Capítulo 5

1430 Words
Senti algo queimar contra a parte direita do meu rosto. Apertei os olhos e automaticamente me virei para o outro lado da cama, com o objetivo de tentar fazer com que aquele flash de luz não ficasse mais em minha face. A minha cabeça estava quase explodindo. Eu tinha o resultado de uma noite inteira de bebedeira, a qual percebi ser dolorosa no dia seguinte. Tentei abrir os olhos, mas parecia que cada vez que eu tentava, lâminas eram enfiadas dentro deles. Eu estava m*l. E aquela mesma dor em meu estômago, permanecia. Será que eu havia ingerido uma quantidade exagerada de álcool, e iria morrer? Naquele momento, enquanto eu bebia com Suzy, não parecia que já havia passado do segundo copo, eu apenas vim me tocar quando já havia passado do sexto. Eu estava definitivamente perdida. Trabalhar de ressaca, e agora? Ninguém poderia saber o meu m*l feito. Nem mesmo Elizabeth. Eu teria que dar um jeito de esconder e ser a mais discreta possível. Sentei-me na cama e senti minha cabeça pesar de uma forma que se assemelhava com o peso de uma bola de boliche. Passei minha mão entre os meus cabelos e observei aquele quarto. O quarto que definitivamente não era meu... — O QUE? Olhei assustada ao redor. Não era o meu quartinho dos fundos. Estava mais para um dos quartos do andar de cima. E se pela cor e a arrumação, tendo algumas malas no chão, só poderia ser do filho do Sr. Scott. — Ah não... Fecho os olhos ao relembrar do que havia ocorrido antes de apagar e acordar aqui. Eu pensava que iria esquecer da conversa que tive com Joshua, e que eu não lembraria das besteiras ditas para ele. Mas lembro de cada palavra, de cada gesto bobo. Quando eu e ele iríamos parar de ter conversas tão... Imprevisíveis? Primeiro, a cena do banheiro, depois a breve discussão no bar, e agora a lamentável conversa estando bêbada. — O que eu fiz para merecer isso? Tombo o meu corpo para trás, voltando a deitar na cama. Eu precisava sair do quarto antes que alguém me visse. Não importava como eu estivesse ou em que situação, eu só precisava correr para longe daqui. Mas a pergunta que não parava de rodar em minha mente era: como eu vim parar no quarto dele? — Não... Levantei-me bruscamente da cama, voltando a sentar. Será que ele havia abusado de mim, se aproveitando da minha situação? — Não... Não pode. Certifiquei a minha roupa e percebi que tudo estava normal. Mas ainda não havia me tranquilizado. Levantei da cama e peguei os meus tênis. Caminhei em passos rápidos até a porta do quarto e a abri cuidadosamente, certificando-se de que não havia ninguém por perto. Saí do cômodo e caminhei pelo corredor como se eu estivesse pisando em ovos. Desci as escadas e fiz o meu trajeto cuidadosamente, para não ser vista por ninguém, até o meu quarto nos fundos da casa. Ao entrar, tranquei a porta e suspirei aliviada. As coisas estavam se tornando um tanto que loucas para um só dia. Eu pressentia que iria enlouquecer se eu continuasse tombando com o Joshua daquele jeito. (...) Após passar alguns minutos debaixo do chuveiro congelante, tentando acordar daquela ressaca, saí do quarto já pronta para trabalhar. Ou quase. Minha cabeça ainda continuava a doer um pouco, mas não era nada que se tornasse grave. A única coisa que eu precisava era de uma boa xícara de café para tentar manter o meu olhar vivo. Entrei na cozinha e dei de cara com Elizabeth olhando seriamente para mim. Ela parecia estar brava com algo. Ignorei o seu olhar pavoroso e segui caminhando até a cafeteira. — Não vai dizer nada? — perguntou. Embora eu estivesse de costas para ela, eu tinha certeza de que ela estava com as suas sobrancelhas arqueadas, como sempre ficava quando eu a ignorava. — O que? — perguntei enquanto despejava o ** do café na cestinha da cafeteira. — Eu ouvi vozes durante esta madrugada. Disse ela, fazendo-me ficar sem reação, porque eu tinha quase certeza de que sabia do que ela estava falando. — Vozes? — perguntei fingindo não saber do que ela estava falando. — Sim. — Confirmou. — Você não ouviu nada? — Não... — mordi o canto da boca ao ouvir o tom de desconfiança em sua voz. — Uma das vozes se assemelhava bastante com a sua. — Se assemelhava? — Sim. — O tom de desconfiança em sua voz parecia crescer ainda mais. — Alissa. — Chama por meu nome. — Onde você estava às 3 horas da manhã? — Huh? ― soou desentendida. — Eu entrei em seu quarto depois da meia-noite e você não estava lá. E hoje pela manhã, eu entrei novamente e você também não estava lá. — Você não me viu? — me mantive de costas para ela. — Eu estava tomando banho. — Não ouvi barulho de chuveiro algum. — Diz direta e breve. — Você está escondendo algo de mim? — Claro que não. Por que eu esconderia? — apertei o meu lábio inferior com força após mentir para ela. — Menina... Você está metida com drogas? Ela coloca a sua mão em meu braço, virando-me bruscamente de frente para ela. — Elizabeth... — resmungo o seu nome um pouco desconfortável, ao vê-la tentar achar provas de seu argumento pelo o meu olhar. — Não me encara desse jeito... Dá medo. — Sussurro. — Você está com cara de quem passou a noite inteira bebendo. — n**a com a cabeça e se afasta de mim. — Menina... Se o Sr. Scott descobrir isso... Meu Deus! — Eu nem bebi tanto assim. — Quantos copos você bebeu? — Não lembro. Talvez uns... Nove? — sussurrei as últimas palavras. — O que?! ― diz estupefata. — Calma! Eu prometo que não bebo mais! — Quem garante isso? — Eu tive uma h******l reação a bebida logo depois. — Entortei os meus lábios para o lado, nostálgica. — E... E onde você dormiu? — Eu... Eu estava preparada para lhe dar uma desculpa, mas sou interrompida por alguém que entra na cozinha. Ergo meu olhar e o vejo de novo, Joshua Scott. Os seus olhos estavam sobre mim, mas logo passou para Elizabeth, após eu olhar para ele. — S-Sim? — Você poderia dar uma rápida arrumada em meu quarto? É que eu vou trazer algumas pessoas para cá hoje. E sabe... Está uma bagunça, já que não foi arrumado no dia em que eu cheguei. — Não? Elizabeth olhou rapidamente para mim. Franzi o cenho e me virei de costas, voltando a minha atenção para o preparo do café. — Você poderia fazer isto por mim? — sua voz estava emitindo um tom diferente, um pouco mais doce. — C-Claro! Eu irei arrumá-lo agora. Elizabeth diz e sai da cozinha, deixando-nos a sós. Ignorei a presença dele, tendo somente como foco o preparo do café. — Então...? Escutei ele se direcionar com palavras a mim. — Como foi a sua noite? — perguntou em um tom irônico que daria para ser percebido a quilômetros de distância. — Não me lembro do que aconteceu. — Digo breve. — Eu espero que o meu pedido de desculpas por ter sido grosseiro com você tenha dado certo. Eu tive que dormir no sofá por sua causa. — Pedido de desculpas? — me viro, incrédula. — Para você, dormir no seu quarto, é isso? Eu não pedi para você me levar para lá. — Foi a única solução. Eu não iria ficar com você em meus braços a noite inteira... No chão. — Você sabe da existência dos quartos dos fundos, já que a casa é sua. Então... Por que não me levou para um deles? Joshua me encara, sem dizer nenhuma palavra. Franzi o cenho e esperei ele falar algo, até que ele diz: — Eu sei que você não iria gostar que alguém desta casa te visse em uma situação daquela. E também foi uma forma que encontrei para retribuir a sua preocupação comigo. ― Abre um sorriso sereno. ― Da próxima vez, tente ser mais cuidadosa. — Dizendo isso, ele se encaminha para sair da cozinha. Solto um riso abafado ao ver o quão astucioso ele era. Resolvo não dar atenção para aquela situação. Mas estava agradecida por ele ter me livrado de um momento constrangedor com a família dele. Não sei se era realmente a sua intenção, mas agradeço, poupou-me de ter mais uma turbulência em minha vida.
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