Desço do andar de cima, ainda em êxtase.
A cena insistia em permanecer em minha cabeça. Eu não conseguia medir o nível da vergonha que eu sentia. Por que, justamente eu, tinha que encontrá-lo daquele jeito e justo na primeira vez que o vejo? E pensar que eu estou tendo um surto interno por apenas tê-lo visto de toalha, imagina se ele estivesse sem nada, eu poderia estar tendo um infarto agora.
Fecho os olhos por alguns instantes e balanço a cabeça, tentando espantar aqueles pensamentos.
Desço os últimos degraus da escada e me encaminho até a cozinha. Vejo uma das cozinheiras mais antigas da casa remexendo nas sacolas de compras que eu havia colocado sobre o balcão.
— Elizabeth! — digo o seu nome alto com a intenção de assustá-la. ― O que ainda está fazendo aqui?
— Jesus! — virando-se automaticamente com a mão no peito, ela me olha f**o e balança a cabeça. — Um dia você ainda vai me m***r! ― diz e acabo soltando um riso e indo em sua direção para abraçá-la.
Elizabeth era como se fosse uma mãe para mim. Ela esteve ao meu lado desde quando eu comecei a trabalhar na casa do Sr. Scott. Ela me ajudou quando eu precisei, além de que ela cuidava de mim como se fosse realmente a minha mãe.
— Desculpe, minha coreana! — brinco com a sua descendência. — Você sabe que eu tenho um grande carinho por você, não é? ― formo um bico em meus lábios, enquanto a abraçava de lado. Intensifiquei o meu riso ao ver a sua cara de irritada, mas logo Elizabeth se normaliza.
— O Sr. Scott me pediu para ficar. Querem que eu faça o jantar de boas-vindas para o Joshua. ― Ela responde a minha pergunta.
― Aquele cara lá em cima?
— Sim. Ele já chegou? Você o viu? ― pergunta curiosa.
Ah, e como eu vi.
Solto Elizabeth dos meus braços e me escoro no balcão.
— Eu estava indo arrumar o quarto suíte, quando eu vi que ele havia chegado...
― Como ele está? Ele está bem? ― diz me interrompendo.
— Calma! — rio nasal ao ver a sua curiosidade. — Você até pareceu uma mãe preocupada com o filho.
— Ei, menina! Eu me preocupo com o filho do Sr. Scott. Eu praticamente o vi entrar na puberdade.
— Entrar na puberdade? ― arqueei as sobrancelhas com um sorriso irônico nos lábios.
— Sim. Mas então... Ele te falou alguma coisa? Se chegou bem da viagem?
— Não...? E por que ele me falaria isso?
— Você deveria ter perguntado como ele estava. Se ele precisava de alguma coisa.
Olhei para ela um pouco perplexa. Elizabeth parecia enaltecê-lo. E além de tudo, o meu primeiro encontro com ele não havia sido um dos mais... Normais.
— Por que? Se ele precisasse de algo, ele falaria.
— Ei! — ela taca o pano que estava em seu avental em meu braço. — O que é isso? Não é esse tipo de tratamento que devemos oferecer ao filho do chefe.
— O que tem demais no que eu disse? — a olhei incrédula, após sua reação.
― Devemos estar sempre à disposição, mesmo que ele não precise.
― Sempre fazemos algo pelo Sr. Scott quando ele pede, por que com o filho dele seria diferente? Está parecendo que você está o enaltecendo, Elizabeth. ― Cruzo os braços, estupefata.
— Ele é mais exigente! E por ser filho dos nossos chefes, devemos estar sempre à disposição.
— Que seja.
Desencosto do balcão e caminho até a geladeira, retirando uma jarra de água.
— Você precisa aprender bons modos. Deve estar apresentável para o filho do Sr. Scott.
— Por que? Ele vai ser somente mais um que mandará em mim...
— Quem mandará?
Escutei uma segunda voz na cozinha. Virei minha cabeça um pouco para o lado, vendo o filho do Sr. Scott. Respirei profundo e engoli em seco. Talvez eu tivesse falado demais. Mas ao menos, dessa vez, ele estava vestido.
— Joshua! ― Elizabeth diz animada, transbordando de felicidade.
— Elizabeth, o que o tempo fez com você? Está cada vez mais jovem!
— Não seja mentiroso. — Diz entre risos. — Você cresceu muito desde a última vez que te vi. Você parecia um filhotinho. E hoje... Já está pronto para ter os seus próprios.
Continuando de costas para eles, eu apenas os ouvia rindo, até escutar o meu nome naquela conversa.
— Ah... Esta é Alissa. — Elizabeth me puxa pelo braço até me por de frente para ele. — Ela é a minha ajudante.
— Eliza... beth... — olhei rápido para ela, depois para ele e baixei a cabeça. — Oi... — digo baixo, quase como um sussurro.
Como eu imaginava, eu não conseguia olhar para o seu rosto. Eu só conseguia lembrar do ocorrido.
— Oi. Você... — Ele tentava ver o meu rosto, já que eu estava cabisbaixa. — Alissa certo?
— É...
— Alissa, cumprimente o filho do Sr. Scott direito! ― Elizabeth resmunga em meu ouvido.
— Elizabeth... — Resmungo de volta.
— Alissa...
— Elizabeth...
— Enfim. — Somos interrompidas por Joshua. — Foi um prazer conhecer você... Alissa. — Sorriu para mim — Mas, eu terei que sair agora. Se meus pais me procurarem, diga que não vou demorar.
— Sim, senhor!
Elizabeth concorda com a cabeça e observa o trajeto que ele faz até fora da cozinha.
Sinto um t**a arder contra o meu braço.
— Ai! — passo minha mão sobre o local atingido logo em seguida e olho para ela. — Por que fez isso?
— Sua mãe não te ensinou bons modos?
— Claro!
— Então?
— Como queria que eu agisse?
— Você nem olhou na cara dele! — Reclama. — Aish... — Olha para o relógio na parede da saída da cozinha. — Vá. O seu expediente já acabou. Vá, antes que eu te mate!
— Aish... — Imito o que ela diz. — E vou mesmo, antes que eu fique intoxicada com tanta bajulação — digo aquelas palavras com ênfase.
— Vá logo!
Caminhei até a saída da cozinha e peguei a minha bolsa no gancho de casacos próximo a porta. Saí da casa e comecei a ir a caminho de um bar, onde eu iria encontrar com duas amigas.
(...)
— Você está dois minutos atrasada. ― Kat diz, assim que me aproximo da mesa do bar que ela e Suzy estavam.
— O que? — franzi o cenho ao ouvir. Sentei em uma cadeira de frente as duas e retirei a minha bolsa, colocando-a sobre a mesa. — O que são dois minutos de atraso?
— Que seja. — Kat dá de ombros.
— Você viu? O Magnata Joshua Scott está em Los Angeles! — Suzy diz, enquanto mexia em seu celular.
— Quem se importa? É só mais um bilionário em Los Angeles. — Kat responde, indiferente.
— Sua sem graça.
— O que eu fiz?
— Esquece.
— Olha, eu não tenho culpa se você alimenta essa ilusão de casar com um bilionário.
— Poderia ao menos me apoiar. — Suzy reclama e larga o celular.
— Amiga, eu irei. Mas só quando você se interessar por alguém mais fácil de conquistar.
— Suzy... — Chamo a sua atenção. ― Quem é esse Joshua Scott?
Olhei para ela um pouco curiosa, mas fomos interrompidas por uma discussão dentro do bar. Olhei para os dois caras que falavam alto lá dentro, chamando a atenção de todos. Eles já estavam próximos de se agredirem quando um homem, parecendo uma muralha, os separou. Tentei reconhecer o rosto de um dos dois, até que me assusto ao descobrir.
— O filho do Sr. Scott?