Capítulo 5 - Cadú

1066 Words
CADÚ NARRANDO Assim que pus o pé na barreira, já veio a treta; meu padrinho mandou me chamar. Subi direto pra goma dele. Quando cheguei lá, Alemão me soltou que Jorrayne vai começar a trabalhar na escolinha. — Que papo é esse, cüzão? — Perguntei, encarando ele. Fiquei bolado porque ele tá mais ligado na minha loira do que eu. — É isso mesmo, irmão. A Tati foi quem deu com a língua nos dentes — Ele respondeu com um sorrisinho. Não tô curtindo essa parada. — Então, Alemão, cuida da tua mina e deixa a loira comigo, tá ligado? — Já dei o papo reto. Entrei na goma do Pompeu. Desde que minha madrinha faleceu, não venho muito aqui. Prefiro trocar uma ideia com ele no QG. Eu cresci nessa casa, mas a vibe dela se foi. Meu padrinho tá mó preocupado com as ameaças que a gente tá sofrendo e ele ficou sabendo que os tiras tão botando pra quebrar. Ele não tá mais com saúde pra essas paradas, quem devia tá de frente é o Sub. Mas o cara não faz nada, só quer saber de pegar mulher e cheirar pó. — Posso contar contigo, Cadú? Só confio em você pra proteger a quebrada — Pompeu falou e começou a tossir. — Tranquilo, padrinho, pode deixar comigo — Respondi e fiz o toque. Vou sair do morro, mas o Tutu vai ficar de olho nos esquemas. Bati o papo com ele sobre o que rolou, e meu padrinho ficou boladão, assim como eu. Ele também tá achando que tem algum dedo-duro, mas tô quase chegando onde eu quero: botar a cara do cüzão no sol. Eu sei quem é o traidorzinho, Pompeu não é b***a, deve tá desconfiado, só não quer matar o sangue. Mas quando chegar a hora, ele vai pagar o pato, e quem vai dar o recado sou eu. Fui pro meu barraco, tomei um banho, me arrumei e passei no galpão pra pegar meu carro. Tenho um Jetta novinho, saca? Quem é da correria curte coisa boa, por isso tenho um Jetta e uma loira gostosa pra ostentar. Quando tava descendo pra buscar a Jorrayne, vi a Estefane de peruca e toda desengonçada. Passei por ela como se não tivesse ninguém na rua. Essas püta acha que é alguma coisa. A única mina que trepa comigo e não me pede nada é a loira. Tô fazendo isso por ela porque prometi, mas ela nunca me pediu. Quando a Jorrayne entrou no carro, meu paü deu sinal de vida. Ela tava toda linda, num vestidinho curto, aberto atrás, salto alto, cheirosa pra caralhø. Não falei nada, não gosto de elogiar senão vai ficar se achando, e eu tô cheio de marmita que se acha fiel. Nós colamos no barracão da Gaviões, e quando chegamos, já dei o papo. Fomos recebidos por uma das minas da comissão de frente, claro que ela teve tratamento VIP, o malote foi pesado. Sentei na arquibancada e já dei de cara com os seguranças, mas fiquei de boa, só de boa observando o movimento. O ensaio tava mais pra um esquenta, mas o que me deixou cabreiro foi um gringo que tava de bobeira numa mesa, falando sei lá o que, mas o dedo dele apontava na direção da Jorrayne. Ah, gringo malandro, não se mete aí que tu se lasca. Na volta füdi a Jorrayne no carro mesmo, já tava louco querendo me enfiar nela, joguei tudo dentro, mas já dei o papo reto na loira. — Toma aquelas parada lá, tô sem camisinha na carteira — Falei e beijei a boquinha gostosa dela. Ela já ia descer do carro quando segurei o braço dela e pedi que ela me desse a letra do papo que o Alemão me deu mais cedo. — Que papo füdido é esse que tá rolando na quebrada? — perguntei e ela me encarou, perguntando do que eu estava falando. — Que tu vai trabalhar? — Olhei dentro dos olhos dela. Eu não quero Jorrayne trabalhando, nem de bobeira pela comunidade. Já tô ligado que tem muito vacilão doido pra chegar nela, já matei um tocou nela, mato qualquer outro que Se botar pra cima do que me pertence. — Sim, é na escolinha Cadú, por favor, vou dar aulas de balé as crianças. Eu preciso de dinheiro, preciso ajudar a minha mãe. — Ela deu a letra e eu já cortei o papo. — De quanto tu precisa, por mês, por semana, fala aí, tu sabe que te banco na moral é só falar. — Dei a ideia e ela já veio com os papo torto, já mandei descer do meu carro. Jorrayne tá pensando que tô de brincadeira quando digo que ela é minha, não temos lance sério e nem nunca teremos, mas ela sabe do que sou capaz quando sou contrariado. Deixei meu carro no Galpão, e peguei minha moto, voltei pro meu barraco, assim que cheguei na frente a Estefane tava sentada bem no portão. — Tá fazendo o que aqui, posso saber? — perguntei ainda em cima da moto. — Vim te ver, mas os vapor passou que tu foi levar a Jô no asfalto — Ela falou e veio na minha direção. Já botei a mão empurrando a cara dela, e mandei ela meter o pé antes que eu perca a minha paciência, entrei no meu barraco, tomei banho, tava todo galadø. Depois caí na cama e capotei. Acordei fiz minha rotina matinal, nem tomei café já me passaram o rádio,vá mandada foi trabalhar, Jorrayne tá brincando com fogo, aquela safadä. Meti o pé atrás dela. Entrei na escola, geral ficou com o cü na mão, cheguei na sala lá ela tava de costas falando com uma mulher. — Bora! — Falei e ela virou pra me olhar. — Cadú, o que você tá fazendo aqui? — Ela perguntou assustada, é bom que tenha medo mesmo. Não respondi só fiz o sinal com a cabeça, e ela me acompanhou, a gente brigou na frente da escola e eu peguei no pescoço dela, mas foi sem querer. Ficou vermelho. — Nunca mais toque em mim, eu não sou suas püta — Ela falou alisando o pescoço com os olhos cheios de lágrimas. — Tu é o que eu quiser que seja — Dei o papo e acelerei, ela vai trabalhar, mas tô de olho.
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