A Passista do Morro

Capítulo 2 - Jorrayne

JORRAYNE NARRANDO

Olá, gente! Me chamo Jorrayne Novaes,Mas todos me chamam de Jô. tenho 23 anos e moro em Capão Redondo, SP.

Tenho pele clara e meu cabelo é loiro, mas claro que sou uma loira de farmácia. naturalmente Ele é preto, mas gosto assim, loirão.

Tenho olhos castanhos, 1,69 m de altura, algumas tatuagens pelo corpo, todas pequenas, nada muito extravagante. Meus seïos são médios, mas minha raba é daquelas de responsa. Meus lábios são carnudos e o nariz é pequeno. Me considero bonita.

Moro com a minha mãe em um barraco. Não temos muita condições financeiras, além do custo de vida ser bem alto por aqui. Somos apenas nós duas. Minha mãe nunca falou sobre o meu pai. Às vezes, eu acho que ele é casado ou era na época que ela engravidou. Não sei. E também não temos família aqui. Nossa família está toda no Pará.

A única coisa que sei é que minha mãe passou um tempo aqui em São Paulo e quando retornou para o Pará já estava grávida de mim. Pelo menos foi isso que a minha avó me contou da última vez que fui lá, eu tinha uns 12 a 13 anos.

A minha mãe decidiu retornar para São Paulo, eu ainda era criança. Só fomos ao Pará duas vezes. E mesmo assim, foi porque minha avó mandou o dinheiro da passagem. Depois que ela faleceu, a gente não foi mais.

Minha mãe trabalha em uma padaria e eu trabalhava em uma sorveteria. Fui demitida por causa do Cadú. Ele é um vapor, o braço direito do dono do morro, que é o padrinho dele.

Vou contar minha história para vocês. Minha mãe me colocou na escolinha com 3 anos. A gente ainda morava em Belém e na escolinha tinha balé. Foi onde eu peguei gosto pela dança, e danço até hoje.

O tempo foi passando, começaram as apresentações. Minha mãe tem vídeos e fotos de todas as apresentações que fiz no teatro e também na escola. A gente veio para São Paulo, eu estudava de manhã e de tarde ficava sozinha. Nas férias, eu passava o dia todo trancada dentro de casa assistindo TV.

Um dia, estava assistindo TV quando apareceu o comercial da abertüra do carnaval aqui em São Paulo. Quando vi aquelas mulheres lindas dançando, me chamou tanta atenção que comecei a sambar igual a mulher da televisão. Nesse dia, decidi que queria ser uma passista de escola de samba, um sonho de uma garota de nove anos.

Contei para minha mãe, que ficou rindo e disse que eu serei a melhor. O tempo foi passando e comecei a estudar o ensino fundamental. Mudei de escola e foi lá onde conheci a Tatiana, que é minha melhor amiga.

Também conheci a Amelia. Nós três éramos inseparáveis, até os pais da Amelia se mudarem para Vila Isabel. A gente passou a se ver só nos finais de semana, quando ela vinha para casa da avó dela, e também nas férias.

Terminei o ensino médio com muito sacrifício. Minha mãe conseguiu pagar a formatura. O baile foi lindo, tenho muitas fotos de recordação.

Minha mãe sempre me prendeu muito eu só ia para a escola mas quando as meninas vieram aqui em casa era de boa, ela não brigava Então as meninas viam muito as férias da amélia era praticamente no Nosso Barraco a gente passava o dia juntas ela só ia para casa da vó dela de noite na hora de dormir.

Quando fiz 18 anos minha mãe já me deixou sair e sempre falava que eu era responsável por mim mesma mas sempre me aconselhou me ensinou, tudo que sei sobre a vida e sobre o mundo. Consegui um trabalho na sorveteria aqui do Morro e para mim aquilo foi tudo, trabalhava muito claro mas no final do mês eu tinha o meu salário na conta sempre ajudei a minha mãe e conseguia comprar minhas próprias coisas coloquei cílios unhas de fibra conseguia manter minha progressiva em dia

Então eu fui para vila Isabel na época de carnaval Amélia já tinha me falado que lá ia ter um bloquinho, e a gente saiu nesse bloquinho e eu fiquei ainda mais apaixonada me tornei uma carnavalesca de coração.

Comecei a desfilar por esse bloquinho da vila Isabel, eles diziam que eu era tipo a rainha de bateria a rainha do bloco, até que um dia o Cadu foi para vila Isabel e me viu desfilando Depois desse dia começou o nosso rolo.

Há mais ou menos um ano foi a primeira vez que eu fiquei com o Cadú. Ele foi o meu primeiro, Meu Primeiro beijo, minha primeira tränsa. Mas ele me prometeu que eu vou desfilar pela Gaviões da Fiel, que é a minha escola do coração.

Cadú: na maioria das vezes ele só me procura quando quer passar a noite comigo. Ele também fica com outras garotas, tipo a Estefane. Eu não ligo, ela se acha. Fiel, já tentou brigar comigo, mas o próprio Cadú me defendeu.

Eu só fico com ele porque sei que o Cadú pode realizar o meu sonho de ser uma grande passista. Ele tem muita influência nesse meio.

Uma vez eu tava na sorveteria. Lá frequenta todo mundo que mora na quebrada e também turista. E um turista passou a mão na minha perna. Claro que eu fiquei bolada. Dei um toque nele, e em seguida o homem recebeu um pipoco na cabeça, sem saber nem de onde veio. Foi o Cadú. Eu ganhei três pés, os meus em um bünda, fui demitida e nunca mais consegui emprego.

As minhas amigas dizem que eu sou boba de não aceitar o dinheiro que o Cadú me oferece, Se eu não aceito dinheiro para transär com ele, ele me humilha pacas. Imagine se eu aceitasse, ia me tratar igual. trata a Estefane igual a um cachorrø.

A gente passou a noite juntos no último baile, transämos no escritório do chefe, e depois Ele me puxou para sentar no seu colo. Passamos a madrugada toda transandø na cama dele e hoje Cadú me deu a melhor notícia do mundo.

— Descolei um lance para você lá — ele falou, sentando na cadeira de frente para mim enquanto eu tomava café da manhã.

— De que lance você está falando? — perguntei, curiosa.

— Uma vaga de passista na Gaviões. Amanhã a gente vai colar lá na sede da escola. Vai ser o teu primeiro ensaio, já providencie tudo, até o teu figurino.

Ele nem terminou de falar, eu pulei no colo dele, começamos a nos beijar um beijo doce com gosto de café. Até sermos interrompidos pelo alemão.

— Cadú, o chefe mandou te chamar. — alemão falou bem sério e eu saí do colo do Cadú.

Fui para o quarto dele, tirei a camisa que estava vestindo, vesti novamente a minha roupa, calcei meu tênis. Cadú me deixou em casa e eu nem acredito, vou desfilar pela Gaviões.