Quando acordo no quarto do hotel onde minha mãe está hospedada, pego meu celular e vejo que perdi a hora, imediatamente saio do quarto e encontro minha mãe sentada tomando chá.
-porque não me acordou?
-Judith ligou, Fábiola está tendo alta, me pediu que fossemos até a casa dela mais tarde, ela irá contar do falecimento da mãe da Flavia...
- não acredito que ela terá que passar por essa dor novamente...É injusto!
-é necessário meu filho, ela tem a responsabilidade de criar uma criança. ..
-Judith já pensou em tudo...
-não entendi? O que quis dizer?
Fábiola
Finalmente estou indo para casa, não para minha casa e sim para casa dos meus pais , eles acharam melhor eu passar essa semana lá, querem conversar comigo e quando chegamos e a porta se abriu Flávinha veio ao meu encontro muito feliz, abracei e beijei, achei estranho Valéria estar aqui. .. E o tal cara aparece junto com uma senhora...
-o que está acontecendo aqui mãe ?
-Valeria, por favor suba com a Flavia.
Flávinha da a mão a Valéria e sobe, eu sei que tem algo errado, o silêncio chega a doer.
-porque Valéria está aqui? Cadê à Letícia ?
Vejo minha mãe se emocionar...Estou começando a ficar assustada, meu pai se aproxima de mim e me abraça.
-vai precisar ser forte filha ...
-Pai...
Eu já sabia que o que iria ouvir provavelmente iria acabar comigo...E me destruir...
Ouvir que minha melhor amiga, confidente, comadre morreu , estou em choque, eu não consigo entender o que está acontecendo, porque eu não lembro, por algum motivo me sinto sufocada e meu choro aumenta, a dor que sinto é tão insuportável que me ajoelho.
Sinto alguém me tocar e puxar para si, não vejo direito por estar com os olhos embaçados , mas seu cheiro me acalma.
-estou aqui. ..Tudo ficará bem, eu te amo...
Eu realmente não lembro dele ou da morte da Letícia mais aceito seu abraço e choro, a dor é imensa, avassaladora, não sei explicar o quanto dói, só sei sentir...
Aron Klein
Mais tarde ...
Ao chegar na sala pego a pasta e entrego a Judith.
-o que é isso?
Me sento ao lado dela e explico.
-Fábiola tinha medo que algo acontecesse a ela , Flavia parar em um abrigo ou na casa do pai, esse documento torna a senhora a tutora legal da Flavia.
Judith se emociona e pega o envelope...triste ter que passar por toda essa situação.
-ela pensou em tudo, era o momento dela se cuidar ...
-ela ama a Flavia, a segurança dela é muito importante para a Fábiola!
-Obrigada Aron...Como ela está?
-pegou no sono, não falei sobre a Flavia mais acredito que será bom ela ficar ciente.
-quando ela estiver melhor eu terei essa conversa.
-eu trouxe algumas coisas para ela, se precisar de algo me ligue.
-eu não sei como te agradecer, você continua no apartamento dela, certo?
-não, desde ontem estou no hotel com minha mãe, não consigo ficar lá sem elas...
Judith se aproxima de mim e sorri.
-minha filha tem sorte de ter encontrado você!
-na verdade a sorte é minha...
Fábiola
Acordei com os carinhos da Flávinha no meu rosto.
-bom dia dinda, tá melhor?
Ve-la sorrir depois de saber que ela perdeu sua mãe. ..Me emociona, minha dor não é nada perto da dela.
-eu vou ficar, ok?
-vamos tomar café a vovó Judith e o vovó estão nos esperando.
-vai na frente, diz que já estou descendo.
Assim que ela sai do meu antigo quarto vou para uma ducha, a água bate no meu rosto deixo minha dor sair...
Estamos tomando nosso café e Valéria pega Flávinha, vão para o jardim, já sei que vem mais coisa por aí. ..
-por favor, eu não quero ouvir notícias ruins mãe!
-no meu ponto de vista não é ruim...
-tudo bem, vou te ouvir.
-antes da Letícia falecer, você lembra que fizeram um documento se algo acontecesse a ela a guarda da Flavia seria sua? Consegue se lembrar?
Eu tento mais não me lembro, mas que merda! O que está acontecendo comigo?
-não lembro...
-ela mora com você, Valéria te auxilia assim como fazia com a Letícia e antes da sua cirurgia você passou a guarda dela para mim, caso algo lhe acontecesse, Aron me entregou ontem o documento.
-Aron?
-esse é o nome do seu namorado, escuta filha, eu sei que tudo deve estar parecendo louco demais, mas não deixe ele se afastar, eu nunca lhe vi tão feliz.
Porque minha mãe está me dando conselhos, desde quando ela é presente na minha vida para saber desses detalhes?
-então eu cuido da Flávinha?
-e muito bem, sei que pode parecer impossível, mas você foi muito forte, não se abateu com o falecimento da Letícia , tratou logo de cuidar da Flavia.
-você nos surpreendeu Fábiola, deve estar estranhando como sua mãe sabe disto tudo, vocês se aproximaram com a morte da Letícia , Flavia vem para cá as quartas e sextas, ela está aprendendo tocar piano e me auxiliando nas minha maquetes.
-isso tudo para mim é surpresa pai, havia esse risco de eu perder a memória de coisas recentes?
-Dr. Afonso disse que poderia ocorrer mas que também pode ser momentâneo, precisa ser paciente...
Vou até o jardim conversar com a Flavinha, ela está brincando no jardim Valéria, que nos deixa a sós.
-precisamos conversar querida.
-tudo bem dinda. ..
-depois da cirurgia percebemos que eu esqueci algumas coisas...
-de mim?
-não, nunca me esqueceria de você, pode ser que aos poucos as lembranças voltem, pode ser que não, mas preciso te fazer algumas perguntas, ok?
-tudo bem...
-está feliz morando comigo?
-eu sou muito feliz com você e tio Aron. .. Você lembra dele né?
-infelizmente não, você gosta dele?
-muito, ele sempre me pede para cuidar de você e para me comportar...
-entendi, hoje voltaremos para o nosso apartamento e se eu tiver esquecendo algo me avisa, vou precisar da sua ajuda.
Aron Klein
Meu celular toca e fico surpreso em ver que é ela.
-Oi. ..
-estou te atrapalhando?
-não, estou livre.
-pode vir me buscar para conversarmos?
-quando?
-pode ser agora!
Fábiola
Estou dentro do carro dele...
-bonito seu carro!
-alugado, Fábiola sei que não lembra de mim e de muitas outras coisas, vou responder a todas as suas perguntas.
-Obrigada.
Estamos em um restaurante, ele fez o nosso pedido.
-como nos conhecemos.
-comprei a Meraki. ..
-está me dizendo que Frederick vendeu e Meraki?
-exatamente, seis meses depois pedi que fosse a matriz para me ajudar com a equipe de lá.
-foi assim que nós começamos o relacionamento?
Ele encostou na cadeira e sorriu, que sorriso lindo...
-eu era noivo e você uma mulher muito teimosa!
-agora não estou me reconhecendo! Não me diga que fomos amantes?
-nunca trairia minha noiva, mesmo não estando bem, não faria isso com ela, rompi com ela, mas antes te disse o que sentia, você na verdade não disse nada, simplesmente foi embora. ..
-e quando tudo mudou?
-você voltou Alemanha e nos encontramos, as coisas fluíram. ..Foi quando Letícia se foi...
-posso te fazer uma pergunta?
-claro, todas.
-eu não entendo como superei a perda da Letícia ..
-na verdade você foi muito forte, não teve tempo, Flavia precisava de você!
-Albert não quis à guarda?
-muito pelo contrário, deixou claro que não!
-Aron, o que causou a morte dela?
-hemorragia, devido ao aborto!
-aborto? Sabíamos quem era o pai?
-foi uma recaída com Albert ...
-espera, o canalha novamente abandonou ela! Eu deveria surra-lo!
-não se preocupe , você deu um belo soco no canalha.
-uau!! Tenho tantas perguntas...
-faça!
-eu e minha mãe...
-estão muito próximas, ela adora a Flavia e vem te ajudando muito! Não à afaste!
-ela disse o mesmo de você!
-não quero que se sinta precionada, esperei uma vez posso fazer novamente.
-somos felizes Aron?
-você me fez entender o real valor da vida...
-pode explicar?
-antes meu único propósito eram os negócios.
-mas, e sua noiva?
-nunca despertou o melhor de mim...Não a culpo, nós dois erramos quando deixamos as coisas esfriarem!
Hoje eu posso dizer que aproveito mais a vida, ver o amor que você tem pela Flavia é algo perfeito.
-ela me disse que você pede para ela cuidar de mim...
-sim, sempre que retorno para Alemanha peço para ela cuidar de você e se comportar. Ela é uma ótima menina.
-sim, eu não sei como estava conseguindo, mas sei que tentarei suprir as necessidades dela.
-quando voltam para o seu apartamento?
-quero voltar hoje, mas meus pais ainda não sabem...provavelmente irão surtar.
-eles estão preocupados com você, aliais, está se sentindo bem?
-sim, as vezes , uma leve dor de cabeça, mais estou medicada, você fica aonde quando está em Manhattan?
-ficava no seu apartamento. ..
Acho que fiz uma cara de apavorada, porque imediatamente ele me tranquiliza.
-no momento estou no mesmo hotel que minha mãe.
-então é sério?
Ele me olha seríssimo e se aproxima.
-estou aqui, não estou?