Katherine Langford
Minha prima Verônica levanta e vem ao meu encontro pegar o presente em minhas mãos e por mais que tente disfarçar, está com os olhos marejados sentindo pena de mim, ela me abraça e pede desculpas pela atitude do irmão, enquanto Riley olha com espanto para a mãe, chocada por tudo que presenciou.
Verônica me trouxe de volta para sala de estar e meus tios tentaram se desculpar dizendo que o Sebastian estava muito estressado devido ao trabalho, mas eu bem sei que tudo isso é mentira, ele ainda me odeia pelo que fiz no passado, mesmo após tantos anos, ele ainda sente muito ódio por mim.
E após tudo o que ocorreu, o clima não foi o mesmo, então meus pais falaram que iam embora e quando começamos a nos despedir, a minha tia falou que em forma de compensação, nos aguardaria amanhã na casa de campo da família, para um almoço ao ar livre e insistiu muito pela minha presença.
Eles também disseram que irão conversar com Sebastian, para que ele venha se desculpar comigo pela grosseria que fez.
Meus pais ficaram muito satisfeitos e aceitaram o convite em meu nome, mas a única coisa que eu realmente queria era ficar longe do Sebastian, principalmente depois de tudo o que aconteceu hoje, mas ao contrário disso, sei que serei forçada a estar lá, só me resta pedi aos céus que amanhã seja melhor do que hoje.
Vim durante todo o caminho para casa, derramando lágrimas silenciosas e só quando cheguei no meu quarto, pude realmente desabafar toda dor que estava sentindo, chorei muito por tudo que o Sebastian fez e por tudo que tive que escutar da minha mãe e do meu pai, que diziam que a culpa do Sebastian me tratar daquele jeito era minha e que era bom que eu fizesse tudo certo amanhã.
Tudo certo, como assim?
O que eles querem de mim?
Foi com esses questionamentos que adormeci a noite.
Dia seguinte...
E como eu já imaginava, aqui estou eu na casa de campo, ao lado da minha prima Verônica e da minha tia, deitadas nas espreguiçadeiras enquanto desfrutamos de um maravilhoso coquetel de frutas, além de um pouco de sol e da brisa suave, enquanto aguardamos o horário do almoço, onde todos nós compartilharemos juntos.
Vim praticamente arrastada para esse lugar, sentindo meu corpo tenso e a alma desolada, mas quando cheguei aqui vi muitas lindas flores no jardim e pude sentir como se a minha alma estivesse ganhando vida novamente, e que as minhas energias estivessem sendo recarregadas, pois aqui encontrei o que me traz vida e cor aos meus dias, um imenso e lindo jardim com diversas flores de todos os tipos e cores por todo área.
Ah, como é bom sentir esse cheiro maravilhoso da natureza, poder sentir a grama com meus pés e sentir o sol sobre o meu corpo, me fez sentir viva e feliz.
E após um tempo usufruindo da natureza, fiz questão de arrumar a mesa para o almoço, ainda não tenho certeza se meu primo virá, mas talvez ele me dê a chance de poder conversarmos direito e tentar me desculpar mais uma vez por tudo o que eu fiz no passado, tantos anos se passaram e a mais prejudicada nessa história fui eu e sei que já paguei um preço alto por toda a minha imaturidade.
Sei que muitos vão me achar uma boba, mas sei que se eu conseguir conversar um pouco com o Sebastian, talvez possamos resolver nossos problemas do passado.
Após arrumar a mesa do jeito que gosto, saí novamente para área externa, quero aproveitar ao máximo essa paisagem.
— Prima, eu acho tão lindo como você olha para as flores. — Verônica fala com um sorriso enorme ao meu lado.
— Ah, eu sempre amei isso. — digo inspirando profundamente sentindo o aroma mais gostoso do mundo. — O ar puro me faz muito bem.
— Eu gosto de vim para cá somente pela piscina, não tenho paciência para essa natureza toda não. — Hiley fala com o rosto retorcido.
— Estranho seria se você gostasse. — Verônica fala revirando os olhos.
Controlo minha vontade de ri.
— Quer saber, eu vou nadar, alguém vem? — Hiley pergunta.
Verônica e eu acenamos com a cabeça negativamente, então Hiley vai sozinha.
— Eu vou ver se tudo já ficou pronto. — minha tia se levanta indo para o casarão deixando Verônica e eu sozinhas.
— Ainda bem que elas já foram, amo minha mãe e minha irmã, mas não tenho paciência para tantos assuntos de moda, jóias e botox.
Uma risada sincera sai da minha garganta.
— Eu sei, vocês sempre foram diferentes. — falo.
Veronica acena.
— Assim como você sempre foi diferente de nós, admiro tanto a sua coragem para estudar e se formar em algo que gosta, mesmo que não seja aceitável para a nossa família. — Verônica fala e meus olhos se enchem de lágrimas.
— Fico feliz que alguém me admire.
Ela sorri gentilmente.
— Sebastian também te admirava. — meu sorriso morre quando ela toca no nome dele.
— Eu duvido muito que isso um dia aconteceu.
Ela toca sutilmente em minha mão.
— Meu irmão é complicado Kate, mas nós sabemos que ele sempre gostou de ver você cuidando e colhendo flores.
Suspiro.
— Ele vai vim? — pergunto mordendo meu lábio inferior, mudando de assunto.
Ela sorri sem graça, tirando a mão da minha.
— Minha mãe certamente já está ligando para ele.
Solto uma lufada de ar.
— Ela não deveria forçar assim.
Verônica assente com um aceno de cabeça.
— Você conhece minha mãe, ela nunca escuta ninguém, mas em parte, ela está certa Kate, o que Sebastian fez ontem foi horrível! Por mais que eu ame meu irmão aquilo precisa ser reparado.
Solto o ar com força.
— Sebastian só está deixando claro o quanto quer ficar longe de mim, Verônica. — o defendo.
Ela revira os olhos.
— Não, ele apenas deixou claro o quanto foi um ser desprezível Kate, pare de defender meu irmão, você sempre faz isso. Sebastian não tinha o direito de tratar você daquele jeito e espero mesmo que ele venha aqui e se desculpe com você.
Encolho meus ombros.
— Vamos ver o que ele vai fazer, mas de qualquer forma, Sebastian não vai me machucar mais do que tudo isso. — dou de ombros e minha prima me analisa.
— Posso fazer uma pergunta, Kate?
Mordo meu lábio inferior tensa, antes de responder:
— Pode.
Ela respira com pesar.
— Você ainda gosta do meu irmão? Sei que meus tios tiraram você da cidade, por causa daquela situação que aconteceu há anos atrás, na esperança de você esquecê-lo.
A pergunta da minha prima me pegou de surpresa, ainda mais porque esse não foi o real motivo que nós fez ir embora.
Mas o meu silêncio já dá a minha prima uma resposta por mais que eu não queira assumir.
— Tudo bem, está na cara isso. — ela solta uma lufada de ar. — O problema prima, é que quando gostamos de uma pessoa mais do que gostamos de nós mesmas, acabamos aceitando certas coisas que não jamais deveríamos aceitar de ninguém, mas espero que você entenda isso e pare de aceitar o que você não merece.
— Eu sei prima, hoje vou conversar com Sebastian, nós somos família e não devemos nos tratar assim.
Ela suspira.
— Tudo bem, mas lembre-se que Sebastian não merece uma lágrima sua e muito menos que você fique se rebaixando para ter um pouco de atenção dele.
As palavras da Verônica mexem muito forte dentro de mim, mas nem tenho tempo de raciocinar direito, pois escuto a voz da minha tia.
— Meu filho está chegando. — ela fala com um sorriso enorme.
Riley se aproxima e ficamos observando a BMW parar de frente a casa.
— Kate, vá ao encontro dele, talvez uma boa conversa a sós antes do almoço, seja bom para vocês. — minha tia me incentiva.
Dou um sorriso de lado, mas aceno com a cabeça.
— Tudo bem, eu vou lá. — digo vendo Verônica acenar com a cabeça em negativo.
Ignoro Verônica e caminho em direção ao carro quando vejo Sebastian descer do carro.
Ele vem andando em minha direção, bom pelo menos foi o que eu pensei, até que percebo ele dar a volta por trás do veículo, indo de em direção ao banco do passageiro e é nesse momento que eu percebo que tudo que virá dele, ainda vai me quebrar muito mais.
Aliás, quebrar não... Porque isso o passado já fez, mas sim destruir o pouco que restou de mim.
Continua...