3.

902 Words
Eu voltei 10 anos no tempo, quando encarei os olhos dele enquanto ele caminhava na minha direção. Um tom de castanho dourado, envolvido por cílios longos. Feições doces e os lábios carnudos. O cabelo, penteado levemente para trás tinha o mesmo tom dos olhos, castanhos dourados. A foto que queimei mais cedo não fazia jus à beleza dele. Beleza essa que se aproximava despreocupadamente de mim. A pessoa que tiraria a sua vida. Ele me encarou, com a lembrança de um sorriso ainda nos lábios, enquanto me observava. O jardim estava iluminado, e eu senti que ele praticamente me despia com o olhar, avaliando as minhas curvas demarcadas pelo vestido. Eu nem respirava quando ele parou bem na minha frente, com o olhar familiar me olhando diretamente nos olhos. - Fred Camacho. - Ele segurou a minha mão fria, e o calor que emanava dele me surpreendeu. Ele beijou levemente a minha mão sem tirar os olhos de mim. - É uma alegria, finalmente, ter uma Cavalcanti em um evento da minha família. - Ele sabia quem eu era, e isso não deveria me surpreender, mas surpreendeu. - Imaginei que poderíamos potencializar as nossas alianças, quando decidi vir.- Justifiquei, tentando manter a calma. Tirei a mão da dele e senti o abandono da sua pele na mesma hora. - Mas, confesso que ainda não vi nada que realmente chamou a minha atenção. Ele sorriu preguiçosamente e a covinha familiar na bochecha direita despontou, afundando um pouco o meu coração no peit0. - Talvez te falta a companhia certa. - Ele começou a tirar o casaco e eu senti os meus músculos ficarem tensos. - E arrisco dizer, que para Loredana Cavalcanti, a companhia certa, não esteja dentro daquele salão. - Ele colocou o casaco nas minhas costas, mantendo o sorriso nos lábios. O calor foi imediato e eu fui envolvida pelo aroma dele, que além de exalar dele, ainda estava impregnado no casaco. - O que sugere como companhia certa, Frederico? - Perguntei, um tom desafiador na minha voz, o plano ressurgindo na minha mente. O herdeiro dos Camachos era um homem famoso por ser conquistador e mulherengo, tendo desastrado donzelas por toda a Itália, apenas para suprir os próprios desejos. Muitas mulheres tinham sonhado em levá-lo ao altar, não apenas pelo poder, mas pela beleza e o charme dele. - Fred. - Ele me corrigiu. - São poucas as pessoas que me chamam pelo nome inteiro. - Nessa pequena interação eu entendi o que levou tantas mulheres a caírem de desgraça por ele. Ele emanava charme e promessas de paixões ardentes. - Eu discordo. Apelidos são para poucos, Frederico. - Ele abriu mais o sorriso. - Eu discordo. Apelidos são para poucos, Frederico. - Ele abriu mais o sorriso. - Entendo a sua resistência, Lore. - Ele deu mais um passo na minha direção, os olhos nos meus e eu sentir o meu baixo ventre contorcer de ansiedade. - Ao invés de ser um dos poucos, eu gosto de ser o único. - A voz dele era um convite aberto para descobertas saborosas. - O que pensa que está fazendo? - Eu perguntei com o cérebro aturdido com a provocação dele. - Eu? - Ele ainda estava perto, e eu acompanhei o movimento da boca dele, quando ele mordeu o próprio lábio. - Estou tentando descobrir o que você quer fazer. O charme dele era como uma droga, que te envolvia, levando você para uma curiosidade intensa, querendo descobrir o que viria a seguir. Não funcionaria comigo, mesmo que o meu corpo mostrasse o oposto dos meus pensamentos. - Obrigada pelo casaco, mas vou entrar agora. - Assim que estendi o tecido para ele, senti o frio me envolver, e esse era o objetivo, sentir frio intenso e forte, assim conseguia suprimir as outras sensações que ameaçavam tomar os meus pensamentos. Ele segurou o tecido e eu me virei, para voltar ao salão. Eu soube que ele me seguiria pela forma que ele me olhou, quando entreguei o casaco. - Eu sou a melhor pessoa para você falar sobre alianças. - Ele estava próximo, caminhando quase ao meu lado. - Eu não quero tratar disso, assim que cheguei aqui, resolvi me divertir, ao invés de pensar em outra coisa. - Ele segurou a minha mão e um choque subiu pelo meu braço, envolvendo a minha pele. - Lore… - Olhei para ele, como se ele tivesse me ofendido. Assim que viu a minha expressão ele mudou a feição e se corrigiu, ainda segurando a minha mão. - Loredana. - Ele suspirou. - Proponho um tipo diferente de diversão.- Ele sorriu e eu entrei em um lupe de sensações e conflitos. Aquele sorriso, intencionalmente ou não, era o que ele dirigia a mim quando eu abria a janela, nas noites de verão, que ele jogava as pedrinhas, para me chamar para nadar no lago, quando éramos amigos, quando ele era muito mais que isso. Antes do pai dele destruir tudo o que eu tinha. Uma dor conhecida surgiu no meu coração e eu tentei lutar contra ela, forçando a minha cabeça a focar no plano. Eu não tive forças para negar, mas o meu silêncio foi visto por ele como um consentimento. - Me encontre, em 10 minutos, na saída dos fundos. - Eu pisquei e ele continuou. - Vou só me livrar de algumas responsabilidades chatas e poderemos começar a diversão.
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