CAP 13

1107 Words
Danilo Bernardi Eu tive que reforçar a minha máscara pelo cheiro forte do lugar. O galpão está em mais da sua metade dominado pelo cheiro de drogas. Não tem só cocaína desperdiçada, ela é apenas a maior quantidade! Um belo prejuízo e o meu tio está tentando ver uma saída. As caixas novas e vazias que chegaram, estão sendo usadas para armazenar o que dá e apenas eu, Leonardo e Filippo estamos fazendo isso. É para não ter erro! Tem homens aqui com medo de serem responsabilizados e eles fariam qualquer coisa para não ter a cabeça arrancada. Essa situação me faz perder um dia todo de trabalho. Eu tinha feito o meu cronograma, mas já era. Nem comecei ainda a programação do novo sistema do Davon. — É, ela fez um belo estrago no seu rosto. — Leonardo comenta rindo da minha cara. — Como é? — Eu olho ao redor e vejo que Filippo se distanciou. — Vai mentir para mim, Danilo? Eu vi você indo atrás da filha do Don russo... você enlouqueceu. — Ele está adorando o momento. — Nenhuma palavra sobre isso! — Peço lhe vendo se divertir mais ainda com isso. — Ainda não... — Ele chega mais perto. — Atacou a moça? — Vai se ferrar, porrä... eu não ataquei ninguém. — Respondo olhando ao redor. — A culpa foi dela e chega desse assunto. — Por enquanto, porque eu quero detalhes... — Sem opção, eu me afasto dele e a raiva ainda vem sobre mim. Eu nunca vou esquecer aquele tapa e eu posso jurar sentir o impacto toda vez que eu me lembro. Irina além de ousada, é maluca! Não sei com qual coragem ela teve para isso, mas eu vou tirar isso a limpo. Mulher nenhuma ousou me tocar sem a minha permissão e nunca foram loucas de me atacar. Aquela foi a primeira e única vez! Vou trabalhando aqui fazendo de tudo para ficar mais tempo sozinho e fico remoendo isso. A raiva é tanta que perco a noção da força em certos momentos. Eu vejo o meu tio comandar alguns homens para limpar o que não dá para se recuperar e fico aqui nas caixas que são empilhadas. Ainda faltam centenas delas. — Vocês vão sair hoje? — Filippo me pergunta um tempo depois. — Não tenho planos ainda..., por quê? — Conversamos enquanto arrastamos umas caixas. — Curiosidade mesmo... — Colocamos uma ao lado da outra e nos viramos para pegar a próxima. — Vou decidir quando sair daqui... ainda tenho que voltar para trabalhar nuns projetos que deixei. — Ele sorrir arrastando a outra mais rápido. — Ah, é... você é o nerd da família. — Ele diz em deboche e me dá as costas sem me dar a chance de revidar. Porém, eu vejo um pedaço mediano de madeira rala e pego na mesma hora. Miro bem nele e direciono de propósito no seu ombro e o susto dele é de imediato. — O nerd aqui tem boa mira! — Digo a ele que apenas dá de ombros. — Desgraçadö. Continuo o meu trabalho quieto aqui e já sou informado de que o meu pai está vindo. É hora do surto! { . . . } São 1:30h da manhã e saio do meu carro para entrar no prédio. Faço o mesmo percurso de sempre seguindo as velas no chão e chego na porta que é aberta pelo padre. Ao entrar, ele a fecha na chave e eu me sento já como sempre faço. A garrafa de uísque na mesa é aberta para mim e ele serve uma dose bem generosa do jeito que eu gosto. Ele aprende rápido! — Então, meu filho... o que te traz hoje aqui? — O padre pergunta. — Minha irmã se casou e eu conheci uma maluca na Rússia. — Ele me olha confuso. — Maluca mesmo e o pior é que ela é filha do Don Alef. — Seja mais claro, por favor... — Ele pede me olhando sem entender nada. Nisso, eu começo a contar os fatos da semana. Falo desde o começo e não deixo de mencionar a festa, as putäs que comi, os lugares que eu fui, o casamento e claro, chego na Irina. É aqui que a minha raiva cresce e só consigo imaginar a hora que eu a verei. O casamento da Lilia é em algumas semanas e será o momento perfeito. Se ela pensa que eu vou esquecer o que aconteceu, está muito enganada. Aquele tapa é impossível de esquecer e vou tirar isso a limpo. Além da raiva, eu confesso algo a mim mesmo que, eu fiquei impressionado. É um fato intrigante ela ter vindo até mim naquele salão. Mulheres como ela não fazem isso! Ela sabe das regras, ela sabia quem eu era e sabe que o que poderia acontecer caso algo desse outro entendimento por visões de terceiros. Mas ela foi! Estou colhendo informações sobre ela e o fato mais intrigante é de ela ainda ser solteira. Tem algo nesse ponto que eu preciso descobrir. Ainda não tive muito tempo de ler tudo o que peguei, porque já sai tarde do galpão D. Eu estava fedendo a drogäs e vim direto para cá depois de me banhar e trocar de roupa. Tive ouvir merdäs, os surtos do meu pai e só sai depois de tudo feito. Pelo menos foi resolvido. — Gostou da moça? — A pergunta parece uma afronta. — É só curiosidade... só falou dela desde que chegou. — Porque é um fato inusitado... isso nunca acontece comigo! — Respondo o óbvio. — Entendo... o que mais? — Ele me serve de mais uísque. — Nunca lhe vi agitado assim. — Quero saber o motivo de ela ter feito aquilo... ela é uma maluca, mas não é só isso! Tem alguma coisa e eu adoro descobertas. — Digo pensando aqui enquanto olho um ponto fixo. Bem aqui onde estou, a luz das velas se movimentam e dão um contraste hipnotizante. Nesse horário é assim. Tudo na base das velas no prédio pela descrição. — Tem algo mais que a curiosidade? — Ele pergunta com cautela. — Porque para mim..., parece que gostou dela. — Cuidado com a língua, padre... eu sempre ando com a minha faca. — Ele desiste de insistir e logo muda o assunto por completo. Posso ser sincero em muita coisa, mas tudo tem limite e eu conheço o meu. Tem coisa que só admito para mim e isso, acontece até mentalmente. Em breve eu terei mais respostas e vou saber bem o que fazer apesar de já ter uma noção.
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