Superando a porta

1941 Words
Ruby sem conseguir lidar mais com aquela dúvida que pouco a pouco estava, tomava conta dela, decidiu ir até o endereço que havia aparecido na localização. Tentando não ser reconhecida, amarrou seus cabelos, colocando dentro de uma boina, colocou o maior óculos escuro que tinha e uma máscara. — Posso não ser reconhecida, mas que irei chamar atenção, não há dúvidas. — Ruby brincou consigo mesma se olhando no espelho. A ideia era não ser reconhecida por quem buscava por ela, mas sabia que acabaria chamando uma boa atenção daquele jeito. — É o que tem para hoje. Não fiz curso de disfarce. Melhor do que ir com a cara limpa. Trajada de maneira peculiar, ela saiu do seu apartamento hesitante sobre aquilo. Uma parte dela se questionava sobre a razão de se preocupar tanto com MB a ponto de sentir a necessidade de ir até a sua casa, mas um outro lado dela tentava explicar sua atitude como uma retribuição, depois de tudo que ele havia feito por ela. Ruby que estava sem carro depois que o dela explodiu, teve que andar até o endereço,eram cerca de três da tarde e o sol ainda estava a todo o vapor. O que fez ela se arrepender de não ter esperado um pouco mais antes de se aventurar. Por fim, ela chegou ao prédio. Era um lugar apartamento bem menor. Havia apenas três andares. — Como vou saber qual é o dele agora? — Ruby se perguntou olhando para o prédio. Não havia ninguém por perto. Enquanto olhava ao redor buscando qualquer pista de qual seria o apartamento e andar de MB ou até alguém que pudesse ajudar a encontrar ele, acabou se deparando com um carro que se destacava em uma das garagens. Não era apenas um carro de luxo, mas Ruby sabia que Vitor, seu pai adotivo, tinha um idêntico. — Não há dúvidas. Com toda certeza esse carro é dele. — Ruby se aproximou para ver se havia o número do apartamento na vaga, para sua felicidade, havia um número 201 gravado com tinha no meio fio de frente ao carro. — Acho que encontrei a pista que eu queria. Pela lógica, 201 deve ser no segundo andar. Ruby foi animada para entrada, mas percebeu que havia um portão ligado ao interfone que impedia sua passagem. Sem pensar duas vezes, ela apertou todos os botões, esperando que qualquer um dos moradores abrissem ou respondessem. — Quem é? — Uma voz idosa falou no interfone. — Correio. — Ruby disse tentando deixar sua voz menos fina. Acho que a voz que Matias sempre dizia ser irritante, não faria sentido. — Abri. Pode subir. — A senhora liberou acesso, na mesma hora, o som do portão sendo destravado foi ouvido. — Obrigada! — Ruby sorriu se sentindo orgulhosa de toda sua habilidade de infiltração. Enquanto entrava, notou que havia apenas dois apartamentos por andar. Enquanto no dela, eram seis. Já que era um imóvel focado em alunos do sexo feminino, parecia não se importar com eles serem pequenos, já o dos professores, parecia ser de luxo. Após dois lances de escadas, ela finalmente estava de frente ao apartamento. Naquele momento, Ruby se sentiu bastante tímida. Não sabia como explicar a razão de estar ali e se perguntou se MB poderia reagir m*l. — Julguei tanto Lisa por se tornar uma i****a na frente de Muriel e estou fazendo a mesma a coisa. Não. Eu não posso me deixar acordar, não andei tudo isso para nada. Ainda vou levar um sermão de Lisa quando voltar. Não. Não deixarei ser em vão. — Ruby pensou alto enquanto respirava fundo e arrumava seus cabelos. — Não nasci para ter medo de nada. Ruby tocou a cigarra sem muita convicção e soltou. Sentindo seu coração acelerar. Ficou esperando a porta se abrir a qualquer momento, mas não foi isso que aconteceu. Notando que não havia resposta, ela tocou novamente, dessa vez, com mais intensidade. Soltou o interruptor esperando receber uma bronca de MB, mas assim como da primeira vez, não houve resposta. Ruby naquele momento, ficou ainda mais preocupada, se o celular dele estava ali, ele também deveria estar no apartamento. Ainda mais depois de está ferido daquela forma. — Será que ele foi para algum lugar? — Ruby se perguntou, mas tinha um sentimento r**m no seu peito desde que saiu para o hospital que ela tentou ignorar, mas a cada minuto crescia mais. — Não faz sentido. Ele não estava em condição de ir a lugar nenhum. Será que não está atendendo de propósito? Pensar que estava sendo ignorada fez o sangue de Ruby ferver, afinal, ela tinha ido até ali correndo um sério risco de vida e ainda desagradando Lisa, pareceu incabível não abrirem a porta. E ela não estava disposta a aceitar tão facilmente a situação. — Vou abrir essa maldita porta nem que seja a última coisa que eu faça. Ahh, se eu vou. Não tem porta no mundo que me segure. — Ruby olhou ao redor buscando um funcionário para conseguir por seu plano em prática — Tem quer alguém da manutenção em algum canto desse prédio. Ruby se desfez da sua máscara, óculos e soltou seus cabelos. Não podia parecer suspeita naquele momento. Logo subiu mais um lance de escadas, na esperança de encontrar algum funcionário trabalhando. De preferência, um homem, já que seu plano era seduzir o ser e roubar a chave mestra que abria todas as portas, mas para sua infelicidade, não encontrou ninguém no terceiro andar. Sem desistir do seu plano, ela passeou novamente pelo segundo andar, depois pelo primeiro e por último, rodou o térreo em busca de qualquer funcionário, mas não encontrou nem moradores, parecia mais um prédio abandonado. — Não tem ninguém em casa coçando os ovos, gente? E que tipo de prédio não tem nenhum funcionário. Não tem condições. — Ruby pensou andando do lado de fora do prédio pensando em uma forma de acessar o apartamento de MB. Olhando para o segundo andar, observou as varandas dos apartamentos. Tanto a varanda do apartamento de MB, quanto a do vizinho pareciam abertas. Diferente de todo o prédio, que aparentava estar todo fechado. — Será que é a mesma pessoa que abriu para mim? — Ruby vendo aquela coincidência, teve uma outra ideia para conseguir entrar no apartamento, dessa vez, seu plano era usar o vizinho, ou melhor, vizinha. Ruby que havia deixado o portão aberto com ajuda de uma pedra, conseguiu acessar novamente o prédio. Sem pensar duas vezes, subiu os lances de escada correndo, o que deixou ela extremamente ofegante. Assim que chegou no segundo andar, tocou a campainha, antes de escorregar na porta e sentar no chão, completamente suada e ofegante. Não demorou muito para a porta se abrir, fazendo Ruby cair para dentro do apartamento. — Santo Deus! O que é isso? Menina, você está se sentindo bem? Que pergunta, olha sua situação. — Uma senhora por volta dos seus setenta anos perguntou nervosa ao ver aquela pequena garota completamente suada e ofegante. — Você consegue se levantar, minha querida? Ruby acenou sem dizer uma palavra, antes de levantar cambaleando um pouco, mas com a ajuda da senhora, conseguiu chegar até o sofá. — Vou pegar um pouco de água para você e algo para você comer. Meu filho me disse que eu deveria sempre beber água e comer quando estivesse me sentindo m*l. — A senhorinha disse antes de ir em direção da cozinha, como ela tinha hipoglicemia, seu filho havia dado essa orientação. Assim que a vizinha sumiu indo em direção da cozinha, Ruby voltou seus olhos para a varanda, planejando como conseguiria chegar lá sem que a senhora notasse, mas sua atenção voltou para a foto em cima de um móvel, reconheceu o casal na mesma hora. Era Henrique, ex-namorado de Isis e sua esposa. Aquela era a casa deles dois. — Aqui está, menina. Parece que sua cor está voltando. Tome um pouco de água e coma um pouco de melão. Tenho certeza que se sentirá melhor depois disso. — A senhora trouxe um copo de água e uma vasilha com as frutas. — Obrigada — Ruby agradeceu com um sorriso, mas logo voltou a olhar as diversas fotos daquele casal espalhadas pelo apartamento, juntos eles já haviam viajando quase o mundo inteiro. — Ah! São lindos, não são? É meu filho e minha querida nora. Esse apartamento é deles. Eu vim passar uns dias aqui depois de fazer uma pequena cirurgia. Ela está cuidando de mim. Meu filho trabalha como professor, passa o dia fora. Quando chega já estou até dormindo. Minha nora deixou o trabalho para vir morar com ele, somos todos de outra cidade. Eles passaram um tempo morando separados antes dela se demitir. Agora eles estão tentando me dar um netinho. Estou ansiosa, m*l vejo a hora de ficar boa e deixar eles sozinhos. — A senhorinha explicou com um sorriso orgulhoso no rosto. Ruby entendeu naquele momento a situação que Isis havia se metido sem saber. O marido que morava sozinho e havia deixado a esposa em outra cidade, conheceu uma estudante e começou um relacionamento com ela, sem esperar pela volta da esposa, mas era óbvio que os planos não haviam sido como ele imaginava. — Sim. Fazem um casal lindo. — Ruby disse depois de beber a água e comer tudo que a senhora já havia oferecido. — Você parece melhor, minha querida. O que aconteceu? Onde estão seus pais? Moram aqui no condomínio? — A senhora pensou que Ruby tinha 15 ou 16 anos. — Sim, quando eu estava passando pelo estacionamento vi um garoto mexendo em um carro azul que estava estacionado, pensei em passar direito, mas quando ele notou que eu havia visto, saiu correndo atrás de mim. Eu corri quando pude, mas senti minhas pernas fracas. Eu estava tão assustada. — Ruby explicou com os olhos cheios de lágrimas, se sentia um pouco culpada por enganar uma senhora tão gentil, mas achou ser necessário. — Quê! É o carro do meu filho! Fique aqui, menina. Eu vou resolver isso. Quando voltar ligarei para seus pais. Não precisa ter medo. — A senhora saiu agitada com o celular na mão descendo as escadas. Ruby deixou um bilhete curto agradecendo a ajuda para a senhorinha e correu para a varanda. Vendo de perto, sentiu o frio na barriga, não era tão alto, mas a distância de um apartamento para o outro era maior do que ela havia imaginado. Entretanto, ela não tinha muito tempo para pensar. Já estava ouvindo os passos subindo as escadas. Não podia arriscar ser pega. Sem pensar duas vezes, ela pulou de uma varanda para a outra. Um dos seus pés, acabou desequilibrando quando pousou na outra varanda, passando direto, mas Ruby por sorte, conseguiu se agarrar em uma barra de metal da varanda, ficando pendurada com os pés no ar. Com muita dificuldade, ela conseguiu usar as forças dos braços para se manter ali, enquanto usava seus pés para escalar até entrar completamente na varanda. — Se uma porta de fecha. Entre pela varanda, terá mais adrenalina, mas terá o acesso que precisa. Vou levar para vida. — Ruby brincou suspirando sentindo seus braços doendo pelo esforço que havia feito. Ruby caminhou em direção a porta, sentindo seu coração batendo tão forte que podia ouvir. Não sabia se era culpa da entrada dramática ou sua expectativa em ver MB. Entretanto, ao colocar o pé dentro do apartamento, encontrou o dono do apartamento jogando no chão, mergulhado em uma poça de sangue. — Matteo! — Ruby gritou correndo em sua direção.
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