O príncipe virou um chato

2294 Words
— Pensei que você havia dito que estava fora resolvendo problemas. — Ruby olhou confusa para MB que entrava no quarto super despreocupado. — Quem é ele? — Lisa conhecia todos que estavam ao redor de Ruby. Não que tivesse muita gente, já que boa parte da vida ela viveu isolada. — Ele foi o motivo do meu atraso para chegar aqui no dia da mudança e de alguma forma, também se transformou em meu professor. Ainda estou na dúvida se ele é um stalker, louco ou perigoso. — Ruby explicou para Lisa, que sentou na cadeira apenas observando. Tinha muitas dúvidas sobre aquela explicação breve, achou melhor esperar outro momento para fazer isso. — Fiquei sabendo que minha noiva estava brincando com fogo e acabou queimada. Tentei te avisar, você não me escuta. Tive que deixar tudo que estava fazendo e voltar para te proteger. — MB disse com um sorriso no rosto de aproximando de Ruby. Lisa levantou na mesma hora, se colocando na frente de MB, impedindo ele de alcançar Ruby, mesmo sendo duas vezes seu tamanho, ainda assim, ela não permitiu de forma alguma os avanços de MB. — Noiva? Que papo é esse. Ruby com toda certeza ele é um maluco. Vou chamar os seguranças. — Lisa já estava com o celular no ouvido, quando MB segurou. — Noiva, sua amiga parece um cão de defesa. E eu pensei que você era arrisca, mas acho que tem alguém ainda mais. De toda forma, se eu for preso, não terá ninguém para proteger sua amiguinha. Ela não te disse? Oh! Ruby você não deveria ter deixando sua colega de quarto no escuro. Afinal, você está metida em problemas. Falei que todos ao seu redor poderiam ser prejudicados. Realmente achou que eu estava brincando? — MB perguntou se afastando de Lisa, que só faltou rosnar para ameaçar ele de avançar. — Ruby, do que esse maluco está dizendo? — Lisa olhou para amiga que já estava sentada na cama com a mão na cabeça. — Vocês dois podem ficar quietos por um minuto. Minha cabeça parece que vai explodir. Não sei o que pensar. Nem o que fazer. Tenho a sensação que nunca deveria ter saído da maldita ilha. Ninguém me contou que a vida adulta incluía mafiosos, vidro e explosões. Pensei que meu pior desafio seria fazer a janta. — Ruby colocou as duas mãos na cabeça, havia um zumbido em seu ouvido e a dor apenas aumentava. — Achei vocês. — Muriel disse abrindo a porta, mesmo vendo o clima estranho, decidiu ignorar. — Falei com o médico responsável. Parece que nada sério aconteceu com você, mas terá que ficar alguns dias de repouso e tomar algumas medicações. Pensei que você estaria dormindo. — E quem é você? — MB perguntou indo para cima de Muriel. — Sou estagiário desse hospital. Faço uma pesquisa com um dos professores daqui. Também sou amigo de infância da Lisa, mas agora te pergunto, quem é você para está no quarto de uma paciente com essa marra toda? — Muriel deu um passo para frente, ele era exatamente do mesmo tamanho que MB. — Parem os dois. — Lisa afastou os dois com a mão. Não queria envolver Muriel ainda mais naquela bagunça que nem ela mesma estava entendendo. — Quando vou poder ir para casa, Muriel? Será que alguém pode me drogar para eu parar de sentir essa dor de cabeça absurda? — Ruby perguntou ignorando totalmente a confusão que estava sendo armada. — Farei isso agora. — Muriel saiu do quarto, indo em direção às enfermeiras. — Não sei o que está acontecendo aqui, mas ficará só entre nós. Não quero Muriel envolvido em nada disso. Ele já teve uma vida conturbada. Não precisa de mais problemas surgindo. Por enquanto, Ruby você vai dormir. E você, senhor noivo, vai me explicar direitinho que história é essa da minha amiga está noiva e envolvida em problemas. — Lisa bateu o martelo. Havia alguns fatos sobre a vida de Ruby que ela sabia, mas por alguma razão, a sua amiga havia esquecido completamente. — Você e sua amiga são bem parecidas, sabia? — MB achou divertido a postura de Lisa sem medo algum dele. Normalmente, desde pequeno, todos tinham receio de se aproximar dele. — Eu sei, sou bem sortuda. Agora tu explica tudo a ela. Quando eu acordar, resolvo o que fazer nessa bagunça. Talvez seja só coincidência. Não sabemos se foi um acidente ainda o que aconteceu com meu carro. Não quero ser peru e morrer de véspera. Primeiro vamos manter a calma. Pensar em tudo com cuidado. — Ruby ainda preferia acreditar que não havia qualquer razão para estar envolvida com a máfia e ser caçada por conta disso, afinal, nunca ouviu nada sobre isso dos seus pais de criação. — Como assim? Você ainda não foi notificada pela polícia. Encontraram resto de explosivos nele. Acreditam que foi ativada a distância. Estavam apenas esperando você se aproximar para ativar. Não sei dizer se queriam te assustar, mas algo é certo, a ideia era te machucar de alguma forma. Não sei quem está atrás de você agora, mas parece ser alguém que não quer apenas te matar, mas causar uma sensação de terror em você. Parece algo completamente pessoal. Normalmente, nos da máfia, apenas nos livramos das pedras do caminho. No caso, parece que alguém quer brincar de gato e rato com a princesa. — MB havia deixado vários seguranças ao redor de Ruby naquele dia, mas todos foram mortos com apenas um tiro, o que fez ele chegar a conclusão que estavam brincando com Ruby. — Recebi uma ameaça no shopping. — Ruby se esticou até sua bolsa, tirou de lá o papel que haviam colado nas costas dela — Esse papel foi colado nas minhas costas, um pouco depois, encontramos um vidro em nossa comida. Talvez você esteja certo, alguém realmente está querendo me aterrorizar, mas quem poderia ser? — Como é? Você está sendo ameaçada? — Lisa puxou o papel da mão da amiga na mesma hora horrorizada com o que estava lendo. — Vou ligar para minha tia agora. Vai além do que podemos resolver. Você precisa de segurança. A sua vida vale mais do que um sonho de liberdade, até porque, pessoas mortas não podem andar livremente até onde eu sei, não é? Ruby não reagiu. Sabia que as coisas haviam tomado uma proporção muito maior do que ela conseguia lidar. Afinal, por mais que quisesse fingir que estava bem, no fundo, estava assustada e queria voltar a se sentir segura, mas infelizmente, as coisas não seriam tão fáceis assim. — Verônica não atendeu. Vou mandar uma mensagem pedindo para ela retornar. Talvez esteja resolvendo algo relacionado aos restaurantes. Meu pai e minha mãe disseram que estão vindo para o Brasil, o que aconteceu afetou também nossa rede de hotéis, afinal, havia uma parceira para com o restaurante. — Lisa explicou enquanto digitava a mensagem para tia. — Que estranho. — Ruby sentiu uma pontada de preocupação. Verônica era capaz de atender uma ligação no meio de uma reunião importante desde se fosse da Ruby ou da Lisa. — Com tudo que está acontecendo, conhecendo minha tia, talvez ela tenha deixado o celular jogado em algum lugar. Não se preocupe. Deve estar tudo bem. Já já ela deve retornar e poderemos resolver isso. Por enquanto, acho melhor a gente não ficar no hospital e voltar para o apartamento. Aqui não podemos monitorar direito quem tem acesso, no apartamento, você deve estar segura. Vou adiantar sua alta. — Lisa olhou para MB e para Ruby antes de sair — É seguro te deixar com esse esquisito? — Eu sou menos estranho que ela. Sabia que no nosso primeiro encontro ele chutou minhas bolas e até hoje não pediu desculpas? — MB brincou ao ver o semblante irritado de Lisa. — Ela não fez menos que a obrigada dela. Se fosse eu, teria jogado gasolina e tacado fogo, para não ter risco de voltar. Minha avó disse que assim acaba com qualquer erva daninha. Colocando fogo. — Lisa disse antes de tirar uma foto de MB de surpresa. — Gostou de mim a ponto de precisar de uma foto? Se quiser, pode bater mais, eu até posso sorrir. — MB gargalhou ao notar a cara de Lisa se revirando ainda mais. — Não. É para mostrar à polícia caso você toque em qualquer fio de cabelo de Ruby. Tenho certeza que seu nome não é esse que disse para ela. Com toda certeza também não é professor. Tem cara de traficante de quinta. Não sei qual a tua, mas eu tenho dinheiro suficiente para esconder um corpo ou criar provas para te incriminar. Tenha cuidado. Não sou o tipo de pessoa que você quer irritar. — Lisa ameaçou colocando o dedo no rosto de MB, o que ela não havia percebido era que Muriel havia entrado no quarto e estava assistindo toda a cena. — Não sabia desse seu lado ameaçador. — Muriel sorriu colocando Lisa para trás dele, antes de encarar MB — Acho que já deu sua hora, não é? Você está deixando as meninas desconfortáveis. Peço educadamente que se retire. — E se eu não concordar? — MB tinha o sorriso de quem estava gostando de começar uma briga. — O que o filhinho de papai que sempre teve tudo nas mãos vai fazer? — Respeitosamente, vou quebrar sua cara de um jeito que nem todo dinheiro do mundo vai conseguir reconstruir — Muriel sorriu como se não tivesse ameaçando MB. — Está me ameaçando? — MB se aproximou de Muriel. A sensação no quarto era de uma tensão que claramente terminaria em socos. O que não combinava em nada com um hospital. — Precisarei desenhar? — Muriel não parecia em nada como nerd quieto que aquelas duas conheciam. Ruby pulou da cama e segurou a mão dele. Não fazia ideia de quem ganharia aquela briga, mas ela não queria brincar com a sorte, afinal, naquele momento, eles não precisavam de uma briga interna, mas descobrir quem estava atacando dela. — Se você diz que não está aqui para me ferir, também não deve ameaçar meus amigos. Não sei se você percebeu, mas eles estão preocupados comigo e tentando me proteger. Em vez de arrumar treta com eles, deveria caçar quem está tentando fazer Ruby Grelhada. — Ruby sentia que precisava de toda a ajuda possível naquele momento, até mesmo, de MB. Ele era o único que podia explicar o que realmente está acontecendo. — Okay. — MB sentou na cadeira ao lado da cama e cruzou os braços, para a surpresa de Ruby que iria precisar de muito esforço para conseguir parar aqueles dois. — Muriel, pode conseguir minha alta? Algo de errado está acontecendo com minha família e acho que estou sob ameaça. Não será seguro para mim ou para o hospital se eu ficar aqui. — Ruby não sabia direito o que pensar, mas primeiro, precisava ir para um lugar seguro. — O apartamento de vocês é seguro? — Muriel perguntou preocupado. — Verônica trocou todas as portas e janelas. O lugar só abre com o leitor facial e chave. Ninguém percebe porque fica no olho mágico. Minha tia não teria chamar atenção. A casa também tem todo um sistema de segurança. Estaremos seguras por lá. — Lisa explicou para Muriel — E obrigada por se preocupar com a gente. E me defender desse trogrodita. — O trogrodita vai aumentar a segurança do entorno, para ninguém se aproximar do lugar. Vamos. Eu deixo as duas em casa. — MB levantou acenando para mim. — Eu estou com soro. Pre... — Ruby parou de falar quando viu MB pegando algodão e álcool em um carrinho da enfermagem, antes de tirar com cuidado o soro de sua mão. — Onde você aprendeu a fazer isso? — Sou uma caixinha de surpresa. Quando você descobrir abrir. Vai descobrir muita coisa. Vamos. Vou te deixar em casa e tentar descobrir quem está causando tudo isso. — MB colocou Ruby nos braços, levando ela para fora do quarto. — Hey! Espera. Eu posso andar! — Ruby reclamou tentando descer. — Espe... — Lisa ia correr atrás da amiga, mas Muriel impediu ela. — Você vem comigo. Não vou te deixar ir com ele. — Muriel segurou a mão de Lisa. — E se Ruby estiver em perigo? — Lisa perguntou preocupada. — Ruby tem ele na coleira. Não precisa se preocupar. Você vem comigo e vai me explicar tudo que está acontecendo. Quem é aquele cara e o que está acontecendo com Ruby. — Muriel segurou a mão de Lisa e levou ela até seu carro. MB levou Ruby até a porta de casa. Recebeu uma ligação e precisou sair urgente. Lisa chegou um pouco depois, a ponto de ver ele entrando no carro. Ainda assim, ela subiu correndo. Estava preocupada com a amiga. Encontrou na cama, olhando para a janela. — Ruby, só por hoje, você deveria relaxar. Amanhã vamos pensar em um plano. Hoje foque apenas em se recuperar. Tome. Leia um pouco e adormeça. Vou preparar a lasanha da Natália para gente comer hoje a noite. Ah! Muriel disse que vai jantar aqui. — Lisa entregou o livro que estava ao lado da cabeceira da cama para Ruby antes de sair correndo para cozinha. — Desde de quando eu leio? Esse livro é só para enfeitar o... — Ruby folheou as páginas enquanto falava, mas inesperadamente, uma carta caiu de dentro dele. — Essa não é a carta que Verônica me entregou no dia que eu cheguei? Esqueci totalmente dela. Não tem remetente. Só diz que é para mim. O que será? Um admirador?
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