Danilo Bernardi
Mesmo tudo sendo bem rápido, eu consigo fazer uma bela observação da mulher na minha frente. Irina Ivanov tem muito de sua mãe, Lya. O mesmo cabelo, o formato dos olhos e quase não acho algo que lembre do grande Alef.
Tanto que, Irina é bem menor e acho que deve chegar no meu ombro.
— Oh, me desculpe... — Ela pede mostrando um susto pelo incidente e ela move as mãos para secá-las.
— Nossa, eu..., e-eu que peço desculpas. — Eu me faço de desentendido querendo ouvir mais de sua voz. — Irina, não é? — Espero ansioso pela sua resposta. — Acertei?
— Sim..., como sabe? — Engulo em seco notando como a voz dela é doce.
— É a irmã do noivo... — Digo o óbvio. — E eu vi como ficou me olhando durante a festa. — Ao dizer isso, eu vejo os seus olhos se abrirem e o rosto corar em milésimos de segundos.
Olha só, uma mulher envergonhada! É fascinante!
— Ah, mas..., e-eu não fiquei... — Ela mente do pior jeito. Ela não tem esse hábito
— Ficou, sim e atravessou o salão vindo até aqui. — Ela ainda negä com a cabeça ficando ofegante. — E esse mini incidente foi causado por duas pessoas que já tinham consciência do que iria acontecer... — Ela percebe que foi pega em flagrante e a sua expressão é fantástica.
Isso está muito divertido pra mim!
— Peço desculpas, mas eu afirmo que está equivocado... — Ela olha para os lados toda inquieta e observo cada movimento seu. — Com licença. — Irina foge em passos largos e fico lhe vendo até sumir do meu campo de visão até que ela entra no corredor.
Que porrä foi essa?
Vejo um rapaz passando com bebidas e pego um copo de uísque onde tomo tudo num gole só e decido ir à mesma direção com a diferença de poucos segundos. Mas claro, em casa passo eu dou uma olhada se tem alguém de olho em mim. Por sorte, está na hora de uma apresentação formal dos noivos e as atenções são para eles.
No corredor, consigo ver uma porta se fechado e bingo! Ela foi ao banheiro e preciso pensar em algo bem rápido.
— Danilo? — Ouço a voz do Leonardo e não me dou ao trabalho de olhar para ele.
— Agora não! — Respondo passando direto.
— Aonde você vai? — Faço apenas um movimento com a mão.
— Vigia o corredor pra mim! — Peço continuando. — Discretamente!
— Vigiar? Que merdä vai fazer? — Eu olho para trás rapidamente lhe vendo de braços abertos em confusão.
— Só faz, porrä... — E assim eu não respondo mais.
Vejo que o banheiro masculino fica de frente ao feminino, mas é aqui que tem uma entrada lateral que mostra uma pequena sala. Isso é perfeito e fico aqui com a porta aberta esperando-a passar. Se passa um minuto, dois minutos e até três, mas nada dela. A cada minuto, eu sinto uma certa adrenalina para vê-la e até uma certa inquietação.
Que merdä é essa?
De repente, eu ouço um som de porta ao lado e a vejo passando bem na minha frente. Sem pensar duas vezes, eu a puxo tampando a sua boca e a trago para a sala e fecho a porta.
— Não precisa gritar. — Eu aviso antes de tudo e lhe solto lentamente. — Eu não vou fazer nada! — Mostro as minhas mãos rendidas e sorrio de canto de boca enquanto lhe observo.
— Você..., v-você é maluco? — O medo nela é visível e ela olha para os lados. — De onde você saiu?
— Foi você quem começou... — Comento o fato. — Irina... — Falo o seu nome apreciando o doce que seu nome tem.
— Eu não fiz nada..., eu quero sair! — Ela pede tentando passar por mim, mas a impeço.
Ela é bem nervosinha para quem teve a ousadia de me observar no salão e ainda decidir vir até mim.
— Não precisa ficar nervosa... — Tento ser o mais calmo possível. — Eu só quero conhecê-la. Tudo bem? — Nisso, eu a seguro pelo braço.
— Danilo, por favor... — Ouvir o meu nome me faz sorrir largo para ela.
— Huum, então sabe o meu nome... — Isso me surpreende a cada minuto. Ela fez mesmo de caso pensado e isso mostra que ela sabe quem eu sou.
Interessante!
— Você é o irmão da noiva... — Ela dá a mesma desculpa que eu e isso mostra que ela guardou bem o nosso primeiro diálogo. — Todos sabem disso.
— Só por isso? — Irina tenta fugir, mas eu a prenso na parede bem ao lado da porta querendo saber mais dela. — Sabia que muitas mulheres não ficam tão nervosas assim com a minha presença? — Confesso em sussurro para ela. — Isso é novidade pra mim.
Não minto!
Realmente eu não me lembro de alguma mulher ficar nervosa, envergonhada e até inquieta com a minha presença. E mais ainda, mesmo nisso tudo ela vir até mim de forma tão ingênua.
Irina é um caso novo!
— Eu não..., eu não estou..., n-nervosa. — Eis mais uma mentira mäl feita por ela.
— Está sim..., e pelo que vejo aqui está toda arrepiada. — Vejo isso pelo seu braço e até pelo pescoço.
Isso me faz imaginar o seu corpo todo em reação pela minha presença e claro, pelo meu toque. Observo bem como a boca dela é bem desenhada, marcada e pela aproximação, eu posso sentir o calor do seu hálito vindo de frente ao meu rosto.
Irina tem um perfume doce e delicado, mas com um toque ácido. Sinto a sua pele macia se arrepiar a cada segundo aqui e vejo-a amedrontada a cada segundo. E a única coisa que me impede de algo, é lembrar que ela é filha do Don Alef. Isso a torna proibida e intocável para mim e para qualquer pessoa.
Mas, isso só deixa tudo mais excitante para mim!
Eu estou mesmo usando um controle desconhecido aqui para não a agarrar bem aqui já que estamos a sós. Mas, também há um fato de que, com toda certeza, nunca a tocaram. Com certeza também, eu sou o único que chegou tão perto dela assim e penso no quanto ela é inexperiente.
Isso nunca foi excitante e nem curioso para mim até agora.
Mas, o pior acontece! Fico tão perdido nos meus pensamentos que o susto vem por algo que eu jamais esperava. Um tapa! Porrä, nunca antes uma mulher me tocou dessa forma e pra completar, Irina foge de mim como se eu fosse um monströ que estava lhe caçando.
Não acredito que ela fez isso!
— Que porrä... — Resmungo pela ardência no rosto. O tapa foi certeiro!
Soco um jarro de decoração pela raiva e respiro fundo querendo destruir tudo pela frente. Posso sentir ainda a sua mão aqui. Deixo uns minutos se passarem e só depois eu saio da sala para voltar ao salão. Assim que coloco os meus pés, eu dou de cara com Leonardo que está bebendo e rindo de alguma coisa.
Tudo aqui parece normal, mas o meu bom humor foi embora.
Então, Leonardo me puxa para um canto querendo dizer algo.
— A sua pretendente fugiu. — Ele me avisa ainda rindo. — Foi embora do salão! – Leonardo conta adorando a situação. Ele já entendeu!
— Pretendente? Está mais para louca... — Respondo lembrando e sentindo ainda o impacto do tapa.
Porrä, isso não se faz!
— O que aconteceu? — Ele pergunta curioso e nem olho para ele diretamente querendo que ele não note nada.
— Nada..., mas ela é louca... — Nunca que vou contar que uma nanica me deu um tapa na cara.
— Enfim..., ela parecia com medo de algo e praticamente fugiu correndo para o irmão dela. — Pelo jeito ela fugiu com medo de mim, mas eu nem fiz nada.
— Huum... — Resmungo. — Essa festa já deu pra mim! — Falo não vendo mais nada de interessante. — Vou embora!
— Concordo..., na Rússia não tem nada para mim também. — Leonardo diz depois do seu último gole.
Decidido a ir embora, eu já procuro os meus pais para avisar que estou indo. Eu os encontro conversando pelo salão e só penso em tirar esse terno e tomar um banho. Depois deles, eu vejo que a Melina e o Alek já saíram. Então, eu e o Leonardo vamos saindo e pegamos o carro.
Eu passo o caminho todo com a ousadia da Irina na cabeça. Lembro bem daqueles olhos assustados por nada, sendo que eu não fiz nada. Não a agarrei, não a beijei e não a forcei nada. Apenas estávamos trocando algumas palavras.
Ao chegar, eu retiro o terno ficando mais à vontade e ao me olhar no espelho, vejo algumas marcas ainda de dedos que pra piorar, contém arranhões de unhas bem onde ela bateu.
— Você me paga, Irina! — Rosno putö com isso olhando a minha imagem no espelho.
E ela vai pagar com juros, há vai! Posso não saber ainda como vai ser e nem quando vai ser, mas isso vai acontecer!