Jaboticaba

315 Words
Adoro quando você admite que sente a mesma coisa que sinto. Não tem como explicar pra ninguém. Só a gente sabe e isso dói. Dói porque eu sei que nunca vai ser mais que um amor que só acontece depois que a cidade já foi dormir. Que eu nunca vou ser quem vai segurar sua mão quando você chorar, já que você quer ser tão autossuficiente e me proteger de tudo. Só que não tem como me proteger da sua ausência. Não tem como me proteger da falta do olhar que me enxergou. Eu sei que a gente não foi feito pra durar, mas eu trocaria qualquer vida perfeita para ficar mais um minuto deitada no lençol azul da sua cama. Eu me prometi que não ia partir mais corações, então sei que ontem foi a última vez que toquei seu cabelo macio com cheiro de sabonete que você só solta quando peço. Sei que foi a última vez que fiz meus jogos e a única vez que você admitiu pra si mesmo que alguma coisa tinha que mudar. E vai mudar. Eu vou. Porque é melhor uma bela despedida que mais anos desperdiçados pensando se você faz com outra pessoa aquilo que eu pensava que era especial entre nós. Escolho não dizer que estou com saudade, escolho esquecer os sussurros, deixar de ouvir nossos gemidos uníssonos e nossos segredos. Você sempre me teve muito fácil e, apesar de ouvir o contrário, nunca te tive. Você sempre foi do mundo, grande demais para que eu pudesse segurar. E não quero te impedir de voar. Só quero que saia do quarto, que não se sinta sozinho, que não escolha a solidão por conforto ou medo. Que você escolha se expor, porque a vida acaba e a juventude também. E, que perceba que no fim, tudo que a gente tem são as pessoas que escolheram não desistir.
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