Capítulo 4

1623 Words
Observei toda aquela confusão sem saber o que fazer. O certo seria ficar quieta e não me meter em problemas, mas como se tratava de alguém que eu conhecia, por ser filho do meu chefe, foi como se, por um breve instante, eu me sentisse na reponsabilidade de verificar se ele estava bem ou se ele precisava de ajuda. — Você os conhece? Minha atenção foi puxada para Suzy, que me olhava com as sobrancelhas arqueadas. — Não... — minha visão passou a observar o caminho que Joshua fazia até a saída do bar. — Eu... Antes de concluir, levanto da cadeira e pego a minha bolsa, caminhando para a saída do local. — Ei! Aonde você vai? Escutei Suzy perguntar, mas a ignorei, prosseguindo com os meus passos até sair do bar. Eu não tinha exatamente uma explicação para dizer o motivo de eu estar indo atrás do filho do Sr. Scott, além de querer prestar ajuda. E, também, por estar um pouco curiosa. O cara havia acabado de chegar na cidade e já estava metido em confusão. — Ei! — digo em um tom um pouco alto, o suficiente para que ele pudesse me ouvir. Joshua cessa os seus passos. Não estávamos tão distantes, mas caberia um carro entre nós. Mantendo-se de costas para mim, andei mais um pouco para perto dele, parando dois passos e meio do seu corpo. — Você... Está bem? ― questiono, cuidadosa. ― Eu vi o que aconteceu. — Fito o chão enquanto batucava lentamente os meus dedos em minha bolsa. Escutei um suspiro ser solto por Joshua. — Não se preocupe. — Disse breve e se vira. — Esqueça o que viu. — Impossível... — deslizei o meu olhar do chão até o seu rosto. Pela primeira vez, eu estava o encarando de verdade. E ele era lindo. Ainda mais lindo do que eu conseguia imaginar, mesmo em um ambiente com bastante claridade. — Então guarde somente para você. Ok? — Mas... Está tudo bem mesmo? Quem era aquele cara? Joshua dá dois passos em minha direção, ficando centímetros de distância de mim. Ele inclina a cabeça para baixo, por causa da nossa vasta diferença de altura, e vejo seus olhos se tornarem caóticos. — Não é problema seu. Os meus lábios se entreabrem, demonstrando a quão frustrada eu estava. Certo que eu fiquei curiosa com uma situação que eu não tinha nada a ver, mas caramba, eu havia vindo de coração perguntar se ele estava bem. ― Eu sei. Mas eu só estava preocupada! ― tento justificar. — E eu disse para não se preocupar. ― Diz curto e grosso. Na mesma intensidade que ele franzia o cenho e me olhava impaciente, eu o retribuía com um olhar indignado. ― Deveria agradecer existir pessoas que se importam com você! — Será que você realmente se importa? Ou é somente mais uma que se aproveita da situação? — O que?! ― digo incrédula. — Não há nada da minha vida pessoal que você precise saber. Sabe, já tem pessoas suficientes que interferem em minha privacidade. Não preciso de mais uma. Disse suas últimas palavras antes de caminhar até o seu carro, entrar, e sair do estacionamento. Legal... É isso que acontece, quando tento ser gentil com alguém. Pura ingratidão. Parece que o cara que a Elizabeth tanto enaltece, é um cuzão. Comecei a fitar o nada enquanto pensava na rápida confusão e na atitude de Joshua. Ele teria sido grosso comigo porque realmente queria ou havia sido somente uma forma de proteger a sua privacidade? E outra, aquele cara estava o irritando ou teria sido ao contrário? — Argh... — bufo ao deixar aqueles pensamentos duvidosos rondarem em minha mente — que seja. — Cruzo os braços um pouco irritada. — De toda forma, o que eu tenho a ver com isso? Nem o conheço. Ele nem me conhece. Que seja. Discuti comigo mesma e voltei para dentro do bar. A situação parecia que já havia sido resolvida. Joshua não estava mais lá e muito menos o outro homem. Voltei a sentar com as meninas, que por sorte, ainda estavam lá. — Para onde você foi? Suzy perguntou assim que me viu se aproximar. — Huh... Eu fui conversar com um amigo. — Dou de ombros. Se bem que nem para um amigo ele está. — Perdi alguma coisa? Perguntei tentando me sintonizar dos acontecimentos que poderiam ter ocorrido após a minha saída. — Tirando a confusão... Nada. — Um bico se forma em seus lábios, enquanto negava com a cabeça. — Sabe... — aproxima-se de mim — Na hora da confusão... Você falou “o filho do Sr. Scott". — Diz fazendo aspas com os dedos. — A quem você estava se referindo? Inevitavelmente, os meus olhos se arregalam. Eu não tinha percebido que havia falado em um tom que ela pudesse ouvir. — Quem era? Fiquei um pouco em dúvida sobre o que dizer. Joshua disse para eu guardar segredo. Não sei se contar para as meninas iria significar algo. Mas de toda forma, era melhor ficar quieta. Pelo menos dessa vez. — Não... Acho que eu disse aleatoriamente — minto e dou de ombros, fingindo que realmente não fazia ideia. — Huh... Por que não bebemos? — Proponho, como forma de tentar fazer Suzy esquecer o assunto sobre a confusão que evolvia Joshua. — Aqui! Vejo um garçom passar por nós segurando uma bandeja de copos de cerveja. Pego dois e entrego um para Suzy, ficando com o outro. — Eu pago! ― digo rápido, tentando prosseguir com a minha estratégia. (...) — Mãe... — choramingo. — Eu prometo que nunca mais bebo em minha vida... Eu lamentava por cada copo de cerveja que eu havia bebido. O mundo estava girando a cada passo que eu dava. Já era tarde e eu estava sozinha na rua. Sem falar da forte dor no estômago, causada pela grande quantidade de álcool ingerido de estômago vazio. — Mãe... Se eu morrer antes de chegar em casa, eu quero dizer... — apoio o peso do meu corpo no muro de alguma casa, após sentir minhas pernas quase se enfraquecerem. — Desculpa por eu ter sido esta filha h******l. Eu... — Sinto vontade de vomitar, mas nada acontece. Prossigo com passos arrastados, enquanto eu deslizava o meu corpo pelas paredes de cada residência. Quanto mais eu pedia mentalmente para que a casa do Sr. Scott estivesse próxima de mim, parecia que ela se distanciava mais. Eu já estava prestes a me jogar no chão e ficar por lá mesmo, mas eu tentava continuar lutando. Eu não acredito que eu tive que beber tanto para fazer a Suzy esquecer aquela confusão. A garota parecia ser imune ao efeito do álcool. Fora que, fiz isso para proteger um cara que foi cruelmente rude comigo. — Isso é culpa sua... Joshua... Scott. Olha a situação em que você me colocou... — Reviro os olhos — Tudo isso para te proteger. Eu estou... Morrendo. O mundo parece uma roda-gigante! ― Gargalho. Paro de andar quando vejo a casa do Sr. Scott ser a próxima. — Graças a Deus! Um sorriso sem sentido surge em meus lábios. Abro o portão da frente e caminho até a porta. Eu suspeitava que todos já estivessem dormindo. Por sorte, eu tinha a chave reserva. Foi difícil encontrar a entrada da fechadura, mas após minutos de luta, eu consigo abrir a porta. Entrei e a tranquei novamente. Eu estava prestes a seguir em direção a cozinha para ir ao meu quarto nos fundos da casa, quando escutei uma voz soar atrás de mim. — Costuma chegar tarde assim? Virei-me e vi Joshua. De novo. Olho para ele um pouco assustada. A cozinha estava com pouca luz, apenas recebia os reflexos da iluminação dos postes no jardim da casa. Mas eu estava nem aí para o que o Joshua dissesse, porque de toda forma, no outro dia eu não me lembraria de nenhuma palavra. O observo passar pela entrada da cozinha, colocando as mãos dentro do seu roupão. Ele vinha da direção da sala. — Você bebeu? ― pergunta depois de me analisar. Logo lembro do nosso desencontro mais cedo e o quão rude ele havia sido. — E daí...? E se eu tiver? — Não liga para os seus compromissos? — E por acaso... Você liga? — Você está com bafo. Disse, fazendo-me olhar para ele um pouco indignada, mas logo as suas palavras se tornaram hilárias, por conta do efeito do álcool. — Ha... Ha... diz isso como se nunca tivesse ficado. — Álcool? Não. — Argh... — faço careta e sigo os meus passos para mais perto dele. — Você é um grosseiro... Scott. Como ousa tratar alguém com grosseria quando ela se preocupa com você? — Quando? — Vai dizer que não lembra? — Não sei. Vi um bico se formar em seus lábios enquanto negava com a cabeça, fazendo-me soltar um riso em deboche. — Qual é? Eu que bebo e... Você que perde a memória? — Você realmente está bêbada. Quantos copos você bebeu? — Uns... Nove... Dez... Oito... Talvez... Copos... De cerveja? Argh... Não se meta em minha vida. — O que? — É! O que você ouviu! — me aproximo mais, quase deixando os nossos corpos colados. Inclino a minha cabeça para cima e o olho f**o. — Como você me disse, lembra? Não... Se... Meta... Em... Minha... Vida... — Deixo uma gargalhada escapar entre os meus lábios. — Você acabará acordando a todos. — Não estou nem aí... Huh... Sinto uma dor forte na cabeça. — Alissa? Solto um riso breve ao ver a sua expressão facial. Revirei os olhos, sentindo minhas pálpebras pesarem e tudo se apagar.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD