bc

Fiz essa crônica pra reclamar de morrer

book_age4+
5
FOLLOW
1K
READ
dominant
badboy
badgirl
drama
bisexual
serious
mystery
office/work place
spiritual
serial-killer
like
intro-logo
Blurb

A gente não gosta de pensar na morte. Nos escondemos desse fato imutável, dessa bandida que pode nos pegar a qualquer momento. Fugimos tanto do assunto que a simples visão de um caixão assombra até os menos impressionados de nós. E foi exatamente o que aconteceu numa esquina da Avenida Júlia Kubitscheck: uma linda, reluzente e gigantesca vitrine funerária expondo nossa mortalidade em plena luz do dia. E, diga-se de passagem, com um belo jogo de luzes durante a noite. Até pedra jogaram.

E aí que o dono decidiu colocar uma película para afastar dos nossos olhos o óbvio: vamos todos morrer. Ou melhor, censurar essa obscenidade que é fazer dinheiro com essa s*******m que é morrer. Agora, quando se passa pela esquina, só se vê o pé do paletó de madeira.

Estive passando por lá outra noite com meu irmão e a funerária estava recebendo clientes. Ele questionou quem compra caixão à uma da manhã. Como se a morte respeitasse nossas agendas, planners e compromissos sociais. Ela trabalha é com horários malucos, a s****a prefere chegar de surpresa. Onde já se viu questionar a hora de comprar caixão?

Comprar caixão naquela funerária pomposa é como um passeio no shopping e todas as vitrines expõem a vulnerabilidade humana. Sim, eu estou escrevendo esta crônica para reclamar de morrer. E também para caçoar dessa gente caiçara, provinciana e supersticiosa que tem medo de um pedaço de madeira bem-disposto atrás de um vidro.

Já volto, o telefone está tocando.

chap-preview
Free preview
Sem título
A gente não gosta de pensar na morte. Nos escondemos desse fato imutável, dessa bandida que pode nos pegar a qualquer momento. Fugimos tanto do assunto que a simples visão de um caixão assombra até os menos impressionados de nós. E foi exatamente o que aconteceu numa esquina da Avenida Júlia Kubitscheck: uma linda, reluzente e gigantesca vitrine funerária expondo nossa mortalidade em plena luz do dia. E, diga-se de passagem, com um belo jogo de luzes durante a noite. Até pedra jogaram. E aí que o dono decidiu colocar uma película para afastar dos nossos olhos o óbvio: vamos todos morrer. Ou melhor, censurar essa obscenidade que é fazer dinheiro com essa s*******m que é morrer. Agora, quando se passa pela esquina, só se vê o pé do paletó de madeira. Estive passando por lá outra noite com meu irmão e a funerária estava recebendo clientes. Ele questionou quem compra caixão à uma da manhã. Como se a morte respeitasse nossas agendas, planners e compromissos sociais. Ela trabalha é com horários malucos, a s****a prefere chegar de surpresa. Onde já se viu questionar a hora de comprar caixão? Comprar caixão naquela funerária pomposa é como um passeio no shopping e todas as vitrines expõem a vulnerabilidade humana. Sim, eu estou escrevendo esta crônica para reclamar de morrer. E também para caçoar dessa gente caiçara, provinciana e supersticiosa que tem medo de um pedaço de madeira bem-disposto atrás de um vidro. Já volto, o telefone está tocando.

editor-pick
Dreame-Editor's pick

bc

Sob Ameaça - O Contrato

read
1.9K
bc

A médica da facção

read
20.1K
bc

Nada é por acaso

read
10.2K
bc

O assassino

read
6.9K
bc

propriedade do traficante

read
5.8K
bc

MENINA DO MORRO

read
4.4K
bc

A RAINHA DO BABILÔNIA - DE SEQUESTRADA À DONA DO MORRO

read
1.3K

Scan code to download app

download_iosApp Store
google icon
Google Play
Facebook