Como Baratas

1249 Words
Dead estava mais tranquilo por pelo menos sua amada aceitar sua ajuda, ele esperou Costa sair e entrou pela janela e ela revirou os olhos. — devo chamar a polícia? — ela pergunta e ele cruza os braços — eu só quero conversar e te contar tudo pelo meu ângulo. Ela pega o resto do Chá de chocolate ainda fumegante e coloca em uma xícara e olha em sua cara para seu alívio. — eu sei que eu não te conto certas coisas por vergonha. Na minha infância eu fui sequestrado depois de fugir do orfanato. O Costa e eu nos conhecemos no mesmo dia quando chegamos aquele lugar pavoroso. Costa tinha uma irmã mais nova chamada Clara eu a amei poucas horas depois de chegar lá, não no sentido s****l eu tinha 14 e ela 12 na época, porém nossa diferença era notável eu era muito mais grande que ela. Eu não gostava muito de Eric, sim esse é o nome dele, mas eu não queria que ele morresse também. Quando eu entendi que ali era para fazer p*********a infantil eu tentei fugir, eu era a p***a de um virgem que tinha medo de chegar perto de garotas. O cara que fazia isso com a gente viu em mim um protetor dos mais jovens e mostrou um r******r para mim e disse que não ia sustentar nenhum pirralho de graça. O Costa acha que eu estuprei a irmã, dele, mas no vídeo meu medo era tao palpável quanto o dela. Quando tudo acabou eu estava tão apavorado que ela me abraçou e disse que estava tudo bem, ela sempre me entendeu como tão vítima quanto ela, já o Costa não foi bem assim, e só piorou quando ele entrou para as câmeras e era humilhante para ele porque ele achava que era melhor para mim porque quase sempre eu era o ativo, então Clara viveu de cuidar da gente durante todo esse pesadelo. Quando conseguimos fugir depois de eu e Costa matarmos ele asfixiado por um travesseiro eu continuei em contato com Clara eu a adorava. Quando eu comecei a voltar a roubar eu me distanciei e Costa já estava estudando direito nessa época. Eu me lembro que ela me ligou naquele dia e disse que estava com medo dele. Eu fui correndo até a sua casa e já encontrei ela pendurada, eu fiz de tudo a ergui tentei respiração boca a boca tentei reanimar ela de todas as formas que pude, mas ela morreu e Costa entendeu que aquilo era culpa minha. A admissão de Dead pesou no ar, uma mistura de alívio e apreensão enquanto ele esperava pela reação dela. O vapor se erguendo da xícara de chocolate quente parecia imitar o tumulto interno — caloroso e ainda inquieto. Ela segurava a xícara, o olhar fixo no dele. Não havia dúvida em seus olhos, apenas a chama estável de alguém reconstruindo uma história fragmentada. "Eu entendo por que você esconderia tanta escuridão", ela começou, a voz mais baixa do que antes. "Sua infância... foi roubada de você, Dead. E Clara — sua tragédia não foi sua culpa." Suas palavras talvez destinassem a consolar, mas também eram afiadas pela verdade. A luz azul cintilava na penumbra enquanto a silhueta de Dead se movia. Estava claro que tudo o que ele carregava por tanto tempo — a culpa, o medo, as cicatrizes secretas — estava agora exposto diante dela. Ele assentiu, um silencioso agradecimento pela compreensão dela. Mas sob aquele agradecimento havia uma aperto de algo mais — raiva? Tristeza? Talvez ambos, um coquetel de emoções girando dentro dele. Sua voz, quando ele a encontrou novamente, estava rouca. "Costa... ele não consegue ver além de sua própria dor para testemunhar a minha. Para ele, eu sou o vilão, para sempre e sempre." Houve um momento, então, como se o próprio tempo prendesse a respiração, o único som era o tique suave do relógio na parede. Ela se levantou, diminuindo a distância entre eles com poucos passos, e colocou a xícara cuidadosamente. Sua mão alcançou a dele — um toque hesitante, ainda que firme. "Você não é um vilão, Dead. Você nunca foi," ela sussurrou, a convicção em sua voz destinada a costurar as feridas que seu passado deixara. "Sobreviventes. É o que você e Clara foram. O que você ainda é." Ela apertou a mão dele, acalmando a tempestade interna. Eram duas almas tocadas pela escuridão, mas recusando-se a ser consumidas por ela. E naquele gesto pequeno, mas significativo, havia uma promessa — um voto silencioso de enfrentar o que quer que viesse a seguir, juntos. Dead a olhou, realmente a olhou, e sentiu uma mudança dentro dele. Estava longe de ser redenção, mas era um começo — um único passo em uma jornada em direção a algo parecido com a paz. Rebeca olhou nos olhos de Dead com uma sinceridade que dava eco ao seu coração contrito. — Eu entendi, Dead. Eu apoio você no que for necessário e prometo que eu nunca mais vou me precipitar assim novamente — ela disse com uma voz que carregava o peso de sua resolução. Havia algo no modo como a brisa da noite brincava com os cabelos de Rebeca que fazia com que Dead sentisse uma onda de alívio. Ele sabia que ela era o tipo de mulher que mantinha sua palavra - e essa era uma das razões de ele amá-la tanto. — Eu não quero perder você, Dead . Isso... isso me assustou mais do que eu esperava,— ela confessou, baixando o olhar. Havia uma vulnerabilidade em sua voz que ela raramente permitia transparecer. Dead segurou a mão dela. — Rebeca, não temos que ter medo de nossos sentimentos, desde que sejamos honestos um com o outro. Ela assentiu, encorajada por suas palavras, mas em sua mente um turbilhão de emoções girava. E no meio desse turbilhão estava Costa o amigo que se tornara algo a mais em seus pensamentos, mesmo contra sua v*****e. Ela sentia algo por ele que ainda não conseguia compreender plenamente, e isso a assustava. Não porque fosse algo grandioso ou avassalador, mas porque era insidioso. Crescia no silêncio, nos momentos em que ela encontrava o olhar dele um pouco mais demorado, nos sorrisos compartilhados que pareciam conter segredos só deles. Rebeca temia este sentimento não porque fosse novo ou desconhecido, mas porque trazia consigo a promessa de complicações. E agora, ao perceber o seu verdadeiro valor e o medo de perder Dead, ela entendeu que não queria compreender esse sentimento. Porque compreendê-lo significaria confrontar a possibilidade de uma escolha. E se houvesse uma escolha a ser feita, como poderia confiar em si mesma para escolher a coisa certa? — Você está comigo, não está? — perguntou Deivid, percebendo o distanciamento momentâneo em seu olhar. Rebeca levantou os olhos e encontrou os dele, e havia uma promessa nesse gesto, uma promessa de lutar contra qualquer tempestade interna. — Sempre", — ela respondeu com uma certeza que tentou que não só ele ouvisse, mas que ela própria acreditasse. E naquela noite, ao lado de Dead, Rebeca fez uma escolha silenciosa de enfrentar seu medo. Ela se permitiria sentir, mas não deixaria que esses sentimentos governassem seu destino. Para Rebeca, era hora de aprender que o coração pode ser um lugar de muitas moradas, mas no fim, somente uma delas poderia ser realmente chamada de lar. E ela estava determinada a proteger aquela que construíra com Dead, independentemente dos ventos inconstantes de suas emoções.
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