- Eu não sei, ele não me informou. - minto sobre.
Porém, bastou o garçon se aproximar com mais aperitivos para a mesa, que a porcaria do ar esvaziou dos meus pulmões, e o que já estava melhorando, voltou e pior, quando notei que todas as pessoas ao nosso redor tinham os olhos presos em nós, tentando filmar discretamente.
O que acontece sempre, porém eu nunca gostei, e tanta atenção assim no meio dessa porcaria de crise, me faz sentir que preciso desaparecer e não no sentido mais calmo da palavra.
- Eu não aguento mais! - digo entre os dentes tentando controlar o tremor das minhas mãos enquanto pegava a minha bolsa.
Não quero que ninguém me veja assim, sequer quero estar assim!
- Vamos. - o Bryan fala se levantando, e deu um olhar para o garçon para que desse a entender que não haveria mais pequeno-almoço.
Me levantei, tentando manter o foco para não deixar essa porcaria de crise me domar na frente de pessoas.
- É verdade que estão namorando? - já ouço o barulho dos paparazzis. Sem óculos qualquer o Bryan me puxa para ele, e eu viro a minha cabeça para o seu peitoral no intuito de evitar ficar cega.
Porém, um vulto de arrepios toma conta do meu corpo, quando mão do Bryan pousa na minha cintura, e quando a minha mão direita pousa na sua barriga, que oh, e sentindo o cheiro dele, tudo piora.
Ouço uma mistura das vozes dos paparazzis e dos seguranças do Bryan, pedindo licença. A vontade que tenho é de partir para cima deles.
- Para onde você quer que eu te leve? - ele questiona enquanto esperamos o motorista da House Coffee, vir parar com o meu carro aqui na entrada.
- Eu vou trabalhar, e voltarei sozinha, obrigada. - respondo me desenvencilhando do seu aperto ainda inquieta, mas os paparazzis já foram afastados.
- Não foi isso que eu questionei. - ele diz e eu reviro os olhos. O que tem de lindo esse tem de prepotência. - Você não vai dirigir nessas condições Wray. - ele conclui.
- Você não manda em mim Miller. Eu vim sozinha e volto sozinha. - o respondo e ele reprova com o seu olhar penetra almas.
O motorista dele estaciona o carro, e sai para abrir a porta.
- Entra. - ele manda. E se há algo que eu odeio, é alguém achar que pode mandar em mim, e ainda mais em um momento que tudo o que eu quero é ficar sozinha.
Logo de seguida, o motorista trás o meu carro.
- Você não manda em mim, Miller. - o respondo e entro de imediato no meu carro, trancando as portas e acelerando.
E permito deixar lágrimas caírem assim que saio do estabelecimento. Lágrimas de frustração e raiva.
Frustada e com raiva de mim mesma! Eu não devia estar sentindo essas coisas. Sequer devia ter deixado aquele achometro do Bryan me ver tão vulnerável.
Foi que no meu meio auto julgamento chego a minha empresa sede, saio do carro e deixo o meu motorista da empresa ir estacioná-lo na minha vaga.
Passo directamente para o meu elevador pessoal. Não quero criar um mau ambiente na minha empresa.
Durante a elevação permito-me tentar me recompor. E eu acho que isso não é só uma crise e sem duas.
- Bom dia senhorita Wray! - minha secretaria saúda, com o seu bom humor habitual.
- Bom dia. Envie-me por e-mail os afazeres de hoje. - respondo e ela assente, de certeza achando estranho mas assente.
E eu vou directamente para a minha sala, atirando a bolsa para a poltrona e ligando o ac.
A vontade que eu tenho agora é de me m***r.
Pego o meu celular e disco o número da minha psicóloga, que não demora à atender.
- Kimaya, que bom... - a corto de imediato.
- Eu preciso de algum medicamento. - falo apressada.
- Kimaya, respira. - ela diz exasperada. - Fecha os olhos e faz o exercício de respiração, calmamente. - ela diz. Mas eu estou sem ar imagina prender agora.
- Agora não doutora, eu preciso desses medicamentos agora! - digo.
- Tudo bem, eu sei o que é. O motorista da minha consultoria chegará em breve, mas por enquanto você tem que fazer o que eu estou dizendo. - ela diz e eu me acomodo na minha poltrona, seguindo as instruções dela, durante uns minutos.
Até a minha secretaria, bater na porta e vir deixar tudo o que eu precisava e se retirar.
Tomo os comprimidos, e continuo a terapia por mais alguns minutos, até eu me sentir realmente mais calma com esses analgésicos.
- Faremos a terapia hoje de noite também. - ela diz.
- Tudo bem! Muito obrigada. - agradeço.
- Por nada Kim, estarei sempre aqui quando precisar. - ela diz e depois desligo agradecida.
Isso não me acontece há alguns meses e quando acontece não são tão fortes como dessa vez. Parece que voltei a estaca zero do meu tratamento.
Aproveito que pedi a minha secretaria para trazer algo para eu comer e começo fazendo o design da peça exclusiva para o leilão da gala de beneficência e as peças da minha próxima coleção.
Já são 4:00 PM, e terminei a peça para a gala. Quando batem na minha porta.
- Entre. - digo e a Lucie - minha secretária- entra.
- Que bom que está aqui. - digo. - Preciso que vá deixar esse documento na confeccionaria. - digo e ela assente. - Quero que reforce que essa peça tem de estar pronta antes da quinta-feira. - digo e ela assente. - Esses designs são os dá proxima colecção. digo entregando.
- Entendido, com licença. - ela diz e se retira.
E fico analisando alguns outros documentos, que precisam ser revisados com urgência.
A minha concentração foi retirada quando recebo uma chamada do Cücü.
Ligação on...
- Fala logo Cücü, estou ocupada. - digo assinando um documento.
- Boa tarde Kim, tudo bem com você, sabe eu não estou, obrigada por perguntar. - faz drama.
- Seja directo Cücü. - digo e ouço ele suspirar frustrado.
- Eu estou quase tirando meus cabelos com você Kim, o que é isso que está nas redes sociais? - ele questiona e eu paro o que estava fazendo, não entendendo a questão dele.
Tudo o que eu menos preciso é exporem as minhas crises na mídia agora!
- Que coisa?- questiono.
- Kim, nas redes sociais só falam de você e do Bryan Miller. - ele diz e meu senhor eles não param nunca. - Kimaya Smith Wray, pode me explicar isso? - ele questiona e dá para ver que ele está alterado. Porque razão, não sei.
- Não explicarei nada porque não tem nada a ser explicado, e diga isso a imprensa, ok? - digo nervosa dessa vez. - Quero que deixe bem claro para todos, que eu não tenho nada e nunca terei nada demais com o Bryan Miller, para além de uma relação amigavelmente fraternal e profissional. - digo.
- Ainn Kim! - ele reclama - Me escuta. - ele diz. - Eu preciso de uma polémica para a sua imagem Kim, se você aceitar essa minha proposta de casamento com o Bryan Miller será o auge, que vai parar tudo o que é mídia. ele diz mas eu o interrompo.
- Cücü... - ele me interrompe de volta.
- Kimaya, pensa comigo, aproveitando essa polémica e juntando o útil ao agradável, duas personalidades importantes para a economia e ainda celebridades de nomeações de Grammy, juntas! Era o auge para tudo! Imagem, Carreira... - o corto.
- Cücü, eu, escuta bem, eu não vou me casar com o Bryan Miller pela minha imagem ou seja lá o que for, eu sou Kimaya Smith Wray, não preciso de atingir os meus objectivos me casando com alguém para nada, e nem vou me submeter a algo tão absurdo quanto isso. - digo e ouço ele suspirar frustrado.
- Aff, você é uma chata, mas tudo bem. - finalmente. - Mas nem pensar que eu vou desistir disso, esse será seu auge e como seu acessor de imprensa farei o possível para isso acontecer e o seu não, não me importa nem um pouco se quer saber. - ele diz determinado e debochado.
- Boa sorte! - debocho. - Beijo Cücü. - digo e desligo.
Ligação off...
Era só o que me faltava. Antes de desligar o celular vejo uma mensagem do Bryan.
Você é muito irresponsável, está tudo bem? - dizia a mensagem.
O respondo: Eu sei cuidar de mim. E estou bem, obrigada.
Desligo o celular. E batem na porta.
- Entre. - digo e vejo a Lucie sorrindo com os olhos brilhando, olhando para umas orquídeas brancas que estavam em suas mãos.
- São para a senhorita. - ela diz deixando na minha mesa.
- Quem deixou? - questiono curiosa, talvez seja o meu pai.
- Veio sem remitente. Tem apenas um cartão. - ela responde.
- Tudo bem, obrigada. - digo e ela assente ainda admirando as orquídeas.
- Claro, com licença. - ela diz e se retira e eu fico admirando as orquídeas, são as minhas flores preferidas - aliás, as unicas flores que eu gosto.
Pego o cartão.
Sei que essas orquídeas são as tuas preferidas, sinto saudades de você, e envio essas orquídeas brancas para pedir perdão.
Com amor David Fonseca.
Merda, porquê?
Porquê?
Tudo bem Kimaya! Está tudo bem. Esperava pelo menos que ele tivesse alguma decência e fingisse que a minha pessoa não existe ou pelo menos que fingisse não me conhecer.
Ou me esquecesse de vez e voltasse para onde veio.
Agora vem com a estúpida ladainha de perdão, perdão, perdão o c*****o. Como ele ousa ter o descaramento de aparecer e me mandar isso depois da desgraça que ele fez e praticamente ter acabado com a minha vida?
Chamo a minha secretaria.
- Pois não, senhorita. - ela diz.
- Leve-as para você, e faz com ela o que bem te apetecer. - digo o mais calma que posso, e encaro seus olhos brilhando.
- Sério? - ela questiona ainda meio desacordada. - Muito obrigada. - ela diz sorrindo e eu esboço um sorriso forçado.
- Muito obrigada, com licença.- ela diz as pegando e saindo. Assim que ela sai pego aquele cartão e o amasso com tudo, atirando-o bruscamente para o balde de lixo.
Que raiva!
Não conseguindo me conter de tanto nervosismo que saio da empresa em direcção a sede da FBI. E me infiltro num treinamento de tiroteio.
Uma das minhas maneiras de aliviar stress é atirar na cabeça de bonecos.
- Esse foi em cheio hein. - o Pedro, um agente diz me fazendo sorrir.
- E qual não foi? - questiono e eles riem.
Depois da minha maneira subtil e totalmente inofensiva de tirar a raiva que eu estava sentindo, desde cedo, saímos de lá.
- Hoje até pensei que se olhasse para você, você me confundiria o coitado do boneco comigo. - o Pedro comenta fazendo os outros rirem.
- Nada à ver. - respondo.
- Mas estava muito sedutora, assim nervosa. - o Fernando comenta flertante, nos fazendo rir.
- Eu sou sedutora de natureza meu filho. - respondo e eles riem. - Bom, eu já tenho que ir. - digo, mais relaxada.
- Pode me dar boleia Kim? - a Melina questiona.
- Claro. - digo e ela sorri. - beijo, pra vocês.- digo para os outros.
- Beijo Kim. - dizem e nós vamos.
Já no carro.
- Percebi que estava muito nervosa? O que se passou? - a Melina questiona já me conhecendo.
- O David já voltou. - digo e vejo ela levantando a mão até a boca incrédula e seus olhos se arregalarem.
- Fala sério?! - ela diz incrédula.
- E teve a bendita ousadia de me mandar orquídeas brancas, com um cartão, dizendo que era sua forma de pedir perdão. - digo sorrindo de tão nervosa e e******o que ele era.
- E o que você fez? - ela questiona.
- Aniquilei o cartão e ofereci as orquídeas.- digo e ela ri.