— Então, Yoongi… — Seokjin começou dizendo. — já tem algum tempo que você tá saindo com frequência, não vai nos contar nem o nome do consagrado?
O Min suspirou, rabiscando seu bloco de papel, onde tentava organizar uma letra para uma nova música.
— De quem você está falando?
— O cara da praia, o que você tem visto.
Yoongi crispou os lábios, desistindo de se concentrar naquele instante e olhou para o amigo.
— Não falo com ele tem um mês, eu nem sei o que tá acontecendo.
— Você tentou ligar?
— Tentei tudo, mas ele parece ter trocado de telefone.
— E agora?
— Agora… eu não sei — disse e suspirou mais uma vez. — Não fiz nada de errado, a última vez que nos vimos ele me beijou de uma forma diferente… eu não sei.
— Um beijo de despedida?
O moreno olhou para ele e pensou um pouco. Foi diferente, isso era fato. Jimin tinha sido calmo, mas demorado e quando se afastaram, o idol demorou a quebrar o contato dos olhares.
— Você acha?
— Eu não sei, foi você quem o beijou — respondeu Seokjin. — Você falou sobre o Jun pra ele?
— Ainda nem tinha dito nada… talvez ele só perdeu o interesse — falou baixo, não era uma possibilidade distante. — Eu não sei, de verdade.
— Bom, pelo menos você não estava apaixonado, né?
Yoongi negou com a cabeça.
— Não. Não estava.
— Menos m*l — falou o Kim, com certo alívio e voltou a secar os copos.
YeJun ainda estava na sala de descanso, assistindo filme, então ele olhou mais uma vez o celular, na conversa com Jimin, mas o idol não recebia mais suas mensagens. Ele poderia ao menos ter se despedido, ou qualquer coisa assim, ter dito um “obrigado”.
Yoongi resolveu deixar aquilo para lá, mas sempre que estava vendo a TV ou as notícias nas redes sociais, Jimin aparecia de um jeito ou outro. E mais, ele foi pego de surpresa quando ouviu a voz do idol dentro da própria casa.
Tinha avisado YeJun que iria limpar a casa e o filho concordou em ficar na sala enquanto isso, mas Yoongi não confundiria o timbre angelical de Jimin, não depois de ouvi-lo pessoalmente e passar aquelas horas com ele.
YeJun estava na frente da TV, imitando a coreografia de um videoclipe que Jimin estrelava. Ele já tinha parado para observar o trabalho do Park depois de saber quem ele era e até já tinha conversado com Jimin sobre isso. O idol era muito bom e merecia a fama e o sucesso que tinha. O programa era ao vivo e Jimin parecia bem, como sempre. Ele era ainda mais irresistível quando estava todo arrumado.
No entanto, vê-lo ali, na sala de sua casa, quando estava um bom tempo sem vê-lo, fez seu peito apertar. YeJun pulava animado, imitando o rebolado e as expressões que Jimin fazia quando estava no palco, então sorriu. Se ele soubesse…
— Você gosta dele? — perguntou, vendo o menino virar, mas logo continuar a seguir a coreografia.
— Todo mundo gosta, ele é o Jimin!
Yoongi balançou a cabeça e voltou ao trabalho, é claro que todo mundo gostava.
Pegou seu telefone outra vez, mas nada havia chegado. Era hora de deixar aquilo para trás e seguir em frente.
[?]
Jimin voltou para o camarim, procurando mais uma garrafa de água e sentando na cadeira acolchoada.
— Meu deus, por que está tão quente lá fora?! Desse jeito eu vou derreter! — reclamou, o que vinha fazendo por dias a fio.
A folga na praia foi a última que conseguiu e sem suas escapadas com Yoongi, o idol estava irritado e frustrado.
Os fotógrafos quase conseguiram pegar algum momento deles no restaurante e ele sofreu uma advertência do produtor por estar se arriscando demais. Foi aconselhado a ficar mais quieto e não entrar em contato com o Min até que esquecessem aquele momento, e depois, que escolhesse outras pessoas quando quisesse se aliviar.
O problema era que Jimin não precisava apenas se aliviar. Ele queria ter alguém para conversar, alguém o ouvisse, que o entendesse sem se deslumbrar por ser “ele”.
Antes de um sexo casual, queria ter um parceiro, uma pessoa com quem poderia contar sobre seu dia, esvaziar a mente, contar piadas bobas, alguém com quem pudesse ser ele mesmo, sempre que fosse preciso.
— Quantas fotos mais eu preciso tirar?
— As fotos não estão boas porque você não está concentrado — o produtor repreendeu. — Sério, Jimin. Está levando o dobro do tempo necessário. Você normalmente usa a metade. — Jimin fez um biquinho. Ele não podia nem se dar o luxo de ficar chateado. — Se você está estressado pelo que houve com os fotógrafos, se acalme, não é a primeira vez e vai passar.
Ele concordou, mas estava sentido por não poder entrar em contato com Yoongi. Já havia passado um mês e ele nem sabia como o moreno estava.
Jimin queria mais uma vez ouvir sua voz, trocar uma ideia com ele e provar dos seus beijos. Yoongi era simples, no meio de toda a complexidade que era a sua vida.
O idol não podia fazer nada que não fosse programado, nem mesmo conseguia ir ao parque para uma corrida sem ser abordado por fãs. Ele os amava, é claro, mas a invasão de privacidade era um preço muito caro e algo que todos os cidadãos, inclusive ele, deveriam ter.
Jimin conversou com seu produtor sobre contatar Yoongi novamente, para pelo menos explicar o que tinha acontecido e depois de muita conversa, ele conseguiu. Estava sozinho em seu quarto quando conseguiu fazer o telefone de Yoongi tocar. Naquele horário, deveria estar em casa, mas ouviu o ruído de muitas conversas por trás da voz do moreno.
— Oi, hyung, sou eu — disse, sorrindo automaticamente e podia jurar que sua voz estava diferente, mais calma, refletindo a paz que Yoongi trazia para ele.
— Jimin? É você? — Yoongi murmurou de volta. — Achei que não ligaria mais.
— Sinto muito por isso… as coisas ficaram complicadas com os agentes da empresa e eu precisei me afastar.
— Você está bem?
Jimin sorriu, ele sempre perguntava.
— Estou melhor agora que posso ouvir você.
Yoongi saiu do restaurante, andando até perto de um outro prédio, onde estava mais calmo. O Min havia acompanhado as notícias daquele dia. Jimin foi seguido pelos fotógrafos até a entrada da empresa e mesmo quando ele deixou o veículo, conseguiram imagens, apenas para saber se ele estava ou não acompanhado.
O dono do restaurante também foi questionado, mas ele negou que Jimin estivesse ali com mais alguém. Para o mundo, Jimin esteve naquele lugar para jantar sozinho.
De certa forma, era um alívio, pois logo o deixariam em paz, mas para Yoongi, era como receber um alerta de que sempre seria como um fantasma.
— Que bom que está bem. Isso é o que importa.
— Eu queria pedir desculpas, na verdade… A minha vida é esse caos… não queria ter levado você para o centro disso.
Ele não esperava que fossem se ver tantas vezes, essa era a verdade e Yoongi também sabia que não deveria estar ao lado dele.
— Está tudo bem, não se preocupe. Jimin, eu entendo. E também, não me viram, não se seguiram, não aconteceu nada. Então relaxa, ok?
— Eu vou tentar… — respondeu, mas daquela vez não se animou por ver Yoongi tão despreocupado.
Um silêncio se fez entre eles e o Min olhou para a tela, pensando que ele poderia ter desligado, mas Jimin ainda estava ali, apenas esperando ou somente tentando manter aquele contato.
— Então… — Yoongi retomou a fala. — Vi que vai viajar de novo. Los Angeles, sério? Você deve estar animado.
Ele finalmente riu e Yoongi se deu por satisfeito.
— É… vou ficando um tempo longe da Coreia, então… eu não vou poder te encontrar.
Nem falar, nem ligar, nem ouvir, nem beijar. Jimin suspirou, às vezes, ter a vida que tinha era muito doloroso e complicado.
Yoongi, por outro lado, estava pensando em como aquilo era difícil para Jimin, mas além disso, pensou no que poderia ter acontecido se os tivessem visto.
Jimin já esteve com uma pessoa por um período curto de tempo, ele havia contado, uma atriz de dramas. Quando descobriram sobre o caso, a jovem recebeu tantos comentários negativos que não aguentou, estava sendo atacada demais. Ela sofria ameaças frequentes e decidiu terminar o namoro de três meses com o idol. Eles ainda estavam se conhecendo, mas aquele curto período foi tão pesado e estressante que ela precisou se afastar do trabalho.
Yoongi pensou em como seria se Jimin fosse visto com um homem. Aquela questão ainda estava sendo inserida no centro tradicional das famílias coreanas. Não era mais tão escasso, mas ainda não era bem visto, principalmente por um idol que era a “cara” da Coreia para os outros países.
Em seguida, vinha o assédio que seria direcionado a ele, e por consequência, a YeJun.
Ele, particularmente, não se importava com comentários. Era uma pessoa que não tinha medo de ser odiado, porém YeJun era uma criança e o que quer que visse ou ouvisse sendo falado ao pai, poderia magoar ou assustá-lo. Isso se não acabasse respingando também sobre ele.
E aquilo era algo que Yoongi não permitiria, ainda que gostasse de Jimin.
Era melhor cortar aquele laço antes que se fizesse mais sólido, quando ainda tinha tempo de desatar.
— Bom, eu espero que dê tudo certo, então. Você merece. Eu vou estar torcendo por você — disse, tentando se manter impassível, mas sua mão estava gelada e seu coração batia rápido.
Jimin piscou algumas vezes ao ouvir aquilo. Ele sabia como terminava e aquela era a deixa, mas nunca havia sido tão difícil.
— Eu… só quero te agradecer. Por ter aceitado ficar comigo. E sinto muito, de novo, por tudo isso…
— Não precisa se desculpar, Jimin. É a sua vida.
Yoongi dizia aquilo para si mesmo também, mas apertava o celular firmemente junto à orelha.
— Tudo bem, eu… vou desligar.
— Ok.
— Obrigado, hyung. Por tudo.
Yoongi queria respondê-lo, mas estava engasgado.
Jimin aguardou alguns segundos e desligou. Estava no chão do quarto, sentado com as costas apoiadas na cama. Um suspiro cansado deixou seu peito e ele conteve a vontade de chorar. Tinha que estar acostumado, alguns privilégios não cabiam a ele. Amar alguém era um deles.
Yoongi voltou para o restaurante e YeJun olhava em sua direção, ele forçou um sorriso, mas o garoto apenas o observava.
YeJun gostava de pensar que era um espião. Ele passou os últimos meses acompanhando todo o movimento do pai na tentativa de descobrir quem era a pessoa com quem ele estava saindo, mas nem Jin e nem Nam sabiam também.
No mês em que estavam, Yoongi tinha deixado de sair com o tal amigo e YeJun notou que também estava mais calado. Mesmo durante as atividades que faziam, Yoongi parecia bem desanimado.
— Você estava chorando? — perguntou, quando o pai se juntou a ele, numa das mesas.
— Não. Por que eu estaria?
— Sua cara tá vermelha, igual quando chora quando eu estou doente.
— Yah! — disse, e apertou a bochecha do filho que reclamou. — Não pode ficar dizendo isso desse jeito.
— Você tá estranho. Tem a ver com seu amigo?
Yoongi deu uma olhada pelo ambiente, tentando desviar a sua atenção daquele assunto.
— Por que teria alguma coisa a ver com isso?
— Porque faz tempo que você não sai com ele — falou, olhando para o moreno, que finalmente olhou em seus olhos. — Você saía com ele e voltava alegre, agora você não sai e tá triste. Vocês brigaram.
— Nós não brigamos.
— Ele morreu?
— Quê?! Não, Yejun… Ele só está trabalhando e eu também.
— Onde ele trabalha? Se ele não tiver folgas, avise que é exploração.
Yoongi riu dele, mas lhe deu algum crédito pela observação.
— Você estava me espionando esse tempo todo?
YeJun deu de ombros.
— Você é uma pessoa muito fácil de ler, pai. Bem que o tio Jin disse.
— O que o tio Jin disse?
— Que quando quer saber algo sobre você, ele só olha pra sua cara.
— Seu tio Jin fala demais.
— O tio Nam fala isso também.
Yoongi roubou uma das batatinhas dele e enfiou na boca.
— Não precisa se preocupar. Meu amigo e eu estamos bem. Ele só veio um tempo pra cá, então provavelmente não vamos nos ver de novo.
No entanto, suspirou cansado. Se percebesse que o pai continuaria daquele jeito, ele pensaria em fazer algo, pois no momento, ele ainda tinha lição de casa.
[?]
Jimin estava na América do Norte há duas semanas, promovendo seu último álbum lançado e aproveitando para fazer novas parcerias com artistas Norte-Americanos.
Na maior parte do tempo, ele conseguia manter a aparência de idol impecável que sempre estava feliz, sorridente e perfeito, mas quando estava sozinho, ele desabava.
Jung Hoseok era o único de seus produtores que ainda se importava com o seu bem-estar, sendo assim, quando o idol aparentava estar muito desgastado ou estressado, este pedia para que dessem uma pausa e algumas horas de descanso.
— Eu não sei por quanto tempo mais vou aguentar — falou, enrolando-se na cama.
— Você sempre aguentou, Jimin — o Jung respondeu. — Mas alguma coisa mudou desde que parou de se encontrar com aquele cara.
— Eu gostava tanto dele — choramingou, olhando o telefone de Yoongi em seu celular.
— Era arriscado, para vocês dois e você sabe disso.
— Eu sei, hyung… mas isso não exclui o fato de que foi a primeira pessoa a me deixar assim. — Jimin sentou no colchão. — Eu gostava de quem eu era quando estava com ele. Deixar de ver Yoongi foi como enfiar essa parte de mim dentro de uma caixinha de novo.
Hoseok sentou-se ao lado dele e ofereceu um remédio para ajudar a regular seu sono.
— É sua carreira, a que você escolheu. Pode voltar a vê-lo e perder tudo nessa brincadeira, mas pode ser algo passageiro. Então pense antes para ver se vale a pena.
Jimin não queria pensar, nem ser racional, ele só queria um pouco de descanso, de preferência, descansando na cama com Yoongi.
— Quando voltarmos para a Coreia, eu posso vê-lo?
— Jimin…
— Só uma última vez… por favor, hyung. Eu só quero me despedir dele.
— Vocês se despediram pelo telefone.
— Não é disso que eu estou falando. Eu nunca vou poder viver um romance com alguém. Eu posso ao menos ter um final de semana? Eu converso com ele. Ele entra como um staff. Passamos um final de semana juntos e eu me dou por satisfeito. Pode me ajudar com isso?
Hoseok olhou para ele, vendo a forma como ele estava pedindo aquilo. Parecia o mesmo garoto de anos atrás, esperando pela resposta da empresa, para saber se teria a chance de debutar.
Ele esfregou os olhos e levantou.
— Eu vou tentar — disse, e Jimin comemorou. — Mas não crie muitas expectativas. Você estará ainda mais famoso quando retornarmos. Então segura a onda.
— Ok! Tô segurando — respondeu, mas com um sorriso no rosto.
Voltariam em quinze dias, então eles poderiam se ver novamente.
Jimin continuou ocupado, mas assim que pôs os pés na Coreia, já mandou uma mensagem para Yoongi. Discreta, claro.
Yoongi tinha levado YeJun a uma loja de brinquedos quando recebeu a notificação. O filho estava abaixado no corredor, olhando o que levaria para casa como presente pelo seu aniversário, então ele se deu um tempo para se acalmar e pensar numa resposta.
A mensagem era simples, Jimin dizia estar em Seul, mas Yoongi já sabia daquilo, tinha visto as fotos do aeroporto, mas perguntava se eles podiam se ver.
Yoongi não sabia o que tinha acontecido. A princípio, Jimin e ele haviam concordado em deixar aquilo para trás, então pensou em não responder mais. Talvez assim o idol entendesse que era melhor para eles.
YeJun precisava de seu pai ali. Ele não podia ficar escapulindo para encontrar o idol enquanto seu filho passava noites na sala de descanso do restaurante dos tios.
— O que você acha? Esse grande ou os dois menores? — YeJun se aproximou com três dinossauros em suas mãos.
— Você escolhe dessa vez, é o seu dinheiro — respondeu com um sorriso.
Seokjin e Namjoon haviam dado uma quantia para o pequeno brincar no parque de diversões e comprar um brinquedo novo, já que naquele ano não puderam fazer uma festa, apenas um bolo. Yoongi havia dado um novo jogo que YeJun tinha pedido, então agora era a vez do garoto.
Ele pensou, olhando para os brinquedos.
— Acho melhor levar só o pterodáctilo. Você pode guardar o resto pra mim? Esse eu já tenho, mas pode aparecer um novo dinossauro.
— Boa escolha.
Yoongi ignorou a mensagem até voltarem para casa. Levou YeJun para lanchar e depois que chegaram, o colocou na cama.
Ele esqueceria ou apagaria aquela mensagem quando Jimin também esquecesse que havia mandado, mas seu telefone chamou mais uma vez e ele não resistiu à tentação. Afinal, eles podiam ser só amigos, não é?
— Eu achei que não fosse atender — o idol falou, depois de cumprimentá-lo, empolgado.
— Quase não atendi, pra falar a verdade.
— Ai. Essa doeu. Por que faria isso comigo? — provocou, como se nada tivesse mudado, como se um mês e alguns dias não tivessem se passado.
— Porque é arriscado. Foi por isso que paramos de nos falar, não lembra?
Ele ouviu Jimin suspirar.
— A minha vida às vezes é uma merda. Eu não posso ligar pra você, não posso te ver, não posso te tocar…
Yoongi mordeu o lábio, sentando no sofá, surpreso por saber que se sentia assim, mas não podia permitir mais.
— E não vai mudar, nós dois sabemos disso — falou. Por mais duro que parecesse, era a realidade e não adiantaria de nada ficar fingindo que não era assim que funcionava.
Jimin meneou a cabeça, colocando os pés sobre a poltrona do quarto em que estava. Sua casa enorme parecia grande demais para ele agora.
— Eu preciso ver você. Yoongi, eu…
— Isso só vai piorar as coisas.
— Eu estou com saudades.
Yoongi engoliu em seco, seu coração dando um salto.
— Olha, eu sei que a gente já falou sobre isso ter sido só casual, mas… qual é… eu sei que eu não fui o único. Eu não acredito que você não sentiu nada.
O moreno ficou quieto, apenas respirando rapidamente. O que ele poderia dizer?
— Eu também. Também estou com saudades de você — confessou. — Mas eu não posso mais te ver, pelo menos não pessoalmente. Eu posso falar com você quando quiser, mas eu não posso te encontrar, Jimin.
— Por quê? Eu juro que vou tomar mais cuidado ainda. Eu vou ter alguns dias de férias agora, nós vamos para Jeju. Você vai ficar no mesmo hotel que eu, como m****o da staff e—
— Não vai dar. Sinto muito.
Yoongi estava reunindo toda a confiança que podia para negar aquele pedido. Ele sabia como Jimin buscava se distrair e sair daquela bolha de obrigações e compromissos e sabia que ele ficava bem quando estava consigo, mas não tinha como. Entre ele e YeJun, ele escolhia o filho.
— Eu preciso desligar agora. Estou ocupado. Foi bom falar com você.
E desligou.
O idol olhou para o aparelho, um tanto atordoado. Nunca tinha levado um fora tão rápido. Ele nunca nem tinha levado um fora.
Hoseok havia ajudado a convencer os produtores e já estava tudo pronto, Yoongi só precisava topar e eles teriam um fim de semana maravilhoso. Jimin não quis aceitar aquele não e decidiu que não desistiria.
Ele mandava mensagem para Yoongi todos os dias e quanto mais ele tentava, mais o homem parecia querer escapar de seus dedos.
Já teria largado de mão, se fosse em qualquer outro caso, mas Yoongi era especial para ele. Jimin estava gostando dele de verdade e saber que ele fugia, estava doendo como ele não estava nem um pouco acostumado.
Ele estava sem dormir direito, sem comer direito, e em cada pausa do trabalho, ele tentava falar com Yoongi, mas o moreno estava lhe dando um gelo.
— Por que ele não responde? Eu sei que ele está visualizando.
Hoseok o segurou, pois já não aguentava mais vê-lo andando de um lado para outro.
— Como era o nome do restaurante em que você disse que ele tocava?
— Butter alguma coisa, eu não lembro direito — Jimin respondeu e se sentou, cobrindo o rosto.
— Talvez seja a hora perfeita pra você deixar ele pra lá.
— Como eu vou fazer isso, Hoseok? Eu sei porque ele tá me evitando. É só pra me proteger. E eu só consigo gostar ainda mais dele.
— Pelo amor de deus, você tá perdido.
Jimin choramingou, levantando e indo até o outro.
— Hyung. Você é bom em resolver esses casos. Ache ele pra mim, por favor. Me ajude a encontrá-lo e eu juro que não peço mais nada a você!
Hoseok olhou para ele e suspirou, vencido.
— Ok, eu vou dar um jeito, mas se eu for demitido, eu juro que você me paga cada centavo.
— Obrigado, hyung!
[?]
Jimin estava de capuz e máscara dentro do carro. Hoseok havia encontrado o tal restaurante e tinha entrado para ver se alguém com a aparência de Yoongi estava por lá. Era dia de semana e o movimento estava bem fraco, devido ao horário, mas o Jung voltou apressado para o veículo, com um café na mão, temendo deixar Jimin ali por muito tempo.
— E então? — perguntou, ansioso.
Hoseok tirou o celular do bolso e mostrou uma imagem.
— É esse aqui?
Jimin olhou e viu o moreno mexendo em um equipamento, mas nem tinha nenhuma sombra de dúvidas que era ele.
— É sim — disse, sorrindo. — Aí está você. Eu vou entrar.
— Não! Espera! Tem umas duas pessoas lá dentro! E se forem fãs seus?!
— f**a-se, Hoseok. Depois eu dou um jeito!
— O quê? Eu vou ser demitido! Jimin! — chamou baixinho, mas o idol já estava saindo.
Jimin entrou pela porta do restaurante de cabeça baixa, mãos no bolso e máscara na face.
Seokjin cutucou Namjoon, assustado, mas os olhos pequenos foram direto para onde Yoongi estava.
— Posso ajudar? — Namjoon falou, alertando não apenas ele, mas Yoongi também, que virou em sua direção.
Jimin olhou de um para outro e foi aí que Yoongi o notou, reconhecendo-o no mesmo instante. Ele tirou a máscara e Seokjin deu um grito sem som algum, chocado demais para conseguir falar qualquer coisa.
— O que você tá fazendo aqui? — o Min quis saber, seu corpo em um completo alvoroço, seus olhos quase saltando da cara.
— Vim ver você, já que estava criando um monte de desculpas pra não me encontrar.
Ele parecia magoado, notava-se pelo seu tom de voz.
— Vamos conversar em outro lugar, aqui não é bom. Jin hyung — ele olhou para o outro —, posso usar a sala por um momento?
Seokjin assentiu lentamente, sem acreditar no que estava vendo.
— Ele é mesmo quem eu estou pensando que é?!
Yoongi fez uma careta, concordando.
— Não me importo com o lugar. Eu vim até aqui pra falar com você. Você não vai fugir de mim — o idol impôs.
— Pai?
Todos se viraram para a entrada, vendo YeJun entrar, com sua mochila nas costas. A van escolar tinha acabado de deixá-lo.
— Pai? — Jimin repetiu baixinho, acompanhando o garoto com o olhar. YeJun andou até onde Yoongi estava e ficou ao seu lado, sem entender o que estava acontecendo. O idol apontou para ele, com as sobrancelhas franzidas. — Você tem um filho?!
Yoongi assentiu, nervoso e Jimin deu um passo para trás, atordoado.
— Merda! Você é casado?!
Jimin soprou uma risada nervosa e tudo foi se encaixando na mente dele. Yoongi sempre tinha que voltar cedo para casa, não podia dormir fora e sempre que atendia o telefone era falando bem baixo. Aquilo sim daria um escândalo.
— Espera! Não é o que você tá pensando! Ele é meu filho, sim, mas eu não sou casado! Eu tô solteiro há anos!
YeJun estava confuso, com seu coração batendo rápido. Mais um homem havia entrado e todos estavam olhando para seu pai.
— Você tem um filho. Quando ia me contar isso?! Você ia me contar?!
— Jimin, espera — Yoongi falou, tentando acalmá-lo. — Isso não é só sobre você, ok?
Yoongi virou YeJun para ele, aparentemente, ele ainda não tinha se dado conta de quem era aquele homem. Jimin estava disfarçado, de boné e sem maquiagem, mas bastaria que ele falasse mais um pouco para YeJun perceber.
— Jun, fica com tio Nam um pouquinho. Eu vou falar com meu amigo e já venho explicar tudo pra você.
— Não — o menino disse de imediato. — Não vou ficar aqui. Eu quero ir com você.
Jimin respirava de forma ofegante, olhando de um para o outro. Onde ele iria imaginar algo como aquilo?
Yoongi com um filho. Um filho grande! Meu deus, aquilo só podia ser brincadeira.
— Vai com ele, antes que mais gente chegue — Namjoon disse. — Vou levar algo pra vocês beberem, mas por favor, se acalmem.
Yoongi assentiu, levando YeJun pela mão, para a sala que ele já conhecia. Jimin e Hoseok o acompanharam e Seokjin ainda estava em choque.
Depois que a porta foi devidamente fechada, Jimin não tirava os olhos do moreno, nem da mão grande que segurava a menor.
— Jimin, eu sinto muito — Yoongi começou falando. — Eu não achei que nos veríamos mais do que uma vez. Normalmente, as pessoas que eu encontro não querem mais do que isso e eu achei que era o que nós dois teríamos.
Jimin riu, afetado.
— Você me encontrou várias vezes! Em momento nenhum pensou que era melhor me falar sobre ele?! O que você pensa de mim? Achou que eu não ia gostar dele?
Yoongi meneou a cabeça.
— Não só isso. Eu já disse que não se trata apenas de você. Não queria que ele soubesse de você, porque eu imaginei que nós nos afastaríamos. Eu não queria que ele criasse vínculo, que depois ficasse magoado, e aí veio aquela situação com os fotógrafos, e eu pensei em tudo o que podia acontecer. Não era seguro para nós, muito menos para ele.
Jimin parou para respirar um instante. Ele tinha um pouco de razão, mas não precisava ter mentido.
— Pai… — YeJun chamou, sem tirar os olhos curiosos de cima de Jimin. Yoongi olhou para ele, assim como o idol. — Era ele o amigo que você estava vendo? — Yoongi assentiu devagar. Não tinha mais como mentir para ele, não queria. — Ele é mesmo o Jimin da TV? — cochichou, fazendo com que Yoongi sorrisse, mesmo em meio àquele caos.
— É sim. É o Jimin da TV. Jimin, esse é o YeJun, meu filho. E esse é o meu amigo, Jimin. — O idol sorriu e acenou timidamente para o menino.
— Pelo que ele tá falando… vocês não são só amigos — YeJun pontuou, indo até o idol, estendendo sua mão. — Sou Min YeJun. Eu sei quem é você, mas não sou seu fã.
Jimin sorriu.
— É um prazer, YeJun. E me desculpe. Você me viu gritando como um louco, acho que gosta menos de mim agora.
O menino deu de ombros.
— Acho que tô começando a entender o que houve aqui. Meu pai sempre vê suas apresentações e as notícias. Eu pensei que era pelo trabalho, mas acho que é porque ele gosta de você.
Jimin olhou para o Min, vendo-o vermelho.
— Então ele estava acompanhando tudo? — perguntou ao menino, lembrando da indiferença com a qual havia sido tratado.
— Uhum. Ele assiste todos os seus stages. E os programas de variedades.
— Isso não é verdade, YeJun — Yoongi repreendeu.
— É sim! Eu vi seu histórico no YouTube!
Yoongi abriu a boca para responder, mas Jimin riu, agora um pouco mais relaxado.
— Acho que vocês tem muito o que conversar — falou Hoseok. — Vocês três — completou, pois percebeu que YeJun não estava muito feliz com o que tinha presenciado.
[?]