Toda beleza dos rios límpidos fluíam sobre as rochas, pássaros cantavam e o ar puro da floresta me envolvia. O sol sobre a copa das árvores, que faziam frescas sombras e se tornavam o abrigo ideal para apreciar os frutos de um vasto jardim.
Os meus pulmões se enchiam de vigor a cada novo fôlego, novas ideias surgiam a todo momento e a criatividade era meu estado natural. Eu tinha o novo mundo todo em minhas mãos e uma existência plena em alegria. Nada nunca me faltou, aliás, jamais conheci o significado da palavra “falta” até aquele fatídico dia.
O dia que eu conheci a dor da morte, da preocupação, das dúvidas e dos perigos. Quando meu coração ficou carregado de uma angústia mortal por conhecer o barro de onde vim.
Sei que sou indesculpável. Quando meu amor me olhou nos olhos, sabia que faria tudo que ela me pedisse. Enquanto nos enredávamos em uma coreografia perigosa rumo ao conhecimento, pude sentir partes de nós se despedaçando junto com a melodia.
Tamanha a astúcia da serpente, ousei pensar que ter o controle sobre tudo que o que eu queria. Não posso dizer que o que motivou minha decisão não estava dentro de mim, essa pequena sombra sempre esteve aqui. A maior dádiva e a maior maldição de todos nós sempre foi a curiosidade.
Quando me olham, revoltados, clamando e chorando enquanto se perguntam meus motivos eu tenho a certeza de que fariam exatamente o mesmo. Nada é tão bom quanto uma verdadeira tragédia. O belo e o bom perderiam sua majestade sem a feiura e a maldade, embora eu reconheça que este seja um pensamento reprovável.
Quando tive a chance de correr, corri. Quando tive a chance de pular do abismo, pulei. Quando tive a chance de morrer, morri. A parte de condenar toda a humanidade comigo, pelos séculos dos séculos, não estava nos planos.