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1962 Words
Ruby não podia negar que naquele momento, deveria se sentir ameaçada, mas estranhamente, em vez disso, sentiu uma atração forte. Afinal, mesmo que ele tivesse deixado no chão, se colocado sobre ela, ainda assim, Ruby não sentia seu toque. Aquela forma de respeito, o ambiente e a tensão entre os dois, gerou nela uma excitação estranha. Mesmo assim, Ruby balançou a cabeça e se negou a deixar aquele sentimento tomar conta dela. Afinal, ela ainda não podia confiar em MB, muitos menos, estava disposta a levar em frente aquele noivado. Ruby repetiu mentalmente para si mesma: "Eu só estou usando o MB. Não devo passar do limite" — Estava apenas preocupada com sua saúde. Mané te seduzir, tenho cara de quem iria querer seduzir você? — Ruby virou o rosto para evitar que MB percebesse sua timidez. — Até o homem mais forte, terá dificuldade de lidar com uma oferta dessa. Sua atitude poderia ser compreendida de forma equivocada. Como um sinal para avançar. Eu espero que seja mais cuidadosa no futuro ao dizer isso. — MB disse se afastando de Ruby e voltando a sentar. — Você não está lidando mais com um moleque. Sei exatamente o que eu quero e posso ler na sua cara o que você deseja, mas se segue incerta, prefiro não tocar em você. — Você se acha demais. — Ruby não podia negar que MB tinha acertado em cheio. — Você finge que me engana, eu finjo que acredito. Todo mundo fica feliz. De toda forma, acho melhor que descanse e as recupere, afinal, você passou por muitas coisas nos últimos dias. Tenho certeza que seu corpo não está preparado para isso. — MB explicou levantando do chão indo em direção à fogueira. — Na verdade, Verônica, minha mãe de criação sempre disse que mulheres são vulneráveis, isso era um defeito. E para ela, era um defeito que poderíamos mudar. Desde pequena me colocou em artes marciais, quando tinha dezoito anos me ensinou a atirar. Também disse que o corpo deve ser fortalecido, toda sabedoria sem um corpo forte não era nada. Então, faço academia desde dos catorze anos. Eu achava um exagero. É estranho porque o filho mais velho dela não era obrigado a nada disso, mas agora eu entendo. Ela queria que eu estivesse pronta caso o plano de me esconder desse errado. Queria que eu estivesse preparada para lidar com as adversidades sem medo. — Ruby se deu conta que muito que ouviu se Verônica a vida inteira, só fazia sentido agora, que ela sabia da verdade. — Aprendi a atirar aos oito anos. Matei a primeira pessoa com dez. Quando chorei, meus pais mandaram engolir o choro. Afinal, antes eles do que nós, me diziam. Seus pais te amavam. Os meus apenas queriam um herdeiro. Você foi muito abençoada. Seu pai abriu mão de muito dinheiro e poder para nosso casamento acontecer. Tudo para te manter protegida até o final da vida. O meu apenas me disse que tinha a função de proteger a família. E eu deveria dar minha vida se fosse necessário. — MB confessou olhando para o fogo com uma tristeza no olhar. — Não tem sensação de estar jogando sua vida fora com essa promessa, contrato ou juramento? Afinal, tenho certeza que sabe que não tenho intenção de me casar. Estou usando você como posso para conseguir lidar com essa situação. Você não parece ser alguém r**m. Da mesma forma que entrei sem escolha, você também. Não quero acabar criando expectativas. — Ruby se sentiu culpada ao saber que a infância de MB havia sido claramente conturbada. — Você parece ser alguém bom. Com uma boa índole que foi preso nisso. Jogando fora seu orgulho obedecendo tudo que eu digo sem ao menos questionar. Se a gente conseguir sobreviver a esse caos, espero que você siga uma vida que você mesmo escolheu. Posso cancelar o contrato. — Não fale essas besteiras. Não estou jogando fora nada. Ninguém me forçou. Eu tenho poder suficiente agora, dado por seu pai, para conseguir acabar com sua vida de uma forma que ninguém nunca notaria. Poderia sumir com sua existência e de toda sua família. Eu escolhi ter você como esposa depois de ouvir seu pai falando de você como um tesouro. Depois de notar como ele queria proteger. Como não ter curiosidade? Como uma pessoa de meio metro podia ser mais valiosa que a máfia e todo seu patrimônio? Me perguntei. E eu não pude deixar de querer conhecer de perto e saber se iria sentir o mesmo que seu pai sentiu. — MB não olhou para Ruby enquanto assumiu que não era apenas pelo juramento — Tenho diversas formas de anular aquele contrato, mas eu simplesmente não quero. Desde que te conheci, tenho absoluta certeza, que o voto que fiz a seu pai não é um desperdício. Ouvir aquilo pegou Ruby completamente de surpresa. Ela sabia que havia algo segurando MB desde o começo, mas nunca pensou que o amor que seu pai tinha, era tão forte, a ponto de conseguir fazer outras pessoas tratarem ela de forma tão valiosa. — Bom, até que a gente consiga achar uma forma de sair desse lugar. Sua saúde e segurança são prioridades. Tente descansar. Já conversamos demais. A noite já caiu. Assim que o sol surgir, iremos começar a buscar uma forma de sair desse lugar. — MB disse cobrindo Ruby com um casaco dela que estava dentro da bolsa que trazia. Antes de se afastar, ele sussurrou no ouvido dela. — E não se preocupe, não iremos nos divertir hoje, mas não vai demorar muito para eu pegar você de tal jeito, que você não vai conseguir nem ficar em pé. Boa noite, querida noivinha. Durma bem. Ruby cobriu seu rosto depois de ouvir aquilo. Todo seu corpo estava completamente arrepiado. Podia sentir seu rosto quente. Não precisava nem olhar para saber que estava completamente vermelha. Ninguém nunca havia dito nada assim para ela. — Como se dorme depois de ouvir algo assim? — Ruby sussurou para si mesma tentando apagar o pensamento de sua mente, mas quanto mais tentava, mais pensava sobre aquilo. Ruby tinha certeza que a noite ia ser longa demais. Ela só não fazia ideia do quanto. O plano de MB de deixar a Ruby recuperada não funcionou nenhum pouco. Depois de ouvir que no futuro seria deixada de pernas bambas por MB, ela passou a noite se revirando sem conseguir dormir. Enquanto isso, MB prestava atenção em cada folha que se movimentava durante a noite, preocupado que as pessoas que atacaram eles pudessem surgir ou até mesmo um bicho peçonhentos se aproximasse. Quando o sol surgiu um pouco, clareando o céu, Ruby levantou, completamente cansada e com dor de cabeça. Passar a noite sem dormir não ajudou ela em nada. MB conseguiu algumas frutas, para alimentar os dois antes de iniciar a busca por uma saída. — Bom dia. — MB disse entregando um manga para Ruby que olhou confusa para ele. Não é todos os dias que ela acordava com uma manga entregue na sua frente. — Bom dia. Isso é uma manga? Tem uma faca aí? — Ruby perguntou olhando ao redor. MB gargalhou ao ver a cena. Ruby parecia uma mulher completamente independente e decidida em alguns, outros era claramente uma patricinha que viveu a vida toda em luxo. — Óbvio que não temos facas, mas vou te ensinar a chupar manga. Presta atenção. — MB amassou bem a fruta, antes de morder a parte de cima dela, aos poucos ia chupando a fruta sem dificuldade. — Agora entendo de onde vem aquela frase o cão chupando manga. — Ruby brincou. Ela não sabia qual era a melhor forma de tratar MB, decidiu que apenas seria ela mesma. — Sim, estou vendo exatamente essa cena. — MB retrucou assim que Ruby mordeu a manga se sujando completamente. — Tem um rio um pouco mais na frente, apenas coma como achar melhor. Pior será se você passar m*l aqui por falta de comida. Já basta a noite que não conseguiu dormir. — Você é mais útil do que parece, sabia? — Ruby brincou comendo a manga com vontade. Ela estava com mais fome do que havia imaginado. — Agora que percebeu? Aliás, a manga não vai escapar. Coma com calma. Tem manga até nos seus cabelos. — MB gargalhou vendo o desespero de Ruby. Depois de se melar completamente de manga, como uma criança de cinco anos faria, Ruby se limpou no rio, aproveitou para passar um pouco de água na boca. Quando ela terminou, MB já havia arrumado tudo para eles começarem a andar. Ruby sentia seu corpo pesado, cada passo dado, parecia exigir mais energia do que ela imaginava. MB percebeu que os passos dela estavam cada vez mais lentos. Sabia que naquele ritmo, no calor que estava fazendo, ela com toda certeza acabaria desmaiando. — Ruby, vem cá. Sobe nas minhas costas. — MB se abaixou na frente dela, colocando as mãos para trás, enquanto explicava — Se a gente quiser sair daqui vivo, você precisa guardar o resto de energia que ainda te sobra. Se você exigir mais do seu corpo, vai desmaiar antes mesmo de chegar na metade do caminho. — Eu sou pesada. Isso vai atrapalhar você. Não podemos apenas ter um pequeno descanso? — Ruby sugeriu acreditando que ela iria atrasar os dois naquelas condições, mesmo que fosse egoísta, não podia dizer para ele ir sozinho. Ela não saberia o que fazer naquele lugar. — Acho que você não percebeu, mas estamos andando apenas há quinze minutos. Se a gente parar a cada 15 minutos, não vamos fazer a metade do percurso antes de escurecer. O nosso desaparecimento pode ser perigoso demais. Somos os dois herdeiros da máfia. Se a gente some. Significa que não há ninguém para assumir em caso da morte dos nossos pais. Ou seja, a pessoa que tem mais poder e dinheiro tomará o poder. E isso é arriscado. Vem. Eu te levo. Não temos mais tempo a perder. — MB sabia que naquele momento, enquanto eles estivessem desaparecidos, três pessoas estavam em risco, mas achou melhor não contar para Ruby, mais estresse só deixaria ela ainda pior. Ruby não gostava da ideia, mas estava tão cansada que não tinha forças nem para discordar. Ela apenas aceitou a sugestão e subiu nas costas dele. Não demorou nem dez minutos, MB pode sentir o corpo dela ficando mais pesado e um líquido melando a sua camisa. — Sério? Além de te carregar dormindo, você ainda vai babar em mim? Eu realmente... — MB não estava irritado, na verdade, estava feliz que ela estivesse descansando. Já fazia uma hora estava caminhando no meio daquela floresta. MB já sentia seu corpo cansado. Haviam três dias que ele não dormia. A máfia estava e suas facções estavam criando vários problemas. Ele tinha a função de resolver e mediar as conversas para minimizar o impacto. Vinha fazendo isso nos últimos dias. Quando MB estava pensando em finalmente descansar um pouco, ouviu um som alto vindo em sua direção. Claramente, não era uma pessoa. Ele pensou que poderia ser um animal, mas era alto demais para isso. Sem saber do que se tratava, ele decidiu se esconder. Para sua surpresa, pouco depois um drone passou. — Merda. Será aliado ou inimigo? — MB sussurrou olhando para cima, vendo mais dois drones passando de um lado para outro. Algo era certo. Alguém estava procurando por eles. Restava saber se era inimigo ou amigo. Entretanto, não ia demorar muito para descobrir. Um dos drones tinha sensor de movimento. Assim que Ruby adormecida deixou a sua mão cair do lado de MB, puderam localizar o local exato que aqueles dois estavam.
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