Todos os problemas do mundo, eventualmente, são causados por homens que foram incapazes de cumprir promessas. Alguns desejos são selvagens e primitivos demais para serem saciados, por isso, o estado natural e desejável para a manutenção da espécie em convivência pacífica, é manter um constante estado de necessidade. Isto é, os homens devem manter seus negócios dentro de suas calças e/ou de suas próprias esposas.
A história que contarei a seguir reflete o resultado de se satisfazer a qualquer custo. Um caso de amor tórrido, duradouro, de ódio e de sangue. Muito sangue. Porém, não vou me adiantar e colocar o sangue (sim, eu também acho essa a parte mais divertida) na frente dos jogos e dos anos que se passaram até a consumação da maldição lançada sobre uma menina burrinha e um alto, sedutor e multimilionário italiano.
Tudo começou numa livraria. Maria Emília Vargas era um misto de provocação e doçura. A dor saltava dos olhos da menina, como a Carolina que Chico cantou. Seus olhos eram cor de mel e amendoados, de descendência árabe, por assim dizer. Ela não tentava ser misteriosa, mas seus cabelos cor de fogo caiam sobre seus ombros como um manto de p******o, uma capa de invisibilidade e um convite à imaginação.
Sua cintura era fina, seus s***s fartos e quadris volumosos. Seu corpo estava pronto, como os predadores são acostumados a pensar. De fato, em outra civilização e em outra época, talvez a menina Emília já seria mãe de mais de um pequeno. Só que estávamos no Rio de Janeiro, no Brasil, em 2016. Ela costumava pensar que era mais esperta que as outras e que podia tomar suas próprias decisões. Eis aí o problema de ler Madame Bovary aos 9 anos de idade. Criada pela rua, pelas babás, pelos discos e pelos românticos. Maria Emília era um furacão, um sensível e lindo furacão.
O approach do italiano, Paolo Giordano, foi sútil. Assim como na história da Chapeuzinho Vermelho, o lobo convenceu a garotinha indefesa de que eles eram amigos. Uma e outra conversa sobre o mundo que ele já tinha visto e que ela só conhecia pelos livros e o destino estava traçado. Giordano tinha 36 anos quando seus dedos tocaram os macios cabelos vermelhos de Maria Emília pela primeira vez. Vocês verão, ao se despirem de suas convicções morais, que a linha entre pureza e lascívia foi e continua sendo muito tênue.
Foi recíproco. Não houve vítima alguma, não num primeiro momento. O toque não passou do cabelo, o t***o não passou da imagem, a conjunção carnal jamais aconteceu fora da mente dos dois. Algo refreou, eu diria que a força divina, mas não posso me envolver muito em uma história que não é minha. Sei que o lobo não saciou sua fome naquele dia, ele andava ocupado demais com a língua, l******o suas próprias feridas.
Talvez ele pensasse que através da vitalidade e do calor do corpo de uma virgem, os danos das promessas quebradas se desmanchariam. Só que no mundo real os danos nunca se desmancham antes de proporcionarem o máximo de estrago e dor possível. Os erros foram criados para os homens, mas não a humanidade para os erros.