Capítulo 2

1469 Words
Joana Após a revelação de que àquele homem incrível, aparentemente saudável, usando um jaleco de médico era o meu paciente, fui conduzida pelo funcionário até uma sala reservada e lá haviam mais duas pessoas. Um homem de meia idade e uma mulher loira, atraente, super linda, que mesmo sentada notava-se ser bem alta. Sentei de frente à eles entregando as cartas de recomendações em suas mãos, leram, depois se apresentaram. __ Sou o segundo no comando senhorita, Figueiredo. Me chamo: Leonardo Zircane, o supervisor do hospital, ao seu devido dispor. Sorriu estendendo a mão. Esse era o funcionário que me conduziu e quem disse que àquele homem simpático era o meu paciente. Aceitei sua mão oferecida, em seguida acabei apertando as mãos de todos. __ Sou, Melinda Novato. Pode me chamar de, Mel...sou a médica chefe e a monitora das aulas dos pacientes desse andar. Os outros três andares de cima são outros médicos no comando. Aconselho a senhorita nunca ir até lá, porque são pacientes agressivos e constantemente somos obrigados a mantê-los presos na camisa de força. _ Fico assustada, porém era algo que já esperava encontrar. __ Não liga para a doutora, Mel, as vezes ela é drástica demais. Sou, Silvano Corrêia. Chefe do manicômio, supervisor geral e monitor dos monitores, então mando em todos vocês. _ Falou sério olhando em seus rostos, virou-se pra mim, sorriu torto piscando o olho. __ Brincadeiras á parte. Seja bem vinda a nossa família desajustada, senhorita... __ Pode me chamar apenas de Joana, eu não me importo. _ Os avisei, gostando daqui. __ Também não me importo. Agora vou visitar os meus pacientes. Estamos felizes com o seu estágio nesse hospital...Joana. _ Mel levantou-se seriamente logo após me saudar secamente, caminhou para fora da sala. __ Ela é sempre tão séria assim? _ Apontei com a cabeça por onde ela passou. Os homens riram. __ Tem vezes que é ainda pior. Mas é civilizada. _ Respondeu Leonardo. Ele era um rapaz alto, moreno, simpático e atlético. Usava roupas de esporte. Acho que dá aulas de educação física para os pacientes. __ Bom...antes de tudo, Joana, vamos ti passar a ficha do, Douglas Donatto. _ Levantou-se ao dizer, o chefe do hospital, andou em direção aos armários de metal, pegou um envelope e jogou na mesa. __ Aqui vai saber um pouco mais do seu paciente, quer dizer, pacientes. Peguei o envelope, retirando de dentro uma ficha toda e encadernada. Início a leitura sobre sua vida, sua história, ou o que conseguiram encontrar. __ Quantas personalidades o paciente, Douglas Donatto possuí? __ Contando com ele mesmo...dez! __ Nossa! _ Ergui o rosto da ficha percebendo que o Senhor Corrêia havia saído. __ Conta mais sobre ele. _ Pedi olhando Leonardo Zircane nos olhos. __ Ele é incrível. Vai conhecer todas as nove pessoas dentro dele, porém somente vai conhecer o principal, que é o verdadeiro Douglas, no final do seu estágio, na conclusão, porque ele se esconde através dos outros personagens. __ Por que? Os outros personagens o controlam? _ Perguntei apreensiva. __ Pelo ao contrário, Joana...ele se ausenta por livre e espontânea vontade, pois não quer sair mais daqui. O Douglas Donatto, quase já não existe dentro desse manicômio, lá fora ainda existia fragmentos dele, embora nunca tenha sido capaz de controlar quando uma outra personalidade o possuía. De um jeito ou de outro eles acabam fazendo o que querem com o seu corpo, é como uma possessão. Ele fica de longe dentro dele mesmo, assistindo, um mero telespectador. Quando se apresentou aos antigos psiquiatras nas terapias finais , e também diante de nós para dar alta, ele dava crises de epilepsia, seguido de amnésia retroativo, ou seja, não se lembrava de absolutamente nada das seções, sendo assim, era como se nunca houvesse sido submetido a alguma terapia, fora os ataques contra ele mesmo. Fiquei abismada com tudo o que ouvia, prestando cuidadosamente atenção em cada detalhe do que dizia. Um ponto despertou o meu interesse. __ O paciente não quer sair daqui... __ O própria Douglas Donatto nos pediu para interná-lo, alegando sobre uma ou três personalidades dele serem perigosas para a sociedade, nos informou até que poderiam cometer um assassinato... __ Mas... __ Não se preocupe, Joana. Ele está aqui há três anos e nunca feriu ninguém. Sequer levantou a voz para algum dos médicos, monitores, supervisores, guardas, pacientes e o chefe. Você mesma viu. Ele é inofensivo! __ Aquele que você conheceu era o médico Romanof... hahaha. Essa personalidade foi adquirida aqui depois da sua permanência nesse manicômio. Foi depois de um mês. __ A Mel monitora pessoalmente ele, quando usa o jaleco branco, por isso ela correu daqui. Mas todos os monitores vigiam os pacientes, principalmente ele para não manipular medicamentos... nunca tentou isso, só prática visitas de médico, vendo como os pacientes estão! Só isso. _ Leonardo falava demonstrando admiração na voz e no olhar sereno. __ Ele é um prato cheio para as minhas pesquisas, estou louca pra começar. __ Sim, no entanto, a cima de tudo precisa salvá-lo de si mesmo. Tenta sempre fazer o Douglas Donatto voltar. Quanto mais ausente ele ficar é pior, temos medo que a sua personalidade principal suma de vez e assim nunca mais sairá desse manicômio. __ Eu sou a libertação dele e ele é a minha... - Pensei no professor, Mário...o carrasco. __ Darei tudo de mim para fazê-lo voltar a sociedade e até mesmo curá-lo, você acredita na cura de um paciente com TDI? __ Acredito absolutamente em tudo nessa vida, doutora... _ Deu um largo sorriso revelando dentes perfeitos. Guardei sua ficha, iria terminá-la de ler em casa. Depois, Leonardo levou-me ao quarto particular do paciente. Achei estranho as consultas serem aqui e não em uma sala, entretanto ao ver detalhadamente o seu aposento compreendi o motivo. Era bem amplo, espaçoso, as roupas de diferentes estilos separadas perfeitamente alinhadas nos cabides, que deveriam ser das suas personalidades diversas. Notei objetos num canto, sua cama alinhada milimetricamente arrumada, localizada colada, fixada à parede. Olhei em volta notando um pequeno banheiro, tudo bem limpinho, embora o cômodo em si fosse muito cinza, sem graça, impessoal e triste, havia dois quadros na parede destacando-se, clareando, trazendo calor ao ambiente frio, justamente por causa das cores quentes. As pinturas eram abstratas, sem forma coerente, percebo esses mínimos detalhes, minha visão é acostumada a ver semelhantes obras... enxerguei as figuras, identificando ser de um homem e uma mulher. Também havia duas cadeiras, uma no centro e a outra distante. Mel retornou trazendo ele ao seu lado, no mesmo instante que me viu tirou o jaleco entregando imediatamente a verdadeira médica. Foi logo se sentar na sua cadeira, esperando por mim. __ Sua psicóloga e psiquiatra, Joana Figueiredo. Ok? _ Informou cordialmente Leonardo Zircane a ele. Não saberia dizer quem era nesse momento. A sua expressão mudou derrepente ao me ver. __ Ok. Senhor, Zircane. Pode ir. Até a sua voz havia mudado, deixando-me perplexa e super curiosa. __ Vou ficar sozinha com ele... __ Sim. _ Leonardo se pronunciou. __ Mas tem uma câmera ali. _ Olhei pra ela. __ Esse monitoriamento faz parte da terapia e tome isso! Colocou na minha mão um aparelho pequeno, uma arma de choque. __ Sempre é melhor prevenir do que remediar. _ Revelou ele ao ver a minha cara, tanto o supervisor quanto a médica mostraram os seus aparelhos de choque presos na cintura. Pendurei o objeto no passador do cinto da minha calça preta, observando que o meu paciente havia cruzado os braços fortes, musculosos, sobre o peito, parecia aprovar, gostar, da minha presença. __ Esse objeto não intimida você? _ Questionei a um deles na posse do seu corpo. _ Sorrindo docemente respondeu: __ Nunca precisaram usar essa arma de choque na minha pessoa. Como vou temer algo que jamais senti? Senhorita Figueiredo. __ Bem...vamos deixar a porta aberta para se sentir mais segura. Fique despreocupada ele é uma pessoa boa. Verás com os seus olhos, ele que é o seu próprio inimigo. Não acreditamos no que fez ele se internar, tem se mostrado ser um grande e excêntrico ser humano. __ Tudo bem. Podem ir. _ Avisei a eles me sentando, vendo o homem igualmente sentado na outra cadeira mostrando um belo sorriso. Os dois saíram deixando-me sozinha com o MEU PACIENTE. Respirei profundamente, definitivamente pronta a iniciar a sessão. __ Como se chama? Com qual de vocês eu irei iniciar a terapia? Não me respondeu, só permaneceu lá, do mesmo modo, olhando-me fixamente dentro dos meus olhos. Depois de uns intermináveis segundos nos encarando voltei a falar: __ Senhor... __ Não posso falar nada agora... _ Susurrou sedutoramente. __ Por-Por que? __ Estamos todos sentados numa roda em silêncio nesse exato momento admirando a sua extrema beleza... Continua...
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