26.

1067 Words
Eu precisei de um segundo para controlar as minhas emoções. E duvido que ele não tenha percebido o quanto eu parecia desapontada por ele estar ali. Mil anos pareceram passar enquanto ele me observava e eu sustentei o seu olhar. A minha vontade mais profunda era que ele não viesse, mas agora, com ele ali, ao alcance das minhas mãos eu senti o meu corpo inteiro reagir. Ele pulou da pedra com uma agilidade admirável e caminhou na minha direção com um olhar intenso. Eu, por outro lado, estava completamente congelada. Eu não tinha forças para me mover. Ele colocou as mãos no bolso e percebendo que eu hesitava, ele sorriu. E o meu mundo parou junto com o meu coração, diante daquele sorriso que brilhava nos olhos dele. A luz da lua não fazia jus a como ele era lindo. Juntei todas as minhas forças e respirei fundo, me concentrando em controlar os meus braços que começaram a tremer. - Eu sabia, que mais cedo ou mais tarde, você apareceria. - Ele falou, parando diante de mim. - Vir até aqui, foi um erro. - Falei e ele se aproximou mais. - Foi? - Ele piscou e eu respirei fundo de novo. - Os seus olhos me dizem o contrário. - O perfume dele era marcante, uma mistura de madeira com água de chuva. - A sua interpretação do quadro geral é muito limitada. Vim até aqui… - Para me ver. - Ele me interrompeu. Eu abri a boca para retrucar e ele continuou. - Veio aqui, porque queria me ver, veio porque sentiu a minha falta. - Você é convencido demais. - Imediatamente eu senti como se um furacão me atingisse no meio do estômago. A raiva pelo que ele dizia… - Olhe nos meus olhos. - Ele apontou para o próprio rosto. - Bem pertinho, e diga que não pensou em mim, nem por um momento. - Eu não esperei, parei bem de frente para ele e estufei o peit0. - Eu não vim te ver. - Eu consegui dizer sem mentir completamente. - Não… - Nós não nos mexemos, não respiramos e nem piscamos, encarando um ao outro com foco e determinação. Uma batalha silenciosa e dolorosa. - Você veio buscar muito mais que isso. - Ele falou, sem desviar o olhar. A minha voz pareceu sumir de novo. O tom de desejo dele pareceu abrir as minhas entranhas e em um segundo eu não era mais a assassina esperando por uma oportunidade de matá-lo, eu me tornei fogo, desejo e vontade. Por ele. E eu queria sentir ele intensamente. - Eu não vou deixar que perca a viagem… Eu não sei dizer quem se moveu primeiro. Eu sei que em um instante eu estava no ar, envolvida nos braços dele, enquanto ele reivindicava a minha boca com força. Ele não tentou ser gentil quando puxou a minha língua com a sua, fazendo com que cores brilhassem na escuridão dos meus olhos fechados. Ele me ergueu mais no ar, prendendo as minhas pernas na cintura dele, enquanto se perdia nos meus lábios, apagando, pouco a pouco, todos os conflitos que eu enfrentei até ali. Ele estava em todos os lugares, quase fundindo o corpo dele no meu. Eu não tentei impedir ou me afastar. Eu voei na direção da perdição que estava ali, fazia dias, me atormentando. E quanto mais ele me beijava e me puxava contra si mais ondas de calor aquecia o meu corpo e eu afundei profundamente no desejo que eu tanto tentei repelir. As mãos dele me seguravam com firmeza no quadril e eu o abracei com força, enfiando a mão no meio do cabelo dele. Eu estava completamente inebriada por tudo o que eu estava sentindo e estava completamente perdida. Ele se afastou, encostando a testa na minha, nós estávamos respirando com dificuldade e eu conseguia ouvir o meu sangue correr violentamente pelo meu corpo. - Não… é o suficiente. - Ele admitiu e o meu coração quase parou quando ele tomou a minha boca de novo. Explorando, dominando e marcando cada ponto. Como se ele pudesse, de alguma forma, saciar uma vontade inesgotável. E mesmo indo contra tudo o que eu aprendi e treinei por tanto tempo, eu sentia a mesma urgência. Como se o sabor dele ficasse cada vez mais intenso e ainda assim fosse acabar. Eu o quis dentro de mim, assim que ele mordiscou o meu lábio, me fazendo suspirar. Cada canto do meu corpo latejava de vontade de um toque mais profundo, toques por todos os lugares. Eu não ia matá-lo hoje. E se ele continuasse me beijando e fazendo a minha alma queimar assim, talvez eu não tivesse forças para matá-lo nunca. Ele se afastou e continuou me segurando no colo. Eu estava completamente presa ao corpo dele e apenas a ideia de me desvencilhar era dolorosa. - Vamos começar de novo… - Ele respirava com dificuldade. - Eu vim aqui, ver você, em todas as noites desde que te trouxe aqui a primeira vez, porque não consegui parar de pensar na sua boca na minha. - Eu lutei, eu juro, contra o choque que atravessou o meu coração, diante das palavras dele. Um homem charmoso como ele deve saber exatamente o que dizer, para mulheres que estão ansiosas para serem amadas, e aquelas palavras não deveriam me fazer tremer. Mas o efeito foi completamente contrário. Eu tremi completamente. - Eu não direi o mesmo. - Eu consegui dizer. Em seguida, desci do colo dele, mas ele me segurou pela cintura. Ele era alto e os meus olhos eram da altura da sua boca, uma boca carnuda, rosada e saborosa. - Então o que faz aqui Lore? - Ele sorriu, sabendo que tinha razão, que eu também pensei nele. - Eu vim pedir que não me procure mais. - Os meus braços estarem envolvendo o pescoço dele não me davam nenhum tipo de ajuda quanto ao que eu disse. - Mentirosa. - Ele falou e me deu um beijo leve nos lábios. - Você pode até mentir bem, mas os seus olhos te traem. - Eu discordo. - Eu me afastei, e com a provocação considerei me desvencilhar. - O brilho dos seus olhos refletem a verdade e a mentira. Faz muito tempo que os seus olhos me dizem o que eu quero saber. - Ele falou e eu senti tudo escurecer.
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