O plano de Costa

1579 Words
Costa sabia que mesmo depois de tudo Rebeca tinha o perdoado, ele olhou em seu relógio e depois de meia hora que ele não saiu jogado pela janela que entrou ele tinha entendido tudo, só que ele sabia que não tinha perdido a guerra, e dessa vez não iria perder. Ele sabia que ele tinha deixado se perder quando foi a sua irmã, e não ia deixar alguém que ama se perder na conversa daquele demônio. Ainda em sua cidade os pais de Rebeca não tinham jogado a toalha, arrumaram um investigador particular atrás da filha enquanto os pais de Gabriel ainda procuravam desesperadamente uma solução indo atrás de Costa. — não foi encontrado um corpo, seu filho tecnicamente ainda está vivo e usando seus documentos e cartões de crédito, é simplesmente um homem adulto que resolveu viajar. — Costa nunca se sentiu tão cínico quanto naquele momento, no entanto para entregar Dead ele teria que entregar Rebeca e ele nunca faria isso. Costa roçou os olhos cansados, a cada nova revelação uma camada de complexidade somava-se à situação já intrincada. Rebeca e Gabriel, duas vidas entrelaçadas em seu destino, agora flutuavam em um limbo de escolhas e consequências. Ele respirou fundo — aquela guerra silenciosa exigiria mais do que estratégia, exigiria ousadia. Enquanto isso, a fragilidade emocional dos pais de Rebeca tocava o paroxismo. Suas esperanças agora pendiam nos relatórios diários de um investigador que, apesar de astuto, m*l sabia por onde começar a procurar a resposta para um enigma que se estendia além dos limites da cidade e de suas vidas pacatas. — Vamos encontrá-la, temos certeza disso — Sussurravam no silêncio de suas noites insones, um mantra de esperança. Já os pais de Gabriel enfrentavam uma tempestade diferente; a ausência do filho gerava um abismo de incerteza que apenas parecia se aprofundar com o passar dos dias. Suas vozes, outrora firmes, agora tremulavam à menção de seu nome. Costa encarava a angústia deles como reflexo da sua própria dor interior; Gabriel era mais do que um simples nome em uma investigação para ele. A cínica indiferença transparecia em sua fachada, um escudo necessário para não sucumbir à empatia que poderia nublar seu julgamento. Seus pensamentos voltavam constantemente para Dead e Rebeca. Costa sabia os riscos de confrontar alguém como Dead, um predador nas sombras urbanas, mas o que costa não compreendia era o porquê de tamanha perseguição. Com a noite caindo, Costa deslizou seu olhar pelo recinto, sabendo bem que as próximas horas definiriam o rumo dessa busca perigosa. Seus olhos encontraram o relógio mais uma vez, os segundos traçando um ritmo constante enquanto galgava um novo plano. Os pais de Rebeca precisavam ser protegidos dessa busca implacável, e isso significava manter sua investigação sob a maior das discrições. Costa sabia que jogar com as expectativas do investigador particular poderia ser chave na estratégia, talvez o distrair com pistas falsas, mantendo os verdadeiros avanços sob o véu da noite. Quanto aos pais de Gabriel, suas visitas tornaram-se cada vez mais frequentes e suas súplicas mais intensas. “Ele ainda usa os cartões, ainda há esperança”, insistiam. Costa ouvia com um nó na garganta, sabendo que a verdadeira jornada de Gabriel havia começado em labirintos que dinheiro e influência não poderiam penetrar. Assim, com a ruína soprando gelada em seu encalço. Costa respirou fundo ao perceber que as próximas decisões demandariam mais que coragem. Ele faria justiça por Gabriel e Rebeca, custasse o que custasse. E ao cair da noite, adentrando novamente as sombras que o haviam cuspido de volta, ele sabia... A guerra talvez estivesse longe de terminar, mas Costa não a enfrentaria desarmado. Do outro lado os investigadores João e Maria tentavam... No silêncio que sucedeu a revelação, os olhares se entrelaçaram, carregados de uma urgência velada. João, experiente em rastros digitais, adejava seus dedos sobre o teclado, perscrutando as profundezas da internet. Maria, com contornos de preocupação no rosto, observava cada movimento, consciente de que cada segundo poderia ser vital. "Os registros mostram que Rebeca acessou seu e-mail dias atrás, a partir de um endereço IP que aponta para uma pequena cidade na costa", murmurou João, mantendo a voz baixa, como se temesse que as paredes tivessem ouvidos. "É um começo", disse Maria, a determinação em sua voz impossível de ser ignorada. "Mas a discrição é fundamental, não sabemos em que tipo de encrenca ela está envolvida." João acenou com a cabeça, já implementando diversos protocolos de segurança que encobriam seus rastros virtuais. Com habilidade, ele preparou um plano: enviariam uma mensagem para Rebeca através de um canal encriptado, na esperança de que ela estivesse monitorando suas comunicações antigas. A mensagem era um código, uma sequência de palavras que somente Rebeca reconheceria como um sinal de socorro. A tensão era palpável, enquanto o email criptografado viajava pelo ciberespaço, como uma garrafa lançada ao imenso oceano digital. Na cabeça dos jovens investigadores Rebeca tinha sido sequestrada e precisava de ajuda. "Temos que pensar no próximo passo", disse Maria. "Assumindo que ela veja a nossa mensagem, o que fazemos enquanto esperamos?" "Devemos preparar-nos para qualquer eventualidade", respondeu João. "Precisamos de um plano de evacuação, um meio de transporte seguro e verificar nosso equipamento. Se Rebeca estiver em perigo, precisaremos agir rapidamente e sem hesitação." A dupla percorreu minuciosamente a lista de equipamentos necessários: dispositivos de comunicação seguros, kits de primeiros socorros, ferramentas de espionagem que poderiam um dia ter saído das páginas de um romance de intrigue, mas que agora jaziam em seu arsenal real e tangível. Enquanto arranjavam seus preparativos, a dupla ponderava sobre os possíveis cenários que encontrariam. Maria revisava constantemente o telefone, esperando que o silêncio eletrônico fosse quebrado pela chegada da resposta crucial de Rebeca. Finalmente, o dispositivo vibrou. Uma resposta. João e Maria se entreolharam, um fio de esperança iluminando seus olhos. Maria desbloqueou o telefone e abriu a mensagem, que continha apenas três palavras, mas que poderia muito bem ser a chave para o enigma que era a situação de Rebeca: "Sigo o farol." Era a confirmação de que Rebeca estava viva e agindo, um indício de que "o farol" poderia ser o lugar ou o sinal que deveriam buscar. Com essa pista nas mãos, João e Maria sabiam que o verdadeiro trabalho estava apenas começando. Enquanto a lua lançava um brilho prateado através da cortina da noite, eles se preparavam para partir, cientes de que cada passo a partir de agora exigiria grande coragem e esperteza. E assim, o capítulo da busca por Rebeca se desenrolava, tecendo uma trama de mistério e perseverança sob o manto da discrição. Do outro lado Rebeca sorria tentando fazer com que aqueles investigadores saíssem do seu pé, ela não tinha dito nada a Dead muito menos a Costa pois ela queria ter o mínimo de autonomia por sua vida, tomando a decisão quase inimaginável de se entregar e ter paz na prisão, mas ela olhava para os olhos puxados sorridentes de Dead por ter ela por perto e sentia uma covardia quase vergonhosa principalmente por verem que ela ainda usava o email para concluir sua faculdade, era vergonhoso e humilhante que a pegassem tão rápido. Ela se sentia cada dia mais forte e agressiva. Rebeca sabia que seu tempo esgueirando-se pelas sombras estava chegando ao fim. A presença constante dos investigadores era um lembrete sufocante de que seu mundo de outrora, livre e selvagem, agora se restringia a uma contagem regressiva. Ainda assim, o sorriso de Dead, carregado de um carinho despretensioso, era como um porto seguro no meio da tempestade que ameaçava engolir sua sanidade. No fundo, a decisão de se entregar borbulhava como um d****o p******o, a ideia de se render à paz asfíxica das celas cinzentas competia com o instinto selvagem de lutar pela liberdade a qualquer custo. E, embora as aulas online representassem uma ponte para o mundo exterior – um fiapo de normalidade –, era impossível ignorar a ironia de que cada email enviado poderia ser a isca perfeita para os seus perseguidores. Ali estava ela, uma força da natureza, acostumada a dobrar o mundo a sua v*****e, agora a******a por uma armadilha tão banal quanto a tecnologia que usava para se educar. E a cada dia que a caçada se estendia, Rebeca se tornava mais feroz, mais resoluta. O medo que antes espreitava em cada esquina agora se transformava em raiva; a raiva de uma fera acuada. Mas havia algo que os investigadores não sabiam: Rebeca não estava perdida na escuridão que a cercava, ela era parte dela. Ela sabia que cada movimento deveria ser calculado, cada passo meticulosamente planejado. Ela não estava pronta para se entregar, não enquanto houvesse uma fagulha de luta dentro de seu peito. Assim, com a determinação de quem tem muito a perder, Rebeca tomou uma decisão. Não seria o fim, mas um novo começo. Ela continuaria a usar o email para continuar seus estudos, sim, mas agora cada comunicação seria uma peça em seu elaborado jogo de xadrez. Ela usaria sua inteligência, sua astúcia, para enganar seus perseguidores, comprando o tempo que precisava não apenas para escapar, mas para reescrever as regras do jogo que estava sendo f*****o a jogar. Enquanto Dead observava, inconsciente dos furacões interiores de Rebeca, ele simplesmente oferecia um ombro amigo, um sorriso encorajador, ignorante do fato de que cada dia a seu lado era contado, cada risada compartilhada um tesouro precioso ameaçado pela iminência de um adeus forjado nas chamas da pura sobrevivência.
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