Quando me movi pensei em um poema que li certa vez. Eu não lembrava dele todo, mas a frase que tomou os meus pensamentos era sem dúvidas exatamente o que estava acontecendo ali.
“... puseste a mão pela minha alma e passaste por debaixo das minhas fraquezas e com o teu amor, fizeste sair à luz toda a beleza que ninguém antes de ti conseguiu encontrar.”
Eu apoiei as mãos nos ombros dele como queria fazer desde o começo, e mantive os olhos concentrados nos dele. Eu não ousei piscar, com medo de perder qualquer instante do brilho daquele olhar. Eu deixei o cheiro dele, agora familiar, me envolver. Ele se moveu junto comigo, buscando com as mãos, tocar a minha pele, quando me abraçou por dentro do meu casaco. Os nossos corpos se tocaram e o calor subiu pelos meus nervos.
A bolha que imaginei mais cedo, estava ali, ao nosso redor, brilhante e completa, enquanto nos envolvemos no olhar um do outro. O efeito que ele causava em mim era diferente de qualquer outra sensação que um dia experimentei, e eu queria me deliciar naquilo. A ânsia de tocar, de ficar cada vez mais perto, acendeu nos olhos dele e foi impossível não sorrir diante da surpresa dele, quando me aproximei mais.
- Fred… - Eu senti o corpo dele estremecer de encontro com o meu, tornando qualquer espera dolorosa. - Eu sei que mais cedo eu disse que iria te decepcionar diante das suas expectativas… - A frase se formou na minha mente, eu pediria a ele um beijo, mas não deu tempo.
Ele segurou o meu pescoço e tomou a minha boca, com carinho, com calma… E a rajada de calor que antes dançava nos meus nervos ferveu. Eu abri os lábios, permitindo que ele me explorasse, e o sabor dele era indescritível.
Ele se afastou e me olhou nos olhos, nitidamente descontrolado de desejo. Eu senti uma dor no fundo do coração, pela pequena distância que ele colocou entre nós, afastando os lábios dele dos meus.
- Eu… - As palavras dele se perderam, porque o abandono foi demais para mim. Eu o beijei, sem ressalvas, sem calma, sem pudor. Eu reivindiquei aquele beijo para mim, porque, desde que eu me conhecia, era meu por direito. Eu explorei a boca dele e ele me recompensou com ferocidade. As nossas línguas dançavam ao som dos nossos suspiros. Eu fiquei extremamente consciente do corpo dele junto ao meu quando ele mordiscou o meu lábio e uma sensação nova subiu pelo meu quadril.
Um gemid0 escapou dos meus lábios e eu quis mais… Eu queria muito mais.
As mãos dele dançaram contra a pele nua das minhas costas, aquecidas pelo casaco e arrepios surgiam conforme ele me acariciava. Ciente de que eu poderia perder completamente o controle, eu segurei o cabelo dele entre os meus dedos e aprofundei mais o beijo, sentindo cada célula do meu corpo se quebrar de encontro a ele. Eu me desmanchei completamente no toque, no cheiro e no sabor dele.
Ele me afastou, rápido demais, e ofegante. E o resultado foi doloroso na minha pele. Pontos sensíveis estavam por todos os lados e eu queria que ele curasse com o seu toque cada um deles.
Ele encostou a testa na minha, ainda de olhos fechados e tentando controlar a respiração.
Eu nem imagino qual era o meu estado, enquanto eu buscava algum controle sobre os meus nervos.
- Lore… - Ele falou, respirando com força. - Eu nunca me decepcionaria com você. - Eu respirava com dificuldade quando observei os olhos dele, vendo ele se afastar calmamente. - Era o que eu ia dizer, antes de você me agarrar. - E ele sorriu. E eu não imaginei que o meu coração poderia bater mais rápido do que já estava batendo.
Eu não tinha palavras, nem pensamentos e eu praticamente esqueci quem eu era e o que estava fazendo ali. Eu ainda sentia o corpo dele em mim, me segurando de encontro com o próprio peit0, me aquecendo e me prendendo a ele. Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e acariciou a minha bochecha.
- O brilho no seu olhar me faz pensar, que finalmente, você realizou algo que você queria. - A alegria se derramou nas minhas feições e eu sorri para ele. Sufocando a minha consciência no processo.
As consequências daquilo seriam extremas, mas eu lidaria com elas depois.
- Eu sou orgulhosa demais para admitir algumas coisas. - Eu não conseguia parar de sorrir, como se ele tivesse injetado no meu ser alegria eterna.
- Então você não só me olhou com desejo, como quis me beijar antes? - O dedo dele circulava pelo meu pescoço, me mantendo ali, carinhosamente aninhando nos braços dele.
- Eu quis te beijar na escada. - Ele piscou surpreso. - Mas, eu não queria ser mais uma na sua coleção, então tirei a sua chance. - Ele encostou os lábios na minha testa e me deu um beijo terno.
- Audaciosa e orgulhosa. Eu não paro de me encantar com você. - Ele falou e me beijou de novo, fazendo com que eu pudesse quase flutuar.