— Eu posso explicar! — Foi a primeira coisa que Jimin conseguiu dizer depois do silêncio que Yoongi deixou no ar.
— Então… então você é o idol! — Yoongi chiou, entre dentes. — Isso é algum tipo de pegadinha? Você tá zoando comigo?
— Não! Claro que não! Yoongi, deixa eu explicar.
— Eu tô esperando!
— Ok, ok… hum… eu estava de folga naquele dia, na praia, e eu tentei te dizer quem eu era! Eu falei que era famoso e você riu de mim.
Yoongi piscou algumas vezes e, realmente, ele riu, mas era porque ele achava que era piada.
— Eu achei que você estava tentando ser engraçado! Nós estávamos flertando!
— Mas a culpa não é minha se você não me reconheceu, vou repetir: eu sou famoso pra caramba! Aliás, como descobriu? — Seu tom mudou bruscamente.
— Eu vi na TV, que você vai estar aqui…
— Ah… entendi. Eu queria contar pra você. Foi m*l. Você tá bravo?
Jimin perguntou, notando que o Min estava calado. Yoongi seria a primeira pessoa a ficar irritado por descobrir que ele era um idol e, ainda mais, por quem Jimin se deu o trabalho de contatar.
Yoongi pensou por um instante, nem sabia o que dizer ou como reagir.
— Eu não fiquei bravo. Só fiquei nervoso. O que é isso? Minha vida virou um filme?
Ele ouviu a risada suave do outro e acabou sorrindo também.
— Na real, Yoongi? Você é um produtor musical. Não quero ser prepotente, mas eu estou no auge. A Coreia inteira me conhece e, mesmo se não conhecesse, é o seu trabalho.
O que o Min poderia dizer? Escondeu a parte da vida dele que tinha que trabalhar numa fábrica e fazer mais alguns b***s dobrados porque tinha que suprir sua casa e seu filho. Estava mais afastado do cenário da música do que nunca.
— Ok, foi falta de atenção da minha parte. Eu só não estou acostumado a ouvir canções como as suas.
— Eu vou tomar isso como uma ofensa e te obrigar a sair comigo para se desculpar — disse o idol, mas estava tranquilo. — Você ainda quer sair comigo?
— Eu não sei… Jae— quer dizer, Jimin, eu não sei como funcionam essas coisas…
— Deixa tudo comigo, ok? Só não fala pra ninguém. Eu vou arrumar tudo. Ou melhor, minha equipe vai.
Yoongi não conseguiu ficar muito feliz com aquilo, mas queria vê-lo também.
— Podemos fingir que eu sou um cara normal? Sabe, como estávamos fazendo nessa semana?
— Eu achava que você era um cara normal! — Yoongi retrucou. — Mas… tá. Vamos nos ver no final de semana. Eu já tinha organizado tudo mesmo.
— Vou me preparar, então. Yoongi.
— Hm?
— Obrigado.
— Pelo quê?
— Por ter ficado comigo por querer, e não por eu ser um idol.
Yoongi coçou a orelha, agradecendo pelo outro não poder vê-lo naquele momento.
— Não precisa me agradecer por isso. Você é bonito e muito interessante. Quer dizer… as coisas que me disse não eram mentira, né?
Jimin riu.
— Não. Aquele é o meu verdadeiro eu. Só não conte isso pra ninguém.
Mais uma vez aquela frase e Yoongi concordou, depois desligou o telefone.
Famoso ou não, aquela era uma máxima em sua vida. Ele não contaria a ninguém, porque Jimin também não falaria dele. Um encontro, era apenas isso, como sempre. E tudo bem para ele.
Yoongi despistou os dois amigos do assunto sobre o idol dizendo que tinha que estar por dentro do que estava fazendo sucesso no mercado, mas ainda estava receoso de acabarem descobrindo.
Quando o final de semana se aproximou, Jimin enviou para ele algumas instruções de como e onde se encontrariam. Era um bocado burocrático, para falar a verdade, mas ele entendia o motivo. Um carro o buscaria em um ponto de encontro, levaria o moreno até um hotel chique, onde encontraria o idol, e depois o levaria de volta, para um ponto diferente do que tinha saído.
Pensou que era cansativo para o idol aguardar e ter que fazer tudo aquilo sempre que queria ficar com alguém, mas era seguro para Jimin, ele conseguia ver.
Sendo assim, levou YeJun para brincar com o arco e se divertiu bastante também enquanto aprendia junto com o filho. Eles não eram tão ruins, mas Yoongi tinha mais facilidade por ser maior.
YeJun estava cansado, mas satisfeito, quando voltaram para o restaurante. Ele sentiu seu peito pesar quando viu o menino correr para a sala de descanso, seguindo-o para falar com Namjoon.
— Yoon — o Kim mais alto o chamou, exibindo suas covinhas em um sorriso. — O movimento não está muito alto. Eu vou ficar aqui com ele e Jinie vai cuidar das mesas. Aproveita. Não se preocupa com o pestinha.
— Não fala isso do meu filho — resmungou, mas suspirou. — Eu me sinto um pouco culpado toda vez que faço isso.
— Você é adulto, para de palhaçada. É só um tempo pra você. Não tem nada de mais nisso. Vai logo, inclusive.
— YeJun — Yoongi chamou o menino que já estava na poltrona reclinável, então andou até ele. — Comporte-se, ok? Eu não vou demorar.
— Pode demorar, pai. Tio Jin disse que eu posso ver Batalhas Estelares 1,2 e 3 com o Heitor. Ele vem pra cá daqui a pouquinho.
Heitor era amigo de YeJun, filho de cliente frequente do restaurante e eles sempre passavam algum tempo juntos.
— Falando assim, parece que não se importa se eu for embora, já que tem o seu amigo.
— Eu já brinquei bastante com você hoje. Agora você vai fazer suas coisas de adulto com seu amigo e eu vou ver Batalhas Estelares com o meu. Precisamos do nosso espaço individual.
— Ah! Certo, então. Já estou indo. — O moreno deu um beijo nos cabelos do garoto e sorriu. — Te vejo depois.
— Posso pedir um milkshake pro tio Jin?
— Sim, eu p**o quando voltar. Até logo.
YeJun acenou para o pai, vendo-o passar pela porta.
Não sabia qual era o amigo que estaria indo ver, mas tinha visto o pai falar com alguém no telefone a semana toda. Não parecia ser algum amigo qualquer, porque Yoongi estava realmente animado com aquele passeio, então YeJun não queria atrapalhar de jeito nenhum.
Heitor passou pela porta da sala de descanso e eles tocaram as mãos de forma sincronizada, algo que tinham inventado entre eles.
— Vi seu pai saindo. Você vai ficar aqui, hoje? — o menino perguntou, vendo YeJun assentir.
— Ele vai sair com um amigo.
— Meus pais sempre fazem isso, mas eu fico com a babá. É legal, ela me deixa comer sorvete se eu não contar que ela comeu também.
YeJun riu, sentando novamente e ligando a TV para dar início a sua sessão de filmes.
[?]
Yoongi apertava as mãos entre as pernas, nervoso. Estava sentado no banco de trás de um carro completamente peliculado e já se arrependia, achando que nunca mais voltaria para casa, YeJun cresceria em um orfanato e nunca mais seria feliz sem saber o que houve com seu pai.
— Senhor Min, peço que tenha discrição ao subir para o quarto. Aqui está a chave.
O homem que dirigia entregou a ele um cartão, com um número escrito em uma fonte enfeitada demais.
— É-é só isso? Só subir?
O homem assentiu.
— Senhor Park está esperando você há algum tempo. Por favor, seja discreto.
— Ok — Yoongi murmurou e respirou fundo quando entraram no estacionamento.
Aquilo era assustador e ele se perguntava se a f**a valeria a pena.
Subiu pela saída de emergência e depois de apresentar sua chave para a recepcionista, pegou o elevador. Suas mãos suavam, assim como a pele por baixo da jaqueta que havia escolhido.
Ele tinha se arrumado mais do que normalmente fazia. Não sabia se queria impressionar ou, quem sabe, chegar à altura de que Jimin era.
Andou pelo corredor e viu um segurança parado perto de uma porta. Ok, aquilo não seria legal.
— Preciso checar sua identidade antes de deixar a porta do quarto, senhor Min. É apenas o protocolo.
Yoongi engoliu em seco e entregou sua identidade para ele. O homem confirmou e sorriu, abrindo espaço.
— Senhor Park está aguardando.
O moreno demorou para voltar a caminhar, mas o fez. Não sabia se devia bater, então apenas colocou o cartão na porta. Afinal, se tinham entregado a ele, era por esse motivo.
O quarto estava pouco iluminado, mas não ao ponto de ficar escuro. A música ambiente tocava ao fundo e ele reconheceria quem a havia feito se não estivesse tão nervoso.
— Oh. Você chegou. —A voz de Jimin o alcançou e ele virou para a esquerda, vendo o idol se aproximar, apenas de roupão, com os cabelos ainda úmidos e com uma taça de vinho na mão. — Espero que o trajeto não tenha estragado o clima. Eu sei, é um saco. — Jimin sorriu e apontou para a cama com a cabeça.
Yoongi ainda estava desnorteado, era bem verdade. Sentia que estava indo ali para fazer um programa, não remunerado, ainda por cima.
— É estranho. Fiquei um pouco assustado — disse, mas andou para perto do loirinho.
Jimin se sentou na cama e pegou um envelope de cima dela.
— Antes de tudo… eu não queria ter que dar isso a você, mas é questão de segurança, você sabe. É mais para a empresa do que para mim.
Ele entregou o envelope e Yoongi o observou, tirando o documento de dentro enquanto Jimin bebia um pouco mais de vinho.
— Um termo de confidencialidade.
— Uhum — o idol resmungou. — As pessoas… meus fãs, todo mundo. Ninguém pode saber que estivemos juntos.
Yoongi já esperava por aquilo, mas ter um daqueles em suas mãos era bem bizarro e não estaria acreditando se o não visse.
— Desculpe. Isso estraga toda a situação, não é? — Jimin sorriu, triste e envergonhado.
Yoongi olhou para ele, notando os traços conhecidos pelo mundo todo bem à frente dele, só que de uma maneira diferente. Jimin havia pedido para que o tratasse como um cara normal e parecia se sentir m*l por não conseguir aquilo.
— Você tem uma caneta aí ou vou ter que cortar meu dedo e deixar minha digital?
O idol riu, adorava quando Yoongi falava aquele tipo de coisa de repente. Pegou uma caneta da mesinha de cabeceira e entregou a ele.
— Fico feliz por você ter aceitado minha proposta — disse, ansioso, olhando para o Min. Ele estava gostoso, bem arrumado, e parecia mais bonito do que quando ficaram na praia naquele dia.
— Eu tenho algo a dizer.
— Hm?
— Ninguém pode saber, tudo bem. Mas… como eu devo tratar você? Eu aceitei sair com um cara comum, não com um idol.
Jimin meneou a cabeça, um pouco confuso.
— Não entendi a diferença.
Yoongi tirou a jaqueta, tentando ser mais confiante do que realmente estava naquele instante. Tirou a taça da mão de Jimin e a deixou sobre a mesa.
— Estávamos combinando de sair, como dois caras normais. Eu chego aqui e você está como uma diva, uma madame, esperando por alguém que vai colocá-lo em um pedestal.
Jimin riu, vendo-o colocar as mãos no quadril e seus olhos foram imediatamente para o peitoral robusto do moreno. Ajoelhou-se na cama, tocando o abdômen sobre a camiseta branca de algodão simples e olhou para Yoongi, com todo o charme que tinha em seu rosto atraente.
— Não quero que me coloque em um pedestal, nem estou aqui como idol. Pode me chamar até de Jaemin, se quiser. Só quero continuar o que começamos naquela praia. — Ele umedeceu os lábios, puxando a camisa de Yoongi, que segurou o rosto dele. — Foi o que combinamos, não foi?
Yoongi assentiu, fixando o olhar na boca dele, que sorria travessa enquanto seus dedos desabotoavam sua calça.
— Não se faça de rogado… eu sei que você quer isso tanto quanto eu.
Jimin estava e******o, quente de apenas vê-lo. Quando Yoongi o beijou, só aumentou o desejo dentro dele. Tinham que continuar aquilo. O Min sabia como jogar com ele e teria ido até o fim naquela noite mesmo.
O idol tomou o controle, jogando-o na cama e subindo no colo dele. As mãos de Yoongi alcançaram sua b***a e ele sorriu, satisfeito. Até ali, tudo estava indo como ele planejava.
Jimin desatou o nó do roupão e se mostrou nu, como um bebê. Tão sem vergonha que Yoongi ergueu um canto de seus lábios em um meio sorriso.
— Não vamos perder tempo dessa vez — falou, puxou o idol para colar seu corpo no dele.
Horas mais tarde, Yoongi entrou no restaurante e Seokjin olhou para ele já com um sorriso jocoso.
— Olha só quem voltou… pela demora, deve ter sido bom.
— Acabei me atrasando um pouquinho. Onde está YeJun?
— Na sala ainda. Heitor foi embora, mas ele adora aqueles alienígenas. Como foi? Deu pra tirar o atraso?
Yoongi olhou para os lados.
— Sério? Aqui? Não vou falar da minha vida s****l no balcão de um restaurante.
Seokjin soprou uma risada e tocou seu ombro.
— Não precisa dizer nada, dá pra ver como você está levinho, levinho.
Yoongi pigarreou e deixou que o amigo se afastasse para se recompor e ir buscar o filho.
Voltou para casa e YeJun estava falando sobre como foram suas horas na sala de descanso da cafeteria quando também quis saber sobre o dia do pai.
— E o seu amigo? Ele é legal?
— A-ah. Sim, muito.
— Eu vou conhecer ele?
O menino estava ajudando a tirar a louça do jantar.
— Acho que não — disse Yoongi, num tom mais decepcionado. — Ele não mora aqui. É de Seul.
— Uh… deve ser difícil de visitar.
— É sim.
A conversa não passou daquilo, mas Yoongi foi se deitar com as bochechas quentes ao pensar que talvez nunca mais visse Jimin, pelo menos não pessoalmente.
Porém, teria apenas para si os momentos de gemidos arrastados e de sorrisos cúmplices enquanto conversavam durante a transa. Aquele Jimin, ele duvidava muito que todas aquelas pessoas que o acompanhavam poderiam ver.
Não sabia se o idol ainda ligaria. Quem sabe se falassem de tempos em tempos, mas aquela experiência era única na vida.
Talvez ele contasse a YeJun, quando o garoto tivesse idade o suficiente e Jimin já não fosse mais tão famoso.
Seria uma boa lembrança.
[?]
YeJun olhava para o pai, vendo Yoongi manter seus olhos na panqueca, mas já sentia o cheiro de queimado. Ele não ligaria se fosse a primeira vez que acontecesse, mas naquela semana seu pai estava bem desatento.
— Vai queimar de novo — falou e Yoongi piscou rapidamente, virando a panqueca e praguejando baixinho. O garoto o viu descartar a panqueca queimada e colocar mais massa na frigideira. — Pai, tem alguma coisa pra falar pra mim?
— Me desculpe por queimar as panquecas, eu não sei o que tem acontecido comigo.
Yoongi não parava de pensar em Jimin, esse era o problema. Desde que se encontrou com o idol, Jimin ainda não tinha retornado para ele, nem mesmo mandado uma mensagem.
— Não tô falando disso — YeJun insistiu. — Você tá assim desde que saiu com aquele amigo. Vocês brigaram? Você parecia feliz quando voltou de lá. É algum problema do trabalho?
Falar de um encontro secreto com seu filho não estava na sua lista de prioridades matinais, mas YeJun não largaria o osso, ele tinha certeza. O menino era muito bom em descobrir o que queria.
— Não, não é nada disso. Não precisa ficar preocupado, tudo bem? — Yoongi se sentou ao lado dele e sorriu. — É só bobagem — completou, com um sorriso. — Agora come, eu preciso te levar pro colégio.
YeJun assentiu, mas Yoongi estava enganado se achava que ele tinha desistido.
No meio da semana seguinte, Yoongi estava em sua pausa no trabalho quando uma mensagem surgiu em seu celular. Era Jimin, para a sua surpresa. Ele estava perguntando se podia ligar e Yoongi aproveitou, ainda sem acreditar, para dizer que sim, ele podia.
— Antes de qualquer coisa — ele ouviu a voz macia do idol —, eu juro que não estava te dando perdido. — Uma risada e ele amoleceu, enfiando a mão livre no bolso.
— Eu não estava esperando — Yoongi respondeu, mesmo que soubesse que aquilo era mentira.
— Oh, sério? Devo desligar, então?
Yoongi sorriu, limpando a garganta.
— Como você está?
Jimin suspirou.
— Cansado, com uma agenda lotada, mas principalmente, querendo te ver de novo.
— Me ver? — Yoongi sorriu mais largo, contente por Jimin não poder vê-lo ali. — Achei que você nem entraria mais em contato comigo.
— Pois é, normalmente eu não entraria, mas… como eu posso dizer? Nosso encontro foi… um tanto inusitado.
— Vou tomar isso como um elogio — disse e riu.
— Mas é verdade.
— Eu fico feliz então, de ter te impressionado.
— Mais que impressionado, eu fiquei chocado com a sua desenvoltura.
— Então é por isso que quer me ver de novo? — Yoongi falou sem pensar, repreendendo-se no mesmo instante.
— Também, mas você é muito tranquilo, Yoongi. Acho que podemos nos dar bem.
— Você quer repetir a f**a.
— É, eu quero. — Jimin riu, não tinham que mentir para ninguém. — É difícil pra mim, achar alguém que seja discreto e queira o mesmo que eu, tenha um pouco de empatia.
Yoongi mordeu o lábio, pensando. Ele também tinha gostado de estar com Jimin e, francamente, era melhor ter um parceiro fixo e ainda não ter que apresentá-lo para YeJun.
— Tudo bem, vamos marcar então.
— Você tá falando sério?
— Sim, por que não?
— Pode ser essa semana? Você pode vir pra Seul, eu arrumo tudo, p**o a passagem e—
— Não, isso eu não posso. Desculpa, mas não tenho como ir para outra cidade. Eu trabalho aqui, então…
— Fácil! Eu encontro um job pra você.
— O quê?!
— Isso é fácil para quem trabalha na minha área. Eu tenho muitos contatos, de todo tipo que você quiser.
— Não, você não entendeu… eu não posso ir.
Jimin suspirou alto.
— Eu só vou estar em Daegu no final do mês.
— Ótimo. Nós podemos nos ver no fim do mês.
O idol riu e resmungou algo.
— Tudo bem. Ok. Você venceu. Eu vou até Daegu de helicóptero. Espero que você faça melhor que da última vez.
Yoongi escutou a ligação sendo cortada e soprou uma risada. Ele estava falando sério?
Voltou ao trabalho bem mais animado, assim como voltou para o restaurante e depois para casa.
YeJun, no entanto, não deixou de notar a mudança de humor e ele não era bobo, ele sabia do que aquilo se tratava. Yoongi podia não dizer, mas aquela felicidade só podia ser uma coisa: seu pai estava apaixonado.
[?]
Yoongi sentiu o corpo de Jimin rolar para o lado, saindo de cima dele.
— Eu ainda não acredito que você veio mesmo — disse, respirando cansado. Um sorriso continuava em seu rosto e ele se refletia no de Jimin, que afastava o cabelo suado de sua testa.
— Por quê? Eu disse que vinha. Park Jimin não quebra promessas. Eu tenho uma reputação a manter.
— Ah, eu vi sobre isso. O idol com melhor reputação. Eles sabem que você viaja de helicóptero só pra t*****r?
Jimin riu, olhando para ele.
— Ei, cala a boca! Pra eles, eu não transo.
— Eu também vi sobre isso. Faz tempo que não namora…
— Você estava pesquisando sobre mim?
Yoongi deu de ombros, mas Jimin virou de bruços, de modo que conseguisse olhar para ele.
— Curiosidade.
— Estou nu na sua frente. Você pode perguntar e ver bem mais do que o que tem no Google.
— Mas não é arriscado pra você? Sabe, me falar sobre o que ninguém sabe.
Jimin assentiu. Era sim, mas quando ele estava com Yoongi, gostava de ser ele mesmo.
— É só que aqui eu posso ser o Jimin de verdade.
— Existe um falso?
— Um perfeito, o que sobe aos palcos. — Jimin se ergueu, ficando sobre o corpo de Yoongi novamente. — Eu gosto de ser o Jimin que sobe em você — disse, e beijou os lábios de Yoongi novamente, sem quebrar seu contato visual com ele.
Eles funcionavam bem, conversavam muito. Era um alívio ter nele aquele tipo de convívio.
Não foi a única vez e nem a última vez que se encontraram. Jimin sempre dava um jeito de ver Yoongi quando estava em Daegu e de falar com ele quando estava em outros lugares.
Sempre que se encontravam, o fogo era inegável, mas também tinham uma ligação e proximidade fluida, natural e crescente.
Yoongi passava despercebido em meio a tantos staffs, mas não passava despercebido a YeJun, que agora tinha ainda mais certeza de que algo estava estranho.
Estava ficando mais vezes com Seokjin e Namjoon, pois pelo menos três vezes ao mês, seu pai saía, e ele não sabia para onde.
Ficou animado, no começo, pois achava que ele estava apenas saindo com alguém, mas depois começou a se sentir excluído. Ele queria conhecer quem o pai estava vendo e ele sabia que estava, pois sempre o pegava rindo para o telefone ou falando num tom mais baixo para que ele não escutasse.
— Quando vai me dizer com quem está se encontrando? — perguntou, quando estavam saindo do restaurante, num dia em que o Min tinha saído com Jimin.
— Com meu amigo, eu já disse.
— Pai — YeJun chamou, tirando sua mão da dele e parando ao seu lado. — Eu vou ficar chateado se continuar tentando me enganar.
Yoongi olhou para ele, com as sobrancelhas altas.
— Não estou enganando você.
— Você tem uma namorada?
— Não.
— Um namorado?
— Jun. Eu não estou namorando ninguém. Você tá chateado por eu estar saindo com meu amigo?
— Não, eu só queria que parasse de mentir pra mim.
Suas bochechas estavam vermelhas e Yoongi se deparou com um olhar duro vindo do garoto.
Tecnicamente, Yoongi não podia mesmo contar para ele quem estava vendo. Ele tinha assinado um contrato de confidencialidade.
O homem se abaixou, ficando mais perto e à altura de YeJun.
— Não estou namorando com ninguém. Estou falando a verdade. Não queria te deixar chateado, mas nós conversamos e você disse tudo bem que eu saísse sozinho de vez em quando.
YeJun crispou os lábios, pensando. Algo não estava certo.
— Quando ou se eu começar a namorar, você vai ser o primeiro a saber, tudo bem?
— Tá falando a verdade?
Yoongi ergueu o mindinho para ele.
— Tô fazendo uma promessa. Se eu namorar, você vai ser o primeiro a saber. Vou apresentar a pessoa pra você antes de todo mundo.
O garoto olhou para ele mais uma vez e sorriu, segurando seu mindinho com o dele.
— Agora vamos pra casa, tá ficando meio frio.
Yoongi abraçou o filho e eles correram para o metrô.
[?]
— Precisamos falar do rapaz com quem você está se encontrando — o produtor entrou na sala e Jimin ergueu os olhos de sua comida para ele.
— Não pode esperar eu terminar de comer?
O homem sentou na frente dele e o idol revirou os olhos. Nunca tinha privacidade.
— Tem três meses que vocês tem se encontrado.
— E daí?
— E daí que eu preciso saber se isso está se encaminhando para algo mais.
Jimin negou, tomando um pouco d'água em seguida.
— Eu gosto de conversar com ele. Me traz contato com a normalidade. E ele transa bem, é divertido, é leve. E não se importa com o fato de eu ser um idol.
O produtor ergueu uma sobrancelha.
— E você acha que não tem nada de mais?
— Não tem. Ele é legal, mas… é só isso, ok?
— Se está dizendo… lembre-se dos problemas que tivemos da outra vez.
— Como esquecer?
O homem saiu, deixando Jimin sozinho.
Jimin não tinha se apaixonado por muitas pessoas em sua vida. Ele estava sempre viajando e trabalhando, então na maior parte do tempo estava sozinho.
Tinha seus casos secretos, de uma noite e nada mais, com fãs, com famosos, mas nada mais do que isso.
Ele quase não tinha amigos também e Yoongi parecia ser a junção de quase tudo. Ele só não estava apaixonado.
Pegou o telefone e mandou uma mensagem, que foi logo respondida, fazendo-o sorrir para a tela. Yoongi estava sempre ali para ele e gostava disso.
Dias mais tarde, encontrava-se mais uma vez com o moreno. Desta vez, num restaurante previamente agendado. Só estavam os dois ali e Yoongi estranhou.
— O chef daqui é muito bom, foi o que me contaram. Eu estava louco para conhecer o lugar e calhou de ter um dia vago hoje — Jimin explicou.
— Você me ligou em cima da hora, fiquei um pouco surpreso.
— Ah, é que eu não posso comer com outras pessoas aqui, então… eu ia acabar jantando sozinho num restaurante fechado. Sinto muito se atrapalhei seus planos.
Yoongi olhava para ele, tentando ler suas expressões.
— Não tem problema. Você parece cansado. Não tem dormido bem? — perguntou, e o prato foi servido, assim como o vinho.
— Hm, pra falar a verdade, não. Eu tenho gravado muitas coisas. Programas, os videoclipes. Tem os ensaios, a academia…
— Você lida com tanto. Eu já teria mandado tudo pro espaço.
Jimin riu, vendo Yoongi sacudir seus ombros levemente.
— Estou acostumado.
Ele observou Yoongi comer, encantado, nunca tinha experimentado aquele prato. Jimin gostava da companhia dele e começava a se perguntar se seu produtor estava certo em ficar com medo do que ele pudesse sentir pelo moreno, pois eles estavam jantando agora e Jimin estava feliz e confortável com isso.
— O que foi? Fiz algo errado? — o Min perguntou quando notou que Jimin estava parado, apenas encarando.
O idol balançou a cabeça, negando.
— Não. Desculpe. Acho que desliguei por um instante.
— Oh. Tudo bem, relaxa.
Jimin retomou a conversa até que ambos terminaram. Deixou seus agradecimentos ao chef e pediu gentilmente que não falasse nada de mais caso fosse questionado sobre sua passagem por ali.
Yoongi se despediu, para deixar o restaurante antes do idol, pela porta de trás, mas antes de sair, Jimin pediu que ele esperasse e lhe deu um beijo.
Os lábios já encaixavam tão bem, assim como seu corpo já reagia automaticamente ao jeito que Yoongi o tocava. As mãos na sua cintura, a intensidade do aperto. Era tudo muito conhecido para ele.
Jimin estava voltando para o hotel quando foi cercado por fotógrafos em diversos carros. Não sabia como tinham conhecimento de que ele estaria naquele restaurante, mas não era a primeira vez que acontecia.
Yoongi chegou em casa, mas só soube do acontecido no dia seguinte, pelo jornal. Ligou para o idol, mas Jimin não atendeu. Achou mais seguro esperar o contato do idol, mas mesmo depois de uma semana, o contato não veio.
[?]