Irina Ivanov
Alguns dias se passaram desde aquele fiasco no casamento da Melina com o Alek e posso dizer que me sinto mais calma. Passei esse tempo todo até ontem com um certo nervoso toda vez que me lembrava e estava inquieta.
Mas estou controlando.
O que mais me demorou a ficar normal, foi o meu pai. Ele voltou a perguntar o que realmente tinha acontecido e outra vez, eu tive que mentir. Mas eu vi que ele não acreditou em nada e deixou de insistir para não se irritar. Mikahel foi outro que veio querendo saber mais também, mas fugi dele.
Esse é o problema de ser a única filha mulher e ainda a mais nova.
Os homens da família são ciumentos, desconfiados e todos eles tem um detector de mentiras.
Só a minha mãe escapa e não faço ideia de como.
Hoje nós temos um evento para ir e só vou por saber que é seguro e claro, por saber que Danilo não está mais aqui. Hoje tem uma apresentação de membrös da organização e outr motivo de eu ir, é que terei um tempinho com a Melina.
Pelo menos uma mulher nova na família!
— Já vai se preparar? — Mikahel aparece. — Vocês mulheres inventam de mais só para sair. E ainda é cedo!
— Bom, eu já fico de qualquer jeito em casa e se arrumar uma vez e outra é um privilégio. Não acha? — Comento com as mãos na cintura. — É a chance que eu tenho.
— Pode ser! — Ele vem e entrando. — Encontramos algumas pistas sobre o Klovis... em breve te passamos mais detalhes. — Isso me faz tensionar.
— O que eu mais espero é ouvir de vocês que ele está morto... só isso! — Digo fechando a cara. — Eu quero paz, Mikahel e quero poder sair de casa sem o sentimento de que posso ser morta.
— Isso vai passar! Teremos segurança reforçada e eu te prometo uma dança hoje. — Abro um sorriso largo por isso.
— Maravilha! — Ele deixa um beijo longo na minha testa e dá meia volta.
Mikahel me entende bem e eu amo essa nossa relação mais próxima assim. Queria ter o mesmo com o Alek, mas ele é mais fechado.
Na cama, eu deixei já o vestido separado para eu dar uma olhada e acho que ele será perfeito. A minha mãe já contratou maquiador e manicure para hoje e vou me ocupar para não ter tempo de pensar em besteira nenhuma.
Hoje o dia vai ser bem corrido!
{ . . . }
A noite chegou e fiz uma bela escolha nesse vestido rosa. Queria usar um vermelho ou um preto, ou algo nessa tonalidade. Mas não
posso! São as regras. Tudo se tem regras e por mais que eu seja maior de idade, não conta. O que vale é o casamento!
Enfim, a maquiagem está perfeita e fico namorando a minha cintura bem marcada nesse vestido. Como eu já estou pronta, eu vou saindo do quarto e desço as escadas. Eu vejo o me pai na sala e eu sei que está esperando a minha mãe. Ela adora fazer uma descida triunfal para ele.
— Está linda, minha filha. — O meu pai diz me olhando toda. — Cada dia que passa e parece mais com a sua mãe.
— Obrigada, pai! — Vou chegando perto. — O senhor está tão elegante... como sempre! Eu tenho um pai bonito. — E tenho mesmo!
Meu pai poderia ser modelo se não fosse o chefe da máfia russa.
— Obrigado! A sua mãe fica maluca quando se escuta isso... — Eu sei bem disso. — Tudo bem?
— Sim! Eu vou esperar lá fora. — Vou saindo para deixá-lo com a minha mãe, porque eu já ouço passos de salto.
No lado de fora, eu já vejo o Mikahel encostado no carro enquanto fuma um cigarro. Ele sabe que detesto isso. O cheiro é péssimo, mas eu sei que ele não faz sempre aqui. É como se ele só fumasse quando tem algo lhe incomodando e pela sua cara, eu estou certa.
— Vem, eu te levo! — Ele solta a bituca fora e abre a porta para mim. — Você está linda e vou ficar de olho em você hoje.
— Eu não tenho 10 anos! — Afirmo o óbvio querendo que ele pare com isso.
— Mas ainda é a caçula da casa. Eu vou ficar de olho em você! — Reviro os olhos e vou entrando no carro.
Ele dá a volta e assim que dá a partida, eu vejo os meus pais saindo de casa. Saímos da propriedade em pressa e Mikahel não diz um apalavra. Alguma coisa aconteceu para ele estar assim! Penso que deve ser algo de trabalho e por isso fico quieta.
Eu já ouvi certas conversas de homens da máfia e sinceramente, foi como fazer a minha cabeça girar. Eu nunca entendo nada! A única coisa que consigo ouvir bem e até falar algo é quando tem eventos beneficentes das ONG’s que a organização faz parte. A minha mãe comanda tudo em relação a esse assunto com a minha tia Sônia.
Acho interessante, mas não é sempre que eu participo.
Quando chegamos no local, Mikahel leva o carro para o estacionamento lateral e deixa o carro bem visível. Eu saio na mesma hora que ele e vou dando um jeito no vestido. O local já mostra estar bem cheio e vamos entrando vendo bem isso. Melina e Alek ainda não chegaram, mas já estão servindo champanhe e vou pegando.
Pelo menos eu posso beber!
Somos cumprimentados por algumas pessoas já conhecidas e as mesas já foram bem separadas. Sempre que eu venho nesses poucos eventos, eu me pergunto se é aqui que eu vou conhecer a pessoa que eu vou me casar. Não tenho outra forma de pensar além de que, o meu pai que vai escolher.
Isso sempre me deixa nervosa.
— Vem, vamos dançar antes de começar! — Mikahel me chama um tempo depois.
Gosto de dançar com ele e nos passos aqui, eu olho ao redor. Nada da Melina ainda e eu sei que ela vem. Nem ela e nem o Alek podem faltar. Vamos dançando aqui e conversando um pouco até que eu os vejo. Eles são rodeados de membrös que querem falar com o casal do momento e do futuro e por isso, não tenho chance.
Tenho que esperar.
Depois, eu vou à mesa e bebo um pouco. Estou tomando esse champanhe como água.
Os meus pais estão lá em cima como sempre e Mikahel já sumiu. Ele sempre some! Fico aqui esperando o tempo passar e depois, eu vejo os meus tios chegando e os meus primos não vieram.
É, eu deveria ter ficado em casa.
{ . . . }
— Que bom que veio! Isso tudo aqui não seria tão bom... — Melina comenta. — A comida estava boa. — Concordo com ela e bebo o último gole de champanhe.
O jantar foi servido, já houve a apresentação e estamos aqui apenas conversando e rindo na mesa. Alek está ao lado dela conversando com Mikahel e o salão todo está aproveitando o jantar.
— Melina, vem no banheiro comigo? — Peço sentindo a minha bexiga cheia.
Bebi muito!
Ela vem comigo e vou andando apertadíssima pelo salão. Parece que ficando de pé a vontade aumenta mais ainda. O banheiro fica no corredor e ao entrar, vou direto para a cabine. Sinto como se a minha alma saísse do meu corpo aqui pelo alívio e relaxo toda.
Mas, eu ouço vozes ali e tento identificar.
— O que quer? — É a voz da Melina e ela parece irritada.
— Nada! Eu já tive o que queria..., fiz muito bom proveito e sei que se eu quiser novamente conseguirei. — Não consigo identificar de quem é e fico bem quieta ouvindo.
— Boa sorte com isso..., agora sai... — Melina fala em ordem.
— Calma..., isso está interessante. Eu faço parte da organização, então, não pode me expulsar... — Continuo sem identificar e tendo olhar pela brechä.
— Depende..., mas como sei do seu interesse, eu posso garantir que não vai gostar da minha reação. — Tento me ajeitar aqui e tento ouvir mais ainda.
— Querida, você é muito nova nesse mundo, tem muito o que aprender ainda e eu, sou muito bem preparada para tudo antes que você... — Finalmente eu consigo ter uma certa visão por menor que seja e agora eu sei.
Não acredito nisso. Essa mulher outra vez?
— Não, não está..., afirmo a você que estou preparada até os dentes da forma como não imagina, bem diferente de vocês que são usadas onde só sabem preparar a bucetä... — Melina revida e vou me ajeitando aqui para sair.
Mas, esse vestido não me ajuda muito e vou ouvindo o debate e claro, a ameaça da Melina com ela.
— Você é louca? — Ouço sons de passos e o meu vestido está me dando um trabalho enorme.
— Quer descobrir? Posso ser uma se quiser..., me importune mais uma vez que a moça novata aqui mostra do que é capaz... — Respondo firme e prendo os seus cabelos na mão continuando. — Agora sai!
A vagabundä é expulsa do banheiro e só consigo sair na hora que a Melina está sozinha.
— Você ouviu tudo? — Eu aceno.
— Eu sei quem é ela e..., sempre foi louca no Alek e... — Falo sem querer e ela me olha curiosa.
— Continua... — Tento negär, mas ela vem mais perto. — Irina, sou uma pessoa extremamente curiosa, só continua. — Não tenho saída.
— Ela queria ter casado com ele... — Engulo em seco. — Eu ouvi dizer que até tentou dizer que estava grávida, mas era de outro e teve que se casar forçadamente... — Melina dá meia volta e já imagino a sua raiva.
Alek vai me matar se souber que eu contei e nem quero imaginar o susto dele. Tenho medo do Alek, isso eu não negö.
Mas, Melina me garante que não vai me colocar nisso.