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1172 Words
26 de março de 1489, um dia antes do décimo sétimo festival. - Perdoem o meu atraso. - pedi, cumprimentando os convidados. - Alexandre, sua filha está divina. - O Rei Henrique sorriu cordial. Ele continuava o mesmo desde a última vez que eu havia o visto. - Obrigada, alteza. - agradeci, fazendo uma reverência. - Ela está tão crescida. - mamãe disse, tocando meu rosto. - Não consigo acreditar que logo se tornará rainha. - Ela já tem um ar de rainha, um brilho. - a Rainha Isabel respondeu, enfim. - É muita gentileza da sua parte, Rainha Isabel. - Agradeci, sorrindo. - Pretendo ser uma rainha igual a você e a minha mãe... Pretendo dar orgulho aos meus pais e o meu reino. - Você será melhor, querida. - Isabel passou os braços pelo meu ombro, me arrastando para uma das cadeiras. - Quero que se sente ao meu lado. - Claro, Alteza. - sorri. - Sua filha é um doce, Amberly. - Ela é. Com certeza, o meu orgulho. - Mamãe olhou-me por alguns segundos e suspirou. - Mas, venha.. quero que conheça minha nova dama de companhia. - Mas e Alexandra? - Perguntou, enquanto se afastavam para a direção de Aisha. Ela estava em um dos cantos, conversando com um dos guardas e bebendo vinho. Reparei em como ela mudou a postura quando minha mãe apareceu e sorriu, falsamente.. mas, sorriu. Eu ainda não tinha entendido qual era a da Aisha, mas eu ia descobrir. Ela mudava quando estava perto da minha mãe e já a vi destratando diversas criadas longe dos olhos da rainha. - Alexandra não se dá muito bem com a nova criada. - Mamãe murmurou um pouco longe demais. - Vamos falar de negócios, Henrique? - Meu pai perguntou, finalmente. - Você vem, Alexandra? - O Rei Henrique perguntou, sorrindo brevemente. - Obrigada, mas prefiro não conversar de negócios hoje. - sorri. - Não estou muito disposta, mas, quem sabe amanhã. - Tudo bem, aproveite enquanto ainda é uma princesa. - suspirou. - logo, terá milhões de responsabilidades e m*l terá tempo de fazer as unhas. Venha Henrique! - O meninos assentiu e segui os pais, deu uma última olhada para mim e um sorriso fraco se abriu em seu rosto. Parecia que ele queria ficar ali também. Sorri sem graça, e os homens se afastaram. Joguei-me em um dos sofás e encarei o teto por alguns segundos.. Eu só queria jantar e me deitar para ler um dos livros da extensa biblioteca. Quando finalmente pude entrar em meu quarto, meus pés doíam. Eram quase uma da manhã e meu corpo pedia um pouco de descanso. Minhas criadas me ajudaram a me despir e a me lavar, me ajudaram a vestir a minha camisola e foram se deitar em seu quarto, não muito longe dali. Meu corpo acabou ficando pesado sobre a cama, e meus olhos ficaram pesados demais para que eu aguentasse ficar acordada. Respirei fundo algumas vezes e finalmente, dormi. *** Meu corpo pedia ar, eu precisava ir ao jardim. Eu estava me sentindo presa, e não sei se isso tinha haver com o sonho que eu havia tido a alguns minutos atrás. Não quis saber de sapatos ou de casacos de pele, apenas corri.. o mais rápido que meus pés permitiam. Atravessei quatro andares de escadas, corri como nunca e então, cheguei a uma das grandes portas do saguão. Os guardas não demoraram a me darem passagem, e eu não quis parar para cumprimenta-los, meu corpo precisava desenfreadamente do mais puro ar. Quando meu corpo se chocou contra a grama fresca, toda a tensão sumiu. Uma leve brisa acariciava meu rosto, e as estrelas estavam postas no céu. A Lua estava cheia e era de longe, uma das cenas mais bonitas dos últimos meses. Aos poucos, minha respiração se normalizou e a brisa gostosa, acabou se tornando fria demais. Entrei novamente para o palácio, e subi o primeiro lance de escadas. Segurei o corrimão e suspirei, pronta para subir mais cento e cinquenta degraus.. olhei para os lados para encarar os corredores extensos e desertos. Me correu um frio na espinha, mesmo eu sabendo que aquele, era um dos lugares mais seguros de Pankhurst. Admirei a luz que saia da porta entre aberta do escritório de meu pai, e decidi que seria bom dar-lhe um beijo de boa noite, e quem sabe, conversar um pouco. Me aproximei devagar, tomando cuidado para não derrubar nada no escuro e parei diante da porta. Pude ouvir meu pai gritar com alguém e parei. Eu nunca tinha ouvido o seu tom de voz dessa maneira. - ... Você tem a noção de que esse evento não pode parar, WoodWoork. - Franzi a testa. - Mas, senhor.. - o homem começou, calmamente. - não podemos continuar produzindo assassinatos em massa, apenas para diminuir a natalidade e o senhor sabe que logo, todo o povo saberá disso. - Não estamos assassinando pessoas, Maxuell. - Berrou. - Elas estão fazendo isso por vontade própria, entenda. - Eles estão vendados, com a falsa sensação de que estão fazendo isso para ajudarem as suas famílias. - o homem falou, parecia começar a se cansar de argumentar com meu pai. - acham que as mortes são consequências de causas naturais, por desentendimentos. Acha mesmo que os sobreviventes não contam o que passaram? - Não, Maxuell. - esbravejou. - eles não contam, porque preferem receber os milhões que ganham para ficarem quietos. - suspirou, por fim. E seu tom de voz voltou ao normal. - está tudo sobre o mais perfeito controle, se acalme. - Está tudo sobre o mais perfeito controle sim, Meu rei. - ele disse. - espero que a princesa não tenha problemas futuros com esse peso que ela terá que carregar. - Minha filha entenderá, WoodWoork. - pontuou. - ela será uma boa rainha. - A coroa pesa, meu rei. - o homem suspirou. - com licença, tenho que ir para os meus aposentos. Corri para abrir uma das portas ao meu lado, e acabei na sala de jantar, estava vazia e escura. Fiquei ali por alguns segundos, ouvindo cada batida do meu coração. Quis entrar no escritório, gritar com o meu pai e implorar que terminasse com isso. Mas era inútil, eu sabia. Eu não era rainha, e quando eu fosse? Como eu iria lidar com isso? "A coroa pesa" lembrei, já estava pesando e eu não sabia como agir. Quando tudo ficou silencioso e meu pai saiu do escritório, corri para meu quarto. Deitei na cama e chorei, chorei como nunca. Eu tinha que governar para o povo, mas, como ao mesmo tempo, os mataria? Como derramaria sangue? Sujaria minhas mãos para manter nobres no poder? Ou formaria alianças relativas para manter o meu povo e não necessitar de mais mortes? Meu coração doía, e minha mente gritava por socorro. Eu não queria ter que carregar esse fardo, a coroa estava pesando desde agora. E por um segundo, eu queria ter nascido plebeia, e não nobre.
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