Joana Figueiredo
__ Em roda? _ O mirei sentindo minhas bochechas queimarem de vergonha.
__ Sim... Todos nós sentados nessa cadeira em volta da senhorita.
__ É assim que fica na sua mente. _ Constatei, tirando o fato da minha presença no centro. __ Quem está no comando agora? _ Quis saber.
Ele descruzou os braços, pondo as mãos nos joelhos, um deles começou a balançar. Acho que tentava se segurar para não dá a vez para o seu outro eu.
__ Está ansioso? _ Questionei.
Peguei sua ficha na bolsa, abri na terceira página, nela se concentrava todos os seus respectivos nomes.
__ Me chamo, André Serra. Sou professor de poesias. Escuta senhorita, Figueiredo... _ Olhei pra ele ao senti-lo tenso, percebendo que se esforçava para permanecer no comando. __ ... Não chame o açougueiro, por favor...
__ Açougueiro? O que tem ele?
Perguntei, nervosa. Testemunhando sua mudança nas feições, entretanto, logo notei que era da paz, ele sorriu diretamente pra mim... e de repente fez algo impensável para àquele momento; tirou a blusa por cima da cabeça, pondo a blusa no ombro em seguida retirou dali segurando a peça entre as mãos. Ele pingava de suor, ofegante, como se acabasse de correr.
Abri a boca lentamente, sentindo meu sangue ferver, minhas veias pulsava freneticamente atrás das pernas, pulsos... atrás das orelhas, ao vê-lo seminu. Sua aparência máscula se comparava a um Adones, um Deus Grego. O torço recheado de super músculos, contendo vários gominhos no peito firme, largo, a barriga dura, chapada. Os braços do tamanho das minhas coxas, coberta por veias grossas, saltadas... Demorei para voltar parcialmente ao normal e consequentemente fechar a boca, me recompondo dessa visão, sua imagem toda mexia comigo, pisquei diversas vezes na tentativa de retornar o meu foco.
Sendo que o próprio não notava a forma como me abalou, falava tranquilamente, dizendo que estava louco para se apresentar formalmente, que fez de tudo pra roubar a luz do professor...
__ Han. Han... é... Como assim luz?
Nossa, fica difícil ajudá-lo sem blusa, o homem era puro músculoso.
Como se exercitava aqui?
Eu tentei miseravelmente não olha-lo muito, mas tava impossível desviar o olhar.
__ Quando um quer ficar no controle rouba a luz do outro. Me chamo, Reinaldo Vintage. Sou surfista, já peguei várias ondas maneiras. Sinto muito calor sabe, sinto falta do mar. _ Olhava-me intensamente. __ Estamos eufóricos com a sua presença, Joana. Tá mais compricado hoje permanecer por muito tempo na luz. O comentário do dia é sobre a doutora. Vendo-a pessoalmente é ainda mais linda.
__ Por que? Senhor, Vintage. Sou apenas uma simples psicóloga e...
__ Não. _ Interrompeu-me. __ ... Não me chame de " Senhor". Só o Ulisses, porque ele sim é um velho.
Sorri ao imaginar um dos seus eus sendo um idoso.
__ E está muito longe de ser uma simples psicóloga para nós, Joana. Além de gata é a nossa esperança de sair daqui. Douglas, foi um cara muito m*l nos prendendo aqui. Estou deixando de fazer manobras incríveis sobre a prancha por causa dele.
Notei que há uma prancha de isopor no canto, ele seguiu o meu olhar, depois voltou a me encarar.
__ Não gosto daquele, é de mentira, prefiro a minha, da nossa casa.
__ Então, surfa de verdade? Como aprendeu? _ Segui nesse rumo.
__ Acho que foi quando era criança, não sei, não me lembro muito da minha infância... Droga! Não! Para! Quero ficar mais um pouco. Seu egoísta!
Resmungou com ele mesmo, cemicerrando os dentes, virando o rosto para os lados diversas vezes, brigando com sua outra personalidade.
Lembrei da minha mãe... Quando a outra eu dela entrava em ação, em particular aquela que me odiava, eu sempre corria de medo...
Voltando ao meu paciente...
A mudança de um indivíduo para o outro eram impressionantes e nitidamente visíveis.
Ele levantou-se colocando sua blusa pedindo desculpas pela falta de respeito pelo seu outro eu. Foi direto ao cabideiro, pegou um uniforme militar e vestiu, abotoando os botões da farda retornou ao seu assento.
__ Oi. Sou o soldado, Divino Oredales, ao seu inteiro dispor.
__ Olá soldado. _ Disse alegremente. __ Como vai você?
__ Está muito cheio aqui dentro, mas hoje valeu a pena, ver que você é a primeira dama que agradou a todos nós, isso nunca nos aconteceu antes.
__ Realmente... Não sei nem o que dizer sobre isso.
__ Então, não diga nada, só sinta ser paquerada por nós princesa. _ Sorri e ele correspondeu, mostrando um sorriso torto nos lábios.
Prossegui.
__ Soldado, já participou de alguma guerra?
__ Já, em outro país. No Iraque. E quando me convocar estarei pronto para servir ao meu país. Brasil. _ Falou firmemente.
Meu calçado estava incomodando, na verdade o meu pé direito doía. Queria tirar a sandália alta e aliviar um pouco o pé.
__ Divino, posso retirar a sandália? Está me matando. _ Vi quando engoliu em seco, seus olhos azuis desceram na região dos meus pés.
__ Claro que pode... _ Suspirou ele. __ ... Se eu pudesse levantar daqui ficaria de joelhos, retiraria os dois calçados e faria uma massagem neles... _ Susurrou-me. __ ... Lindos pés.
Murmurou enquanto eu tirava um calçado. Sua respiração ficou ofegante, seu olhar carregado de desejo, chegou a passar uma mão nos cabelos mostrando-se apreensivo... Mirando fervorosamente os meus pés com devoção.
__ Gosta de pés? Soldado, Divino Oredales.
__ Adoro, pena que estamos sendo monitores...
__ E se não estivéssemos? O que faria com eles? _ Não deveria fazer esse tipo de pergunta, mas foi inevitável e deliciosamente irresistível.
__ Além da massagem eu os beijaria... Cada dedo até... p***a! Agora não!
__ Desculpe o taradinho dos pés, esse é o ponto fraco do soldado. Prazer, sou o, Bernardo. Lhe advirto... Cuidado para também não ser controlado por eles.
Relatou levantando e retirando o traje militar, de volta no seu devido lugar, sentou-se com as pernas afastadas, o corpo pra frente, apoiando os cotovelos nas pernas, esfregando as mãos uma na outra.
Igualmente como os demais, olhava-me encantado, todavia, de um jeito contido.
__ Eles quem? _ Sua cara fechada era até engraçadinha. Em nenhum momento deixava de ser belo por causa da TDI.
__ É isso que eles fazem, te pegam e colocam um chip dentro da sua cabeça. Eles me colocaram aqui porque eu sabia coisa demais a respeito do meu país!
__ Qual é o seu país? E o quê faz? _ Ele era uma curiosidade para as minhas pesquisas.
__ Estados Unidos. Porém, sei falar português, pois somente nasci lá, com meses de vida minha mãe se mudou para o Brasil... Sou espião. __ Sussurra em confissão, tampando a lateral da boca, como se revelasse um segredo.
__ Quer dizer... Não acredita que o, Douglas Donatto, foi o responsável de tê-lo colocado nesse hospital?
__ Quê! Douglas? Nunca... É nisso que o sistema quer que a gente pense. Vivíamos em paz no nosso lar e de repente, assim, do nada decidiu se internar aqui? Isso foi lavagem cerebral que fizeram nele. É algum tipo de manipulação mental. Por esse motivo não saímos daqui. Fizeram isso porque sei dos seus podres... _ Olhou para o lado, como se houvesse alguém bem ali. __ ... Tá bom... Não vou brigar com um senhor de meia idade.
Em seguida abaixou a cabeça, quando ergueu o rosto endireitando a postura pegou um óculos do bolso da calça jeans e o equilibrou entre o nariz. Era um óculos redondo e pequeno. Ao encontrar-me... Fitou-me cheio de... t***o?
__ III douttore é muito caldo. ( A doutora é muito gostosa.)
Olhou-me de cima a baixo sem pudor.
__ Desiderio di succhiare...( Vontade de chupar...) __ Hummm...
__ Fale a minha língua, por favor. _ Pedi encarecidamente, pela razão do seu olhar ser diferente, parecia querer me devorar, fora que a sua voz mudou excessivamente, se tornando grave, além de sedutora ao falar italiano.
__ Mi ha e******o. ( Me deixou excitado.)
Céus... Isso deu para entender.
Ele sorriu maliciosamente deixando-me completamente desconfortável.
__ E gia succhiare, leccau offamato? Douttore. Voglio la tua scialle intero... Ho fome... ( Já foi chupada, lambida com fome? Doutora. Quero abocanhar sua xana inteira... Tô com fome...)
__ Por... favor... para...
Continua...