Katherine Langford
— Meu filho que bom que chegou. — minha tia se levanta sorridente indo de encontro ao filho que rapidamente tira seus olhos afiados de mim e os leva a matriarca da família.
— Desculpe a demora mãe. — ele dar um abraço apertado nela.
— Não se preocupe, o importante é que você já está aqui e chegou na hora em que o jantar será servido. — a voz da minha tia sai carregada de compreensão. — Venha os seus tios estavam loucos para ver você, a nossa menina Katherine também.
Ela segura nas mãos do Sebastian e o guia em nossa direção, rapidamente todos a minha volta se colocam de pé, eu levo alguns segundos para fazer isso e sinto os olhos do meu pai queimando sobre mim como brasas acessas do inferno, então rapidamente me levanto.
Minha mãe é a primeira a dar um abraço no sobrinho.
— Meu sobrinho lindo que saudades eu estava de você. — ela diz assim que se afasta.
— Oi tia, que alegria ver a senhora novamente, ficou ainda mais linda com o passar dos anos. — Sebastian diz galanteador como sempre.
— Sua tia é uma Turner, meu sobrinho, sempre ficará cada dia mais linda. E você também está muito bem. — meu pai elogia a minha mãe na frente de todos, porém seria muito bom se realmente fosse o que ele pensava, mas tudo isso não passa de um grande teatro e quando a peça fechar as suas cortinas dando um fim ao espetáculo, assim que sairmos daqui, tudo voltará como sempre, minha mãe tentando agradar e ele sendo ríspido com ela.
Em parte sou obrigado a concordar com os meus pais sobre o Sebastian, realmente a postura dele mudou no decorrer desses anos, seus cabelos pretos estão muito bem alinhados, seguindo de uma barba bem feita que está o deixando com uma expressão séria mas ao mesmo tempo com um ar muito sexy, assim como é possível observar que Sebastian deve estar treinando muito, pois é notável o quanto o seu corpo está muito bem definido, seus braços estão mais fortes fazendo uma composição perfeita com a sua camisa social preta que está bem alinhada ao seu corpo, com dois botões abertos e com as mangas da camisa dobradas, deixando ele com um estilo despojado e extremamente sensual.
Ahh... ele está parecendo um grande e lindo Deus grego, esse homem é capaz de fazer qualquer mulher se derreter por ele, apenas pelo seu sorriso fácil e conquistador em seus lábios.
Fiquei observando cada linha de expressão da sua face, seus olhos negros continuam lindos, mas hoje não tem mais um olhar doce em minha direção, apenas um olhar frio, como grandes geleiras na Antártida.
Nas poucas vezes que ele me olhou, pois a maior parte do tempo ele me ignora conversando apenas com os meus pais e a sua família, provavelmente eu voltei a ficar invisível enquanto vejo minha mãe sorrir lindamente por está ao lado dos seus e por ter o meu pai fazendo o papel do perfeito homem de família.
— Meu sobrinho, já observou como Katherine ficou ainda mais linda? — meu pai fala lançando o olhar em minha direção.
Todos começam a me olhar e eu sinto meu rosto ruborizar devido a tantos olhares, porém quando levanto a cabeça e vejo os olhos frios do Sebastian sobre mim novamente, meu coração se entristece.
— Boa noite Katherine. — Sebastian fala com o maxilar travado, é claro que foi difícil para ele falar pelo menos isso para mim.
— Boa noite Sebastian, tudo bem? — pergunto, mas ao invés de responder-me, ele tira rapidamente os olhos de mim.
— Vamos jantar? Eu tenho um compromisso assim que terminar aqui. — Sebastian fala olhando para o relógio mostrando indiferença ao que perguntei.
— Você não tem compromisso nenhum. Já chegou atrasado e agora quer deixar a sua família Sebastian? — meu tio Aaron pergunta enquanto fuzila o filho com os olhos.
Sebastian abre a boca para responder, mas antes que possa minha tia Lucy intervém.
— Meus amores, não vamos estragar esse momento maravilhoso de reencontro familiar. Vamos todos jantar porque a nossa menina Kate depois vai entregar todos os presentes que trouxe para nós. — minha tia fala mais amena.
— Concordo com a Lucy, vamos. — minha mãe diz.
Todos nos direcionamos para a grande sala de jantar da mansão, que está com uma linda mesa posta, muito bem preparada para todos nós, com uma linda toalha elegante, talheres muito bem alinhados e taças bem distribuídas.
Assim que nos sentamos o jantar começa a ser servido, meus pais ficam o tempo todo conversando com Sebastian, dizendo como foi à vida deles longe, quando de repente escuto meu pai dizer o quanto eu estou mudada e virei uma mulher maravilhosa, responsável e dedicada.
Eu sinto vontade de me encolher na cadeira, meus tios seguem observando a conversa do meu pai com o Sebastian, enquanto as minhas primas seguem desatentas a tudo aqui dentro, Riley mexendo no celular vendo uma coleção de vestido da Chanel que supostamente vai comprar e Verônica mostrando pouco paciência olhando a todo momento para o relógio em seu pulso.
Ainda tem meu tio Aaron que não cansa de dizer o quanto está feliz por me ter aqui novamente.
Vejo nos olhos do meu primo o quanto ele está odiando toda essa conversa, mas tenta se controlar.
— Não gosto muito desses jantares. — Verônica diz sutilmente enquanto elevo os meus olhos do restante da mesa, focando apenas nela.
— Por quê? — minha pergunta sai num sussurro.
— Daqui a pouco começa as cobranças. — ela responde baixo algo que é a mais pura verdade.
— Concordo, ainda mais porque estou sabendo que você está trabalhando no hotel da Yala e meu tio não está gostando.
Ela revira os olhos.
— Pronto... meus pais já foram contar aos seus sobre isso?!
Suspiro, mas não respondo, pois Verônica já sabe a resposta.
— Meus pais precisam entender o significado de uma verdadeira amizade. Yala está com graves problemas e eu não poderia deixá-la jogada aos leões sozinha. Por isso, eu e o Sebastian estamos o tempo todo ao lado dela, ainda mais quando o pai dela teve um infarto.
Meus olhos dobram de tamanho com a informação.
— O Sr. Steven teve um infarto?
Ela acena.
— Sim, mas ele já está bem. Tudo isso por causa daquele traidor do Duncan e sem contar que Charles que não da trégua a minha amiga. — percebo a ira na voz da minha prima.
Suspiro.
— Ainda bem que ela tem você e o Sebastian. — falo, mas estranhamente algo aperta no meu peito mesmo eu não querendo.
Yala sempre os teve muito mais do que eu.
— Sim, somos amigos da Yala desde criança e nunca a deixaríamos sozinha em um momento delicado como esse.
Dou um aceno de cabeça.
— Agora me conta como foi na Alemanha? — ela pergunta. — Soube que se formou em paisagismo.
Meu sorriso se amplia.
— Sim, inclusive trabalhei dando vida e cor para alguns lugares, é encantador. E sobre a Alemanha foi incrível morar lá.— respondo com um sorriso imenso no rosto.
E o sorriso da minha prima se torna tão vivo quanto o meu.
— Eu fico muito feliz que tenha se formado no que ama prima.
Aceno com a cabeça.
— Vejo que a conversa entre vocês está muito boa, querem compartilhar com o restante da mesa? — minha mãe pergunta com seus olhos afiados cravados em mim.
Só então vemos que todos na mesa pararam de conversar para nos olhar.
— Katherine estava falando sobre a sua profissão, tia. Estou tão feliz pela minha prima ter se formado no que ama. — Verônica responde por mim.
Percebo que os rostos de todos se contorcem, exceto pelo do Sebastian que permanece demonstrando sua total indiferença.
— Ela se formou sim, mas nunca fez nenhum projeto grandioso, inclusive retornamos para que Katherine volte a fazer o que todos os membros da família Turner fazem, trabalhar na empresa da família e usar o seu talento para desenhar grandes carros que serão vendidos por milhões. — minha mãe destila o seu veneno.
— Concordo com Noemi, Katherine pode ter se formado em paisagista, mas nem de longe essa profissão é algo adequado às nossas empresas. — meu pai fala.
Percebo o clima na mesa ficar tenso.
— Vocês precisam primeiro dar um tempo a minha sobrinha, tenho certeza que logo ela vai trabalhar conosco, entretanto, nesse momento ela acabou de voltar de viagem, tudo que precisa é descansar. — meu tio Aaron fala compreensivo.
Dou um sorriso sútil em agradecimento.
— Engraçado você falar isso pai, ainda mais no caso de alguém que nem é a sua filha. — Sebastian que estava quieto rapidamente dá uma resposta no pai que contorce os lábios em desgosto para o filho.
Sei por que o Sebastian está falando isso, pois o pai ama critica-lo e como no meu caso, ele sempre me defendeu.
— Kate é uma menina doce e encantadora, Sebastian, você deveria deixar todo o passado de lado e voltar a ser o mesmo com a nossa menina. Tenho certeza que Kate sente muita falta do primo que ficava conversando com ela, enquanto a observava plantar flores no jardim da mansão. — meu tio fala e eu sinto vontade de me afundar na cadeira mais uma vez.
Uma risada irônica escapa dos lábios dos meus primos.
— Desculpe pai, mas nem jardins têm mais na mansão. — ele responde ao pai.
Antes que meu tio possa responder eu intervenho, pois não quero vê-lo brigar com o filho por minha causa.
— Tio não tem problema, Sebastian está certo, não temos mais jardim, inclusive porque vocês retiraram? — pergunto mudando de assunto.
Meu tio contorce os lábios.
— Foi sua tia Lucy que queria a mansão mais moderna. — ele responde.
— Não tínhamos profissionais adequados para cuidar de um jardim tão grande, minha querida, então preferimos retirar. — minha tia diz.
— Ah, entendo. — digo sem saber o que responder, pois é triste saber que mataram tantas flores.
— Bom, se esse jantar já acabou eu vou embora. — Sebastian começa a se colocar de pé.
— Você não vai a lugar nenhum Sebastian, ainda estamos todos em família. — a voz do Aaron sai forte e autoritária fazendo o filho voltar a se sentar.
— O que acham da minha filha entregar todos os presentes que trouxe para vocês? — meu pai sugeriu.
— Acho uma ótima ideia! — minha mãe exclama com um sorriso mais falso que uma flor de plástico.
— Então vamos todos. — Aaron diz se levantando.
Logo estamos todos de volta a imensa sala de estar e todos os presentes estão em cima da mesa de centro, vou até os presentes e começo a entregar aos meus tios.
A minha tia Lucy entreguei um lindo par de brincos da Cartier que faz uma perfeita combinação com uma elegante bolsa da Gucci, pois sei que minha tia ama presentes que tenham preço e elegância. Ela odeia usar coisas que mesmo boas não tenha uma marca reconhecida mundialmente.
Para meu tio entreguei um lindo par de abotoaduras com as iniciais do seu nome na cor azul, que é a sua cor preferida.
Para a minha prima Riley que a cópia fiel da mãe, não seria diferente então entreguei uma linda bolsa da Channel.
Já para minha prima Verônica, que valoriza mais o carinho do que o preço, entreguei um conjunto lindo com um relógio personalizado com golfinhos e as iniciais do seu nome simbolizando sua profissão e seu nome Verônica Turner, além disso no cartão escrevi: "Para a melhor relações publicas do país." Pois mesmo a minha prima ainda não ter sido reconhecida, eu acredito muito na capacidade dela.
— Ahh prima que lindo. — Verônica me abraça enquanto seus olhos se banham em lágrimas.
Sorrio.
— Fico feliz que tenha gostado.
— Eu amei. — minha prima diz.
— Falta o Sebastian, filha. — meu pai corta o nosso momento me lembrando que meu primo está aqui.
Com um sorriso sem graça eu me aproximo do presente que comprei para Sebastian.
Minhas mãos ficam trêmulas assim que seguro o pacote, pois mesmo conhecendo o gosto do Sebastian, não sei se ele vai gostar de um presente sendo entregue por mim.
E mesmo com as mãos trêmulas e um sorriso vacilante, eu caminho ficando de frente ao meu primo que está com seus olhos cravados em mim.
— Espero que goste Sebastian. — digo levando a pequena caixa embrulhada em um papel preto com uma linda fita prateada.
Sebastian fica me olhando por alguns longos minutos e antes que ele possa ter qualquer reação repulsiva, escuto a voz do meu tio Aaron.
— Com certeza Sebastian vai amar Katherine, ainda mais porque você sempre foi um doce de menina, conhecendo muito bem os gostos do seu primo desde criança. — meu tio fala com ar de satisfação.
Sebastian tira os olhos de mim porque um minuto, olhando seriamente para o pai.
— Aceite logo Sebastian e mostre a todos nós o que sua prima comprou. — meu tio o força, mas invés do Sebastian segurar a caixa, ele me lança um olhar de desgosto e se levanta do sofá dando passos para longe de nós.
— Sebastian, é o seu presente, eu comprei para você. — digo tentando chamar a sua atenção enquanto caminho atrás dele, mas Sebastian nem se dá ao trabalho de olhar para trás.
Eu permaneço caminhando em sua direção com a mão levantada segurando a caixa, enquanto o meu tio tenta chamar o filho que continua sem olhar para trás e sai da mansão batendo a porta atrás de si.
Nesse momento eu paraliso, vendo que de nada adiantou ir tentar falar com ele, quando consigo me virar vejo todos a minha frente na sala que me olham chocados com tudo o que aconteceu agora.
Abaixo minha cabeça, sentindo os meus olhos se encherem de lágrimas e escorrer pelo meu rosto, percebendo o quanto Sebastian ainda me despreza e me humilhou perante a todos.
Ele fez questão de deixar claro o quanto nada que venha de mim, importa a ele, nem se quer um simples presente ele recebeu, apenas me deixou plantada em meio a sala de estar com todos os olhos sobre mim.
continua...