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1160 Words
26 de março de 1489, um dia antes do décimo sétimo festival. O meu cavalo era rápido, e eu sabia que perderia aquela aposta contra o meu pai, seu cavalo era de guerra, seu dever era ser O mais rápido. Era engraçado como até um pobre animal tinha um dever quando "fazia parte da realeza". Mesmo assim, ganhei quando atravessei a parede grande de arbustos que havia sido construída a alguns meses. Agora, as belas flores nasciam em seu redor, era lindo.. não somente lindo, era inefável.. sim, inefável. Essa era a palavra. Parei pouco antes de chegar ao jardim Norte, e desci do cavalo, meu pai chegou segundos depois sorrindo. Desceu em seguida, prendeu seu cavalo ao lado de Fred e retirou o capacete. — Você venceu, Alê! - respondeu, com uma falsa desilusão. — Obrigada por me deixar ganhar, pai! - Agradeci, e o abracei. — Não te deixei ganhar, jamais faria isso! - Respondeu, fingindo se ofender, pondo a mão no peito. — Eu sei que sim, Pai! - Ri. - Lillo é cavalo mais rápido de todo o reino, e isso não é nenhum segredo. - Cruzei meus braços. — Não conte para ninguém que Fred ganhou de Lillo, meu cavalo perderá a fama. - Sussurrou, como se isso fosse um segredo. — Está pronto para o chá? - perguntei, enquanto mesmo desamarrava sua coroa da sela do cavalo, devolvendo em seguida a sua cabeça. — Precisamos de um banho primeiro, não acha? - perguntou. — Seremos somente nós dois hoje, papai! - Retruquei. - Quero aproveitar cada segundo, por favor. — O que você não pede sorrindo, que eu não faço chorando? Andamos um pouco,  e mais a frente encontrava-se a pequena mesa de chá, montada delicadamente. Havia suco, chá e algumas coisas para comer. Sentei-me ao lado de meu pai, e optei por comer morangos e framboesas, eu era completamente viciada em ambas. — Me conte, o que aprendeu com Emilie hoje? - Perguntou, enquanto tomava um gole de seu chá. — Baboseiras, as mesmas de sempre. - Dei de ombros. - Ela é uma velha chata, isso sim. — Alexandra! - me repreendeu. - não se deve falar assim das pessoas, muito menos da senhorita Kent que se deu ao trabalho de nos ajudar. — Me desculpa, Pai! - Respondi, largando o morango no prato. - Mas, não suporto mais aquela mulher falando de maridos.. se eu ouvir mais alguma coisa sobre o seu neto, com toda certeza, teria um colapso nervoso. — Ela ainda te perturba com a conversa sobre Carter? - Perguntou. — Sim, avise-a que não quero o neto dela, per favore. - pedi. - não quero me casar, reinarei sozinha. — Você sabe que as coisas não são simples assim. - suspirou. - Queria tanto quanto você, meu doce. — Quero que me prometa que não irá me deixar, papai. - Pedi. - Nunca. — Isso não posso prometer, meu amor. - Disse, passando as mãos pelo meu cabelo e rosto. - Mas, juro que enquanto eu puder, me manterei ao seu lado. — Eu te amo. — Eu também te amo, minha princesa. - sorri. *** A tarde passou rápido, as quatro da tarde eu e meu pai saímos do jardim. Não demorou muito para alguém chamá-lo e eu ter de seguir até o quarto andar sozinha. Eu odiava subir aquelas escadas. Minha pernas doíam toda vez. Eu achava simplesmente ridículo. Mas, meu pai sempre me lembrava que era por questões de segurança. Nós teríamos tempo para fugir e nos esconder dentro de um dos inúmeros abrigos. Suspirei assim que atravessei a porta pesada. Minhas criadas estavam me aguardando, prontas para me deixarem da forma que a minha mãe gostava, impecável. — Hoje receberemos convidados, princesa. - Ali, a líder do grupo indagou. - precisa se trocar, estão quase chegando. — Mamãe não me avisou, que roupa irei usar? - Respondi, arregalando os olhos. Pulei da cama, correndo para o enorme armário, abri-o com força, quase arrancando a porta de madeira do lugar. — Ela mandou que fizessem uma roupa, Alteza. - Mary respondeu. - Uma das criadas de sua mãe irá trazê-lo. — Droga. - murmurei. - se tiver paetês, não usarei. — Vamos tomar banho, princesa. - Allie me puxou pela mão, me ajudou a me despir e a entrar na água. Enquanto a mesma massageava meus cabelos, lavando-os, a outra limpava as unhas de minhas mãos. Estavam sujas de terra, já que eu e meu pai aproveitamos para nos sentar na grama e eu adorava mexer na terra fofa do gramado. — Você vai adorar o vestido. - Ali se pronunciou, finalmente. - Nós que escolhemos. — Graças a Deus. - Agradeci, ainda de olhos fechados. - como ele é? — Azul, um azul bem escuro e tem detalhes em dourado, além disso, mandamos o ourives fazer uma jóia somente para a senhorita. - sorriu. — Sério? - Respondi, levantando-me bruscamente, agitando toda a água. - Eu te abraçaria se não estivesse tão molhada. — O que é isso, Princesa? - riu envergonhada. - Sabe que não pode abraçar criadas. — Vocês não são minhas criadas, Allie. - Respondi, voltando a relaxar e a mesma voltou a massagear meu couro cabeludo. - são minhas amigas. — amigas? - perguntaram em conjunto, surpresas. — Sim, oras. - disse, óbvia. - você são as únicas que me entendem, e eu amo tê-las por perto. — Eu acho que nunca fui amiga de um princesa. - Mary disse e riu. — É só me tratarem como se eu fosse qualquer uma das suas outras amigas, e tudo ficará bem. - sorri. O banho se prolongou um pouco. A criada da minha mãe apareceu com o vestido e avisou que tínhamos menos de uma hora para terminar tudo. Enquanto me ajeitavam meu cabelo em um penteado, aproveitei para encarar novamente a joia criada por elas. O colar era de ouro, era simples, se não fosse pelo Ruby preso em um círculo no centro do colar fino. — É tão lindo. - Disse, pela milésima vez. — Obrigada, princesa. - Ali agradeceu. - Mary quem escolheu a pedra. — Quais as pedras preferidas de vocês? - perguntei, enquanto Mary passava um batom fraco em meus lábios. — Safiras. - Vi os olhos de Mary brilharem. — Diamantes. - Ali respondeu, sorrindo. Fiz uma nota mental sobre isso, e logo após me vesti. O vestido ia até meus joelhos. Era justo até a cintura e logo se abria. Sua alça era ombro-a-ombro e era um dos meus vestidos mais bonitos. Seus detalhes dourados davam uma graça ao vestido, e o fino colar.. esse deu toda a diferença ao todo. Agradeci novamente as meninas, até de correr escada abaixo até o salão da família e encontrar minha mãe e meu pai, juntos ao rei e a rainha da Inglaterra, Henrique VII e Isabel de Iorque, ao lado de seu herdeiro Henrique VIII.
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