Quando foi prometida a Pedro, a preocupação de ser infeliz sumiu, ele era jovem, não estava diretamente ligado à máfia, mas Estefano confiava nele, e consequentemente ela também. Pareceu que a sua estava definitivamente organizada. A maior parte da sua infância era uma confusão, até mesmo a sua certidão de nascimento havia sido adulterada pelo pai adotivo. Potira era quase quatro anos mais nova do que constava. No fim, não era só a pele branca e a falta de alimentação correta que a deixavam com o aspecto mais infantil. Só descobriram isso graças a Henrique, ele fez uma busca minuciosa pelos documentos originais de Potira, depois que descobriram a verdade sobre o nascimento delas. Mesmo assim decidiram não reformular os documentos, ela estava adiantada na escola, e seria uma burocrácia desnecessária. Foi assim que descobriram que ela e Rudá tinham idades mais próximas, por isso brigavam tanto na adolescência. Como implicância ela continuava afirmando ser mais velha do que ele.
Na verdade, Helena e Potira eram biologicamente primas, filhas de traidores da máfia, os pais foram mortos e elas entregue como filhas ao velho Samuel., quem ficasse com as garotas ficava também com a herança delas. Assim o pai adotivo gastou cada centavo, Potira sentia pesar pela vida dos dois casais que se foram,mas não pelo dinheiro. Tinha mais que isso, teria a chance de construir a sua própria família.
E agora caminhava para o seu destino, parecia tão certo aquela união, que por conta própria decidiu amá-lo, trocavam cartas, mensagens por telefone e se viram em diversas oportunidades. Adorava a família dele e Pedro era bem quisto pela família dela.
Ela era jovem e curiosa, em algumas oportunidades aproveitou para roubar beijos mais ousados do noivo, mas ele sempre impedia que ela descesse as mãos em uma brincadeira. A regra era se casar virgem, mas seria mulher dele, e se ele fosse o primeiro não via m@l, mas Pedro não pensava assim e isso era o único ponto que a inquietava, via o desejo nos olhos dele, mas a reserva em tocá-la também.
Potira era apaixonada por cavalos, praticava hipismo e estava feliz em morar em um rancho, a família de Pedro era grande, viveria cercada de outras mulheres. E sempre que quisesse poderia voltar para a casa de Helena e Estefano, Pedro não a seguraria, ele tinha um jeito firme, mas enxergava uma doçura por trás dos modos mais rudes.
Ficaram perdidos no olhar um do outro. O que os separaram era o tapete longo, verde e repleto de pétalas brancas. Potira deixou a melodia a dominar, tinha escolhido com cuidado o repertório musical do casamento. Ela gostava de um estilo mais calmo e Pedro era apaixonado por country. No meio do tapete, ganhou um beijo na testa da sogra.
Raíra bateu uma foto, daria um belo quadro.
Potira tinha construído uma relação maravilhosa com dona Margarida, conversavam por telefone quase todos os dias. E quando a senhora queria resolver problemas no banco e outros assuntos parecidos, Potira sempre a buscava, os outros filhos podiam fazer e se disponibilizava, mas gostava da companhia da sogra, e se divertiam juntas, era como se tivesse encontrado uma mãe carinhosa.
Encontrou o olhar de uma das suas cunhadas, Dya, sorriu para ela. Dya era a mãe de Bento, Bento havia sido batizado por Potira e Pedro.
Pedro beijou a mão dela.
E trocou um aperto de mão firme com Estefano.
_ Vou ser bom para ela. Tem a minha palavra.
Estefano sabia disso, conhecia um homem apaixonado, mas também um homem atormentado, mas Pedro era o melhor partido que conhecia, e tinha sido instruído por Marco Wolff, as coisas terminaram bem.
Tinham quatro casais de padrinhos: Helena e Rudá, Henrique e, Marco e Laura, Xavier e Ella. Mesmo não tendo um cargo na máfia, Pedro era confiável e Xavier reconhecia os amigos.
Foi uma cerimônia bonita e calma. Os casamentos vespertinos eram bonitos, o vestido da noiva ressaltava a beleza ruiva dela.
Quando o juiz autorizou que o noivo beijasse a noiva, Potira se voltou para Pedro sorridente.
Ganhou um beijo casto.
_ Amo você. Guarde isso.
Era a primeira vez que ele dizia com todas as palavras, mas havia algo mais.
_ E eu a você. O que está acontecendo?
Ele alisou o rosto dela, e foram envolvidos pelos convidados.
Henry era responsável pelo som, gostava de bancar o DJ, nunca trabalharia com isso, porque odiava multidões, só estava no casamento de Potira porque não sabia dizer não às mulheres da família, mas era somente a elas.
Uma pista de dança tinha sido preparada, Pedro a puxou para a valsa dos noivos. Ele estava tenso.
_ Não queria mais se casar?
_ Desejei que você fosse minha mulher desde a primeira vez que a vi.
_ O que acontece , então?
_ Nada.
Ele fez cócegas na cintura dela, assim ela riu para a fotografa de cabelos negros como a noite. Estefano, Rudá, Henrique e até mesmo Henry pareciam uma fortaleza em torno de Raíra.
Potira sabia que a sobrinha não teria chances de encontrar alguém por si só. Um homem para enfrentar o quarteto masculino tinha que ter muita coragem.
Marco Wolf e Laura se aproximaram para mais uma vez parabenizar o novo casal. Morariam próximos e o laço de amizade entre Potira e Laura se estreitaria. Potira puxou Pedro pela mão, era hora de trocar de vestido. Como lua de mel iriam passar uma semana no Brasil, Estefano tinha uma casa no país, poderiam aproveitar a praia e o sol.
Quando entraram no quarto que ela ocupava, Pedro aproveitou para beijá-la.
_ Embarcamos daqui quarenta minutos.
Ela se virou de costas e pediu:
_ Abra o vestido para mim.
Os dedos deslizaram na pele dela primeiro, mas Pedro abriu o zíper e se afastou.
Potira tinha desejado passar a noite em um hotel, e só no outro dia embarcar, mas Pedro afirmou que não encontrou passagens aéreas no domingo, Potira suspeitou que era uma mentira, era como se o noivo não quisesse ficar sozinho com ela. Se sentia evitada, e a antiga insegurança começou a ressurgir. As sardas e o cabelo ruivo a deixavam pálida, ainda no internato ela pintou o cabelo de preto e usava maquiagem para esconder as pintinhas, mas as amigas e Helena a encorajaram a se mostrar, a esquecer que o pai e mãe adotivos a assombravam lhe dizendo que ela era fei@ e estranha.
Pedro estava distante, talvez ele a amasse, mas não gostasse das sardas.
Jogou os pensamentos longes, não iria por esse caminho, estava decidida a lutar por um casamento feliz, mas Pedro sabia que as chances de Potira correr para longe quando descobrisse o que escondia eram enormes.
Leiam a nota de rodapé.
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