32.

922 Words
Eu não conseguia dormir. Nem a sopa eu tomei, e a Catarina iria ficar triste comigo. Fiquei sentada na janela, sentindo o ar frio entrar. A lua brilhava alto no céu e era a única luz que brilhava. O frio estava intenso e isso era bom, me mantinha com os pés na realidade. Ele propôs casamento como alguém que dá bom dia. Isso era anormal até para casais imensamente apaixonados. Ele tinha um plano que ia além de mim. Um plano que envolvia ter algum controle sobre a familia Cavalcanti. Quando esse pensamento passou pela minha cabeça, durante o banho, eu entrei em negação imediata. Isso significava que não era por mim, que ele tinha proposto toda aquela loucura. E era infinitamente mais fácil ele ter um plano, somado com o praz3r da minha companhia, do que ele estar tão apaixonado a ponto de propor casamento como ele fez. Eu sorri para a lua. Um homem dissimulado da máfia, um herdeiro com um império imenso aos seus pés. Era isso que ele era. E eu seria mais uma peça no jogo dele, uma peça que ele se deliciaria, mas ainda assim uma peça. Eu fui manipulada a vida inteira, e eu não queria continuar sendo controlada daquela forma. Então eu mantive o orgulho de ter descoberto o plano dele. Plano esse, que ele me usaria, como a arma para chegar até os Cavalcantis. Eu fui forjada como uma arma, no ferro e no fogo, fazia muito tempo, mas agora, eu tinha uma boa consciência do plano geral. Uma sombra entre as árvores chamou a minha atenção. Deveria ser um dos homens do Dom, que normalmente vigiam a propriedade. Outra sombra. Imediatamente todo o meu corpo ficou em alerta. Fixei mais o olhar, e a sombra de uma arma me fez pular para dentro do quarto. Estamos sendo invadidos. Eu não observei de novo para ter certeza, esse não era o meu papel. Abri o baú ao pé da minha cama e comecei a me equipar. Eu levaria o máximo de armas e facas que conseguiria carregar. Depois de prender 4 pistolas e 10 facas pelo corpo e jogar uma metralhadora nas costas eu puxei uma capa de trás da porta. Eu chegaria perto o suficiente para confirmar se era mesmo uma invasão, evitando matar algum dos homens do Dom desnecessariamente. Sai de dentro do quarto e desci as escadas em silêncio. Fizemos simulações de invasão diversas vezes, e eu sabia exatamente o local exato que eu poderia impedi-la. Não antes de avisar a todos. Corri em direção a ala dos empregados, entrei no quarto da Catarina, que dormia profundamente. Tapei a boca dela para evitar gritos e ela abriu os olhos assustada e começou a se debater. - Estamos sendo invadidos. Preciso da sua ajuda. - O alívio de saber que era eu durou um segundo, ela levantou e se enrolou no próprio roupão. - Vou garantir que consiga subir, acorde o Dom e o Eduardo e peça para eles se protegerem e depois me traga um dos rádios. Ela não disse nenhuma palavra enquanto me seguia até as escadas. Ela subiu correndo, sem me olhar e eu me coloquei na curva do segundo andar, onde a minha visão era privilegiada. De frente estava a passagem do hall, e depois as entradas para as outras áreas da casa. Incluindo a escada para o segundo andar. Tirei a capa e fiz um coque no cabelo. Do bolso da capa tirei a máscara que eu normalmente usava para não ser reconhecida. A mesma máscara que me permitiu salvar o Fred sem ele saber quem eu era. Ignorei o pensamento. Não era hora para pensamentos de menininha. Click. A porta da frente foi destrancada, não por uma chave. Era mesmo uma invasão. Filhos da put4! Ouvi a Catarina descer, tentando fazer pouco silêncio e me entregou o rádio. Olhei para ela e percebi que ela não queria me deixar. Eu assenti e apontei para cima. Ela piscou, com os olhos cheios de lágrimas. - Entre no meu armário. Só saia de lá quando eu buscar você, entendeu? - Sussurrei e ela assentiu e apertou o meu ombro antes de correr escada acima. Virei a minha atenção para a entrada. O silêncio era uma pista. Não eram soldados desengonçados da máfia. Seja quem fosse, que estava invadindo a nossa propriedade, eram treinados. Não vieram fazer bagunça, eles tinham um alvo. Puxei duas facas e esperei. 4 homens entraram no meu campo de visão e estavam caminhando em flancos, confirmando ponto a ponto do caminho, para matar qualquer um que atrapalhasse eles. Levantei as facas e mirei. O Dom tinha muitos inimigos, e eu não tinha a mínima ideia de quem mandou aqueles homens. Mas uma coisa eu tinha certeza, eles não conseguiriam o que vieram buscar. Disparei as facas mirando nos dois de trás, e ouvi atingir quando puxei as outras duas. Dois caíram, como eu imaginei, os outros dois se esconderam, exatamente como eu imaginei que fariam. Observei os pontos que eles sumiram e sorri. Previsível. - Temos um único alvo aqui, ninguém mais precisa morrer. - Um deles falou e eu sorri. Burro demais. Mirei, exatamente de onde a voz veio e o grito de dor que seguiu confirmou que tinha acertado o alvo. O outro parecia mais esperto, se escondeu atrás de um dos móveis, eu teria que buscá-lo. Deixei a sede por sangue me dominar enquanto eu descia as escadas, buscando finalmente, um alvo que eu não teria problema nenhum em matar.
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