CAP 7

1107 Words
Danilo Bernardi O avião está prestes a aterrissar. Já estou em solo russo num voo longo que o tempo quase não passava. Tentei trabalhar durante um tempo, mas Leonardo não calava a boca. Eu tive que largar o laptop e ficar olhando para a cara dele. Meus pais estão juntos no quarto do jatinho, os meus tios estão indo num outro. Tivemos uns contratempos que não deu para esperar. Pelo horário, vamos chegar em pouco tempo para o casamento e lá eu decido o que fazer. — Teve também os lucros dos bordéis em Roma. Entraram naquele balancete da semana 15 que te falei. — Ele me atualiza dos relatórios e vou colocando aqui nos meus lembretes. — Eles são os que mais dão lucros... — Comento. — Já foi arquivado, não? — Já! O que ocorreu foi somente a falha no sistema na hora da contabilidade e dos registros. — Bufo já sabendo que isso iria acontecer. — Eu vou resolver isso! — Tomo um gole do meu uísque. — O sistema de antes não serve e acho incrível como ainda tem gente que reclama quando quero alterar. É nisso que dá! — Tenho pena é da sua mulher... — Fico sem entender. — Vai vigiá-la em tudo, Danilo? Não respondo por não querer mesmo já que isso está saindo do normal. Eu não sei o motivo de recentemente todos estarem entrando em assunto sobre casamento. Eu não quero me casar! Porrä, eu sou novo demais e o meu pai não vai deixar o seu posto agora. Ele está firme e forte ali, está saudável, é mais influente ainda e comanda tudo como ninguém. Para chegar a minha vez, serão anos ainda de espera. Eu nem tenho uma prometida! É nessas horas que eu sou aliviado e grato por não nascer uma mulher. Melina é a prova disso pra mim! Ela viveu como queria por anos, mas foi dada em casamento antes mesmo de nascer. Eu não sei o que houve para o meu pai não me comprometer da mesma forma, mas já agradeci várias vezes. Pela forma como eu sou maluco, eu estaria preso a alguém desde cedo e eu não ia conseguir evitar de saber das coisas. Sou possesso com o que é meu! Eu iria querer saber até das idas ao banheiro mesmo que eu não me prenda. É, fica bem controverso. Mas, eu me entendo e isso basta pra mim. Somos avisados de que vamos aterrissar e já me preparo. Essa preparação também é mentalmente já que vou rever rostos nada agradáveis. Um exemplo disso é Mikahel. O cara não me suporta e eu estou pouco me lixando pra essa merdä. Já percebi isso há tempos em cada uma das poucas vezes que olhei a cara feia dele. É nessas horas que eu acho os russos estranhos! Nós italianos somos mais receptíveis e aducados, mas eles parecem que comem limão estragado no café da manhã. Só tem a cara feia e azeda! Depois de aterrissar, eu vou a minha mala e vamos saindo. Leonardo continua comentando comigo sobre uns pontos de observações de sistemas e vou fazendo notas mentais sobre mudanças. Isso me faz lembrar de uma carga de munições que vai chegar nos próximos dias e ela é imensa. Vou ter que separar um tempo para ajudar na verificação e é nesse ponto que eu vejo como a forma manual é mais confiável. Não tem jeito! É mangas dobradas e usar as mãos. — Vocês não vão com a gente? — A minha mãe pergunta confusa e nos encara. — Ah, é... eu vi que reservamos quartos em hotéis diferentes. — Explico. — Eu me enganei quando fiz a reserva. — O meu pai me olha estranho, mas a minha mãe está dominada demais pela preocupação. — Tudo bem, mas não se atrasem para o casamento! — Ela avisa a nós dois. — Luana me disse que já estão chegando e nos vemos na mansão. — Pode deixar. — Ela dá as costas e entra no carro, mas o meu pai vem até mim. — Se aprontar alguma coisa, eu juro que arranco uma das suas orelhas..., entendeu? — Noto bem a ordem. — Não estamos em casa e aqui somos vistos de todos os ângulos. Fui claro? — Eu sou um anjo! — Leonardo estraga a minha seriedade com um riso idiotä. O meu pai não está tão convencido assim, mas ele dá meia volta e entra no carro. Ele é assim, ele sabe como eu sou e das minhas loucuras e por isso ele faz alertas, mas ele nunca me impediu de nada. Ele sabe que nada me prende e sabe que nunca sou de fazer algo que realmente possa lhe atingir ou atingir a nossa família. Mas o recado sempre é dado! — Você se confundiu nas reservas? Não tinha outra desculpa? — Leonardo sorrir da minha cara. — Você cria programas e sistemas como ninguém e vai dizer que se confundiu numa porrä de reserva? — Ele continua com os risos e decido deixar uma coisa clara. — Não enche... — Eu abro a porta do carro. — Uma mentira feia dessa pode ser alterada com o charme certo e eu tenho isso... você não! — Digo o maior fato de todos. — Filho da... — Olho feio para ele como quem pode matá-lo se continuar. — Idiotä! — Eu entro no carro e ele vem em seguida. — Não sei como eu ainda te aguento. — Eu que me pergunto isso todos os dias... eu estou enjoando dessa sua cara feia de desgosto que mulher alguma consegue suavizar. Você tem problemas! — O carro sai em disparada e só ouço resmungos do Leonardo. Meu primo é a denominação exemplar de que somos muito diferentes, mas iguais ao mesmo tempo. Mas eu sou melhor! Já tentei dar umas belas dicas sobre o trabalho que eu faço, mas ele não tem jeito e nem interesse. Ele me vê fazendo tudo no meu escritório e mesmo assim, nada o faz querer saber mais. Se um dia eu ficar sem acesso por algo maior ou precisar que ele resolva algo, eu estou fudidö. O caminho para o hotel é feito tranquilamente e observo as ruas de Moscou. O lugar é bonito, mas nada pra mim se compara com a minha Itália. Estar em casa é mil vezes melhor. Gosto de explorar, mas nada se compara com o seu lar. É lá que tenho voz e é o lugar que logo terei bem na palma da minha mão. A minha ansiedade é só por esse momento, mas posso esperar com calma.
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