Irina Ivanov | Alguns dias depois
Como se já não bastasse o medo que tive em relação ao que houve no casamento da Melina, eu ainda fui questionada sobre o ocorrido no banheiro outro dia naquele evento. O meu pai ficou furioso quando ele me encheu de perguntas. Mas, Mikahel foi ainda pior. Ele não me deixou quieta até saber detalhe por detalhe e pouco depois ouvi os surtos do meu pai no escritório.
Além de esse assunto mexer com Alek, ele também mexe com o meu pai. E de um jeito descontrolado. Eu entendo o motivo. A aliança com a Itália iria para o ralo depois de anos sendo construída, caso Alek tivesse engravidado aquela mulher. Essa aliança tem me protegido nesses anos e nem quero imaginar como o meu pai ficaria caso tudo tivesse sido em vão.
Aposto que ele mataria aquela mulher mesmo se ela tivesse grávida do Alek.
Eu sinto isso cada vez que eu penso sobre. Eu sei que eu conheço o lado mais brando dele e mais amoroso, mas eu já ouvi muita coisa sobre ele fora dessa casa. O meu pai não tem pena de ninguém. Mikahel mesmo já me falou um pouco das torturas que ele assistiu sendo protagonizadas pelo meu pai e às vezes, é difícil de assimilar isso. Só que, quando ele está furioso tudo se encaixa.
Por isso que não tenho prática em mentir para ele. Meu pai sabe de tudo!
Por falar nele, hoje é o dia em que ele e os meus irmãos vão viajar. Pelo que entendi, acharam um tipo esconderijo do Klóvis e eles vão atrás de pistas. Meu pai quer ir pessoalmente e claro, os meus irmãos fazem companhia. Sempre fico nervosa com isso!
Enquanto eles ficam foram, eu vou ficar em casa com a minha mãe e a Melina que no caso, já chegou.
Ela vai ficar aqui até quando eles voltarem.
— Me perguntaram sobre o que houve naquela noite... — Aviso a ela. — Me desculpe, Melina, mas tive que contar. Não sou boa me mentir e para eles é pior ainda.
— Tudo bem! Naquela noite discuti com Alek, mas já conversamos. — Fico aliviada por ouvir isso.
— Que bom! A minha mãe ficou louca, o meu pai queria dar um jeito na situação e o Mikahel ficou me questionando querendo detalhes... — Exclamo em sussurro e eu chego mais perto dela. — Pelo que sei aquela mulher foi avisada a não chegar mais perto de você..., espero que ela cumpra. — Melina me olha surpresa.
— Quem a alertou? — Ela me pergunta intrigada e sei que ela pensa no Alek.
— O meu pai! Eu não duvido de ele fazer algo caso ela tente... — Ela fica mais que surpresa.
Nós logo mudamos de assunto e falamos até no meu primo. Nós almoçamos e depois passamos o dia juntas e claro, em certos momentos na companhia da minha mãe. Ela fica extremamente tensa cada vez que o meu pai viaja com os meus irmãos. Isso mostra que o caso está ficando mais complicado e os perigos também.
Eu também fico tensa, mas estou tentando não pensar muito nisso. A Melina estando aqui ajuda muito. Eu adoro conversar e ter uma pessoa nova aqui me deixa mais falante ainda.
Quando a noite chega, a minha mãe vai deitar e claro, ela faz alertas sobre a minha língua grande. Nós duas decidimos ver um filme e eu faço uma pipoca bem quentinha e pego uns chocolates. Isso parece uma festa do pijama para mim, não no estilo americano como nos filmes, mas é empolgante.
Nunca tive isso!
O filme acaba bem na madrugada e sinto apenas um sono leve. Nós vamos subindo para o quarto nos deitar e eu escovo os meus dentes rapidinho. Só que, por algum motivo, eu sinto vontade de ir saber se posso dormir com ela. Eu pego um travesseiro e umas coisas e vou para o quarto dela.
— Posso dormir aqui com você? — Pergunto dando de cara com ela no quarto e sorrio largo na tentativa de convencê-la.
— Claro! Deita aí, que eu vou só escovar os meus dentes. — Solto um sorriso alto de animação e vou me ajeitando na cama.
Melina mexe no celular, mas o solta e pega umas coisas para ir ao banheiro. Eu a espero aqui enquanto organizo as almofadas e eu solto os meus cabelos, já pronta para me deitar. Mas, sinto uma sensação estranha de ser observada. Não ouço nada e não vejo nada, mas ao me virar para trás o susto vem com tudo.
Uma mão é colocada na minha boca e uma lâmina fica bem no meu pescoço onde sinto a sensação fina na pele. O homem de máscara me deixa amedrontada.
— Nenhuma palavra ou eu corto essa sua garganta. — Ele me ameaça e engulo em seco pelo susto. — Vem comigo e sem gracinhas!
Ele retira a mão da minha boca, mas a lâmina fica aqui. Ele me faz andar para fora do quarto e eu uso ao menos o meu pé para arrastá-lo e puxar uma ponta do lençol que vem com tudo. Sou empurrada também sentindo algo duro nas costas e ao ouvir o som de destrave, eu sei que é uma arma.
Tem uma faca na minha garganta e uma arma nas minhas costas.
— Desce as escadas..., anda! — Ele ordena e não tenho escolha.
Eu não consigo pensar em mais nada e a sensação é que dessa vez, Klóvis conseguiu o que queria. Isso só pode ser algo dele! Como esse homem entrou aqui, eu não faço ideia. Mas é sob a ordem de Klóvis já que o meu pai e os meus irmãos não estão.
A minha vida passa diante de mim em segundos e não quero acreditar que posso morrer em breve sendo que nunca fiz nada da minha vida. Não quero acreditar que vão conseguir me levar logo de dentro da minha casa.
Isso é uma loucura!
O que vai acontecer comigo agora?