nunca faria,pois jamais machucaria uma criança. Elas são puras,inocentes e desconhecem a maldade humana,ambas acreditam nos monstros literários enquanto não percebem que nos somos esses vilões. — Não vou machucar eles! Apenas preciso que o tio Ricardo me acompanhe e se ele não tentar nada, tudo ficará bem — alerto o dito cujo por trás da explicação para a garotinha. — Filha! Vem aqui com a mamãe — percebendo minha personalidade mudar, Jolie chama pela menina. Acatando o pedido, Rebeca sentiu-se no colo da mãe enquanto recebia os carinhos do pai. Me pondo de pé novamente,recarrego minha arma e retorno minha atenção para todos ali segredos. Em gesto de cabeça,peço para Jolie subir com sua família,mas antes, mandei que deixasse seu celular e o de seu marido sobre a mesinha de centro. Me aproximo aproximando a passo calmos,me sirvo com uma dose de whisky e os observo detalhadamente,imaginando como será a reação de ambos ao tirar o querido e amado Ricardo dessa casa,imaginando como seria os sentimentos de Lorena ao saber que sua hora está chegando. Ingerindo aquela dose da bebida,pude sentir a queimação em minha garganta e uma dor fraca atingir meu abdômen fazendo com que a tosse preenchesse aquela sala de estar. Ouvindo alguém se levantar,aponto a arma em sua direção no mesmo instante que ergo meu olhar novamente. Não era a bebida que estava me fazendo m*l,não eram as noites m*l dormidas ou a má alimentação que estava tendo,era algo diferente,algo que desconhecia, mas não estava me importando com isso. Sentindo o suor frio surgir em meu corpo, meus olhos arderem e minha respiração se tornar desregulada,me apoio naquela parede sem desviar o olhar de Ricardo que me observava preocupado e aflito para se aproximar. — Fica de costas! — ordeno o fazendo suspirar e acatar meu pedido. Pegando um par de algemas no bolso por dentro de minha jaqueta as abro e algemo meu querido padrasto que não ficou relutante ou ao menos tentou explicar algo. Ele apenas se virou e aceitou que a decisão de vida ou morte dependeria somente de mim. — Quem será o próximo? Eu,Lorena ou Dulce? — Erick se pronuncia com sarcasmo. — Você ficará sozinha! Suas ações teram consequências — Lorena adverti com lágrimas em seu rosto. — Desisto de você! Pois alguém que não tem sentimentos humanos,alguém que não se importa com os outros, não merece ser amado. Cuidado,pois até mesmo os robôs enferrujam e sofrem com o tempo — Erick alerta calmamente. Ignorando suas palavras e olhares, apenas guiei meu querido padrasto para fora daquela casa e me aproximei de meu carro. O colocando no banco do carona entrei no veículo e arranquei para longe daquela casa. As palavras de ambos não interferirá em meus planos, em minhas decisões que já estão tomadas,e mesmo que haja um pouco de verdade em suas advertências, não faz diferença,pois no momento em que decidi fazer isso,sabia que não seria tão fácil como parecia ser. Pensar em como tudo poderia ter sido diferente,imaginar minha vida sem esse abandono que tentei justificar por certo tempo,seria o mesmo que me arremessar dentro de um poço escuro com uma corda me amarrando para poder regressar para a claridade,mas tendo a consequência dessa mesma corda ser cortada por alguém que rodeia e observava tudo em a minha volta. Não quero me sentir fraca,não quero ficar vulnerável e muito menos demonstrar os querer em minha vida novamente,pois estaria mentindo se isso acontecesse. Não sei o que sinto quando estamos em um mesmo ambiente,mas sei dizer não ser algo amigável e bom. Estacionando meu carro em frente o galpão,olho para Ricardo que apenas se manteve calado e observando tudo a sua volta,como se não estivesse se importando por estar ali,prestes a descobrir o que viria lhe acontecer. Saindo do veículo,abro a porta de seu lado e o puxo em direção ao lugar onde seria sua casa por alguns dias,pelo menos até conseguir ter todos juntos. O abrindo,encontro Logan sentado no lugar de sempre,seus cabelos bagunçados e um pouco maior que antes,a barba havia crescido e lhe dando um aspecto mais maduro,porém estava cuidando dele gentilmente. Já Digson,estava sofrendo por sua afronta e palavras ofensivas,ainda continuava algemado e com o corte em cicatrização, pois somente a uma semana,passei a tratar de seu ferimento como realmente se deveria. — Ricardo! — Logan se pronunciou sem estar surpreso. — Como você está,Logan? — meu padrasto questionou enquanto o colocava em um colchão próximo. Não correria o risco de deixá-los próximos, então encurtei a corrente que prendi em seus tornozelos. Me pondo de pé a frente de ambos,suspiro pesadamente e enxergo os ferimentos em Logan,e mais uma vez o aperto em meu peito se formou. Abrindo o armário com minhas chaves,pego alguns curativos e me aproximo dele liberando um de seus tornozelos. — Se continuar assim,você poderá ter uma infecção nesse ferimento — alerto brevemente — faça seus curativos! Não há nada nesse kit que possa lhe ajudar a sair daqui,então tire essa ideia de sua mente. Me afastando novamente,sigo para fora daquele lugar. Não deixarei que se machuquem antes do momento certo, preciso que estejam bem para suportar tudo que está por vir.
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