Capítulo 4 - Novo lar.

1350 Words
Valentina Ducad Acordo mais cedo do que de costume, não quero correr o risco deles chegarem e ainda não estar pronta, e assim eles pensarem que sou preguiçosa ou estou lhes faltando com o devido respeito. Olho a minha bolsa, que pelo tamanho parece que vou ao shopping e não embora para não voltar. Escolhi os meus melhores recortes de revistas com os modelos de roupas que sou encantada e os coloquei dentro da minha agenda. Acreditem tenho uma agenda de papel, gosto de escrever e sempre anoto meus compromissos. Tomo banho, visto um vestido longo de gola, na cor azul marinho, de um tecido encorpado, e que não é colado ao meu corpo, visto uma jaqueta preta, sandálias rasteiras, pois já sou alta. Zero maquiagem. Prendo o meu cabelo em um coque frouxo. Coloco o colar que foi de minha mãe e escondo por assim dizer por dentro da roupa. Peço em pensamentos para que minha mãe me proteja. Olho para todos os detalhes do meu quarto e respiro fundo, quando abro a porta para sair me deparo com o meu pai que ia bater na porta do quarto para me acordar. — Bom dia minha filha! Que bom que acordou cedo e já está pronta, vamos descer e tomar café. Preciso conversar com você. Apenas acenei com a cabeça e meu pai gesticulou para que passasse em sua frente, assim o fiz e ele me seguiu. Deixei minha bolsa no sofá da sala e seguimos para sala de jantar, nos sentamos e o meu pai temperou a garganta e disse. — Filha sabe que eu e o Hugo fizemos esse acordo de casamento a 7 anos atrás, antes do Ângelo se tornar o Dom. — Assenti com a cabeça e fiquei pensando que nome lindo, Ângelo!! — Só por esse motivo o Dom Ângelo ainda não se casou, por que é seu prometido desde que tinha 18 anos e você apenas 11 anos. Sua mãe assim como eu o conhecemos desde pequeno, as mães de vocês eram amigas. — Sério papai? Isso eu não sabia. — Falo surpresa. — Quero que saiba o quanto é privilegiada por ser a escolhida para casar com o Dom, mas que ele também é por ter-lhe como prometida. Nunca se esqueça disso. Meu pai parece estar escolhendo muito bem as suas palavras, como se tivesse receio de algo. — Não sou o Dom, mas nossa família é de muita tradição e influência. Sei que lhe disse que não poderemos mais lhe proteger depois que se casar, mas na verdade não podemos o fazer sem que haja algum conflito e até algumas mortes. Entende minha filha? — Sim meu pai. — Porém, se em algum momento seu marido oferecer risco a sua vida pelas próprias mãos, não hesite em chamar um dos seus irmãos que estarão mais próximos, mas só e se for esse o caso, de vida ou morte, entendeu Valentina? Nossa, como é estranho ouvir meu pai me chamar pelo nome “Valentina”, isso porque ninguém nessa casa o usa, é sempre minha filha, maninha, minha menina, entre outros apelidos, mas nunca meu nome. Agora fico pensando se nossos nomes combinam Ângelo e Valentina. Incrível, como sou uma boba emocionada. Repreendo-me em pensamento e volto a atenção para o meu pai. — Sim, meu pai. Entendi. Não se preocupe não farei nada para que meu marido queira me matar, principalmente agora que sei que isso iria por a vida de vocês em risco. E o senhor o conhece, não me deixaria casar com ele se achasse que ele vai me machucar. Terminamos o café da manhã em silêncio, depois fomos para a sala. Algumas horas depois um dos homens do meu pai avisa que eles já adentraram nas nossas terras. Um nervosismo toma conta do meu corpo, minha barriga chega a doer da maneira que se contrai e por um segundo quero correr para o meu quarto e chorar, dizer que não quero ir, sou apenas uma menina, meu pai me olha e parece entender o que sinto e me abraça e me diz que vai ficar tudo bem. — Valentina, seja valente como seu nome sugere. E como os seus irmãos devem ter lhe aconselhado a fazer, ganhe o coração do Dom e não terá com que se preocupar. — Apenas balanço a cabeça concordando com ele. Minutos depois alguns soldados entram na nossa casa cumprimentam meu pai, e parece esperar por uma permissão do meu pai, que logo obtém e os vejo se espalharem por pontos estratégicos da casa olham para todos os lados e se posicionam como se fossem postes imóveis, logo entra um senhor muito bonito e simpático seguido por uma mulher exuberante, loira, alta, semelhante às modelos que vejo nas revistas, mas não me pareceu simpática. — Dom Hugo, velho amigo. — Meu pai fala e sou tirada dos meus pensamentos. — Vitor, meu amigo. Eles se cumprimentam alegremente, enquanto a mulher me encara de forma intensa. E logo o Dom Hugo volta sua atenção para mim. — Minha menina valente. Está linda! — Ele fala após soltar a mão do aperto de mão que dava com meu pai. Coloca as mãos nos meus ombros, olha nos meus olhos e diz. — Meu filho é um homem de sorte. Você já é como uma filha para mim. — Não consigo segurar o sorriso. E ele me abraça. — Seja bem vinda a família. — Obrigada! — Só o que consigo dizer é isso. Antes que a mulher se aproxime me puxando e me girando como se estivesse me avaliando. — Realmente é uma linda menina. O Dom não poderá reclamar. — Sinto uma fisgada na coluna com essa frase. Será que ele não vai gostar de mim? Não posso acreditar nessa possibilidade. Como disse meu irmão, ele será o meu Dom! — Obrigada senhora... — Kátia, querida. — Ela se afasta e fica ao lado do Dom Hugo. Então meu pai pergunta. — Ficam para almoçar? — Acho melhor fazermos apenas um lanche. Quanto mais cedo retornarmos melhor. — A senhora Kátia fala e Dom Hugo concorda, logo meu pai também. Sou a última a ir para sala de jantar e não consigo evitar olhar para alguns dos soldados que estão na sala, não foi com malícia foi apenas admirada como eles ficam imóveis parecem nem respirar e no momento que 2 deles direciona o olhar para mim saio correndo, acho que até os vi esboçar um sorriso. Tudo foi tão rápido que quando me dou conta estou abraçada ao meu pai chorando. Então ele me diz. — Filha, assim seus sogros vão achar que você não quer ir. Que estou a obrigando. — Não é isso pai. É que nunca fiquei longe do senhor nos últimos anos. É difícil me afastar do senhor. — Oh minha filha, dentro de 2 semanas estarei lá para o seu casamento. Vai passar rápido. Concordo com o meu pai, enxugo as lágrimas, despeço-me de todos, até dei um tchau com a mão para os meus guarda costas, como os chamava, eles responderam com balançar discreto de cabeça. Maria também chorava, lhe pedir que cuidasse do meu pai e ela me pediu que me alimentasse bem e fosse feliz. E assim me afastei deles e segui para o carro junto com os meus futuros sogros. Algum tempo depois já estou no carro viajando para meu novo lar e resolvi fechar os olhos e descansar um pouco. Adormeço depois de um tempo ouvindo a Kátia falar sobre o casamento como se fosse dela, já que mesmo eu estando aqui ela não falou nada diretamente comigo. Mas sei que tenho que ser grata por tudo que ela está fazendo por mim e pelo meu noivo. Ele é o Dom e o nosso casamento tem que estar à altura dele. Sou acordada pela Kátia de forma serena, até diria carinhosa. Ela balança meu ombro suavemente enquanto chama meu nome. — Valentina, Valentinaaaa. Abro os olhos, ainda sonolenta, tento me situar onde estou. Até que ouço a Kátia dizer. — Chegamos, menina!
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