Potira pôde estudar, se juntou a outras meninas em um internato, adorava o lugar, os finais de semana eram maravilhosos, junto a Rudá que tinha se tornado como um irmão, e com a pequena Raira. Foi ali que viu Rudá se transformar em um homem, e Raíra desabrochar.
Foi naquele lar que ela terminou de se tornar uma mulher, e agora se casaria no jardim do local,local onde foi maravilhosamente feliz. Sorriu para Estefano e Helena, ganhou um sorriso resplandescente da irmã, e um acenar da cabeça do cunhado.
Ela sabia que estar sob a tutela do subchefe da máfia era estar fadada a um casamento arranjado, mas não subia ao altar obrigada, queria de verdade ser a mulher de Pedro.
Nesse momento, Rudá apareceu, Raíra aproveitou para o abraçar e lhe beijar o rosto.
Rudá fechou os olhos para receber o beijo, mas manteve as mãos no bolso, conforme Raíra crescia ele se afastava, a menina era sua sombr@ e logo começariam os empasses sobre proximidade.
_ A tia vai se mudar, posso dormir com você?
Rudá olhou para Estefano com um pedido de socorro, mantinha a chave do quarto a sete chaves, porque a menina gostava de se enrolar nas cobertas dele, de acordo com Raíra era para sentir o cheiro dele. Raíra sabia os princípios básicos da intimiidade, mas a ingenuidade ainda era maior que qualquer coisa. Rudá não permitia nem mesmo aos primos ( Henry, Ed e Bento) entrarem no seu quarto, os traum@s da infância o mantinha em alerta, crianças e adolescentes deviam ficar com os pais.
A mãe de Raíra intercedeu,sabia dos limites impostos por Rudá.
_ Resolvemos isso depois, vá tirar fotos dos convidados.
Helena ofereceu a mão a Rudá.
Rudá não tinha o sangue dos homens da família, entretanto ele podia se passar tranquilamente pelo sobrinho de Estefano, ou até mesmo filho, pois transbordava o jeito firme do subchefe da máfia e um pouco da reclusão de Henrique.
No início Rudá se negou a subir no altar, mas Potira o atormentou por isso, assim ele se viu obrigado a aceitar.
Raíra tinha saído como um furacão pela porta com a câmera de última geração nas mãos, a cada ano Rudá providenciava a última câmera lançada para ela. Todas as novidades do mundo da fotografia eram buscadas pelos dois, não importava o preço, ele comprava com o seu próprio dinheiro.
Rudá também tinha sido um protetor de Potira, mesmo sendo alguns anos mais novo, era maduro para idade, e o tamanho o fazia ser temido por todos. Rudá já havia livrado a noiva de Pedro de algumas encrencas, como quando ela fugiu a noite para conhecer uma boate.
Já na adolescência de Potira brigavam como dois irmãos.
Ao olhar para ele ao lado de Helena, Potira se lembrou da última briga que tiveram, ela tinha 18 anos, e ele treze, pelo menos era isso que achavam. Não sabiam a real idade dele, algumas vezes ele aparentava ser um homem vivido, em outras um adolescente forçado a amadurecer, mas quando chegou Rudá afirmava ter dez anos, no entanto, sem nenhuma documentação era impossível confirmar a veracidade, uma criança podia se confundir, ainda mais vindo de uma aldeia.
No dia da briga, ela tinha quebrado o video game dele, Rudá ficou com raiva, gritou com ela, e para revidar Potira deu um t@pa no rosto dele, foi forte e no impulso do momento, não havia ninguém em casa. Nessa época ele já era enorme, e só não era o braço direito de Estefano, porque Helena não permitia.
Quando percebeu o que fez, ela deu um passo para trás, um soc0 dele e precisaria de um bom dentista por meses. Rudá alisou o rosto para a acalmar, ele para revidar, a pegou e a jogou na piscina, a chamou de chat@ e a deixou ali, era uma promessa de proteç@o. Mas ele contou para Helena sobre o t@pa e sobre o video-game, Potira ficou sem mesada por dois meses, era o valor do aparelho dele e fez o serviço de aparar a grama que era dele, aprendeu a lição.
Rudá olhou para trás e Potira colocou a língua para ele. Leu as palavras nos lábios dele: mimadinha.
Ela era, tinha sido absurdamente mimada nos últimos anos naquela casa, tinha tido quartos maravilhosos, estudou onde quis, viajou e aprendeu hipismo. A doçura de Helena apagou qualquer sofrimento anterior, a proteç@o de Estefano, de Rudá e de Henrique a fizeram corajosa.
Saíram para o jardim:
Lá fora estava perfeito. Ela mesma fez toda a decoração de origami, escolheu a roupa que o noivo e os padrinhos usariam.
Potira queria todos os homens da família adequadamente vestidos e conseguiu, até mesmo o tio Henrique sucumbiu, abandonou o chalé recluso que vivia com a família para estar no casamento. Estefano reclamou, o subchefe não gostava da calça branca e a blusa da mesma cor que vestia para levar a noiva no altar, mas ao mesmo tempo Potira viu o brilho de orgulho que o cunhado tinha nos olhos, ele não conseguiu disfarçar. As crianças da família brincavam pelo lugar, mas sentaram quando o som escolhido pela noiva soou.
Era uma música calma, sem letra, só uma melodia suave, tão diferente do espírito do noivo.
Estefano e Potira fizeram uma pausa na caminhada. Raíra batia fotos.
Os olhos de Pedro e Potira se encontraram.