Irina Ivanov
Continuo descendo os degraus e pelas lágrimas, tudo fica distorcido na minha frente. Perco a noção de onde pisar e o susto vem quando eu tropeço e vou parar no chão. Só agora é que eu percebo já estar na sala e penso que serei puxada pelos cabelos, mas ele vem tentando fazer diferente.
Passo o dorso da mão nos olhos e a surpresa vem de imediato.
— Levanta porrä! — O homem quase grita e me pega pelo braço.
— Larga a arma! — É a voz da Melina e não sei o que pensar.
— Melina... — Sinto uma certa esperança, mas tenho medo de ela se machucar.
— Olha só..., sobe as escadas se não quiser que ela se machuque. — Ele ordena mostrando pressa e impaciência.
— Eu não vou repetir..., se não largar a arma, eu atiro sem pensar. — Ouço o som de destrava e o meu coração bate como se fosse sair da minha boca.
Sou solta por ele e ouço um som de respiração pesada. o som em seguida é pela arma da Melina que vai chão e o confronto começa com ela socando o homem nem no rosto sem parar. Eu não tenho noção alguma de luta ou de auto defesa e a culpa é minha.
Sempre me falaram que era importante, mas eu não liguei!
Melina mostra bem que entende de tudo e mais um pouco. É tudo tão rápido! Ela lhe dá chutes, socos, é atingida e se mostra mais forte ainda. Esse covarde vai para cima dela sem pena alguma e ela não está diferente.
A arma dele também vai parar longe e o jeito deles é em socos. Eu tento saber onde está a arma dela para poder ajudar de algum jeito. Só que não dá tempo. O impacto vem forte e sinto uma ardência enorme na minha coxa que é causada por um tiro silencioso.
— NÃO!!! — Melina grita em reação e deslizo com tudo na escada. — Seu desgraçadö!
— Ah, drogä... — Exclamo tocando no local e as minhas mãos se inundam de sangue.
Melina parece mais enfurecida e a vejo rolar no chão com ele em briga de mais socos e ela para bem em cima dele lhe golpeando sem parar. a minha mãe aparece no alto da escada e o meu sangue aqui começa a jorrar.
A dor é gritante. Eu nunca tinha sido atingida assim.
A minha mãe aciona o alarme geral da casa e ela vem descendo em pressa. O homem consegue fazer a Melina ir ao chão e ele fica por cima dela pronto para fazer qualquer coisa. O medo aqui é imenso e quase não respiro.
Melina já está muito machucada. Tem sangue no seu rosto e ferimentos. Só que, mesmo ele estando por cima dela lhe dando mais um soco, ele agarra o pescoço dela para enforcá-la e penso ser o fim, porém, ela consegue pegar uma das armas ao lá e o tiro ocorre.
Vejo uma das cenas mais horrendas que é da bala atravessando a garganta dele e o sangue vai para todos os lados. Melina o empurra para longe e os nossos soldados entram já com ele morto.
— Filha, vem comigo... — A minha mãe me ajuda a levantar e vamos para a sala. — Precisamos parar esse sangramento.
— Está doendo! — Reclamo pela dor. — Doento muito...
— Eu sei..., mas eu te ajudo. — Assim que ela termina a frase, eu sou segurada por dois homens e sou levada para o sofá e um deles, olha bem o ferimento.
— A bala saiu, mas precisamos estancar o ferimento. — Um deles diz e o outro corre para procurar por algo.
Mesmo concentrada aqui, eu ouço a minha mãe perguntar se a Melina foi baleada e ela negä. Mas, mesmo assim ela está muito machucada. O rosto dela está todo inchado pelos socos e o sangue me assusta.
Nunca vi isso!
O outro soldado retorna com panos grandes e eu vejo bem o ferimento ser coberto e com força enquanto é dado um nó. Não consigo evitar o grito de dor e ele pega o outro p**o e faz um reforço também firme.
A minha mãe tenta ligar para o meu pai, mas não tem resposta dele. Soldados também tentam contato, mas não conseguem também.
— Não podemos ir ao hospital? — Melina pergunta antes de mim. — Ela precisa de atendimento!
— Sem a autorização do senhor Ivanov, não! É o protocólo. — Isso só pode ser brincadeira e tento revidar, mas não tenho tempo. — Mas já chamamos um médico da organização que chegará em breve.
Enquanto isso, a minha mãe tenta ver os ferimentos da Melina, mas ela diz que está bem. Depois, os homens dão uma olhada no corpo morto ali e retiram a máscara. Eu evito olhar, mas a curiosidade é imensa. Eu reconheço ele!
Nunca fui de ter contato com soldados, mas eu o via sempre que eu saia de casa. Ele era um dos responsáveis pela minha segurança nos locais.
— Ele trabalhava aqui há quase dois anos e pelo jeito se vendeu... — Um deles constata.
Se ele se vendeu, será que tem outro no nosso meio?
Isso me deixa apavorada!
Fico aqui no sofá esperando o médico chegar e a cada minuto a dor parece aumentar. Os panos em volta aqui já estão encharcados de sangue e qualquer movimento meu é um grito que escapa.
É, eu sou fraca para dor!
Os homens começam a limpar o local depois de retirar o corpo e o médico chega logo depois. É uma tortura vê-lo retirar tudo e mexer no local para verificar. Eu odeio agulhas, mas nesse momento ela é medíocre em relação a dor. Vou pegar pontos e ficar de cama por uns dias para o local fechar.
Só espero que o meu pai e os meus irmãos voltem bem, porque isso aqui ocorreu por eles saírem.
Por favor, eles precisam voltar bem.