A solidão é uma coisa estranha

2249 Words
Rebeca nunca tinha estado em uma moto antes e ficou aliviada quando Dead decidiu por pegar um dos esportivos por causa do sangramento dela iria ser maior em cima da moto. Ela tinha até esquecido do aborto após uma boa noite de sono e o choro de madrugada abraçada a um desconhecido, que era a única pessoa que realmente a ouvia, e ele se sentia da mesma forma. — se quiser eu posso te levar a delegacia — ela n**a com a cabeça e ele confirma quase como se tivesse decepcionado — não que eu achei grande coisa considerando que eu em tese sou um foragido da polícia. — meus pais nunca me perdoariam se eu fizesse isso — ela diz envergonhada — eu sei que isso está longe de ser sobre mim, porém se os meus pais me obrigassem a viver com um agressor quem me deve desculpas são eles. — não é culpa deles, é que a Bíblia... — Não é a Bíblia, nem seus pais que estão levando socos na cara e correndo risco de morrer — ele tenta se censurar, mas não consegue — não faz sentido isso, imagina você criar algo aprender a amar ver seus primeiros passos, seu choro e entregar ela ao lobo mau. Se deus é pai ele não vai querer ver você apanhar de ninguém. — se ele quer assim — ele sorri — então se eu dar um tiro nele quem mata é deus, não ficaria brava, certo? — chegamos na minha casa — ela diz e ele quase pensa em pedir para que ela não fosse para aquele homem novamente, porém ele desiste. — Foi surpreendente te conhecer e principalmente gostar de um crente — ela balança a cabeça — é recíproco, bandido bom é bandido morto — ela diz e se vira sorrindo antes de ver a porta da sua casa. O terror em sua mão era quase digno de pena, mas ela entrou e ficou aliviada quando viu os seus pais que logo correram até a sua filha. — graças a deus! Esse sequestrador ele fez m*l a você? — minha mãe pergunta segurando o meu rosto e eu n**o com a cabeça enquanto ela se emociona aliviada — ele me salvou da agressão do meu marido, e eu perdi o meu bebê graças a ele — ela diz friamente, porém é quase como um Estado de choque. Mamãe, essa casa é sua, eu quero que peça para ele ir embora, eu não quero mais ele aqui — ela pede e a mãe se senta. — não foi assim que aconteceu, ela está exagerando eu juro — ela olhou para os pais que ao invés de se revoltarem tentavam ponderar a situação e sentia mais que traída. — mãe, você passa dias da sua vida com placas a favor da vida e quando seu genro mata seu filho está tudo certo? — Rebeca sempre ignorou a hipocrisia cristã no geral, porém quando a coisa foi diretamente ligada a ela, era como se fosse uma traição. — vocês ainda podem ter outros filhos — ela diz e ela rosna com ódio e não mais v*****e de chorar — não vai substituir o filho que você matou — ela diz e o olha de cima a baixo pedindo perdão e chorando, ela sentia que lá no fundo ele realmente lamentava, porém ela só odiava ele agora e foi correndo para o seu quarto e trancou a porta e foi dormir, já estava exausta e meu marido não ofereceu nada além de seu descontentamento por ela não fazer janta e suas perguntas sobre o homem que cuidou dela e provavelmente salvou a minha vida. Do outro lado da cidade escondido os colegas de Dead perguntavam sobre a garota que ficou demais por ali. — você nunca nem mesmo traz essas vadias aqui. Por que trouxe essa? — Mateus pergunta e ele dá de ombros — vocês precisam parar de se meter na vida alheia, está quase digno de pena a única coisa que podem fazer ser isso. — isso nem de longe é mentira. Roubamos mais de um bilhão de reais e passamos o dia comendo enlatados e congelados em um subsolo — Mateus é ambicioso e extremamente carismático, Dead pensou muito mesmo antes de o recrutar, só que ele é inteligente, articulado e bizarramente fiel com seus colegas, que é o ponto alto de qualquer g***o criminoso. — a gente devia se apaixonar e ficar fodendo o dia inteiro como o Romeu e o Bruno — ele diz erguendo as sobrancelhas e Mateus começa a rir — eu sou hetero e você é um bi de festinha só vejo com mulher. — olha o fiscalizador de bissexualidade — ele mostra o dedo e logo Romeu aparece de cueca e Dead sorri. — nem chama — ele diz e Romeu sorri — foi tudo muito mixuruca considerando que a gente estava correndo da polícia boa parte do dia de ontem. O Bruno é o mais apavorado por ser afrodescendente, não que no meu caso sendo de família árabe isso não conte. — Nossa quadrilha devia se chamar ONU — Mateus diz e ambos concordam lembrando que Mateus é o único branco do g***o. — O Bruno ainda não percebeu que está trazendo uma v***a para o nosso esconderijo porque se ele ver, não preciso nem dizer — Mateus diz de forma séria — eu estou nesse ramo a mais tempo que todos vocês e eu sou o único aqui sem ficha criminal ou algo do tipo, se eu posso confiar em vocês também exijo o contrário — ele diz friamente e Bruno estava ouvindo tudo. — Eu confio em você por isso vou perguntar antes de surtar. Por que está trazendo essa mulher aqui? — ele pergunta e Dead dá de ombros. — No momento eu não tive muita escolha, mas sei que ela não vai atrás da polícia, todos aqui sabem da minha percepção quase sobrenatural — ele diz lembrando que nem quando ela apanha ela vai a polícia imagina para se meter em algo que nada tem a ver com ela. — eu espero mesmo que saiba o que está fazendo porque eu não vou ser poupado se descobrirem — Dead entendia totalmente o medo do amigo, porém considerando o estrago financeiro que eles já fizeram nenhum vai sair vivo de um embate com a polícia. — Sabe o que sempre me manteve vivo em todas as vezes que eu faço isso e com mais dinheiro enterrado que muito bilionário? Eu sempre aprendo a amar meus parceiros, e eu nunca entreguei nenhum sempre foram mortos ou optaram por sair dessa vida, por isso eu digo eu amo vocês, e eu nunca faria nada para prejudicar nenhum — ele diz sinceramente. Dead nunca teve ninguém para amar e sempre quando um queria sair ele se sentia depressivo por saber que a convivência entre eles iriam cessar, mas era o único tipo de amor que ele conhecia além o da falecida avó. Ele estava certo de que nunca mais veria Rebeca e aquele sentimento estava lá, e ele se sentia um i****a por se sentir assim por alguém que acabou de conhecer, então ele mandou de presente em sua casa um kit feminino rosa que parecia um chaveiro com taser, spray de pimenta e outras coisas e o coração dela se aqueceu um pouco por ele se preocupar dessa forma com ela. Ela nunca teve boa memória, mas se lembrou depois de horas andando com um saco gigante de pipocas onde é a rua que ele estava e ele a viu pela câmera e subiu até a superfície e ela ergueu o pacote de pipocas e correu até ele que sorria pelo jeito desajeitado da garota de vestido colado floral parecendo uma testemunha de Jeová média e que por mais que fosse domingo de manhã ele estava feliz dessa vez. — a gente podia assistir um filme e comer pipoca — ela diz como se quisesse fugir do assunto marido — pode me dizer como você está? — o sangramento basicamente parou, e eu já quase não sinto v*****e de chorar quando penso nele, se ele tivesse nascido aquele bastardo seria o pai dele — Dead começa a rir — daqui uns dias está andando sem camisa na rua, inclusive não esqueça de me convidar — ela ruboriza como um pimentão, e ele tenta disfarçar — você está certa em não querer uma criança em contato com um cara assim, considerando a diferença de idade vocês devem ter acabado de se casar e ele já está assim. — eu tinha 15 na época e agora tenho a idade que ele tinha 26 — ele abre a boca com a revelação de tamanha surpresa — essa obsessão dessas famílias em casar suas filhas rápido com medo delas transarem é doentio. 15 anos com um adulto, é no mínimo absurdo. Eu pelo menos exijo que minhas prostitutas tenham mais de 23. — parabéns por não f********o com menores de idade — ela diz em Tom de deboche já entrando no subsolo — diferente do seu marido. — eu e meu marido fomos abençoados por deus, é diferente — ele começa a rir — se pensa assim, não posso fazer nada, só que não adianta esse teatro porque eu sei se é que não se lembra. — o João está sendo usado pelo próprio demônio, e ele aceitou ser exorcizado em um retiro espiritual — ele olha estupefacto para a ideia — nem o Constantine pode tirar o demônio de gente s****a, porém essa é só a minha opinião. — Vamos assistir? — ele pergunta e logo procuram um filme e ela fala para assistirem filmes gospel ele n**a veementemente e coloca um romance que todo mundo gosta. — não sei se gostei muito do nome orgulho e preconceito — ele dá de ombros — Jane Austen era meio direta na hora de escolha de nome. Você vai gostar e vai querer dormir com o Mr. Darcy como qualquer ser vivo incluso eu. — você é? — ele começa a rir de novo — a boa e velha homofobia cristã, eu sou, porém é mais amplo porque eu também durmo com garotas. — isso explica o lance das prostitutas — ela diz ignorando a questão da homofobia como se ela realmente não estivesse incomodada, mas curiosa com aquilo. Quando o filme acabou Rebeca começou a chorar desesperada e ele mais do que atento. — tem várias outras versões e eu posso te emprestar o livro — ele diz e ela o abraça — eu queria que alguém me amasse assim. — é, eu também — ele diz e os dois ficam em um silêncio bom até pegarem no sono abraçados. Rebeca não se lembrava de um dia ter adormecido nos braços de alguém, seu marido era distante demais para isso, e ela quase se sentia flutuando naquela situação, já Dead lembrava da sua avó cantando se deus me ouvisse para ele abraçado, a única grande diferença da cena é que ele não precisava esconder uma ereção da avó. Quando Rebeca acordou naquele mesmo dia ela ouviu os barulhos dos garotos e não sabe bem o motivo de querer olhar de canto da porta para ver como eles eram e não foi muito tempo Mateus a notou. — Eu esperava que você estivesse usando apenas uma bota de couro ou sei lá tendo um pênis — ele diz e ela ruboriza fechando a porta rapidamente e Dead acorda revirando os olhos. — eu falei para não sair sem mim — ela dá de ombros — eu só estava curiosa — ela admite — parece que agora eles também estão — ele diz e ela abaixa a cabeça enquanto ele mesmo abre a porta dessa vez. — essa é a Rebeca, e eu durmo com ela caso algum de vocês tentarem algo com ela eu frito o p*u, fui claro Mateus? — ele confirma tentando tirar os olhos da garota que ele no mínimo achou adorável. O visual inocente de Rebeca sempre foi afrodisíaco para os homens somado a patente que ela irá herdar então ela se torna a mulher perfeita. — é um prazer te conhecer, Mateus — ela diz — eu te dou aquele meu Rolex de ouro que você adora se quiser reconsiderar. — homem hetero sempre tratando mulher como objeto, nada de novo — Romeu diz enquanto Bruno prefere olhar silenciosamente a situação. — Não vai adiantar muito considerando que eu sou uma mulher casada e deus disse que não podemos cometer adultério. — Olha, eu entendo um pouco de Bíblia e acredito que só da forma que você olha para o o****o do Dead e ele pra você já é pior do que vinte noites sexuais selvagem no meio de um shoping com a******a para a orgia — Bruno não resistiu para a felicidade de Dead, ele gosta dela também, e isso é importante para ele pois ele ama aqueles garotos como ele mesmo diz. — eu acho que o senhor está enganado. Deus sabe do meu coração — ele dá de ombros e vai até Romeu e lhe dá um selinho que faz com que ela fique chocada de início e depois ofegante. — eu esperava um discurso fofo homofóbico e recebi uma s****a que curte s**o gay, você é muito mais interessante do que parece — Dead diz fazendo todos começarem a rir menos Rebeca obviamente.
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