O fim da despedida de solteiro

1886 Words
As mãos de Isis tinham pequenos diamantes que brilhavam bastante. Com reflexos de tons de cinza. O que mostrava a alta qualidade da pedra. — Ai tem mais de 50 pedras pequenas. Isso vale muito dinheiro. Tantos zeros que não consigo nem imaginar direito. Que diabos. Porque tinha isso dentro de uma pelúcia? — Lisa se perguntou nervosa. Era óbvio que o dono disso viria atrás. Não é o tipo de coisa que você quer perder. — Elas devem ter escondido para alguém. Não é o primeiro lugar que vão procurar e ninguém vai rasgar uma pelúcia de p***o que estava em um camarim de uma dançarina. É um canto realmente inteligente para esconder. De todo jeito, precisamos esconder isso até pensar em uma forma de nos livrarmos disso. Tenho certeza que isso é roubado. Não podemos ser pegas de jeito nenhum com isso. Muito menos que descubram e venham atrás de nós. — Ruby alertou ouvindo passos vindo em direção do banheiro. — Alguém está vindo. Guarda isso. Temos que ir embora. — Onde vamos esconder isso? — Isis perguntou enquanto colocava tudo de volta no saco e vestia a fralda improvisada na pelúcia. — Não pode ser em um lugar perto da gente, nem longe demais. Ninguém pode suspeitar. — Vamos pensar nisso depois, por enquanto, fica dentro do Sr. Pintoso. Agora vamos sair daqui. — Ruby disse abrindo a porta. — Muriel está chegando. Podemos esperar do lado de fora. — Lisa estava ouvindo a mensagem de áudio que Muriel tinha enviado para ela. Por alguma razão, quando acordou tinha várias mensagens dele. Uma delas era pedido para avisar quando chegasse que ele iria buscar no aeroporto. — Perfeito. Vamos. — Ruby concordou. Era melhor sair o mais rápido possível do aeroporto. Nunca se sabe quando um agente federal poderia está por perto. Do lado de fora, ficaram cerca de dez minutos agitadas esperando por Muriel. Todo mundo que surgia causava um pequeno infarto nas três. — Muriel chegou. Está no estacionamento. — Lisa apontou para o outro lado da rua. Um carro estava ligado esperando por elas. — Vamos. — Ruby sorriu tentando acalmar as meninas que estavam tensas. Muriel desceu do carro ao ver as meninas se aproximando, abriu a porta do passageiro para que Lisa pudesse entrar, mas seu semblante não era dos melhores, parecia irritado. — Aconteceu alguma coisa? — Lisa perguntou confusa. Muriel não era de sorrir para o vento, mas tinha sempre um semblante calmo e agradável. — Conversamos depois. Vamos deixar as suas amigas em casa primeiro. — Muriel respondeu de forma fria. O que deixou Lisa de orelha em pé preocupada. — Vocês não tem mala? — Só o senhor Sr. Pintoso e a Lha... — Lisa se deu conta que esqueceu o seu amigo no avião — Esqueci a lhama no avião! — Depois pegamos. O avião deve voltar para cá. Verônica deve está chateada, mas ainda assim, vai manter o plano. — Ruby sabia que a sua mãe iria preferir focar na segurança do que pensar no castigo. — Posso entrar? — Isis perguntou vendo a troca de olhares de Muriel e Lisa. — Sim. — Muriel respondeu. Isis se virou para entrar no carro, mas foi interrompida por Muriel. — Porque tem isso escrito em suas costas? E em latim ainda mais. — Você sabe o que tem escrito ali? — Ruby perguntou surpresa. Não esperava que alguém entendesse latim. — Sim. Algo como: "Homem é para sentar, vocês querem amar. É por isso que sofrem". Com alguns erros de concordância e gramática, mas é basicamente isso. — Muriel respondeu com um semblante confuso. Isis teve uma crise de riso. — A tatuagem é melhor que a encomenda. Eu amei. — Isis respondeu antes de entrar no carro. Muriel apontou para o banco de passageiro, para que Lisa sentasse. Ele esperou que ela se sentasse para fechar a porta. Ruby entrou sozinha em silêncio. Vendo que aqueles dois estavam mais estranhos do que nunca. O caminho até o apartamento foi silencioso. — Você vai ficar bem sozinha no apartamento? — Lisa perguntou quando Ruby estava descendo. Estava preocupada que ao ficar sozinha, ela tivesse que lidar com a dor do luto do seu pai. — Eu preciso ficar sozinha para organizar umas coisas. — Ruby tinha uma carta para ler. Que deixou para fazer isso sozinha em casa depois de relaxar. — Não tenho certeza se seu plano dará certo. Tem alguém te esperando. — Muriel disse apontando para o carro na frente do dele, onde MB estava escorado mexendo no celular despreocupado. — Vejo vocês depois. Se cuidem. E Muriel, se fizer a minha amiga chorar, eu corto o seu peru fora. Ah! Obrigada pela carona. — Ruby disse antes de descer do carro. Isis já estava esperando do lado de fora. — Vai subir agora? — Isis perguntou. Estava esperando Ruby para subirem juntos e conversarem sobre o SR. Pintoso. — Eu tenho algo para resolver com aquele cara ali. Pode ir na frente. — Ruby apontou para onde MB estava esperando por ela. — Beleza, mas não esquece. Temos que resolver algo sobre o senhor pintoso. — Isis disse antes de caminhar em direção a entrada do prédio. Enquanto Ruby andava em direção de onde MB estava, Muriel e Isis partiram para ter uma conversa séria. Lisa havia esquecido se algo muito importante que aconteceu em Las Vegas, mas Muriel iria relembrar. — A sua despedida de solteiro foi o suficiente para senhorita? — MB perguntou ao ver Ruby em sua frente. Sem hesitar, passou a mão pela cintura dela, puxando em sua direção, colando seus corpos. — Ou será que mudou de ideia? — Sim, mas terá que ser exatamente como a gente combinou. Sem tirar e nem por. Não pode mudar as regras mais. — Ruby frisou, não conseguia confiar totalmente em MB ainda, mas ainda assim, precisava do suporte dele para colocar o seu plano em prática. — Entendi. De todo o jeito, quando você pretende começar com esse plano? — MB aproveitou o final de semana que Ruby estava fora para sondar algumas coisas. — Algumas coisas mudaram esse final de semana. E eu quero comer o mais rápido possível. — O que mudou? — Ruby perguntou confusa. Tinha passado as últimas 24 horas sem informação alguma sobre o Brasil. — Meus pais foram mortos no mesmo dia que o seu pai foi. Acredito que tenha sido pelo mesmo mandante. Não faço ideia de onde a minha irmã está. O seu pai tinha escondido ela para me manipular e fazer aceitar tudo. Agora... talvez eu tenha que agradecer. Se a minha irmã estiver viva, foi por seu pai ter escondido ela. Eu espero que ele tenha sido tão bom em esconder a minha irmã, como foi para esconder você. Ela é a única família que me resta agora. — MB disse com lágrimas nos olhos. — Eu quero acabar com tudo isso e buscar por minha irmã. Até isso acontecer, estamos juntos nessa. Agora mais do que nunca, eu quero que seu plano dê certo. — Meus pêsames. Não sabia que também atacariam a sua família. Espero que você esteja certo e sua irmã esteja bem. Tentarei descobrir se o meu pai me deixou alguma pista sobre o paradeiro da sua irmã. Eu ainda não li a última carta dele. Se tiver qualquer coisa. Eu te aviso. E sobre iniciar o plano, pode ser na segunda? Tem algo que preciso fazer sozinha. — Ruby não sabia consolar MB, só de pensar sobre a morte do seu pai, um nó se formava na sua garganta, seu coração se apertava. Ela não conseguia lidar ainda nem com sua própria perda. — Tudo bem. Você parece cansada. Quero nem saber o que aprontou por lá. Qualquer coisa me liga, vou ficar em um hotel aqui por perto esses dias, também não devo aparecer para as aulas. — MB disse antes de beijar de leve os lábios de Ruby. — O que aconteceu com o apartamento? — Ruby perguntou confusa. — A polícia está investigando o desaparecimento de um professor. Eu prefiro ficar longe da mira da polícia. Disse a vizinha que os meus pais morreram em um acidente e eu estava indo para minha cidade natal. Vamos dizer que é uma meia mentira. De qual forma, achei melhor não passar pelo radar da polícia. — MB disse respondeu se afastando dela, indo em direção da porta do carro. — Você está falando do seu vizinho do lado esquerdo? — Ruby perguntou surpresa. Afinal, aquele era o apartamento de Henrique. Não pode deixar de pensar que teve o dedo dos pais de Isis. — Sim. Conhecia ele? — MB perguntou com um semblante irritado. — Tem um tal de Varela rondando o seu apartamento. Acho melhor ele parar antes de ter o CPF cancelado. — Sabe que foi ele que salvou a sua vida? — Ruby brincou vendo MB com ciúmes. — Pensei que era a função dele, já que é socorrista. De todo o jeito, salvar minha vida e tentar pegar a minha noiva são coisas diferentes. De toda jeito, tenha cuidado, eu não vou com a cara dele. — MB disse antes de entrar no carro. — Como se você fosse gostar de qualquer cara quem se aproximasse de mim. Nem esconde o quanto que é possessivo. — Ruby murmurou enquanto subia. Tinha que lembrar que não podia continuar com aquilo. Ruby subiu as escadas devagar, a sua mente estava tão sobrecarregada, que não conseguia sequer pensar em nada, por mais que tentasse. Entrou no apartamento, foi direto para o banheiro. Tentando acalmar os seus pensamentos, Ruby tomou um banho longo, lavou o seu cabelo e o hidratou. Ainda usando roupão, foi até a cozinha, preparou um sanduíche do mesmo jeito que Verônica sempre preparou. Sentou na mesa vazia acompanhada da solidão daquele apartamento escuro, frio e silencioso. — Eu sinto falta de casa. Sempre quente, barulhenta e iluminada. A liberdade é um pouco solitária. — Ruby disse antes de tirar uma foto do sanduíche e mandar para Verônica como mensagem. Ruby: Eu te amo. O seu sanduíche é o melhor do mundo ainda. Verônica: Também amo você. O meu sanduíche realmente é o melhor. E você que lute para pagar as suas contas. Nem adianta me babar. E Ruby, vai melhorar. Eu juro. O início sempre é mais difícil, mas se sentir que está insuportável. Você sempre pode vir até nós. Ps: O jato só faz um roteiro agora. Nem tente apontar novamente. Ruby: Eu sei. Vai ficar tudo bem. Eu sei. Ruby levantou da mesa chorando, colocou o sanduíche e o suco na geladeira. Não conseguia engolir nada naquele momento. Por mais que repetisse incontáveis vezes mentalmente que ficaria tudo bem, ainda estava doendo muito e aquele apartamento silencioso fazia tudo ser ainda pior. Foi até o seu quarto, vestiu um baby doll confortável de algodão com vários gatinhos pretos. Antes de deitar na cama pegou a carta que estava dentro da sua bolsa. — Acho que não posso fugir mais de você. Está na hora de descobrir quais foram as últimas palavras do meu pai. — Ruby pensou alto enquanto se deitava na cama abrindo o envelope.
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