Casamento.
Todas as vezes que esse assunto era mencionado eu sentia o meu estômago revirar.
Quando eu subi na moto eu ainda sentia a fúria irromper nos meus nervos.
O Eduardo não era um homem feio, longe disso. Ele parecia ter sido moldado com as mãos divinas.
Ele puxou os olhos azuis do pai, mas todo o desenho forte do rosto era da mãe.
Ele era lindo por fora, mas nojento por dentro. Desde que eu me lembro ele sempre foi abusivo comigo. Ele me feriu, mentiu e me culpou e me impediu de ter o mínimo de paz desde que passei a morar naquela casa. Eu sempre soube que em algum momento eu teria que casar com ele, e só de imaginar dormir na mesma cama que ele, eu sentia vontade de arrancar os meus olhos.
Poderia ter alguma forma de mudar esse destino.
Revirei os meus pensamentos enquanto pilotava em direção a Chiesa Maria. O galpão ficava atrás da catedral e era um lugar muito familiar. Aquele terreno já foi palco para 5 dos meus espetáculos como assassina.
Parei a moto no túnel, que corria embaixo da igreja e me coloquei em movimento. Em menos de um minuto, eu estava no topo da montanha de frente.
O Dom disse que eram 10 homens, eu me preparei para 20. A intenção ali era limpar toda a área, sem fazer alarde. Por isso ele me mandou, e não os homens desengonçados e violentos que serviam a ele.
Eu era uma verdadeira dama na arte de matar, sem bagunça, barulho ou rastros.
Eu era conhecida como alguém que executava um trabalho simples, rápido e limpo.
E com isso em mente, eu mirei a faca no meu primeiro alvo. Acertei no meio dos olhos dele, e já estava mirando no próximo quando ele desabou no chão. Derrubei com facilidade 4 guardas que protegiam a entrada do galpão. Escorreguei até o chão e caminhei rapidamente até a entrada. Mantive o rosto coberto, com um tecido, evitando assim ser reconhecida.
Por toda a Corleone, o meu trabalho era conhecido e muitos tentaram me pegar. A assassina da máfia era famosa, mas eles nem tinham certeza que era uma mulher. Na verdade, muitos negam que uma pessoa que deixou um rastro de mortes eficientes como eu, poderia ser uma mulher.
Menos dois. Mortos rapidamente e quase sem dor.
Manter a minha identidade em segredo era vital não somente para mim, mas para o Dom. De alguma forma, todas as mortes nunca foram conectadas com a família Cavalcanti.
Os últimos 4 cobriam a saída dos fundos e eu quase sorri quando percebi dois sentados cochilando.
Preguiçosos. Os soldados da máfia normalmente se acham invencíveis e baixam a guarda. Ambos morreram dormindo, sem tempo de acordar para sentir nada. O nono virou bem na hora que joguei a faca e que eu acertei no meio do pescoço dele. O último me viu e mirou a metralhadora tarde demais para mim. Eu derrubei ele com uma rasteira, e enfiei a faca no meio do peit0 dele, e pude ver o brilho da vida sumindo dos olhos dele.
10 mortos no total, sem barulho ou bagunça.
O interior do galpão estava parcialmente acesso e eu faria uma varredura em todos os cantos do interior. Erros não eram permitidos.
Não havia ninguém ali. Apenas algumas caixas, que pareciam ser de armamento. Eu não fiquei para conferir. Mandei uma mensagem para o Camburão, dando a localização exata de cada corpo e me movi para sair dali. Subi por onde eu desci quando ouvi um carro se aproximando. Abaixei entre os arbustos e observei. Seria impossível que o camburão chegasse tão rápido.
César Camacho desceu de um carro preto, acompanhado por mais 3 homens.
CARALH0!
Eu precisava decidir rápido, o que eu faria.
Quebrando a regra número 1 que o Dom estabeleceu eu liguei para ele. Um, dois, três toques.
- Dom. Chegaram mais 4 homens.
- Elimine-os. - Ele respondeu, e eu sabia que estava put0.
- Um deles é o Dom dos Camachos. - Silêncio. Os homens começaram a se encaminhar para a entrada do galpão, conversando, ainda não tinham vistos os corpos que eu deixei pelo caminhos, devido a escuridão.
- Deixe-o desacordado em algum lugar, não o mate. - E ele desligou.
Eu escorreguei de novo e mirei no primeiro e no segundo que estavam mais próximos ao mesmo tempo. O terceiro se virou, eu vi o pânico dele subir aos olhos, quando ele reconheceu quem eu era, ele sabia que ia morrer quando a faca atravessou a sua garganta. Me movi, pronta para golpear o Dom.
César Camacho não pareceu abalado quando virou. Como se soubesse exatamente o que estava acontecendo ali.
- Antes de me atacar, quero te propor uma coisa. - Eu parei, com a pistola, que eu usaria para desmaiá-lo, nas minhas mãos. Eu não ousei falar. Ele não tinha uma boa visão da minha silhueta, por causa da baixa iluminação, mas ele parecia me ver perfeitamente nas sombras quando falou. - Então é fato que você é uma mulher.